MAGRO, Abilio - A REVOLUÇÃO DE COUCEIRO. Revelações escandalosas. Confidencias. Crimes. (Depoimento, baseado em provas e documentos, d'um antigo servidor da Monarchia, apodado na Galliza de espião da Republica). Editor - O Autor. Porto, Imprensa Moderna, 1912. In-8.º (19 cm) de XIV, 369, [1] p. ; il. ; B. 1.ª edição.
Interessante subsídio para a história do recém-empossado regime republicano e para o movimento monárquico chefiado por Paiva Couceiro. O autor atribui ao clero a força motriz da contra-revolução monárquica, arrasando Couceiro, e acusando-o - a ele e aos que lhe são próximos - de serem um bando de infames malfeitores. Na apresentação do livro, dirigida a D. Manuel II, recomenda ao monarca que, "para sua felicidade", deixe de subsidiar o movimento e se afaste de Couceiro.
Livro profusamente ilustrado ao longo das páginas de texto com reprodução de fac-símiles de diversos documentos autógrafos - bilhetes, circulares e correspondência vária relacionada com as acusações de Abílio Magro.
A contracapa do livro apresenta ao centro foto de uma máquina fotográfica com a legenda: "A melhor testemunha contra os conspiradores", sendo sua intenção, por certo, atestar a veracidade das acusações através dos documentos fotografados e reproduzidos no livro.
"Ha quasi um anno que abandonando a familia, a patria, os amigos e a posição social, me dirigi para terras de Hespanha.
O fim que para cá me trouxe é legitimo, é humano.
Desviar da conspiração monarchica um irmão querido, João Magro, sacerdote exemplar muito estimado e considerado pelo seu correctissimo procedimento de sempre.
João Magro, obcecado pelas suas arreigadas crenças religiosas que nunca olvidou, conscio de que algumas leis da republica haviam postergado o direitos seculares da Egreja, que sempre defendeu, e sabendo que o movimento iniciado por Paiva Couceiro, uma vez thriumphante, não só restabeleceria á mesma Egreja direitos que elle, e eu tambem, julgavamos inatacaveis, mas ainda outros que todos nós, os catholicos, desejavamos, deixou a sua parochia (S. João de Ayrão) e veio filiar-se como soldado nas hostes couceiristas.
Para pelejar, defendendo a Monarchia?
Sim, mas unica e exclusivamente para attingir o seu unico e verdadeiro ideal - luctar em prol da Egreja.
Como elle, muitos outro sacerdotes se sacrificaram, fazendo-se tambem conspiradores.
São muitos, mais de duzentos talvez.
A todos elles o Messias, que é como se sabe Paiva Couceiro, annunciou, quando fôsse... do governo, a satisfação absoluta e completa dos desejos do clero portuguez."
(Excerto do Cap. I)
"Como referi no capitulo primeiro, vim para Hespanha.
Mal havia chegado a Tuy, um reduzido mas criminoso bando de conspiradores, com largo cadastro de emeritos malandrins, imbecis e egoistas, (já com praça assente na columna que mais tarde invadia Portugal) capitaneados pelo celebre policia Marujinho, apodou-me de republicano-espião, esquecendo os miseraveis, para que a denuncia surtisse bons effeitos, que eu tinha sido nos tempos da ominosa, um dos homens não só odiados, mas até dos mais discutidos pela imprensa republicana e tambem aquelle a quem um livro - «Como thriumphou a republica» - escripto com um distincto escriptor, o Dr. Hermano Neves, consagra as honras... de um pequeno periodo, no qual o auctor se expressa assim:
«Foi ainda o Dr. Bernardino Machado, quem horas antes de rebentar um complot contra a vida do policia Abilio Magro, conseguiu por identico processo demover os conjurados da sua intenção. Muitos monarchicos não sabem o que devem ao eminente democrata.»
Eu li, mas soube, no proprio dia, da conjura em que se resolveu liquidar a minha vida pelo infame assassinio! [...]
Toda a gente, que conhece o obscuro nome de Abilio Magro, sabe que a campanha de odios e diffamação que certos republicanos lhe moveram, obedeceu sómente a um fito unico: o de obrigarem a exonerar-se do logar para que o chamaram, após a tragedia do Terreiro do Paço, e secretario do juiz de instrucção criminal de Lisboa, que a seu cargo tinha a investigação de todos os crimes politicos.
Exemplar em brochura, por aparar, bem conservado.
Invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível