LIMA, Arquitecto Rodrigues - ARQUITECTURA PRISIONAL. Lisboa, SPP, [1962]. In-4.º (24 cm) de 169, [3] ; mto il. ; E. 1.ª edição.
Importante estudo do sistema penitenciário português sob o ponto de vista arquitectónico.
Livro totalmente impresso sobre papel couché, profusamente ilustrado com fotogravuras, desenhos esquemáticos, plantas e projectos de inúmeros estabelecimentos prisionais.
"A lei que passou a regular os nossos serviços prisionais, publicada em 28 de Maio de 1936, e que serviu de base à execução de todos os edifícios prisionais a construir em Portugal, estabeleceu o regime interno das prisões, as normas para a execução das sanções privativas de liberdade, a estrutura das curtas penas de prisão, o regime das longas penas privativas de liberdade, quais os tipos de estabelecimentos prisionais a construir quanto aso diversos grupos de delinquentes, as directrizes a observar na construção dos edifícios, as novas orientações a seguir quanto aos serviços de observação dos reclusos, especialmente os que careçam de assistência psiquiátrica, permitiu a criação de um serviço social dentro das cadeias e, tornou o trabalho obrigatório para todos os presos qualquer que seja a pena a que estejam condenados, até mesmo para aqueles que estejam detidos preventivamente."
(Excerto de Síntese do nosso regime prisional)
"Quando em Junho de 1939, fui nomeado vogal da Comissão as Construções Prisionais para me especializar em Arquitectura Prisional, estavam em construção, segundo planos do Arquitecto Cottinelli Telmo, as ampliações das Cadeias Comarcãs de Alijó, Alenquer, Vila Real e da Colónia Penitenciária de Alcoentre. [...]
Independentemente dos problemas que tive necessidade de resolver quando elaborei outros projectos de Cadeias Comarcãs, problemas que o Arquitecto Cottinelli Telmo não tinha podido considerar nos seus projectos-tipos, pois resultaram de novas directivas sobre lotações, redução de áreas e, sobretudo, falta de alguns materiais devido à guerra, eu estava muito longe de avaliar a complexidade dos problemas que me surgiriam, quando tivesse que projectar os Grandes Estabelecimentos Prisionais. [...]
Desde esse momento até hoje, foram construídas ou estão em construção, segundo projectos por mim elaborados, mais de cinquenta Cadeias Comarcãs, duas Cadeias Centrais, uma Prisão-Escola, dois Estabelecimentos para reclusos de difícil correcção, duas Colónias Penais, para vadios e equiparados, uma Cadeia Penitenciária, uma Cadeia para Mulheres, um Sanatório Prisional, um Hospital Prisional e quatro Reformatórios.
Na resolução de qualquer destes projectos, todos na verdade muito especiais em relação a quaisquer outros, procurei ser um intérprete dos princípios humanitários e regenerativos que orientam o n osso regime prisional, escolhendo para cada estabelecimento prisional, o partido arquitectónico que me parecia ser o mais conveniente. [...]
Grande número de penalistas são unânimes em afirmar que é de importância vital para os resultados a obter em qualquer regime, o partido arquitectónico dum Estabelecimento Prisional.
A sua influência tanto no reclusos, como nos guardas e até no próprio Director, está sobejamente demonstrada em diversos países onde existem Estabelecimentos Prisionais de vários partidos arquitectónicos.
Antes de elaborar em definitivo qualquer dos projectos, fossem eles, Cadeias Centrais, Colónias Penais, Cadeias Penitenciárias, Prisões-Escolas, Estabelecimentos de Difícil Correcção ou Reformatórios, procurei sempre não me esquecer de que uma Cadeia, é um pequeno mundo fechado dentro do qual vivem seres humanos, que a Sociedade afastou temporàriamente do seu convívio, procurando regenerá-los através duma observação constante no trabalho e em todos os momentos da sua vida na prisão, e que, para o conseguir, torna-se necessária em cada Estabelecimento Prisional existir uma completa coordenação dos interesses dos funcionários, dos guardas e dos próprios reclusos.
Quanto aos interesses dos reclusos e, mais ainda no que isso pode influenciar o próprio regime prisional, qualquer cadeia deve possuir, além dum partido arquitectónico simples e claro, instalações higiènicamente impecáveis, uma distribuição de compartimentos rigorosamente funcional e um ambiente, que permita adivinhar e compreender a existência duma acção verdadeiramente pedagógica."
(Excerto de Algumas das realizações levadas a efeito em Portugal)
Matérias: Evolução Histórica. | Síntese do nosso Regime Prisional. | Algumas das realizações levadas a efeito em Portugal. | Cadeias Comarcãs: - Montijo; - Mangualde; - Horta; - Faro; - Silves; - Aveiro; - Viana do Castelo; - Felgueiras; - Vimioso; - Porto. | Cadeias Centrais: - Cadeia Central de Lisboa - Linhó; - Cadeia Central do Norte; - Cadeia de Mulheres em Tires. | Estabelecimentos Especiais: - Prisão-Escola de Leiria; - Estabelecimento para presos e difícil correcção : Pinheiro da Cruz; - Colónias Penais para Vadios e Equiparados. | Cadeias e Colónias Penitenciárias: - Colónia Prisional de Alcoentre; Cadeia Penitenciária de Alcoentre. | Hospitais: - Prisão Sanatório da Guarda; - Prisão Hospital de S. João de Deus. | Estudo analítico duma cela.
Raul Rodrigues Lima (1909-1980). "Foi um arquitecto português. A sua obra inicial insere-se no quadro do primeiro modernismo da arquitectura portuguesa, de que é exemplo destacado o Cine-teatro Cinearte, Lisboa. As suas obras posteriores ficaram sobretudo associadas ao estilo de pendor revivalista do Estado Novo, em geral denominado Português Suave.
Especializou-se essencialmente em três áreas funcionais, tendo sido autor de inúmeras obras e projectos de tribunais, ou Palácios de Justiça (Porto, "um portento de neoclassicismo estilizado"; Beja; Bragança; Santarém; Viseu; Vila Real; Portalegre), cinemas e cineteatros (Cinearte e Monumental, Lisboa; Messias, Mealhada; Avenida, Aveiro; Império, Lagos; Micaelense, Ponta Delgada; etc.) e obras prisionais (Alcoentre, etc.).
A 4 de Março de 1941, foi agraciado com o grau de Oficial da Ordem Militar de Cristo. Em 1943 recebeu o Prémio Valmor, pelo projecto do edifício da Av. Sidónio Pais, n.º 6, em Lisboa. A 28 de Novembro de 1961, foi elevado ao grau de Comendador da Ordem Militar de Cristo."
(Fonte: wikipédia)
Encadernação inteira de pele com ferros gravados a seco e a ouro nas pastas e na lombada. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Sem f. rosto. Algumas páginas (poucas) apresentam trabalho de traça no pé.
Raro.
Indisponível