06 outubro, 2021

AURORA, Conde d' - REUNIÃO DO CURSO : MCMXII-MCMXVII
. [S.l.], [Edição do Autor], 1963. In-8.º (22x17 cm) de 42, [6] p. ; [1] f. desdob. ; [4] p. il. ; B.
1.ª edição.
Reunião do curso de Direito (1912-1917) da Universidade de Coimbra, encontro patrocinado pelo autor, que recebeu os colegas no seu domicílio de Ponte de Lima, na Casa de Nossa Senhora d'Aurora, tendo para o efeito, e para memória do evento, produzido e distribuído pelos convivas o presente livrinho.
Desenho, foto e arranjo da capa: do Autor.
Rara peça auroriana, com referências aos tempos de estudante em Coimbra. Livro impresso em papel encorpado, ilustrado em separado com um desdobrável (convite) desenhado pelo autor, e 3 + 1 páginas reproduzindo nove fotografias e a reprodução do "bilhete postal" para confirmação de presença na festa.
Tiragem fora de mercado de 120 exemplares em papel velino tipo featherweight (o presente não se encontra numerado nem assinado pelo autor).
Dado o seu carácter exclusivo e intimista, trata-se talvez da mais singular e pouco conhecida obra do Conde d'Aurora, livrinho muitíssimo valorizado pelo carinho e arte que este emprestou à sua integral produção.
"São cinco anos de Coimbra, gregários e sociais; comércio intelectual de repúblicas e de passeios, o formigar contínuo no pequenino burgo mondeguino... [...]
Oro a o nosso Curso - o Curso 1912-1917 - mostrou hoje também regressar à velha tradição medieval, anterior à Revolução e ao Romantismo (descansa Luciano, não é o nosso, é o mau, o germânico, o goetiano!...) - numa bela afirmação de anti-tricanismo.
Trouxemos hoje, à nossa Reunião do Curso, as nossas Mulheres, aqui, a Coimbra, Coimbra D, porque veio solo de Coimbra, terra do Jardim Botânico, e, assim, o próprio humus conimbricense nos veio sagrara e perpetuar: jus sanguinis, jus soli.
Página de inicial vermelha, a de hoje, na História do nosso Curso - ao acabarmos com a tradição da tricana, revolucionária, românticamente mórbida.
Coimbra!
Coimbra: linha de força.
E não seria com a tinta simpática de Coimbra que Deus escreveu certas linhas tortas, agora, graças à labareda do calor da Vossa amizade, tornadas legíveis?
Foi há 95 anos.
Viera meu Pai para Coimbra, a cavalo, num grupo de almocreves.
Pertenceu à Sociedade do Raio e até assinou o manifesto distanciado dos outros para tomar a responsabilidade - mas todos sabiam que era de Antero do Qeuntal.
E foi expulso após uma cena de pancadaria mais grave.
E voltou à Universidade e formou-se e foi seguir a carreira da magistratura para a nossa Índia: camiliano filho segundo pobre."
(Excerto da alocução do autor)
José de Sá Coutinho, 2.º Conde d’Aurora (1896-1969). "Escritor. Nasceu em Ponte de Lima em 19 de Abril de 1896. Em 1919, por ocasião da Monarquia do Norte, partiu para o exílio tendo vivido em Espanha, no Brasil e Argentina. Em 1921, fundou o periódico “Pregão Real”. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra e foi juiz do Tribunal do Trabalho.
A sua obra reparte-se por vários géneros literários, caracterizando-se pela defesa dos valores culturais tradicionais dentro dos moldes estéticos do realismo, na senda de Eça de Queirós. Marcadamente nacionalista e claramente crítico em relação à Primeira República, o Conde d’Aurora dedicou ao Minho - aqui entendido como a região de Entre-o-Douro-e-Minho - grande parte da sua obra literária.
A seu respeito e do meio onde nasceu e viveu, o poeta António Manuel Couto Viana referiu o seguinte: “…é também esse ambiente que permitiu o nascimento de José de Sá Coutinho e lhe deu o dom da escrita, para que fosse fiel intérprete literário da belezas e riquezas etnográficas que o cercavam, num abraço de luz, de cor, de emoção estética, de harmonia d’alma, de tradição fértil, sentidas pela sua sensibilidade de eleição e pelo pode da sua inteligência criadora”."
(Fonte: https://realbeiralitoral.blogspot.com/2012/04/o-escritor-limiano-jose-de-sa-coutinho.html)
Exemplar em brochura, por abrir, bem conservado.
Muito raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Indisponível

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