03 setembro, 2021

PARREIRA, José - BIOGRAFIA DE FREDERICO BARRIGANA : o Homem das Mãos de Ferro. [Prefácio por Cândido de Oliveira]. [S.l.], [s.n. - Composto e impresso na Gráfica Ibéria - Areosa], [1953]. In-4.º (23 cm) de 116 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Biografia de Barrigana - o "Mãos de Ferro" -, guardião internacional português que brilhou ao serviço do FCP nos anos 40/50 do século passado.
Livro preenchido com episódios da vida do keeper azul e branco, desde a adolescência no Unidos do Montijo - com passagem pelo Sporting - até ao clube nortenho. Profusamente ilustrado com desenhos, retratos e fotografias do jogador em acção, bem como publicidade da época. Inclui o Palmarés de Barrigana nas folhas centrais.
"O futebol, por ser um jogo de equipa, pressupõe que a acção individual de cada jogador se insere na acção do conjunto, a ela se subordinando tão estreitamente que, depois, o grupo, quer no plano do espectáculo, quer no plano da manobra no terreno, toma proporções de um maquinismo composto de onze peças, sim, mas tão solidárias umas com as outras, auxiliando-se, completando-se, interdependendo-se, como se formassem uma única peça. [...]
Barrigana enfileira entre a meia dúzia de bons guarda-redes nacionais de todos os tempos. Na baliza do F. C. do Porto e da equipa Nacional, as suas Mãos de Ferro têm salvo muito golo, conquistando muita vitória!
Todos os bons guarda-redes possuem traços comuns, derivados das noções gerais da arte de defender a baliza: colocação, senso de oportunidade, poder de antecipação, exacta visão do lance, segurança no dominar a bola com as mãos. Cada um deles, porém, possui um traço característico, particular, individual, a marcar a sua personalidade. Em Barrigana, as Mãos de Ferro são o seu traço saliente e, na verdade, ele tem sido um dos nossos guarda-redes que mais fácil e poderosamente aprisiona a bola que se dirige para a baliza em promessa de golo. Quer o remate seja potente ou com pouca força, quer se se dirija ou afaste do ponto onde ele está colocado, as suas Mãos de Ferro partem imediatamente ao seu caminho, em salto ou em mergulho, e a bola fica imediatamente prisioneira, anichando-se entre as suas mãos, quieta e amortecida como ave a despertar em fôfo ninho de penas, ao romper da manhã.
A noção de segurança, e de tranquilidade para a equipa, cada vez que a bola vai ao alcance das Mãos de Ferro é perfeita e total. Passou o perigo. Barrigana é assim como o reduto final da equipa - porventura o mais difícil de transpor."
(Excerto do prefácio)
Matérias:
[Prefácio]. | Os primeiros passos... | Tens de beber... se não, «bebes»!... | Do Montijo ao Sporting Clube de Portugal. | Um telefonema providencial... e Barrigana no F. C. Porto. | Surge uma nova estrela no firmamento do futebol português. | Um jogo de triste memória | Uma época sem interrupção. | Barrigana volta à Selecção Nacional... | Uma grande exibição de Barrigana. | Nem sempre a sorte é amiga...
[Entrevista] - Jogarei se as forças mo permitirem, durante mais quatro épocas... | Gostaria de ter, agora, 20 anos... | O Barrigana pratica também o golf. | Os inconvenientes da popularidade. | O «baião» da Anna... e a Silvana... | Aquela eliminação em Setúbal!... | Gosto dos grande ambientes... | Cândido de Oliveira, um grande técnico... | Conte-se com a equipa do F. C. Porto! | Um golo ligítimo «escamoteado» ao Oriental. | Um golpe de« tesoura»... e acabou-se a luta-livre.
Frederico Barrigana (1922-2007). "Conhecido como Mãos de Ferro, epíteto que lhe foi dado por um jornalista francês após um jogo da Selecção Nacional, Barrigana nasceu em 28 de Abril de 1922, em Alcochete. Iniciou a carreira no Unidos do Montijo e transferiu-se para o Sporting aos 18 anos. Esteve em Alvalade três épocas, sempre tapado por Azevedo, pelo que aos 21 anos seguiu para o F.C. Porto. Na formação azul e branca foi substituir o húngaro Béla Andrásik, que foi aconselhado pelos dirigentes portistas a deixar o país por estar a ser perseguido pela PIDE devido às suas ligações a organizações anti-fascistas. Curiosamente foi a saída de Andrásik que precipitou a mudança para o Porto, uma vez que o clube aproveitou as boas relações de então com o Sporting para negociar um guarda-redes suplente de Azevedo, acabando a escolha por recair em Barrigana. No F.C. Porto tornou-se rapidamente titular e cinco épocas depois acabou por ser chamado também à Selecção Nacional, onde conseguiu o que não tinha conseguido no Sporting: destronar a titularidade de Azevedo. Jogou doze vezes pela equipa nacional, numa altura em que Portugal passava por um período de resultados menos positivos. Apesar de todo o valor, Barrigana não teve uma carreira feliz, aliás. A sua passagem pelo F.C. Porto, onde permaneceu 14 anos, coincidiu com uma má fase do clube, marcada por 16 épocas sem títulos. Mesmo assim, bateu o recorde de guarda-redes com mais jogos na equipa principal, recorde esse que só foi batido por Vítor Baía. Curiosamente Barrigana saiu na última temporada antes do F.C. Porto voltar a ganhar o título, em 1955/56. Dorival Yustrich chegou nesse ano ao clube e dispensou o guarda-redes, que foi jogar para o Salgueiros. No final da época o F.C. Porto foi campeão. Antes disso já Barrigana tinha conquistado a admiração portista, ao recusar mudar-se para o Vasco da Gama, do Brasil, mesmo sabendo que ia ganhar dez vezes mais. Permaneceu três anos no Salgueiros, ajudando o clube a regressar à primeira divisão. Depois encerrou a carreira de atleta e tornou-se treinador da formação de Paranhos. Passou ainda pela Desp. Chaves e pelo Académico de Viseu, antes de se retirar do futebol."
(Fonte: maisfutebol.iol.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas apresentam pequenos cortes nas margens.
Raro.
Com interesse histórico e desportivo.
45€

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