04 fevereiro, 2021

VIEIRA, P.ᴱ Conceição -  O APOCALYPSE E A MAGIA. Pelo... Lisboa, Typographia Mattos Moreira, 1886. In-8.º (17cm) de 224 p. ; B.
1.ª edição.
Ensaio sobre o "Bem" e o "Mal": o Apocalipse - livro sagrado do cristianismo - vs. a Magia de Satanás e seus esbirros. Livro raro e muito curioso. Ilustrado com inúmeros episódios de bruxaria e ritos satânicos, aparições, fenómenos telepáticos, etc. Com referências à Besta - o Anticristo - e à sua designação e composição numérica - o 666.
"Se a apparição do Spiritismo, entre nós, me despertou os desejos d'escrever alguma cousa, tendente a prevenir os incautos, d'esta nova phase da velha magia, tambem a apparição do Menino virtuoso da Vendas Novas e o bruxedo, que ainda fervilha em nossos campos, e aqui, na capital, me leva hoje á presente publicação, em que dilligenciarei, leitor, dar-te uma breve noticia das differentes phases, que essa maldita seducção deabolica apresentou nos seculos passados.
Se esses factos, a que tenho de me referir, se passaram, ou não, com uma realidade perfeitamente material, não serei eu que o affirme ou negue, - o hodierno spiritismo autorisa tudo - o que sei é que elles causaram graves transtornos na familia christã, preparando as heresias, e que a egreja, embora nos seus principios, em concilios particulares, combatesse a crença sobre a possibilidade de taes factos, por ultimo, creando a inquisição, confiou-lhe o cuidado de instaurar processos, e de entregar ao braço secular os delinquentes; os quaes - cousa notavel! - em vez de se abrigarem na margem, que os proprios juizes lhes offereciam e lembravam de ser tudo devido a imaginações escandecidas, teimavam em que eram verdadeiros e reaes taes factos; essas accusações extraordinarias, que lhe eram imputadas.
Ora, toda a gente sabe que só Deus é quem tudo pode, é quem pode fazer milagres e maravilhas; mas toda a gente tambem sabe que as creaturas, apezar de limitadas, com a permissão de Deus, (e nunca sem ella) tambem podem operar muita cousa, para nós extraordinaria, especialmente se ellas, as creaturas, são d'ordem superior; e se os demonios, ou seus representantes na terra, o Senhor inculca que lhe será isso permittido, razão ha para averiguar, e não para absolutamente regeitar tal possibilidade."
(Excerto de Os motivos d'esta publicação)
José António da Conceição Vieira (1831-?). "Nasceu na vila de Alcoutim aos 13 de Dezembro de 1831. Seguiu para Faro onde a família se instalou devido à mudança política ocorrida em 1833. Aqui vive até aos vinte e quatro anos, possuindo já as ordens sacras. É nomeado coadjutor para a freguesia de Alcantarilha (Silves), aí se mantendo até 1855. No ano seguinte já se encontrava na sua terra natal, no exercício das mesmas funções, acumulando, como era regra, a Capelania da Capela Real de N.ª S.ª da Conceição mas por muito pouco tempo pois em 1857 e 1858 encontrava-se na freguesia de Conceição de Tavira, onde coadjuvou o pároco da Encarnação (?) durante os anos de 1860 e 1861. Vai depois para a Colegiada dos Mártires onde se conservou até 1873. É convidado então pelo Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para exercer em departamento daquela instituição, o lugar de tesoureiro, o que veio a aceitar. Dedicado à escrita, colaborou nos periódicos “A Nação” (órgão monárquico dos legitimistas, partidários de D. Miguel e fundado em 1847), “Bem Público” e outros de carácter político-religioso. O Padre Conceição Vieira declarava abertamente que as suas ideias eram pelas tradições da pátria e pelas formas dos governos transactos, numa alusão ao rei D. Miguel. Escreveu: Memória sobre a frase cristã do grande Condestável D. Nuno Álvares Pereira, Lisboa, 1871; Recordação da minha romaria ao Vaticano em 1877; Spiritismo - Ilha encoberta e o sebastianismo."
(Fonte: http://alcoutimlivre.blogspot.com/2008/06/jos-antnio-conceio-vieira.html)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com pequena falha de papel à cabeça.
Muito raro.
A BNP tem apenas um exemplar registado na sua base de dados.
75€

Sem comentários:

Enviar um comentário