TEIXEIRA, Carlos - MEDICINA E SUPERSTIÇÕES POPULARES DE VIEIRA. Extracto de fasc. IV do vol. VI dos «Trabalhos da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia». Pôrto, Imprensa Portuguesa, 1934. In-4.º (23 cm) de 40 p. ; B.
1.ª edição independente.
Curioso ensaio etnográfico-antropológico desenvolvido pelo autor numa comunidade minhota: "todos os factos e notas etnográficas aqui arquivadas fôram reünidas ou observadas por mim na freguesia de Roças, do concelho de Vieira do Minho, situado a nordeste da cidade de Braga.".
Livro valorizado pela dedicatória autógrafa de Carlos Teixeira ao conhecido antropólogo Prof. Mendes Correia.
"O minhoto é, em geral, saüdável mas, mesmo doente, emquanto se pode arrastar trabalha e labuta, sacrificando por vezes a sua vida ao amanho difícil dos seus campos ou às necessidades do seu gado, as vaquinhas mansas, companheiras queridas de trabalho e canseiras. [...]
O trabalho deu-lhe a alegria que o caracteriza; a alegria deu-lhe a saúde e a força, e estas a persistência, a vontade férrea que vence todos os obstáculos, salta tôdas as dificuldades.
Emquanto pode, resiste; o médico só em último caso é chamado à pressa.
A farmacopeia caseira é abundantíssima, desde prátivas ingénuas em que a religião se junta à mais baixa superstição e em que a doença é tida como uma personalidade que se afasta com rezas e benzeduras, aos chás e dufamadoiros e aos mais disparatados e irrisórios tratamentos. O remédio é Deus, diz o povo em sua linguagem. Curandeiros de profissão não há.
Embora muitos dos remédios usados sejam verdadeiramente disparatados, no entanto um grande número tem a sua explicação cinetífica e, é preciso notá-lo, dão às vezes óptimos resultados, efeito talvez da sugestão, pela fé inabalável com que são tomados ou praticados.
Não raro se recorre a bruxas e feiticeiras e, se o o indivíduo mostra sinais de ter diabo, leva-se, num dia certo, a São Bartolomeu de Cavez, ou põe-se-lhe a Senhora das Neves, da Lagoa, na cabeça.
E a terapêutica popular não esqueceu sequer o remédio contra os freqüentes achaques de dor de cotovelo:
O alecrim do Castelo
Tem a fôlha recortada;
Para as dõres de cotovelo
Não há coisa mais provada.
E não esqueceu também os afamados chás de arestas de cabeças de prégos, muito bons... «para não tossir depois de morto».
A superstição desempenha também um papel importante na vida minhota, e como por vezes é difícil delimitar o campo puramente supersticioso do campo puramente medicinal aqui juntamos os dois."
(Excerto do texto)
Matérias:
Aparições diabólicas. | Bruxas e feiticeiras. | Feitiços e bruxedos. | Oração dos ovos. | Á volta do pão. | Para talhar o bicho. | Arremesso dos dentes. | Ninhos. | Á cata dos grilos. | Modo de talhar o «doce». | Modo de talhar o ar e a inveja. | Mau olhado. | A «fraga das penas más». | Oração à lua. | Ínguas. | Entorses. | Erisipela. | Raiva: Contra a raiva, nada mais conheço que esta oração a S. Romão, advogado de cães danados... | Bichas. | Previsão do sexo. | Gravidez e parto. | Maleitas. | Cravos. | Asma. | Ventre caído. | Impigens. | Folgo-lobo. | Dores de dentes. | Tumores, abcessos e espinhas. | Queimaduras. | Engasgados. | Reumatismo. | Ferimentos. | Bicha solitária. | Sarna. | Cólica e dores de barriga. | Garrotilho. | Pisaduras. | Diarreia. | Picadela de víbora. | Ougados. | Enxègados. | Saída do umbigo. | Queda do cabelo. | Sarampo. | Febre. | Feridas. | Dores de ouvidos. | Inflamação dos olhos. | Dores dos rins. | Constipações. | Flato. | Prisão de ventre. | Dores de estômago. | Para que o leite seque. | Anemia. | Tuberculose. | Rendidos. | Espinhela caída. | Icterícia. | Superstições diversas. | Sonhos. | O «sardão» e alguns remédios dos suínos. | Para a tosse das vacas. | Sôlho. | Sangrias. | Gravidez das porcas. | Gôgo e outras doenças das galinhas. | Oração das doze palavras.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Lombada reforçada.
Raro.
35€
1.ª edição independente.
Curioso ensaio etnográfico-antropológico desenvolvido pelo autor numa comunidade minhota: "todos os factos e notas etnográficas aqui arquivadas fôram reünidas ou observadas por mim na freguesia de Roças, do concelho de Vieira do Minho, situado a nordeste da cidade de Braga.".
Livro valorizado pela dedicatória autógrafa de Carlos Teixeira ao conhecido antropólogo Prof. Mendes Correia.
"O minhoto é, em geral, saüdável mas, mesmo doente, emquanto se pode arrastar trabalha e labuta, sacrificando por vezes a sua vida ao amanho difícil dos seus campos ou às necessidades do seu gado, as vaquinhas mansas, companheiras queridas de trabalho e canseiras. [...]
O trabalho deu-lhe a alegria que o caracteriza; a alegria deu-lhe a saúde e a força, e estas a persistência, a vontade férrea que vence todos os obstáculos, salta tôdas as dificuldades.
Emquanto pode, resiste; o médico só em último caso é chamado à pressa.
A farmacopeia caseira é abundantíssima, desde prátivas ingénuas em que a religião se junta à mais baixa superstição e em que a doença é tida como uma personalidade que se afasta com rezas e benzeduras, aos chás e dufamadoiros e aos mais disparatados e irrisórios tratamentos. O remédio é Deus, diz o povo em sua linguagem. Curandeiros de profissão não há.
Embora muitos dos remédios usados sejam verdadeiramente disparatados, no entanto um grande número tem a sua explicação cinetífica e, é preciso notá-lo, dão às vezes óptimos resultados, efeito talvez da sugestão, pela fé inabalável com que são tomados ou praticados.
Não raro se recorre a bruxas e feiticeiras e, se o o indivíduo mostra sinais de ter diabo, leva-se, num dia certo, a São Bartolomeu de Cavez, ou põe-se-lhe a Senhora das Neves, da Lagoa, na cabeça.
E a terapêutica popular não esqueceu sequer o remédio contra os freqüentes achaques de dor de cotovelo:
O alecrim do Castelo
Tem a fôlha recortada;
Para as dõres de cotovelo
Não há coisa mais provada.
E não esqueceu também os afamados chás de arestas de cabeças de prégos, muito bons... «para não tossir depois de morto».
A superstição desempenha também um papel importante na vida minhota, e como por vezes é difícil delimitar o campo puramente supersticioso do campo puramente medicinal aqui juntamos os dois."
(Excerto do texto)
Matérias:
Aparições diabólicas. | Bruxas e feiticeiras. | Feitiços e bruxedos. | Oração dos ovos. | Á volta do pão. | Para talhar o bicho. | Arremesso dos dentes. | Ninhos. | Á cata dos grilos. | Modo de talhar o «doce». | Modo de talhar o ar e a inveja. | Mau olhado. | A «fraga das penas más». | Oração à lua. | Ínguas. | Entorses. | Erisipela. | Raiva: Contra a raiva, nada mais conheço que esta oração a S. Romão, advogado de cães danados... | Bichas. | Previsão do sexo. | Gravidez e parto. | Maleitas. | Cravos. | Asma. | Ventre caído. | Impigens. | Folgo-lobo. | Dores de dentes. | Tumores, abcessos e espinhas. | Queimaduras. | Engasgados. | Reumatismo. | Ferimentos. | Bicha solitária. | Sarna. | Cólica e dores de barriga. | Garrotilho. | Pisaduras. | Diarreia. | Picadela de víbora. | Ougados. | Enxègados. | Saída do umbigo. | Queda do cabelo. | Sarampo. | Febre. | Feridas. | Dores de ouvidos. | Inflamação dos olhos. | Dores dos rins. | Constipações. | Flato. | Prisão de ventre. | Dores de estômago. | Para que o leite seque. | Anemia. | Tuberculose. | Rendidos. | Espinhela caída. | Icterícia. | Superstições diversas. | Sonhos. | O «sardão» e alguns remédios dos suínos. | Para a tosse das vacas. | Sôlho. | Sangrias. | Gravidez das porcas. | Gôgo e outras doenças das galinhas. | Oração das doze palavras.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Lombada reforçada.
Raro.
35€
Reservado
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