27 fevereiro, 2021

CABANAS, António - CARREGOS : Contrabando na Raia Central.
[Prefácio de Carminda Cavaco]
. Lisboa, Arte Mágica, 2006. In-4.º (24 cm) de 228, [4] p. ; il. p.b. ; B.
1.ª edição.
Recolha de episódios e testemunhos de contrabandistas e guardas fiscais que outrora, na zona raiana - durante o período do Estado Novo -, num verdadeiro jogo do rato e do gato, procuravam cumprir os seus desígnios - uns, passando a fronteira a salto - os outros, (quase) tudo fazendo para os impedir.
Ilustrado ao longo do livro com desenhos e fotografias a p.b., em página inteira.
"Carregos. Contrabando na Raia Central, de António Cabanas, é um excelente documento acerca da importância assumida pelo contrabando na economia das populações pobres dos campos tradicionais raianos das Beiras, que funcionou a par de outras actividades de complemento da pequena agricultura, como a apanha da lenha, o fabrico e venda de carvão e algum artesanato. Nas palavras do seu autor, «A Serra da Malcata ficará para sempre ligada ao contrabando e os seus inúmeros recantos guardarão religiosamente os segredos e cumplicidades de fiscais e contrabandistas. [...]
Contrabando económico e contrabando apenas de consumo doméstico, negócio ou modo de ganhar meios de simples subsistência. Para alguns outros contrabandistas quase apenas um jogo, mesmo um vício. Modo de vida e de subsistência de pequenos e grandes contrabandistas, de conta própria ou a soldo, potenciados pela geografia dos lugares, natural e política, facilitados pelos laços sociais e culturais que unem tradicionalmente as gentes dos dois lados da fronteira e estimulados pelas dificuldades fiscais criadas pelos governos centrais, distantes e indiferentes às solidariedades e complementaridades locais. [...]
Carregos - Contrabando na Raia Central é um livro pleno de vida, em que para além de bibliografia vária, se recorre à memória dos ex-contrabandistas mais idosos e ex-guardas fiscais, a relatos de experiências vividas, com que o seu autor se familiarizou desde criança: histórias e aventuras contadas à lareira por familiares que conjunturalmente se dedicaram à sua prática, arriscando-se através de veredas poeirentas e pedregosas da Serra da Malcata. Histórias enriquecidas por muitos outros relatos e por entrevistas a muitos dos que, de uma forma ou de outra, a ele estiveram associados. Numa linguagem clara, viva, impressionista, sem deixar de ser científica, António Cabanas explica-nos o que foi o contrabando na Raia Central, as representações sociais do contrabandista e do guarda-fiscal, as estruturas sociais em que ambos se integravam, a identidade das comunidades e dos locais da fronteira em que se medrou."
(Excerto do Prefácio)
Índice:
Prefácio. | Apresentação. | Introdução. | Parte I - 1. Caracterização geral da Raia Central. 2. Da fronteira de separação à fronteira da União: 2.1. Entre o cá e o lá; 2.2. Fugir ao fisco; 2.3. As políticas aduaneiras da monarquia; 2.4. O antes e o depois; 2.5. A abertura das fronteiras vista pelos protagonistas do contrabando. 3. A Guarda-fiscal: 3.1. Breve resenha histórica; 3.2. Guarda-fiscal - a lei e a pena. | Parte II - 1. Representações sociais. 2. A corrupção. 3. A estrutura social. 4. O gato e o rato. 5. Vários contrabandos. 6. O tempo e o espaço. 7. Contrabando, estratégia e vício. 8. Superstição e segredo. | Parte III - 1. As causas do contrabando. 2. Histórias e textos de contrabando. 3. Quadrazais e a gíria. 4. Glossário e Conceitos. | Bibliografia.
Invulgar.
Com interesse histórico e sociológico.
Indisponível

26 fevereiro, 2021

DIAS, Costa - FLANDRES [notas e impressões]. Lisboa, Imprensa Libanio da Silva, 1920. In-8.º (20 cm) de 280 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Apontamentos de um oficial do C. E. P. sobre a Grande Guerra.
Livro ilustrado com gravuras no texto e um mapa da Frente de 9 e 29 d'Abril em página inteira.
"Disseram já do seu esforço, dos seus sofrimentos e das suas esperanças alguns dos mais ilustres soldados que na Grande Guerra, em contacto directo com o inimigo, dia a dia expuzeram as vidas, afirmando a sua energia e fé patriotica na miseria grandiosa da trincheira.
Conquistaram indubitavelmente o direito de primazia na palavra, vivendo e lutando junto do soldado - o eterno soldado de Portugal, - quase divino de abnegação, sobre-humano de heroismo, sublime na intuição do dever para com a Patria que tanto o esqueceu.
Seja permitido agora exteriorizarem as suas impressõe aqueles que, pela natureza dos seus cargos, menos arriscados e portanto menos brilhantes, não combateram na trincheira, mas que dentro do âmbito das suas funções, com a sua fé e com o seu esforço á Patria deram o que lhe era permitido dar.
"
(Excerto de Duas palavras)
Indice:
Duas palavras. | I - Por Terras da Flandres e do Artois. II - Batalha do Lys. III - Após a tormenta.
Encadernação inteira de percalina com rótulos e ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura, bem como o papel da lombada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

25 fevereiro, 2021

VIEIRA, Affonso Lopes - A POESIA DOS PAINEIS DE S. VICENTE. Conferencia rializada no Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa.
Por...
[Lisboa], Edição dos «Amigos» do Museu, [1914]. In-4.º (25,5 cm) de [2], 39, [7] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante dissertação do autor acerca dos conhecidos Painéis de S. Vicente, "singular retrato colectivo" composto por seis pinturas que se completam, atribuídas a Nuno Gonçalves (1450-1491), agrupando 58 personagens em torno da dupla figuração de São Vicente.
"O Director do Museu Nacional de Arte Antiga, o homem de Nuno Gonçalves e dos nossos primitivos, espírito ilustre de erudito e de esteta que veio trazer a esta casa a admiravel ordenação em que ela se encontra agora e que é, segundo a expressão do seu proprio desejo, o começo de uma iniciativa que irá sempre sendo ampliada, deu-me a honra de me convidar para falar aos Amigos do Museu, reunindo-nos aqui para juntos evocarmos a poesia que estas velhas taboas encerram, a imensa poesia que das suas formas e das suas côres se exala para as nossas almas de portugueses, longo tempo condenados a acreditar que eramos um povo sem pintores. [...]
Depois que contemplámos estes paineis longamente gozámos estas grandes e surdas sinfonias, com sua côres de país de beira-mar e sol, onde a luz é filtrada pela teia fina das neblinas; depois que os nossos olhos se encantaram no ritmo desta pintura tam decorativa ordenada, e nos sentimos penetrados pela presença dêstes antepassados, - somos levados naturalmente ao desejo de interpretar estas obras de arte, conhecendo estas gentes remotas mas tam nossas contemporaneas pelo laço evidente de parentesco que a elas nos liga e no-las faz sentir."
(Excerto da Conferência)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas escurecidas com pequenos defeitos e picos de acidez. Lombada apresenta falha de papel na extremidade superior.
Muito invulgar.
Indisponível

24 fevereiro, 2021

VILAS-BOAS, J. S. Paes de - PRIMÓRDIOS DE HISTÓRIA FLAVIENSE. A Estação Pré-histórica de S. Lourenço (nótulas arqueológicas).
Separata da Revista Brotéria : Volume XLI, Fascículos 2 e 3, Agôsto e Setembro de 1945. Lisboa, [s.n.], 1945. In-8.º (22,5 cm) de 18, [2] p. ; [4] p. il. ; B.
1.ª edição independente.
Importante subsídio histórico sobre arqueologia transmontana, reportando ao castro de S. Lourenço, situado na periferia da Chaves.
Livro ilustrado com 15 figuras, sendo uma no texto (planta arqueológica) e as restantes 14 (fotos) distribuídas por 4 páginas separadas do texto.
"Quem, de Chaves, percorra com a vista, de S para N, a Serra do Brunheiro, por meia encosta, nota que uma grande massa granítica, de forma cúbica, se destaca no horizonte; é um bloco central sôbre uma elevação do terreno, no lugar do Muro, da povoação de S. Lourenço.
Pelo aspecto orográfico, fàcilmente poderíamos imaginar que se encontraria, ali, o ponto mais alto de qualquer estação castreja, elemento tão abundante na flávia região. O caminho mais cómodo - o mais pitoresco e curto é o trôço, ainda existente, da via romana que, passando na freguesia das Eiras, se perde em S. Lourenço - é a estrada que, de Chaves, se dirige a Vinhais, atravessando, primeiramente, a Veiga, para principiar a subir, um pouco antes de Vilar de Nantes, no lugar da Lomba. Sem mais sinal de povoação, e próximo dos 6 mil metros, olhando para a direita da estrada, vemos sôbre nós, a coroar uma elevação, o referido bloco; um caminho velho levar-nos-á ao alto."
(Excerto de II, Local da estação e seu aspecto)
Matérias: I - Onde vem escrita a sua antiguidade. II - Local da estação e seu aspecto. III - Colheita de informes e material. IV - Estudo do espólio. V - Cronologia da estação. VI - Teria sido habitado posteriormente? VII - A cultura lusitano-romana à sua volta. VIII - Os chamados «lagares dos mouros». IX - Nota final.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
A BNP dispõe de apenas um exemplar no seu acervo.
Indisponível

23 fevereiro, 2021

PERALTA, Elsa - A MEMÓRIA DO MAR. Património, Tradição e (Re)imaginação Identitária na Contemporaneidade. Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas : Universidade Técnica de Lisboa, 2008. In-4.º (24 cm) de 455 p. ; B.
1.ª edição.
Capa: More Sail, foto Alan Villiers/Museu Marítimo de Ílhavo
Interessante estudo entnográfico sobre Ílhavo e a ligação das suas gentes ao mar, sobretudo à pesca do bacalhau.
Tiragem: 1.000 exemplares.
"A presente obra debruça-se sobre a temática da memória cultural, procurando contribuir para a clarificação do corpo teórico específico de um âmbito de estudo vasto que atravessa diferentes áreas disciplinares e que tem vindo a receber uma atenção crescente por parte da academia. Tendo por base empírica o processo de construção de uma memória do mar em Ílhavo, com especial incidência sobre a activação patrimonial das vivências associadas à pesca do bacalhau à linha, este trabalho sublinha igualmente a preponderância do mar, na sua expressão histórica e simbólica, na construção da identidade nacional portuguesa."

(Excerto da apresentação)
Elsa Peralta. "É doutorada em Ciências Sociais (na especialidade de Antropologia Cultural) pelo ISCSP-UTL, em 2006. Licenciou-se em Antropologia no ISCP-UTL em 1997 e fez o Master 1999 em Património Cultural na Universidade Complutense de Madrid (com reconhecimento do grau de Mestre pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra). Foi Assistente (2000-2006) e Professora Auxiliar (2006-2009) no ISCSP-UTL, tendo leccionado matérias de antropologia geral e metodologia das ciências sociais e regido a unidade curricular de "Património e Identidade". Actualmente é Investigadora de Pós-doutoramento no Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa e Honorary Research Fellow na Universidade de Manchester.
A sua pesquisa tem incidido sobre processos de activação e materialização de memórias colectivas. Assumindo uma orientação interdisciplinar que emerge da intersecção entre a antropologia, a história e os estudos culturais, tem-se interessado particularmente pela forma como as noções de identidade e pertença são construídas e articuladas na esfera pública por recurso à fixação de imagens selectivas do passado. Tem também focado a sua investigação nas temáticas do património, da cultura material e dos estudos de museus. É autora do livro A Memória do Mar: Património, Tradição e (Re)imaginação Identitária na Contemporaneidade (ISCSP, 2008), no qual procura problematizar a relação entre memória e identidade na contemporaneidade tendo por base empírica o processo de activação de uma memória do mar em Ílhavo, onde realizou prolongado trabalho de campo."
(Fonte: www.ics.ul.pt)
Exemplar brochado em bom exemplar.
Invulgar.

Com interesse histórico e regional.
20€

22 fevereiro, 2021

LEDUC, Jean - VIA MACAU.
Argumento original de Jean Leduc, para o filme do mesmo nome, com Roger Hanin, Anna Gafi e Françoise Prévost
.
Um livro confidencial. Lisboa, Edições de Bolso - Luís S. Campos, editor, 1966. In-8.º (16 cm) de 145, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Curioso romance cinematográfico. Trata-se do argumento da longa-metragem franco-portuguesa Via Macau (1966) cuja acção decorre sobretudo entre o Estoril e Macau. O filme foi rodado em Lisboa, Estoril, Estúdios Tobis, Macau e Hong Kong. Além da direcção de fotografia de João Moreira, foram atribuídos papeis secundários a actores portugueses, com destaque para Varela Silva.
Releva-se ainda, e sobretudo, a presença de Amália Rodrigues, que interpretou na tela o tema principal da banda sonora do filme - o fado Le premier jour du monde.
Livro ilustrado com cenas do filme a p.b. - distribuídas por 4 páginas - impressas sobre papel couché.
"É «Via Macau» um livro apresentado em moldes diferentes dos habituais, dado que nesta publicação desejámos oferecer ao Leitor a obra tal como a escreveu Jean Leduc para o filme que viria a realizar, e que será brevemente exibido entre nós.
Trata-se, portanto, de um «guião», um «argumento cinematográfico» em todo o sentido da expressão, e como tal desenvolvido numa linguagem extremamente concisa. Linguagem em que ressalta a arte de fazer diálogo.
Esse, o grande mérito desta forma literária - traduzir sentimentos e imagens, não pela exposição, mas pela expressão da linguagem falada: o diálogo."
(Nota do Autor)
"Outono no Estoril. Um carro da polícia atravessa a vila. Pelo altifalante a população é prevenida de que, nesse mesmo dia, às 18 horas, vai ser provocada uma explosão na zona Norte, para abrir o traçado na nova auto-estrada, pelo que a circulação será interrompida.
O carro roda lentamente. Seguindo-o descobrimos os aspectos característicos do Estoril e Cascais: o porto, as colinas que o rodeiam, o Hotel Estoril-Sol, magnífica construção ultra-moderna, cuja fachada se encontra decorada com bandeiras de diferente nacionalidades, pois que uma importante Conferência Internacional está a ter aí lugar. O carro da polícia é, a dada altura, obrigado a parar por momentos para deixar passar dois ou três carros ostentando pequenas bandeiras oficiais, onde se exibem alguns diplomatas. Recomeça a andar dirigindo-se para uma rua na zona comercial."
(Excerto do Cap. I)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

21 fevereiro, 2021

ARESTA, Eugenio - A GUERRA DE SEMPRE. (Novela dum soldado)
. Porto, [Edição do Autor]. Depositario: A J. d'Almeida, [1920]. In-8.º (22,5 cm) de 238, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Romance sobre a Grande Guerra, realista, muito bem redigido, reflectindo a experiência do autor, capitão do C. E. P. na Flandres. Narra a história de um soldado - João - desde a sua chamada, na sua aldeia natal, passando pela dia a dia nas trincheiras lodosas, o episódio de La Lys e o sofrimento que se seguiu, terminando com o seu regresso à pátria e ao desânimo que dele se apoderou, pelos acontecimentos socio-políticos do pós-guerra.
Livro impresso em Valongo na Tipografia Lusitana, dedicado "Á memoria dos meus soldados de Africa e de França mortos em campanha."
"Naquela manhã, a praça da aldeia estava concorrida. No adro da egreja, um grande ajuntamento ouvia lêr qualquer coisa, escrita num papel pregado na porta grande. Mulheres cochichavam. Algumas lacrimejavam já, com a emotividade facil do mulherio, que tira tristesas de tudo quanto lhes altera o charco parado da vida. [...]
João foi-se chegando mais, curioso e inquieto. De toda aquela gente destacou-se uma velha a chorar, com grande gestos de desespero. Os cabelos desfeitos, caiam-lhe ralos pelos ombros como estrigas desfiadas de linho. Toda ela, convulsa e desesperada, soltava lancinantes gritos amargurados. Gente saiu do adro. Nalguns grupos murmurava-se. João ouviu profusamente falar em guerra, chamada de soldados, partida, enquanto mais mulheres passavam chorando. [...]
Na porta da egreja, colado aos cantos por quatro obreias vermelhas, estava um papel azul. Era o que liam, era aquele bocado de papel que fizera no adro o ajuntamento dos dias de festa. Ajuntamento sem alegria, onde em vez de cantigas se segredavam coisas, com graves ares compenetrados e tristes. Pareceia a João que os olhares se demoravam nele, com uma especie de muda compaixão."
(Excerto do Cap. I, Para terra extranha)
Indice dos capitulos:
I - Para terra extranha. II - A alma franceza. III - Longe da vista. IV - A linha. V - Batalha [La Lys]. VI - Ruinas. VII - Abandonados. VIII - Humilhados. IX - A dôr maior. X - Armisticio. XI - Amargura. XII - A rua. XIII - Motim. XIV - Alvorada.
Eugénio Rodrigues Aresta (1891-1956). "Nasceu em Moura, distrito de Beja, a 23 de Maio de 1891. Escolhendo a carreira militar como futuro profissional, realizou os seus estudos na Escola do Exército, tendo sido promovido na arma da Infantaria: a Praça (1909), a Alferes (1914) e a Tenente (1917); e nomeado Oficial instrutor de metralhadoras pesadas e adjunto da Comissão Técnica da Arma da Infantaria. Sob comando do General Pereira da Eça, integrou a Coluna Expedicionária a Angola, em 1915, distinguindo-se na campanha para a ocupação da região do Cuanhama.
Com a eclosão da 1.ª Guerra Mundial e subsequente participação de Portugal, foi mobilizado para o Corpo Expedicionário Português e enviado para a frente da batalha na Flandres, sendo agraciado pela sua ação militar com a Cruz de Guerra e as "fourragères" da Torre e Espada e do Valor Militar.
De regresso a Portugal após a assinatura do Armistício, a par da vida militar iniciou a sua incursão na vida política filiando-se no partido da União Republicana, de Brito Camacho. Assim, para além da colaboração no jornal "A Lucta", foi eleito deputado por esse partido pelo círculo de Beja entre 1921-1922 e entre 1922-1925. Colocado numa unidade militar do Porto, onde veio a constituir família, decidiu então retomar os estudos universitários, matriculando-se na 1.ª Faculdade de Lertas do Porto, no curso de Ciências Filosóficas.
Membro da Maçonaria na Loja Progredior, agraciado com o grau de Mestre Maçon em 1926, passou à oposição na sequência do triunfo da Ditadura Militar, sendo um dos conspiradores da frustrada Revolta de 3 de Fevereiro de 1927, no Porto, o primeiro dos golpes "reviralhistas". Esta participação ditou a sua prisão e julgamento, sendo sentenciado à exoneração do Exército e à deportação por um ano para S. Tomé e Príncipe. Concluiu a licenciatura em Ciências Filosóficas em 19 de Julho de 1928, após o seu regresso ao Porto, defendendo uma dissertação sobre o método filosófico de Bergson, com a qual obteve a classificação de 20 valores.
Em 1933 foi reintegrado no Exército como capitão do Quartel-General da 1.ª Região Militar; contudo, recusado o grau de Coronel devido ao seu ideário político, quatro anos mais tarde solicitou a passagem à reserva, optando pela carreira como docente no ensino liceal privado nos Colégios de Almeida Garrett e de João de Deus, ambos na cidade do Porto. De resto, a sua ligação aos movimentos de oposição ao Estado Novo vedaram-lhe integralmente o ingresso nos ensinos liceal oficial e universitário, para o qual fora recomendado pelo Dr. Aarão de Lacerda, embora sem inviabilizar a publicação de manuais para o ensino liceal da Filosofia, através da Editora Marânus.
Faleceu a 20 de Agosto de 1956 na cidade do Porto, após uma doença prolongada resultante dos gaseamentos sofridos na campanha da 1.ª Guerra Mundial."
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)
Encadernação inteira de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura (colada na pasta anterior).
Raro.
A BNP refere a obra com a indicação "sem informação exemplar".
65€

20 fevereiro, 2021

SPORTING CLUBE DE PORTUGAL - Campeão das "Taças da Europa"
. [Lisboa], [Agência Portuguesa de Revistas], [1964]. In-4.º (24 cm) de 32 p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Edição especial comemorativa da vitória do Sporting na «Taça das Taças» 1963/64 com a colaboração de V. Santos, F. Cunha, E. Guita Júnior, J. Cartaxo, R. Oliveira e M. Estevão. Estabelece o percurso vitorioso do clube verde e branco ao longo da competição, culminando com as finais em que defrontou o M. T. K. Budapeste; foram necessários dois jogos: o primeiro, no Heysel, em Bruxelas (15.05.1964), ditaria um empate (3-3), ficando o "tira-teimas" para Antuérpia, dois dias depois, para se apurar o vencedor do torneio. O Sporting ganharia a finalíssima por 1-0 com o famoso «cantinho do Morais» - golo de canto directo aos 20 minutos de jogo.
Revista impressa em papel de boa qualidade, profusamente ilustrada com os retratos dos jogadores, personalidades do clube, momentos dos jogos, festejos pós-jogo, incluindo a chegada ao aeroporto de Lisboa.
Inclui uma resenha da história do clube e uma breve biografia dos atletas que participaram na competição, onde pontificavam, entre outros, Carvalho (g.r.), Fernando Mendes (c.), Pedro Gomes, Alexandre Baptista, José Carlos, Pérides, Oswaldo Silva, Mascarenhas e Morais.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico e leonino.
Indisponível

19 fevereiro, 2021

AÇA, Zararias d' - UM DOM JOÃO DE CAPA E ESPADA. Estudo historico sobre a aristocracia e a sociedade portugueza no seculo XVII. Portugal Antigo. Lisboa, Imprensa Libanio da Silva, 1900. In-8.º (21 cm) de [4], 71, [5] p. ; E.
1.ª edição.
Interessante retrato da corte de setecentos, com as suas disputas e intrigas palacianas, através do percurso de D. João de Castro, conhecido "aventureiro" da sociedade portuguesa da época.
"D. João de Castro!... Nas historia e chronicas da vida portugueza encontra-se duas vezes este nome - illustre entre os illustres. No seculo XVI imortalisou-o um d'esses homens, raros, em todos os tempos, pela elevação do espirito, pela grandeza d'alma, pelo valor sobrehumano - um dos varões fortes, de que falla o poeta. Sabio com Pedro Nunes, cortezão com o infante D. Luiz, terror dos piratas nos mares africanos, assombro e vencedor dos asiaticos nas guerras do Oriente, modelo de fidalgos, no tempo em que elles já principiavam a escassear, este é o D. João de Castro da historia, o heroe de Jacintho Freire, o epico, o lendario defensor de Diu, o famoso vice-rei da India!
Depois, e não a par d'este, que figuraria com realce entre os varões illustres de Plutarcho, apparece-nos, no seculo seguinte, outro do mesmo nome, porventura do mesmo sangue, e bravo e destemido até á temeridade; porém os seus feitos tiveram mais estreito theatro, quasi não saíram das fronteiras do paiz; não os cantaram os poetas, nem os proclama a historia, e ficaram eternamente ignorados, se a chronica contemporanea não se encarregasse de nos transmittir as suas proezas e aventuras.
Um verdadeiro heroe dos romances de capa e espada - este segundo D. João de Castro! [...]
Pois bem, o nosso D. João poderia, se tivesse vivido na côrte de França, fornecer ao genial romancista [Dumas] o original d'um quadro mosqueteiro. Fidalgo, valente e aventureiro, é completo: não lhe faltaram a temeridade, levada até á loucura, nem esses desvairados assomos de vaidade, que fazem, ás vezes, d'um heroe um assassino! [...]
Completo para a phantasia - protagonista d'um poema, d'um drama ou d'um romance - representa admiravelmente a sua epocha. Não seria unico na sua especie, porém é typico - era genuinamente um valentão. Atravez da longa, emmaranhada e escandalosa chronica da côrte de D. Affonso VI e de D. Pedro II, por entre os factos politicos, religiosos, e amorosos do tempo, surge-nos esta figura, sempre illuminada de vermelho, sempre com a mascara da tragedia, sempre com a espada nua e gottejante!
A primeira vez que nos apparece este terrivel D. João é na Chamusca, pelo S. Martinho de 1667, em sanguinolenta aventura. O que lhe fez um capitão d'aquella villa, e quem era elle, é o que não sabemos. Coisa de monta seria, a avaliar pela desaffronta que d'elle tomou o nosso heroe. Mas, grande aggravo ou pequeno, que para taes homens não ha estalão, por onde os possamos julgar, o que é certo é que «a esta facção, tão lluzida, levou elle muita gente comsigo,» segundo reza a chronica, e que era grande a sua audacia, e não menor a crueldade, porque ao seu adversario, á sua victima, não lhe valeram nem o asylo sagrado da sua casa, nem a doença, que o tinha preso no leito, nem as supplicas, as lagrimas e os gritos da mulher e dos filhos, porque a elle o matou, e a todos feriu o seu implacavel inimigo! [...]
Escapou elle á justiça, ou não o quiz ella ver? Se se escondeu ou expatriou, não andou por muito tempo fugido, nem foi mui demorado o encerro; em todo o caso nem o arrependimento, nem o temor, tinham accesso n'aquella alma feroz e impenitente, porque n'aquelle mesmo anno de 1667, na noite de sabbado, 7 de dezembro, achamos envolvido o furioso bravo n'uma das tragedias mais celebres do tempo - a morte de Francisco de Mello, marquez de Sande!"
(Excerto do Cap. I, A morte do marquez de Sande)
Indice:
I - A morte do marquez de Sande. II - As «Monstruosidaes do tempo e da fortuna» e o seu auctor. III - Os livros de Memorias - Sua importancia para o conhecimento das épocas e dos costumes. IV - A aristocracia portugueza. V - O conde de Mesquitella - Final da tragedia de S. Domingos. VI - O casamento de D. Affonso VI. VII - As festas reaes. VIII - Os desafios dos fidalgos. IX - Patria, religião e amores. X - Em Hespanha. XI - Ultimas aventuras.
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
35€

18 fevereiro, 2021

TEIXEIRA, Carlos - MEDICINA E SUPERSTIÇÕES POPULARES DE VIEIRA. Extracto de fasc. IV do vol. VI dos «Trabalhos da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia». Pôrto, Imprensa Portuguesa, 1934. In-4.º (23 cm) de 40 p. ; B.
1.ª edição independente.
Curioso ensaio etnográfico-antropológico desenvolvido pelo autor numa comunidade minhota: "todos os factos e notas etnográficas aqui arquivadas fôram reünidas ou observadas por mim na freguesia de Roças, do concelho de Vieira do Minho, situado a nordeste da cidade de Braga.".
Livro valorizado pela dedicatória autógrafa de Carlos Teixeira ao conhecido antropólogo Prof. Mendes Correia.
"O minhoto é, em geral, saüdável mas, mesmo doente, emquanto se pode arrastar trabalha e labuta, sacrificando por vezes a sua vida ao amanho difícil dos seus campos ou às necessidades do seu gado, as vaquinhas mansas, companheiras queridas de trabalho e canseiras. [...]
O trabalho deu-lhe a alegria que o caracteriza; a alegria deu-lhe a saúde e a força, e estas a persistência, a vontade férrea que vence todos os obstáculos, salta tôdas as dificuldades.
Emquanto pode, resiste; o médico só em último caso é chamado à pressa.
A farmacopeia caseira é abundantíssima, desde prátivas ingénuas em que a religião se junta à mais baixa superstição e em que a doença é tida como uma personalidade que se afasta com rezas e benzeduras, aos chás e dufamadoiros e aos mais disparatados e irrisórios tratamentos. O remédio é Deus, diz o povo em sua linguagem. Curandeiros de profissão não há.
Embora muitos dos remédios usados sejam verdadeiramente disparatados, no entanto um grande número tem a sua explicação cinetífica e, é preciso notá-lo, dão às vezes óptimos resultados, efeito talvez da sugestão, pela fé inabalável com que são tomados ou praticados.
Não raro se recorre a bruxas e feiticeiras e, se o o indivíduo mostra sinais de ter diabo, leva-se, num dia certo, a São Bartolomeu de Cavez, ou põe-se-lhe a Senhora das Neves, da Lagoa, na cabeça.
E a terapêutica popular não esqueceu sequer o remédio contra os freqüentes achaques de dor de cotovelo:
O alecrim do Castelo
Tem a fôlha recortada;
Para as dõres de cotovelo
Não há coisa mais provada.
E não esqueceu também os afamados chás de arestas de cabeças de prégos, muito bons... «para não tossir depois de morto».
A superstição desempenha também um papel importante na vida minhota, e como por vezes é difícil delimitar o campo puramente supersticioso do campo puramente medicinal aqui juntamos os dois."
(Excerto do texto)
Matérias:
Aparições diabólicas. | Bruxas e feiticeiras. | Feitiços e bruxedos. | Oração dos ovos. | Á volta do pão. | Para talhar o bicho. | Arremesso dos dentes. | Ninhos. | Á cata dos grilos. | Modo de talhar o «doce». | Modo de talhar o ar e a inveja. | Mau olhado. | A «fraga das penas más». | Oração à lua. | Ínguas. | Entorses. | Erisipela. | Raiva: Contra a raiva, nada mais conheço que esta oração a S. Romão, advogado de cães danados... | Bichas. | Previsão do sexo. | Gravidez e parto. | Maleitas. | Cravos. | Asma. | Ventre caído. | Impigens. | Folgo-lobo. | Dores de dentes. | Tumores, abcessos e espinhas. | Queimaduras. | Engasgados. | Reumatismo. | Ferimentos. | Bicha solitária. | Sarna. | Cólica e dores de barriga. | Garrotilho. | Pisaduras. | Diarreia. | Picadela de víbora. | Ougados. | Enxègados. | Saída do umbigo. | Queda do cabelo. | Sarampo. | Febre. | Feridas. | Dores de ouvidos. | Inflamação dos olhos. | Dores dos rins. | Constipações. | Flato. | Prisão de ventre. | Dores de estômago. | Para que o leite seque. | Anemia. | Tuberculose. | Rendidos. | Espinhela caída. | Icterícia. | Superstições diversas. | Sonhos. | O «sardão» e alguns remédios dos suínos. | Para a tosse das vacas. | Sôlho. | Sangrias. | Gravidez das porcas. | Gôgo e outras doenças das galinhas. | Oração das doze palavras.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Lombada reforçada.
Raro.

35€
Reservado

17 fevereiro, 2021

ROCHA, Hugo - FUTEBOL : romance. Porto, Lello & Irmão, 1957. In-8.º (19,5 cm) de 378, [6] p. ; B.
1.ª edição.
Curioso romance sobre os meandros do desporto-rei português e a sua ligação com as ex-colónias, dedicado pelo autor "àqueles com quem,outrora, joguei a bola, tanto aos que assinalaram o seu nome na história do futebol em Portugal como aos que não deixaram rasto, como eu, da sua passagem pelos terrenos de jogo - esta história dum caso fictício que talvez se assemelhe a alguns casos reais.".
"A história que vou contar não se abona com a pretensão de ser o processo do futebol. Na verdade, este não é chamado, aqui, à barra do tribunal. Sem dúvida - não é isto segredo para ninguém -, o futebol, como desporto organizado sobre bases mercantis, enferma de certos males e é culpado de certas faltas, se não se quiser dizer, mesmo, de certos crimes... Um simples romance não é, porém, um libelo acusatório. Não cabe ao autor deste instruir o processo dos delitos em que o futebol tem incorrido. Julgue-o quem quiser julgá-lo..."
(Excerto do Antelóquio)
Hugo Rocha (1907-1993). Escritor e jornalista português, autor de mais de uma dezena de monografias de temática variada. "Nascido em 1907 na cidade do Porto, Hugo Rocha desde cedo percebeu que a sua grande vocação era o Jornalismo. Teve uma passagem muito intensa pela redacção do Jornal O Comércio do Porto, ao qual esteve ligado até se reformar aos 74 anos. Após uma vida inteira a “respirar” jornalismo, veio a falecer a 24 de Fevereiro de1993."
(Fonte: teoriadojornalismo.ufp.edu.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Pouco vulgar.
25€

16 fevereiro, 2021

LEMOS, João de – CANCIONEIRO. De… Primeiro Volume : Flores e Amores [Segundo Volume : Religião e Patria e Terceiro Volume : Impressões e  Recordações]. Lisboa, Escriptorio do Editor, 1858-1866. 3 vols in-8.º (15,5 cm) de XI, [1], 260, [2] p. (I), VII, [1], 273, [3] p. (II) e 277, [3] p. (III) ; E.
1.ª edição.
Apreciado Cancioneiro de João de Lemos, invulgar quando completo - o 3.º volume falta muitas vezes devido à sua publicação tardia relativamente aos dois primeiros.
"Coleção de poesias de João de Lemos, dividida em três volumes, "Flores e Amores" [1858], "Religião e Pátria" [1859] e "Impressões e Recordações" [1866], que reúne, como o autor explica no prefácio, várias composições dispersas por periódicos literários como a Revista Universal Lisbonense ou O Trovador. O primeiro volume contém as composições de temática amorosa e ultrarromântica (incluindo a "Invocação" ao arcanjo da poesia que abriu O Trovador); o segundo acolhe os "versos políticos"; o terceiro, distanciado quase uma década dos anteriores, colige, como afirma o autor, "alguns de (seus primeiros versos publicados)" e "outros, que talvez ficassem melhor noutra parte, ou só agora deu com eles, ou foram feitos depois". Aqui se encontram algumas das composições mais famosas de João de Lemos, como a célebre "Lua de Londres", "O sino da minha terra", "Eu vivo só do passado" e "Na morte do proscrito", dedicado a D. Miguel."
(Fonte: infopédia)
"Em duas diversas epochas, com dois títulos differentes, annunciei a publicação dos meus versos, e de ambas as vezes deixei o annuncio por mentiroso.
Não me arrependo; ainda me não arrependi até hoje.
De annunciar a publicação, sim; de deixar de publicar, não.
Quando deitei o primeiro pregão, estava ainda aos bancos da Universidade. Incitaram-me a isso applausos e instancias de amigos, talvez cegos pela mizade e de certo tão inexperientes como eu, que os attendi, ao principio, porque tambem a vaidade de criança me andava seduzindo para lhes dar ouvidos.
Por fortuna, depois, ora com a preguiça ora com a reflexão, resisti a mim e a elles. […]
Mas ainda bem que não publiquei tudo quanto então publicaria! N'essa parte morro impenitente. Sabem do que me tenho arrependido? É da publicidade que dei nos jornaes a muitos versos de então. Verdade, verdade, a fogueira estava chamando por grande parte delles. Entretanto a indulgencia do publico, que foi grande, os gabos com que, pela imprensa, me animaram pessoas, que já não faziam declinar a competência por suspeitas, visto que, a esse tempo, ou eram pouco, ou não eram, do meu conhecimento, tudo isto me ia fazendo mandar mais versos para os jornaes, e authorisava novas instancias. O amor-proprio já se sabe que repetia, e com maior força, as suas lisongeiras persuasões.
Não posso deixar de me referir principalmente ao senhor Antonio Feliciano de Castilho, que na REVISTA UNIVERSAL me coroou por tantas vezes com um favor mais que generoso. Tome para si a culpa que lhe cabe, que não a teve pequena, no segundo annuncio da collecção dos meus versos, alguns annos de pois do primeiro.
Metteu-se, porém, a politica de permeio a levar-me o tempo, foi-se-lhe ainda reunindo novamente a reflexão, e faltei outra vez á promessa.
Com a divisão que fiz nos tres volumes, quiz separar, até certo ponto, as epochas a que correspondem, embora em todos elles haja composições que, pelo rigor das datas, não lhes pertenciam. Mas são poucas, e, em todo caso, o genero de idéas exigia aquella collocação. Procurei, quanto pude, que as correcções não alterassem as feições características. No que, em vez dephysionomia, me pareceu deformidade, cortei sem do; o resto, onde ainda havia bastante que podar, cuidei que era de minha obrigação deixal-o. Intendi que no pequeníssimo logar que os meus versos hajam de tomar, se tomarem, nas lettras patrias, fazia mais serviço em assignalar o caminho com as minhas quedas, do que em pôr-me agora, com as minhas idéas de hoje, a querer endireitar de todo corcovas, que já me pareceram bellezas, que pertencem de nascença ao corpo em que estão, e que Deus sabe se por fim não ficariam como aquella gambia de que falia Bocage - tortas para o outro lado. Tem-se dito que introduzi, ou fiz correr, certa forma nova nas composições lyricas, e até com esta prioridade me argumentavam alguns para eu me não ficar atraz em reunir o que andava pelas folhas politicas e litterarias, receiando que tambem assim ficasse atraz dos mais na historia que se fizesse da nossa poesia moderna.
Não sei se se ha-de fazer tal historia, nem se lá hei-de ou devo entrar, como não sei se fui adiante ou atraz de ninguem. […]
Agora, os meus pobres versos que vivam ou morram como poderem."
(Excerto da introdução)
João de Lemos de Seixas Castelo Branco Nascimento (1819-1890). Poeta ultra-romântico português, natural do Peso da Régua. “O «trovador» João de Lemos, como era conhecido desde o tempo de Coimbra, onde se formou em direito, pela publicação do jornal poético O Trovador, interessantíssimo repositório das produções poéticas dum grupo de moços estudantes. Além dele, alma e director dessa publicação, faziam parte do Trovador Luís da Costa Pereira, António Xavier Rodrigues Cordeiro, José Freire de Serpa, Augusto Lima e Couto Monteiro.”
“Além de poesias de pendor ultra-romântico, escreveu o livro em prosa Serões da Aldeia. O seu lirismo piegas foi criticado pelos escritores realistas. O poema "A Lua de Londres" é ridicularizado numa passagem de Os Maias de Eça de Queirós.
Obras: Poesia – Cancioneiro (1858-1867); O Livro de Elisa: Fragmentos (1869); Canções da Tarde (1875); O Tio Damião (poema lírico, 1886); O Monge Pintor (1889). Prosa – Serões de Aldeia (1876). Teatro – Maria Pais Ribeira (drama em 4 atos); Um Susto Feliz (comédia).”
Encadernações coevas em meia de pele com ferros gravados a ouro nas lombadas.
Exemplares em bom estado de conservação. Defeitos nas extremidades das lombadas; assinatura de posse na f. anterrosto dos três volumes.
Invulgar.
65€

15 fevereiro, 2021

JENKINS, Robin - MORTE DE UMA ALDEIA PORTUGUESA.
[Tradução: Ana Maria Falcão Bastos]
. Lisboa, Querco, 1983. In-8.º (21 cm) de 152 p. ; il. ; B. Col. Conhecer Portugal, 3
1.ª edição portuguesa.
Capa: João Segurado.
Interessante trabalho sob o ponto de vista antropológico, etnográfico e social realizado pelo autor - sociólogo inglês - numa comunidade rural inserida na Serra de Monchique, Algarve, pouco tempo após a revolução de Abril, em 1974.
Livro ilustrado ao longo do texto com diagramas e quadros estatísticos.
"Com a construção de uma estrada em 1954, começou o processo de extinção da pequena aldeia de Alto, na serra de Monchique, Algarve.
Morte de uma Aldeia Portuguesa é um estudo sobre a íntima ligação entre o homem e a terra - uma meditação sobre o desaparecimento de uma comunidade multissecular com a destruição do seu equilíbrio ecológico."
(Retirado da contracapa)
"Não fomos a Alto para estudar a comunidade local nem para escrever um livro, mas porque nos queríamos familiarizar com a agricultura numa situação revolucionária. Entre fazer planos e fazer malas a situação política mudara radicalmente em Portugal. Quando lá chegámos, em fins de Janeiro de 1976, na nossa carripana com dezoito anos, a contra-revolução não cessara de progredir desde há dois meses. [...]
Tínhamos decidido cultivar alguns socalcos arrendados em Alto, com uma inglesa que aí vivia há cerca de dois anos, e rapidamente metemos ombros ao trabalho. Na nossa situação de estrangeiros, praticamente sem falarmos português, esperávamos que a população local desconfiasse das nossas intenções, ou mesmo que manifestasse hostilidade relativamente à nossa presença. Mas, na realidade, tivemos uma agradável surpresa."
(Excerto do Prefácio)
Índice:
[Prefácio]. | 1 - Introdução. 2 - O ponto de encontro entre dois mundos. 3 - O ano agrícola em Alto. 4 - A economia local. 5 - A estrutura de classes local. 6 - Uma família. 7 - As contradições em desenvolvimento. 8 - Algumas reflexões de carácter mais geral.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
15€

14 fevereiro, 2021

SUBSÍDIOS PARA O LANÇAMENTO DAS BASES DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE - Secretaria de Estado da Saúde : Novembro de 1974
. [Lisboa], Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1974. In-8.º (21 cm) de 72, [6] p. ; B.
1.ª edição.
Importante contributo para a história do Serviço Nacional de Saúde (SNS), livro-projecto publicado 4 anos antes da sua concretização, em 1979, e poucos meses após a revolução de 25 de Abril de 1974.
Livro ilustrado com 18 quadros ao longo do texto.
"No dia 15 de setembro de 1979 foi publicada, em Diário da República, a Lei n.º 56/79 que criou o Serviço Nacional de Saúde (SNS), concretizando o direito à proteção da saúde, a prestação de cuidados globais de saúde e o acesso a todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica e social, nos termos da constituição."
(Fonte: https://www.sns.gov.pt/sns/servico-nacional-de-saude/)
"A vitória alcançada pelo Movimento das Forças Armadas Portuguesas, destituindo o regime que não soube identificar-se com a vontade do Povo, à qual impediu todas as vias democráticas de expressão, permite definir os princípios básicos que esperamos contribuam de modo decisivo para a resolução da grande crise nacional.
Em execução desses princípios, compete ao Governo Provisório:
Política social:
Lançamento das bases para a criação de um serviço nacional de saúde ao qual tenham acesso todos os cidadãos.
(Decreto-Lei n.º 203/74, de 13 de Maio)
(Preâmbulo)
"A saúde de um povo é hoje considerada um problema político de primeira importância. É, também, como a doença, uma situação indivisível. Por isso, nenhum povo pode desinteressar-se da saúde e da doença dos seus vizinhos. Em Portugal, superadas as condições que a relegaram a um campo de acção não prioritária, pode agora encarar-se na sua real dimensão. O País poderá também assumir as suas amplas responsabilidades na Comunidade Internacional.
Por todo o mundo se vai fixando em textos fundamentais a obrigação social de o Estado zelar pela saúde das populações, consagrando-se, assim, o direito à saúde, tendo por únicos limites os que, em cada instante, lhe são impostos pelos recursos financeiros, humanos e técnicos das comunidades beneficiárias.
O regime deposto, numa exploração apenas demagógica, foi falando da tradição, mas nunca se importou em pôr em prática os princípios fundamentais dos nossos reformadores sanitários desde Ricardo Jorge. Daí que o direito à saúde nunca tenha sido elevado expressamente à dignidade de garantia individual.
Pretende-se, agora, iniciar um amplo debate nacional acerca da organização da saúde, condicente com o novo condicionalismo político e social em que o País passou a viver.
Este é um passo decisivo para o cumprimento do programa do Governo Provisório (Decreto-Lei n.º 203/74 de 15 de Maio), no que respeita ao objectivo principal no campo da saúde: lançamento das bases para a criação de um serviço nacional de saúde ao qual tenham acesso todos os cidadãos."
(Excerto do Cap. O - Introdução)
Sumário:
0 - Introdução. 1 - Situação sanitária do País. 2 - A organização de saúde existente em Portugal. 3 - Sistema de saúde. (Tipos paradigmáticos). 4 - Principais quesitos a que deve responder o serviço nacional de saúde.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
30€

13 fevereiro, 2021

CASTRO, Jerónimo Osório de - ROTEIRO DO ATLÂNTICO NORTE (narrativas de viagens e aventuras vividas). Lisboa, Editorial Inquérito Limitada, 1957. In-8.º (19 cm) de 184, [8] p. ; E.
1.ª edição.
Interessante conjunto de crónicas de viagem - com especial relevância para as experiências vividas pelo autor junto dos pescadores nos bancos da Terra Nova e da Gronelândia - produzidas a bordo do velho «Gil Eanes», cargueiro adaptado a navio-hospital da frota bacalhoeira portuguesa.
Livro m
uito valorizado pela extensa dedicatória autógrafa do autor.
"Novamente o navio de assistência [Gil Eanes] corria pelo mar, dessa vez para buscar os náufragos do lugre «Florentina», concentrados pelas autoridades dinamarquesas no pequeno porto de Faeringerhavnen, na Gronelândia. [...]
Veio ao encontro do navio português um bote branco, de vela colhida, navegando com o auxílio do motor. Eram da polícia costeira e vinham indicar o caminho sinuoso para o porto de destino, escondido atrás das penedias. [...]
Então, veio do fundo da enseada uma flotilha de barquitos, ajoujados ao peso dos homens e de mil e uma bugigangas. Remavam compassadamente, balanceando os corpos e, só pela maneira de remar, foram logo identificados como sendo portugueses. Eram os náufragos do «Florentina», mais os seus pequenos dóris, brancos e azúis.
Aproximaram-se, deixando transparecer uma alegria discreta, em breve chegando à fala com os do «Gil Eanes».
De entre esses dóris apenas um avançou decididamente, trazendo o capitão do lugre naufragado, enquanto os outros botes pairavam ao largo, numa amálgama desconexa.
Depois os homens barafustaram na ânsia mal velada de mais se aproximar. Embora não o querendo deixar transparecer, tinham os nervos descomendados e isso afinal mostravam à menor contrariedade. Eram náufragos, longos dias como que prisioneiros num país estranho.
Subiram a escada do portaló, jungidos ao peso de enormes sacos, malas e embrulhos variegados, que aos poucos levavam para a coberta do porão, que lhes destinaram para residir à falta de melhor.
Contavam coisas fantásticas, pelas quais depreendi que, na verdade, muito sofreram, mas que o seu sofrimento também fora agravado pelo seu rude individualismo.
Esses 63 pescadores que o «Gil Eanes» recolhera, assim dobrando a sua tripulação e obrigando o dispenseiro a prodígios de economia, pensavam que os iam colocar em Saint John's, de onde outro navio os levaria para Portugal. Quando lhes constou que os iam distribuir pelos outros lugres, houve natural azedume por entre eles, que acompanhavam de juras pitorescas e de ameaças irrisórias. Mas acabaram por aceitar, resignados, o destino que lhes davam, apenas se lamentando de algumas inevitáveis separações entre parentes ou conterrâneos, ou da superstição que ligavam a determinados navios onde iriam completar a safra. [...]
Imaginemo-los, vivendo a vida esforçada do lugre, este, fundeado dentro de um fiorde, para onde fugira acossado pela brisa.
Quando amainou, largou em busca do mar e do bacalhau, enquanto a bordo afanosamente se iscavam os aparelhos para a pesca. Ao leme iam o capitão Simões e o contra-mestre e, à proa, o imediato, a dirigir a manobra. Ainda soprava um resto de vento e o mar não estava manso. Mas era preciso sair, não perder mais dias de pesca, sempre a mesma (e quase heróica) obsecação.
Demandavam a barra, bem atentos às rochas, das quais se desviavam, não obstante a cerração. Contudo, numa volta de mar, mais forte, o navio descaiu bruscamente. Qual não foi o espanto de todos quando imediatamente se sentiu um grande choque, acompanhado de um estrondo aterrador. Logo após, o lugre adornou para estibordo, espalhando-se pelo mar algumas tábuas do casco, que flutuaram sinistramente. Mal se sabiam as causas. Apenas havia a certeza de que o navio encalhara e metia água com fartura."
(Excerto de Os prisioneiros do rochedo)
Indice:
I. Espírito de aventura.1 - Ir pelo mar fora. 2 - Rumo ao Norte. 3 - Campos do Tamisa. II. Londres, de passagem. 4 - Ser estrangeiro. 5 - Museus maravilhosos. 6 - Parques quase naturais. 7 - Palácios de Deus. 8 - Resumo de uma noite. 9 - O coração da City. 10 - A metrópole e o seu mundo. III. Mar implacável. 11 - Ao encontro da bruma. 12 - O silêncio do mar. 13 - Vida e morte do bacalhau. 14 - Muitas velas no oceano. 15 - Pesca imprevista. IV. Luz de um outro mundo. 16 - Os homens são irmãos. 17 - Primeira visão da Gronelândia. 18 - Um funeral português em terras da morte branca. 19 - Prisioneiros dos rochedos. V. Horizonte sideral. 20 - Sol da meia-noite. 21 - O raio verde. 22 - Uma aurora boreal. 23 - Um morto foi lançado ao mar. VI. Habitantes da solidão. 24 - Gente do Árctico. 25 - História de esquimós. 26 - A vida mais dura que o homem pode viver. VII. Itinerário americano. 27 - Fazia calor na Terra Nova. 28 - Voando sobre as províncias ultramarinas canadianas. 29 - O vínculo francês deixado no Canadá. 30 - Cruzeiro da Península de Gaspê. 31 - O que se vê em Nova Iorque.
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação. Pequena falha de pele na extremidade inferior da lombada.
Invulgar e muito apreciado.
30€

12 fevereiro, 2021

PROENÇA, P.ᵉ Álvaro - COMO O POVO REZA. (Etonografia). Lisboa, [s.n. - Tip. Inácio Pereira Rosa, Lisboa], 1941. In-8.º (18,5 cm) de 173, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Capa da autoria do artista Dr. Rui Nogueira.
Importante subsídio etnográfico, histórico e religioso.
Muito valorizado pela dedicatória autógafa do autor.
"Razoávelmente estudado tem sido, já, o nosso bom povo de costumes tão pitorescos e belos.
Pelas nossas aldeias e mais reconditos lugarejos, desde o Minho, jardim mimoso de sonho, até ao Algarve encantado, olhos perspicazes, almas de artistas, têm seguido, com amor e ternura, as manifestações belas da vida simples e sóbria duma população ingénua e laboriosa. [...]
Há todavia alguma coisa que ainda falta na nossa literatura etnográfica.
Nunca o povo é tão curioso, tão digno de ser estudado e tão grande quando como quando as suas mãos calejadas se erguem para o céu.
É vê-lo, de olhos alheados das coisas da terra, desbarreado, modesto, mais humilde do que nunca, a rezar, ajoelhado nas frias lages da sua igreja paroquial, na capelinha pequenina e pobre ou à noite junto à lareira.
Por mais descrente que o observador seja, é impossível que não encontre grandeza na oração do povo. [...]
Apesar de ser assim, o povo tem sido pouco estudado neste ponto. Orações supersticiosas, bruxedos, crendices de tôda a espécie, tudo isso foi já recolhido. Da oração pura e simples encontra-se aqui uma amostra, além outra, raras, e todavia pela sua beleza e interêsse, elas devem ser conservadas com amor.
Por nosso lado julgamos fazer obra bôa recolhendo o que de mais belo tem a alma popular, aquilo que dela se evola quando a religião aprendida e bebida no leite materno é praticada e vivida sem mistura de produtos de ignorância ou de fá vacilante."
(Excerto do Prólogo)
Índice:
Prólogo; Sinal da Cruz; Orações da manhã; Ao sair de casa; Ao entrar na igreja; Para a missa; Para a confissão; Para a comunhão; Orações à Virgem; Orações ao anjo da guarda; Orações aos santos; Orações pelas almas; Para as tentações; Orações da noite; Orações para o trabalho; Orações diversas; Padre Nosso; Avé Maria; Credo; Para o Natal; Para a Semana Santa; Um pouco de catecismo.
Padre Álvaro Proença (Lisboa, 1912-1983). "Entrou para o Seminário de Santarém em outubro de 1923 e na maior parte da sua vida de sacerdote exerceu no concelho de Lisboa, quer como professor e capelão da Casa Pia de Lisboa (a partir de 1942), quer como Reitor da Igreja da Madre de Deus (desde 1942) e professor da Escola Industrial Afonso Domingues, quer como capelão da Marinha quer como pároco na igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica, durante quase 28 anos, entre janeiro de 1955 e a data da sua morte em 1983. Dedicou-se à olisipografia da Freguesia de Benfica, nomeadamente através do estudo que deu a lume com o título Benfica através dos tempos (1964). Já antes, tendo sido pároco de Loures a partir de 1936, também publicou Subsídios para a História do Concelho de Loures (1940) e ainda, Como o Povo reza (1941).”
(Fonte: https://toponimialisboa.wordpress.com/2018/07/06/alameda-padre-alvaro-proenca-na-freguesia-que-estudou-e-onde-foi-paroco/)
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação. Capa apresenta pequenas falhas marginais.
Raro.
30€

11 fevereiro, 2021

MATOS, Pedro Fragoso de - ACÇÃO NAVAL PORTUGUESA CONTRA OS PIRATAS NO MAR DA CHINA. Lisboa, [s.n. - Comp. e imp. nas oficinas da Editorial Minerva], 1985. In-8.º (22,5 cm) de 48, [4] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história da acção naval portuguesa no Extremo Oriente, contra a pirataria, desde o século XVI até ao início do século XX.
Livro ilustrado com diversos mapas nas páginas de texto.
Muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
Tiragem: 200 exemplares.
Interessante estudo histórico, nas palavras do autor, "uma breve síntese sobre as mais importantes e decisivas intervenções da nossa Marinha contra a pirataria no Mar da China.
Com efeito, analisando-se a acção naval portuguesa nessas longínquas paragens do Extremo Oriente, surge-nos como um dos seus principais e mais significativos vectores, a continuada e persistente repressão contra a pirataria, verdadeira praga desses mares, a qual constituía um perigo constante das actividades marítimas que, a partir do século XVI, levaram os portugueses ao Sueste Asiático."
Matérias:
1. Introdução. 2. Fundação do Estabelecimento de Macau. 3. Possibilidade de abandono e destruição de Macau (Séc. XVII). 4. Pedido de auxílio à Marinha Portuguesa (Séc. XVII). 5. Pedido de auxílio do Mandarim de Ansam (Séc. XVIII). 6. Consagração dos portugueses em Macau. 7. Operações contra piratas em Coloane. 8. Considerações finais.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.

Indisponível