20 janeiro, 2020

FIGUEIREDO, Anthero de - TRISTIA. Com um prefacio de João Penha. Lisboa, M. Gomes, Editor : Livreiro de Suas Magestades e Altezas, MDCCC XCIII [1893]. In-8.º (17 cm) de [4], XIII, [1], 75, [7] p. ; E.
1.ª edição.
Primeira obra do autor que não mais viria a ser reeditada. Muito valorizada pelo prefácio de João Penha (1838-1919).
Desta edição tiraram-se 410 exemplares. O presente, leva o n.º 59 da tiragem de 400 exemplares em papel de linho numerados de 11 a 410.
"Deus, no principio, fez meia duzia de leis, com as quaes rege os mundos e os seres. Certos philosophos reconhecem a existencia d'essas leis; confessam, contra vontade, que não foi o homem quem as fez, mas negam a existencia de Deus. Para elles e para os seus sectarios, Deus é o homem. Para nós, tambem: para nós o homem é o Deus que faz pernas de pau. Outros, pelo contrario, põem as mãos nas aras em como Deus existe, fundando-se sobretudo na existencia d'aquellas mesmas leis, as quaes, segundo dizem, se não fizeram a si mesmas, e tiveram, como tudo que se observa, um principio. Para estes, e para todos os mais que ainda não tiveram tempo de pensar sobre esta materia, o homem não passa de um modesto semi-deus, sujeito a todas as contingencias d'esta vida, quanto ao corpo, mas eterno, quanto á alma, na sua evolução progressiva atravez do infinito."
(Excerto do Prefacio)
Antero de Figueiredo (Coimbra, 1866 - Foz do Douro, 1953). Escritor português. Cursou Medicina na Universidade de Coimbra, mas formar-se-ia em Letras, na Universidade de Lisboa (1895). "Tendo interrompido os estudos por doença, viajou pela Espanha, França, Itália, Estados Unidos e Inglaterra. Foi durante a sua permanência na América que escreveu o seu primeiro livro, o poema em prosa Trístia, que veio a ser prefaciado por João Penha e com o qual fez a sua estreia literária. Regressado a Portugal, matriculou-se no Curso Superior de Letras de Lisboa, concluindo os estudos em 1895, com as mais altas classificações. Durante alguns meses foi director da Escola de Belas-Artes do Porto (1918) e pertenceu, desde 1911, à Academia das Ciências de Lisboa.
Senhor de uma fina sensibilidade plástica apurou-se na descrição de paisagens e personagens, compondo grandes frescos históricos, numa linguagem que alia o requinte à sobriedade, a erudição à observação pessoal. Legou-nos impressões de viagens, novelas passionais vagamente camilianas, em que o lirismo romântico se combina com a exacerbação carnal, e cuidadas reconstituições históricas. Na última fase, a sua ficção tornou-se uma apologética do catolicismo, procurando reencontrar a fé pelos caminhos da arte. Tentou também o teatro, com a peça Estrada Nova (1900), mas abandonou completamente este género. Os seus títulos mais significativos serão: Recordações e Viagens, D. Pedro e D. Inês, Cómicos, Doida de Amor, Miradouro, Fátima, O Último Olhar de Jesus, Non Sum Dignus."

(Fonte: http://www.cm-porto.pt/cultura/agenda/antero-de-figueiredo-1866-1953)
Belíssima encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura.
Ex-libris da biblioteca de Salema Garção.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

Sem comentários:

Enviar um comentário