FIGUEIREDO, Anthero de - DOIDA DE AMOR : novella. Lisboa, Livraria Ferreira, 1910. In-8.º de (19 cm) de 207, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Rara edição original desta novela "picante", uma das mais estimadas obras de Antero de Figueiredo, que até 1936 conheceu 10 edições.
Livro muitíssimo valorizado pela dedicatória autógrafa do autor - datada de Novembro de 1910 - a Carlos Malheiro Dias (1875-1941), conhecido jornalista, romancista e historiador.
"Querido Raul: - Na verdade, tu queres, meu pobre amigo, fazer uma grande desgraça? Não sabes que luto ha dias para não commeter a loucura de matar a minha filha, e de me matar?! Não sabes que por momentos perco a razão? Não posso mais! Ha dois mêses que me não escreves uma só palavra!; ha dois mêses que me abandonaste completamente! Estou doente. Não me seguro em pé! Já não posso chorar!... Para isto acabar mais depressa, não me alimento; mas é um morrer a fogo brando!... porque a vida sem o teu amor e com o teu desprêzo me é mais insuportavel que mil mortes, prefiro morrer!; e se não acabei já comigo, foi por me lembrar da criança que fica só no mundo. Tivesse eu coragem de a matar, ou de a deixar, que era um instante!... Cheguei ao extremo! Tu, sómente tu - tu que me accusas - és o culpado de tudo, tu só! Não se põe uma mulher doida de amor, como tu fizeste, para em seguida a repellir, sob pretexto inventado por detestaveis criaturas que te segredaram coisas infames, em que tu, alma fina, alma de artista, acreditaste!"
(Excerto do Cap. I)
Livro muitíssimo valorizado pela dedicatória autógrafa do autor - datada de Novembro de 1910 - a Carlos Malheiro Dias (1875-1941), conhecido jornalista, romancista e historiador.
"Querido Raul: - Na verdade, tu queres, meu pobre amigo, fazer uma grande desgraça? Não sabes que luto ha dias para não commeter a loucura de matar a minha filha, e de me matar?! Não sabes que por momentos perco a razão? Não posso mais! Ha dois mêses que me não escreves uma só palavra!; ha dois mêses que me abandonaste completamente! Estou doente. Não me seguro em pé! Já não posso chorar!... Para isto acabar mais depressa, não me alimento; mas é um morrer a fogo brando!... porque a vida sem o teu amor e com o teu desprêzo me é mais insuportavel que mil mortes, prefiro morrer!; e se não acabei já comigo, foi por me lembrar da criança que fica só no mundo. Tivesse eu coragem de a matar, ou de a deixar, que era um instante!... Cheguei ao extremo! Tu, sómente tu - tu que me accusas - és o culpado de tudo, tu só! Não se põe uma mulher doida de amor, como tu fizeste, para em seguida a repellir, sob pretexto inventado por detestaveis criaturas que te segredaram coisas infames, em que tu, alma fina, alma de artista, acreditaste!"
(Excerto do Cap. I)
Antero de Figueiredo (1866-1953). "Nasceu em 1866, em Coimbra e faleceu no Porto, em 1953. Escritor que se dedicou a vários géneros literários, a sua escrita evolui dum Decadentismo-Simbolismo “fim-de-século”, expresso em poemas em prosa (Trístia, 1893; Além, 1895), para romances de fundo lírico mas de que não são estranhas certas notas eróticas (Cómicos, 1908; Doida de Amor, 1910), para a ficção histórica revivescida na época (D. Pedro e D. Inês, 1919; Leonor Teles, 1916; D. Sebastião, 1924) e, ao cabo, para um idealismo de profundas raízes católicas (O Último Olhar de Jesus, 1928; Fátima, 1936; Amor Supremo, 1940). Nem o acendrado nacionalismo, nem as qualidades de fino estilista foram suficientes para lhe dar permanência no interesse da crítica e dos leitores. Escreveu ainda relatos de viagens (Recordações e Viagens, 1904; Jornadas em Portugal, 1918; Espanha, 1923; Toledo, 1932)."
(Fonte: http://triplov.com/antero-de-figueiredo-antecipa-camus/)
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
(Fonte: http://triplov.com/antero-de-figueiredo-antecipa-camus/)
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Pasta frontal com pequenos defeitos.
Raro.
50€
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