10 janeiro, 2020

FIGUEIREDO, Anthero de - DOIDA DE AMOR : novella. Lisboa, Livraria Ferreira, 1910. In-8.º de (19 cm) de 207, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Rara edição original desta novela "picante", uma das mais estimadas obras de Antero de Figueiredo, que até 1936 conheceu 10 edições.
Livro muitíssimo valorizado pela dedicatória autógrafa do autor - datada de Novembro de 1910 - a Carlos Malheiro Dias (1875-1941), conhecido jornalista, romancista e historiador.
"Querido Raul: - Na verdade, tu queres, meu pobre amigo, fazer uma grande desgraça? Não sabes que luto ha dias para não commeter a loucura de matar a minha filha, e de me matar?! Não sabes que por momentos perco a razão? Não posso mais! Ha dois mêses que me não escreves uma só palavra!; ha dois mêses que me abandonaste completamente! Estou doente. Não me seguro em pé! Já não posso chorar!... Para isto acabar mais depressa, não me alimento; mas é um morrer a fogo brando!... porque a vida sem o teu amor e com o teu desprêzo me é mais insuportavel que mil mortes, prefiro morrer!; e se não acabei já comigo, foi por me lembrar da criança que fica só no mundo. Tivesse eu coragem de a matar, ou de a deixar, que era um instante!... Cheguei ao extremo! Tu, sómente tu - tu que me accusas - és o culpado de tudo, tu só! Não se põe uma mulher doida de amor, como tu fizeste, para em seguida a repellir, sob pretexto inventado por detestaveis criaturas que te segredaram coisas infames, em que tu, alma fina, alma de artista, acreditaste!"
(Excerto do Cap. I)
Antero de Figueiredo (1866-1953). "Nasceu em 1866, em Coimbra e faleceu no Porto, em 1953. Escritor que se dedicou a vários géneros literários, a sua escrita evolui dum Decadentismo-Simbolismo “fim-de-século”, expresso em poemas em prosa (Trístia, 1893; Além, 1895), para romances de fundo lírico mas de que não são estranhas certas notas eróticas (Cómicos, 1908; Doida de Amor, 1910), para a ficção histórica revivescida na época (D. Pedro e D. Inês, 1919; Leonor Teles, 1916; D. Sebastião, 1924) e, ao cabo, para um idealismo de profundas raízes católicas (O Último Olhar de Jesus, 1928; Fátima, 1936; Amor Supremo, 1940). Nem o acendrado nacionalismo, nem as qualidades de fino estilista foram suficientes para lhe dar permanência no interesse da crítica e dos leitores. Escreveu ainda relatos de viagens (Recordações e Viagens, 1904; Jornadas em Portugal, 1918; Espanha, 1923; Toledo, 1932)."
(Fonte:
http://triplov.com/antero-de-figueiredo-antecipa-camus/)
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de b
rochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Pasta frontal com pequenos defeitos.
Raro.
50€

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