CRUZ, Graça e - ALMAS TORTURADAS : contos simples. Porto, Livraria Figueirinhas (Editora), 1908. In-8.º (18 cm) de [4], 79, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Conjunto
de três contos de teor francamente pessimista sobre o 'destino', dois
deles, do género histórico, dada a época em que decorre a acção
(primeiros anos do século XIX).
"No
livro que vae ler-se, elaborado em algumas horas que a vida
atrophiadora do jornalismo me deixou livres, eu não tive a pretensão,
que seria ridicula, de apresentar um trabalho de vulto ou isento,
sequer, de defeitos. Move-me tão somente o intuito de apresentar alguns
quadros da vida real, revestindo-os de ligeira urdidura de molde a
provocar no espirito do leitor o interesse pela leitura.
Dei ao meu trabalho o titulo de Almas Torturadas
já que na convicção estou de que a vida não vale, na maioria dos casos,
o sacrificio de viver, pois que ella constitue uma permanente tortura
com ligeiras clareiras de supposta felicidade, que de facto não existe,
por que no mundo só a Dôr é positiva.
É que a felicidade é uma utopia e só a Dôr e a Tortura são companheiras inseparaveis da existencia!
As paginas do meu livro são o reflexo d'essa Dôr, são a significação d'essa Tortura."
(Excerto do prefácio)
"Margarida
viera ao mundo envolta n'um sudario. Ao seu primeiro vagido responderam
lagrimas da Dôr mais intensa, da innenarravel Dôr que mais póde ferir o
coração humano e uma familia no que ella tem de mais caro. A mãe de
Margarida, ao dar-lhe a vida, envolvera-a a aza negra da Morte.
Margarida
era o primeiro fructo d'um enlace feliz, de um amor purissimo. Regada
de lagrimas ao entrar na vida, devia estar-lhe reservada uma existencia
dolorida, com pequenas clareiras em que a felicidade transparecesse, só
para mais sentidos se tornarem os golpes fundos que a sua má estrella
lhe reservasse...
Cada
creatura é a portadora do seu destino. Perladas de lagrimas as faxas da
primeira infancia de Margarida, de lagrimas seria constituida a sua
vida. Não ha maneira de cortar a implacavel garra do destino, e muito
mais quando persistentemente nos vigia cuidadosamente desde o berço ao
tumulo. E Margarida não poderia fugir ao seu tragico destino."
(Excerto do Cap. I, Orae por Margarida - a Martyr!..)
Contos:
- Voar... para o céo. - Orae por Margarida - a Martyr!... - O futuro commendador.
José Fernandes da Graça e Cruz (1866?-1916). “Mais conhecido como Graça e Cruz, foi um escritor,
jornalista e militar português. Natural de Lamego. Exerceu como
jornalista, tendo escrito em vários periódicos de Lisboa e do Porto, e
sido sub-chefe da redação do jornal O Século. Em Lamego, fundou o periódico Voz Pública, e dirigiu o Democrata da Beira.
Publicou, igualmente, vários livros [apesar de não existem referências
ao seu nome na Biblioteca Nacional]. Participou na Revolta de 31 de
Janeiro de 1891, no Porto, como tesoureiro do comité revolucionário,
possuindo, nessa altura, a patente de Primeiro-sargento. Faleceu em
Lisboa, em 1926, com 60 anos de idade. Tinha o posto de Major.”
(Fonte: wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, manchadas, com defeitos.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Indisponível
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