22 setembro, 2015

PESSANHA, Camilo - FLORIRAM POR ENGANO AS ROSAS BRAVAS. Antologia ilustrada de... Selecção e prefácio de Miguel Serras Pereira. [Macau], Edição de Um Grupo de Admiradores do Poeta, [1976]. In-4º (26,5cm) de [2], 32, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Bonita antologia, belissimamente ilustrada com seis desenhos de página inteira - especialmente concebidos para esta edição - da autoria de A. A., Adolfo Pereira, Augusto Serro e Margarida Jacinto.
Contracapa: fotografia datada de 1912 e obtida em Macau, no jardim da residência de Lou Lim Iéoc. Na primeira fila vê-se Sun Iat Sen (o segundo a contar da direita para a esquerda) e Camilo Pessanha (o primeiro da esquerda para a direita).
"Um poeta tem o direito de ser julgado (e nós de o julgar) pelos seus melhores poemas. Este é o único porquê desta antologia de Camilo Pessanha, endossada a Macau. [...]
Quando se fala de um poeta como Camilo Pessanha, que escreveu o que escreveu e levou a vida que levou, costuma afastar-se esta última como pouco edificante. É, uma vez mais, a recusa de compreender que se não basta a transgressão puramente negativa, das leis e dos costumes vigentes para se fazer algo de novo, também nada se pode fazer que valha apena sem incorrer no risco da sua transgressão.
Porque, por muitas voltas que lhe demos, resta-nos um facto. Se Camilo Pessanha tivesse levado muito a sério a sua carreira de funcionário em Macau, se tivesse buscado acima de tudo a promoção hierárquica e o agrado dos diversos «legítimos superiores», talvez tivesse tido um mausoléu de maiores dimensões nalgum dos cemitérios locais. Mas não teríamos certamente a «Clépsidra», nem esse aparente engano, e afinal verdadeiro milagre, de um florir de rosas bravas no Inverno, sob a queda nupcial da neve, de que foi ele o mensageiro humilde e tão célere."
(excerto do prefácio)

"Desce em folhedos tenros a colina:
- Em glaucos, frouxos tons adormecidos,
Que saram, frescos, meus olhos ardidos,
Nos quais a chama do furor declina...

Oh vem, de branco, - do imo da folhagem!
Os ramos, leve, a tua mão aparte.
Oh vem! Meus olhos querem desposar-te
Reflectir-te virgem a serena imagem.

De silva doida uma haste esquiva
Quão delicada te oscultou num dedo
Com um aljôfar côr de rosa viva!...

Ligeira a saia... Doce brisa impele-a...
Oh vem! De branco! Do imo do arvoredo...
Alma de silfo, carne de camélia..."

Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas apresentam picos de acidez.
Muito invulgar.
A BNP possui apenas um exemplar.
Indisponível

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