VIEIRA, José Augusto - OS NOSSOS VESTIDOS. Porto, Joaquim Antunes Leitão, 1880. In-4.º (22,5cm) de [4], IV, 72 p. ; B.
1.ª (e única) edição publicada.
Curioso estudo oitocentista sobre o vestuário em Portugal e o uso que os portugueses lhe dão.
"Os trabalhos dos grandes pensadores são como as estrellas - centros de constellações, em volta de que gravitam numerosos asteroides. Estes tem como funcção, pela multiplicidade reflectora das suas superficies, disseminar e luz que d'aquelles vem.
Essa funcção dispersiva, disseminadora, que illumina um maior espaço, é exactamente o nosso papel n'este momento. [...]
Em harmonia com este pensar escolhemos o assumpto que serve de epigraphe a este modesto trabalho; não tem de certo os rendilhados altivos e coruscantes das grandiosas concepções theoricas; mas tem a vantagem, eminentemente fecunda, d'um trabalho de vulgarisação n'um paiz sobretudo onde esses trabalhos escasseiam, e onde, como em tantos outros, a hygiene vestimentar é quasi desconhecida e o capricho da moda se impõe tyrannicamente, obstando á diffusão dos seus preceitos.
A verdade é, que nos não sabemos vestir. Como consequencia d'isto a physiologia do organismo soffre; mas que importa isso á pretendida elegancia do janotismo ou da incuria nacional, se o corpo se lhe entala, que bien, que mal, n'uns moldes talhados pela mais afamada tesoura de Paris?
Anda-se transviado do bom caminho em materia de vestuario, e esse desvio prejudica o melhor dos bens de todo o individuo - a saude - e com este prejuizo, o da prosperidade publica."
(excerto da introdução)
Matérias:
Primeira Parte
I - Definição. II -Materias vestimentares: - sua differenciação phisico-chimica. III - Acção physico-dynamica das substancias vestimentares. IV - Relações do vestido com o corpo. V - Condições individuaes: - as edades, os sexos, os temperamentos, etc. (Sexo; Temperamentos; Estado de doença: O vestido segundo as circumstancias exteriores).
Segunda Parte
O vestido, modificador social.
Terceira Parte
Do vestido, como modificador artistico.
José Augusto Vieira (1856-1890). Escritor português da segunda metade do século XIX, adepto da
estética naturalista. “Nasceu em Valença, em 13 de Julho de 1856, filho de António José Vieira e de D. Maria das Dores Cruzeiro Seixas. Formou-se em Medicina, na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, tendo defendido tese de título Um Capítulo de Higiene: Os Nossos Vestidos (1880). Fez carreira de médico militar. Publicou Phototypias do Minho (1879), um romance, A Divorciada (1881), uma folheto de crítica, Lira Íntima, por Joaquim Araújo e O Minho Pitoresco (1886-1887). Faleceu em 1890."
De acordo com Paulo Morais-Alexandre, em A Moda e a Educação (2006), "exclusivamente dedicado ao traje cite-se a obra de José Augusto Vieira, Os Nossos Vestidos, de pendor fortemente moralista e onde depois de aduzidos argumentos de índole psicológica e sociológica, alguns dos quais continuam no presente a ser esgrimidos, se pugnava por uma racionalização da indumentária, atacando as modas:
«É pois acabando com essa fórma anti-hygienica, anti-social e anti-artistica do vestuario moderno, que nós conseguiremos pelas noções da sciencia e da arte attingir esse ponto luminoso e afastado, que na via lactea da perfectibilidade humana se denomina o – Ideal.»"
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas sujas. Contracapa apresenta falha de papel marginal no canto superior esquerdo.
Raro.
Indisponível
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