08 dezembro, 2023

ABREU, José Gonçalves de -
DO OCIDENTE DA EUROPA AOS CONFINS DA ÁSIA (impressões de uma viagem)
. Amarante, [Edição do Autor], 1970. In-8.º de (22,5x17 cm) de [4], 44 p. ; [24] p. il. ; ; il. ; B.
1.ª edição.
Impressões de viagem do autor - conhecido empresário amarantino - recolhidas ao longo do périplo que empreendeu pelo Oriente, sobretudo, mas também por paragens pouco convencionais, pelo menos para a época, como a escala no Alasca.
Livro totalmente impresso sobre papel couché, com fotografias no texto e em separado.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao "Excelentíssimo Senhor Doutor Raúl Rêgo".
"Os viajantes ocasionais que cruzaram o Território de Macau em trânsito para outras paragens são aqueles que, por vezes, nos oferecem aforismos cintilantes ou reflexões muito interessantes porque animadas de um vivo pragmatismo. O Comendador José Gonçalves de Abreu (1914-2002), outrora figura proeminente da indústria portuguesa, fundador do complexo industrial “TABOPAN”, em Amarante, deslocou-se ao Japão em 1969, na sequência de um convite oficial formulado pela “Union of Japanese Scientists and Engineers”, para participar na Conferência Internacional do Controle de Qualidade, onde apresentou uma comunicação intitulada “A influência do controle de qualidade nas relações entre os povos e na cultura do mundo”. A longa viagem feita a bordo de um Boeing DC9 [Lisboa-Copenhaga-Alaska-Japão-Hongkong-Macau-Tailândia-Irão-Itália-Lisboa] foi devidamente registada num livro ilustrado, publicado em 1970, sob o título, “Do Ocidente da Europa aos Confins da Ásia (impressões duma viagem)”, prefaciado por Fernando Pires de Lima. É um importante contributo para a construção da imagem externa de Macau, no contexto largo da fenomenologia da viagem."
(Fonte: https://jtm.com.mo/opiniao/jose-de-abreu/)
"Do Polo Norte, conhecíamos apenas as lendas e os contos de ficção. Os mistérios desse continente gelado de que nos fala Camilo em «Mistérios de Lisboa» ignoravamo-los totalmente. Sabíamos, apenas, que nessa zona do Ártico, nos seus mares da Groelândia, labutam, cada ano, na safra da pesca do bacalhau, muitos dos nossos destemidos pescadores e que alguns deles ali ficam sepultados com os seus caíques quando se aventuram demasiado na exploração das suas águas ou são surpreendidos por alguma tempestade de neve nesses dias intermináveis que caracterizam a vida nessa estranha parte da terra.
Esse continente foi, durante milénios, terra desconhecida. [...]
Pois nos nossos dias, graças à tecnologia que o homem pôs ao serviço da civilização, essa viagem deixou de ser uma temeridade para ser um roteiro de escala nas viagens para o Oriente. Também por ali passamos um destes dias.
Convidados pela Union of Japanese Scientists and Engineers, e em representação do nosso País à Conferência Internacional de Controle de Qualidade, fomos até ao país do sol nascente em cuja capital - Tókio - teve lugar esse agradável «meeting»."
(Excerto de I - Alaska)
"A cidade de Macau é uma preciosidade na margem do Rio das Pérolas, que atesta a presença de Portugal naquelas paragens de sonho que trouxe, há cerca de quinhentos anos, ao convívio do Ocidente. As suas ruas e avenidas tìpicamente à moda portuguesa, banhadas por um sol quente e acolhedor, a que um mundo de transeuntes em mangas de camisa ou em lindos conjuntos, de largas calças e túnica preta, contrastavam com os trajes garridos dos turistas americanos, davam àquela paisagem a beleza das mais lindas capitais daquele lendário continente. [...]
Durante a nossa permanência em Macau, procuramos ver tudo que a magnífica cidade possui de mais belo e representativo da vida cultural e recreativa portuguesa, dado que, estando tão longe da mãe Pátria, com uma população de mais de 290 mil chineses e sòmente 10 mil portugueses seria lógico aceitar que pouco ou nada ali haveria a marcar a nossa permanência em tão pequena minoria. Pois ficamos deslumbrados com a satisfação com que o macaísta declina a sua identidade. Sou português, filho de pai português e de mãe chinesa; aqui nasci, sou português e prezo-me muito disso, não conheço ainda a Metrópole, mas tenho uma certa esperança de lá ir qualquer ocasião. Estudo a língua Pátria, frequento a escola portuguesa, falo chinês mas, cada dia, onde posso fazê-lo, isto é, logo que tenha quem fale a língua de Camões, é essa a língua que gosto de falar."
(Excerto de IV - Macau)
Índice:
Alaska. II - Tókio. III - Hong-Kong. IV - Macau. V - Tailândia. VI - Irão.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
25€

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