01 março, 2021

SALGARI, Emílio - A ESTRÊLA CADENTE : novela de aventuras. Versão do original italiano de Henrique Marques Junior. Lisboa, João Romano Torres & C.ª, [1940]. In-8.º (19 cm) de 140, [4] p. ; B.
1.ª edição.
Conjunto de pequenas novelas, umas de ficção, outras de fundo histórico, com especial relevo para a que dá o nome ao livro - A Estrêla Cadente - imaginativo 'ensaio' de ficção científica.
Em Os pescadores de bacalhau, o autor debruça-se sobre a pesca longínqua francesa nos bancos da Terra Nova, mostrando conhecer esta temática tão cara aos portugueses, abordando as motivações dos pescadores para a "faina", a família, a religiosidade e os infortúnios, bem como os preparativos e as despedidas que precedem as campanhas - rituais em tudo parecidos com os nossos - condimentos de uma pequena história, supostamente verídica, de pai e filho que se perderam no nevoeiro enquanto pescavam.
"Numa linda manhã de Agôsto de 1900, inaudita suprêsa levava ao cúmulo o assombro dos bons habitantes de S. Francisco da Califórnia, a rica e populosa cidade de magníficos arredores, que não tem rival ao longo das costas americanas, banhadas pelas ondas do Oceano Pacífico.
As imensas ruas que dividiam essa gigantesca cidade, as praças, as pontes, os telhados das casas, os terraços e os «squares», que tão numerosos são na capital da Califórnia, após uma noite sem vento e perfeitamente sêca, tinham aparecidos cobertos por miríades de bilhetes multicolores, e que apenas continham estas duas palavras: «Estrêla Cadente».
Que cousa seria a «Estrêla Cadente»? [...]
Quem podia ter inundado a cidade de tais avisos? E de que meios se havia servido, pois ninguém vira coisa alguma?
Êsse acontecimento, absolutamente extraordinário, tinha desordenado todos; até os cientistas e os jornalistas. [...]
Haviam decorrido oito dias após aquêle acontecimento extraordinário, quando nova chuva de prospectos multicolores, mais abundante do que a primeira, cobriu a cidade. [...]
Na manhã de 21 de Agôsto, tôda a população estava na rua. Rios de pessoas se juntavam sem descanso nos imensos jardins do «Garden Square», a custo contidos por infinito número de agentes de polícia. [...]
Ao meio dia, clamor imenso, saído de centenas de milhar de peitos, propagou-se de um extremo ao outro do parque, clamor que se repercutiu em tôdas as ruas, nos terraços, nos telhados e até nas toldas dos navios que estavam apinhadas de curiosos.
 - Olhem!... Olhem!...
Uma linha escura, não bem definida ainda a distância, aparecera na direcção dos montes da Costa e avançava para a gigantesca cidade com fulminante velocidade, aumentando a olhos vistos. [...]
Descia dos montes com incrível celeridade. Mal fôra descoberta e já se principiavam a distinguir bem as suas formas.
- Uma nave aérea! - bradaram de tôda a parte - «Hurrah... Hip»!... [...]
Não se tratava de vulgar balão. Era enorme fuso, com o comprimento de uns cinqüenta metros, munidos de diversas ordens de hélices dispostos nos flancos e que giravam com vertiginosa rapidez.
Pormenor interessante: não se via vestígio algum de fumo, pois o misterioso engenho devia ser privado dos vulgares motores a gás ou benzina adoptados nos últimos tempos por Santos Dumont, Severo, etc., os inventores mais ou menos felizes dos balões dirigíveis."
(Excerto de A Estrêla Cadente)
Índice:
A estrêla cadente; O escravo da Somália [episódio de pirataria marítima]; Os pescadores de bacalhau; O correio da Califórnia [episódio (verídico?) sobre a diligência - o serviço dos correios no oeste americano]; O naufrágio do «Dordonha» [episódio de salvamento de náufragos recorrendo a um aparelho Marconi, novidade na época]; A ponte maldita [episódio aventuroso no Canadá selvagem]; A ponte da morte [episódio biográfico de Solano Lopez, segundo presidente constitucional da República do Paraguai, comandante das Forças Armadas e chefe supremo do seu país durante a Guerra do Paraguai].
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
20€

Sem comentários:

Enviar um comentário