23 março, 2021

SÁ, Pinto de - CONQUISTADORES DE ALMAS. Memórias de uma militância e prisões políticas (1970-1976).
Por...
Lisboa, Guerra e Paz, 2006. In-4.º (23 cm) de 325, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Um livro altamente polémico, há muito esgotado, sendo o primeiro testemunho directo sobre o fanatismo da militância política de extrema-esquerda nas Universidades portuguesas durante o consulado de Marcelo Caetano. O autor revela ainda os métodos da PIDE/DGS, bem como os do COPCON, dado que esteve detido antes e depois da revolução de Abril de 74.
"«Conquistadores de Almas» é um livro dramático e intenso. É um retrato implacável do maoísmo que dominava as universidades nos anos finais da Ditadura. Um retrato do fanatismo político e das fragilidades afectivas que lhe eram inerentes.
O autor traça um percurso que nos leva ao interior das organizações de extrema-esquerda, à prisão de Caxias e aos interrogatórios da PIDE, convocando muitas figuras que hoje conhecemos da vida política, do jornalismo e do mundo empresarial português. Um périplo infernal que se prolonga nas prisões do COPCON, onde se dispensava a culpa formada ou a acusação concreta.
A História recente que até hoje todos calaram ou sublimaram em visões idealizadas de juvenil heroísmo.
Há quanto tempo é que você pertence aos CCR?
Não presto declarações! - respondi eu, como até aí.
Ah, sim, pois claro! - disse ele abanando afirmativamente a cabeça, como quem se recorda de um facto evidente esquecido por lapso.
- Faz muito bem! Dos fortes é que nós gostamos!..."
(Retirado da apresentação)
"O testemunho pessoal que se segue é o de uma iniciação política num contexto histórico de que a memória colectiva quase não tem registos publicados: o da extrema-esquerda maoísta que imperava na universidade no tempo de Marcelo Caetano... [...]
Os últimos anos do regime do Estado Novo foram de uma agitação permanente na universidade, a que o regime respondeu com uma repressão crescente que atingiu o seu clímax em 1973, nas vésperas da sua queda. Quem estava por trás dessa agitação, o que queriam e por que ideais e valores se moviam?
A primeira parte das presentes memórias testemunha a minha participação nesse movimento estudantil, como jovem militante clandestino de uma organização marxista-leninista, memória auxiliada por um exaustivo relatório redigido em 1975-1976 e que jazeu num esquecimento voluntário até agora. [...]
A militância relatada acabou, como era regra, nas salas do Reduto Sul do Forte de Caxias, onde no consulado marcelista a PIDE/DGS realizava os seus interrogatórios. A descrição em pormenor desses interrogatórios inicia a segunda parte deste testemunho, sobre as prisões sofridas, e relata algo de que a memória colectiva também não regista publicações, excepto ficcionais ou míticas: a experiência da cedência e confissão perante a violência da PIDE. Uma vez mais, a memória dos pormenores foi auxiliada por um relatório minucioso, neste caso redigido em 1974/75. [...]
A prisão pela PIDE aqui descrita durou quase um ano e terminou dois meses antes do 25 de Abril de 74, no antepenúltimo julgamento político realizado no Tribunal Plenário da Boa Hora, onde fui condenado. Porém, e apesar da queda do regime, poucos meses depois do referido julgamento viria a sofrer nova prisão política, mais longa que a anterior e exercida desta vez pela "legitimidade revolucionária" entretanto estabelecida.
Sem culpa formada nem acusação concreta, em clausura com os mesmos que antes tinha combatido, a experiência desta última prisão foi a da Revolução de 74/76 vivida entre os milhares de presos políticos que então enchiam as cadeias, muitos deles arbitrariamente, permitindo um outro testemunho sobre as práticas repressivas da Revolução e, dada a sua proximidade temporal, uma comparação directa com as do regime deposto."
(Excerto do Prefácio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Esgotado.
Com interesse histórico.
Indisponível

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