ABREU, G. de Vasconcellos - A LITERATURA E A RELIJIÃO DOS ÁRIAS NA ÍNDIA. Por...
Lente de Língua e Literatura sâmscrítica no Curso Superior de Letras,
Officier d'Académie, Bacharel em Matemática pela Universidade de
Coimbra, do Instituto de Coimbra, da Société Asiatique. Membro honorário
e correspondente de outras Sociedades científicas e Academias. Paris : Guillard, Aillaud e Cia. 1885. In-8.º (15,5 cm) de [4], XXXII, 171
p. ; E.
1.ª edição.
Importante
estudo oitocentista sobre a presença ariana na Índia, a sua dispersão e influência sobre os outros povos no Oriente."O conceito de raça ariana teve seu auge do século XIX até à primeira metade do século XX, uma noção inspirada pela descoberta da família de línguas indo-europeias. Alguns etnólogos do século XIX propuseram que todos os povos europeus de etnia branca-caucasiana eram descendentes do antigo povo ariano. Correntes europeias, de caráter nacionalista da época, abraçaram essa tese. Esta, foi, talvez, tratada com maior ênfase pelo Partido Nacional Socialista da Alemanha. Estes, associaram o conceito de identidade nacional à raça ariana do povo germânico, através do princípio da unidade étnica, com a finalidade de elevar o moral e orgulho nacionais do povo alemão, destroçados pela derrota na Primeira Guerra Mundial e das condições consideradas humilhantes da rendição, impostas pelo Tratado de Versalhes. A palavra ário (do sânscrito arya, "nobre"), está associada à discussão sobre a existência de um povo ariano diferenciado, modernamente denominado de proto-indo-europeu, e que deu origem às primitivas línguas indo-europeias."
(Fonte: wikipédia)
"A velha questão sobre a origem da raça ariana, que tantas fogueiras acendeu no meio académico de oitocentos e no início do séc. XX, como ateou copiosos fachos entre as forças políticas da Europa nacionalista, foi matéria que inspirou a imaginação de muitos especialistas. […]
A controvérsia da superioridade de uma “raça ariana” indo-europeia e da “invasão ariana” na Índia, baseou-se essencialmente num pressuposto estabelecido por vários académicos anglo-saxónicos e missionários dos séculos XIX-XX, em que os arianos originários da Europa central tinham sido responsáveis pelas culturas de civilização celta, helénica, persa e indiana, pois só assim se explicaria como as suas línguas (o saxónico, o grego, o zenda e o védico) tinham surgido; a teoria da invasão ariana na Índia era a explicação mais lógica que se podia oferecer para justificar a expansão dos Europeus arianos no oriente e no mundo e uma civilização altamente evoluída na Índia. […] Muitos defensores da superioridade rácica ariana pretendiam basear as suas teses no Antigo Testamento, e partindo deste livro sagrado para todos os cristãos, justificaram a eliminação dos povos indianos como um bem prestado à humanidade - leia-se, aos europeus. […]
Entre os investigadores ocidentais como Max Müller (que se opôs frontalmente à teoria do evolucionismo), que defenderam a teoria ariana, esteve o português Vasconcellos Abreu, eminente matemático da Academia das Ciências, que desde novo se interessou pela língua e cultura clássica indiana, tendo aprendido integralmente de forma autodidacta o protocolo da língua sânscrita assim com a a história da sua literatura clássica, e de tal forma o fez que os seus mestres Abel Bergaigne e Martin Haug, a quem se dirigiu em Paris para continuar os estudos, viram ser impossível aprender mais, pois o seu conhecimento era já completo. Vasconcellos Abreu, em 1885, escrevia sobre os árias o que uma grande parte dos orientalistas defendida no seu tempo:
É muito provável que alguns ramos de gente árica, vivessem entre a Europa e a Ásia, desde o começo da constituição glotológica do proto-árico, percorrendo, ainda depois da determinação dos centros, como hoje os Quirguizes em hordas na Europa e na Ásia, e os Tajiques, por tráfico e indústria, na Ásia Central, as terras que se estendem pelo norte do Cáspio desde o Mar Negro, e mesmo norte do Danúbio até o Pamir. Seriam eles os mais inquietos dos Árias, e os que no século XV antes da n.e. faziam o tráfico marítimo do Mediterrâneo e comerciavam com povos estranhos nas bandas orientais do Arquipélago. (…)
Os Árias que imigraram na Índia desenvolveram ali a sua linguagem e a civilização que levavam já em grau notável. A estes Árias damos o nome de Árias Hindus. Modificados, física e intelectualmente, por cruzamentos e influências geográficas, constituíram as sociedades antigas mais civilizadas do vale do Ganges. A estes povos assim modificados (e ainda aos seus descendentes) damos o nome de Hindus."
(Fonte: http://www.academia.edu/2043728/A_Origem_dos_%C3%81rias._Hist%C3%B3ria_de_uma_Controv%C3%A9rsia_Salom%C3%A3o_Reinach_intr._e_notas_de_JC._Calazans)
Guilherme de Vasconcelos Abreu (1842-1907). "Orientalista e escritor. Formou-se em Matemática na Universidade de Coimbra e, mais tarde, concluiu o curso de Engenharia Naval. O seu interesse pelas línguas e culturas orientais levou-o a fundar em 1873, juntamente com o Marquês de Ávila e Possidónio da Silva, a Associação Promotora dos Estudos Orientais e Glóticos. Em 1875, a convite de Andrade Corvo, então ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de Fontes Pereira de Melo, visitou alguns países europeus tendo como objetivo aprofundar os seus conhecimentos de sânscrito. Foi nomeado professor da cadeira de sânscrito do Curso Superior de Letras. Fez parte de várias instituições científicas de renome nacional e internacional, como a Academia das Ciências de Lisboa e a Société d’Anthropologie, de Paris. Dos inúmeros trabalhos que publicou, destacam-se Princípios elementares da gramática da língua Sãoskrita, Manual para o estudo do Sãoskrito clássico e Bases da Ortografia Portuguesa, este último em colaboração com Gonçalves Viana."
(Fonte: http://albertosampaio.no-ip.org/details?id=28717)
Encadernação editorial inteira de percalina com ferros gravados a seco e a negro na pasta anterior e na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Pastas manchadas.
Raro.
Com interesse histórico.
35€
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