29 fevereiro, 2020

NARCISO, Armando - GASES DE GUERRA : Clínica, besões e Sintomas. Separata da Revista Clínica, Higiene e Hidrologia. Lisboa, [s.n. - Tip. Henrique Tôrres, Lisboa], 1935. In-4.º (26 cm) de 8 p. ; B.
1.ª edição independente.
Estudo clínico baseado na experiência da Grande Guerra. Trata-se do resumo da descrição das lesões e sintomatologia mais frequente nos estados agudos e crónicos das intoxicações por gases de guerra.
"Vou procurar dar uma ideia sumária dos efeitos tóxicos, produzidos no organismo por êstes agentes de combate, traçando o quadro das lesões e sintomas que levam à sua caracterização clínica. Escusado será dizer que sòmente de revista geral se trata, porque, não sendo estas intoxicações de observação corrente, a sua esquematização clínica está já feita e não pode ser alterada, a não ser que a catástrofe duma guerra química novamente assole a humanidade."
(Excerto da introdução)
Armando da Cunha Narciso (1890-1948). Natural de Velas, S. Jorge. "Médico hidrologista, investigador e escritor. Defensor do regionalismo açoriano, foi o principal promotor do Primeiro Congresso Açoriano. Foi um dos maiores peritos em termalismo da sua época, defendendo a criação da disciplina de hidrologia médica nos cursos de Medicina e o estudo sistemático, utilizando os métodos de investigação científica, dos efeitos das águas termais sobre a saúde, matéria sobre a qual publicou uma vastas obra.”
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Com pequena falha de papel no canto inferior direito.
Raro.
Com interesse histórico.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Indisponível

28 fevereiro, 2020

MELLO, João Augusto de Fontes Pereira de - MEMORIA SOBRE O SUBMARINO FONTES. Lisboa, Typographia Industrial Portugueza, 1902. In-8.º (21 cm) de 70 p. ; [1] errata ; B.
1.ª edição.
Monografia sobre o 1.º projecto de submarino português. Ilustrado com desenhos do protótipo em folhas separadas do texto.
“Em 1889 o Primeiro-Tenente João Augusto de Fontes Pereira de Melo projectou um submarino. Este seria movido a petróleo à superfície e a electricidade em submersão. Foi construído um modelo experimental à escala que foi testado no rio Tejo. Este modelo realizou várias experiencias de submersão mas desenvolveu problemas de corrosão devido aos materiais utilizados. No decurso de reparações em doca seca, o casco do aparelho, presumivelmente devido ao enfraquecimento provocado pela corrosão, cedeu e o protótipo ficou inutilizado. A crónica falta de verbas da época determinou o abandono do projecto.“
(Fonte: www.forumdefesa.com)
Matérias: Introducção. | Preliminares: - Origem e fins do submarino. Generalidades sobre barcos submarinos. - Garantia de immersão e emersão. - Habitabilidade. - Estabilidade de equilibrio e estabilidade de immersão. - Direcção no plano vertical. - Direcção no plano horizontal. - Força motora. - Aprovisionamento de energia. - Orientação e visão. - Condições de segurança. - Instrumentos indispensaveis á navegação submarina. | O Submarino Fontes:
- Garantia de immersão e emersão. - Habitabilidade e renovação do ar. - Estabilidade de equilibrio e estabilidade de immersão. - Direcção no plano vertical. - Direcção no plano horizontal. - Força motora. - Aprovisionamento de energia. - Orientação e visão. - Elementos de segurança. | Analyse de alguns tipos de submarinos comparados com o submarino portuguez: - Garantia de immersão e de emersão; Habitabilidade. - Estabilidade de equilibrio e estabilidade de immersão. - Direcção no plano vertical. - Direcção no plano horizontal. - Força motora. - Aprovisionamento de energia. - Orientação e visão. | Conclusão.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
35€

27 fevereiro, 2020

BRU, Paul - A INSEXUADA. Romance de... [Tradução]: Duqueza Laureana. Lisboa, Parceria A. M. Pereira-Livraria Editora, 1905. In-8.º (17cm) de 291, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Romance sensual. A tradução d'A Insexuada é da responsabilidade de Alfredo Gallis, apreciado escritor português de literatura erótica, que nesta obra assina com o pseudónimo Duqueza Laureana.
"No vasto pateo rectangular, sob o hall immenso, dominados pela alta chaminé da fabrica, os volantes dos locomoveis, em repouso, dormiam. Na série ininterrupta dos ateliers, as machinas de recortar ficavam inactivas junto dos bancos; não se ouvia, como de costume, o ruido estridente das serras d'entalhar, o ranger das plainas polidoras, o rugido dos tornos, o silvo agudo das limas.

Nem por isso, porem, era menor o vae vem continuo dos operarios atarefados - Tapeceiros e marceneiros, decoravam o hall de ricas tapeçarias, de moveis luxuosos, de plantas raras, transformando-o em sala de baile. [...]
Entre a avenida Ledru Rollin e a rua Croratier, defronte da orta principal encimada por uma marquise de cotim riscado d'encarnado, apertava-se uma multidão curiosa olhando para a taboleta nova.
Mobilia em todos os estylos

Marcenaria d'arte
Casa Morel pae e filho

As donas de casa do bairro Saint-Antoine, que vinham buscar provisões esqueciam-se da hora. As vendedoras ambulantes, impellindo os seus carrinhos extasiavam-se indifferentes ao «Circuler» dos policias."
(Excerto do Livro Primeiro, Cap. I)

Exemplar brochado, por abrir, em bom estado geral de conservação. Capas restauradas, com defeitos e pequenas falhas de papel.
Raro.
Indisponível

26 fevereiro, 2020

MANUEL, José da Câmara - MANUAL PRÁTICO DE CORRESPONDÊNCIA FAMILIAR. Contendo numerosíssimos modelos de Todo o género de correspondência íntima e de etiqueta. 11.ª edição. Lisboa, Livraria Popular de Francisco Franco, [1957]. In-8.º (19 cm) de 189, [3] p. ; B.
Curioso manual de "correspondência" - de todos os tipos para todas as ocasiões - muitíssimo divulgado entre nós, como atestam as suas múltiplas reedições. Convites para baptizados, casamentos e funerais, cartas de felicitação por aniversários, boas-festas,  de solicitação, de recomendação, de empenho, de pêsames, de género familiar, entre pais, filhos, parentes em variados graus e em todas as circunstâncias da vida, etc., etc.
"Os livros deste género não se destinam às pessoas que, pela sua educação e instrução e pelo hábito de escrever, se supõe não terem deles necessidade; são feitos para os que têm precisão de saber, para os que, não vivendo num meio intelectual e dedicando-se a misteres e ocupações em que o trato das letras não constitui convívio permanente ou mesmo indispensável, não têm facilidade em redigir, em concretizar o seu pensamento em poucas palavras e desconhecem as regras mais elementares da epistolografia, isto é, da arte de escrever cartas, de qualquer género.
Pode mesmo suceder, e sucede, que uma pessoa que tem relativa facilidade em escrever se encontre muitas vezes embaraçada, por desconhecimento das fórmulas estabelecidas, para se dirigir a determinada pessoa ou entidade. Por sua vez, essas também poderão recorrer, com vantagem, a estes elucidários epistolares."
(Excerto da Primeira Parte, Generalidades)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos.
Invulgar.
10€

25 fevereiro, 2020

GUIA DO JARDIM ZOOLOGICO E DE ACCLIMAÇÃO EM PORTUGAL. Parque de S. Sebastião da Pedreira. Lisboa, [s.n.], 1884. In-8.º (20 cm) de 7, [1] p. ; [1] mapa desdob. ; B.
1.ª edição.

Curioso guia do primeiro Jardim Zoológico de Lisboa.
Inclui desdobrável a cores com planta do parque.
"O Parque do Jardim Zoologico está aberto diariamente, no verão entre as 7 horas da manhã, no inverno das 8 horas até ao anoitecer.
Preço de entrada 100 réis.
Creanças até 12 annos e militares sem graduação 50 réis.
Creanças até 5 annos grátis.
Ás quintas-feiras não santificadas são os preços dobrados.
Haverá musica aos domingos, dias santificados e quintas-feiras.
No Jardim vendem-se os exemplares disponíveis de animaes, especialmente pássaros, periquitos, papagaios, patos e aves aquáticas, gallinhas, faisões, etc., e ovos para chocar.
Para compras dirigir-se ao director-gerente. As listas dos preços estão patentes no bilheteiro e na Secretaria da Sociedade, travessa da Parreirinha, 5, 2.º
No Restaurante, e Botequim do Jardim Zoologico, devidamente providos, acham-se á venda todos os artigos próprios d’estes estabelecimentos, encarregando-se o seu proprietário de fornecer, sendo previamente avisado, almoços, lunchs e jantares por preços rasoaveis segundo as tabelas expostas ao publico. O serviço de cozinha esta confiado ao habil chefe Nuno Alvarenga."
"O Jardim Zoologico e d’Acclimação de Lisboa, assim denominado no início, foi fundado em 1883 e inaugurado no ano seguinte, a 28 de Maio. Originalmente considerou-se a possibilidade de o construir num terreno no Poço do Bispo, na Cerca da Casa Pia mas a sua primeira casa acabou por se situar no Parque de São Sebastião da Pedreira, gratuitamente cedido pelos seus proprietários. Foi o primeiro Parque com fauna e flora de toda a Península Ibérica. A primeira lista de subscritores, em 1882, com o subtítulo “Protector Sua Majestade El- rei o Senhor D. Luiz” e “Presidente honorário El-rei D. Fernando” inclui José Vicente Barbosa du Bocage, António Maria Barbosa, P. A. Van der Laan, Carlos May Figueira, Manuel Bento de Sousa, Camilo Castelo Branco, Tomás Ribeiro, Ramalho Ortigão e José Tomás de Sousa Martins, entre várias centenas de nomes. No ano de 1905 seriam inauguradas as novas instalações situadas na Quinta das Laranjeiras, onde ainda hoje se mantêm, embora com alterações."
(Fonte: jornalaguarda.com)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
A BNP tem apenas um exemplar recenseado na sua base de dados.
Peça de colecção.
Indisponível

24 fevereiro, 2020

MELO, Eng.º Arnaldo Humberto Pereira de Sousa - BREVES NOÇÕES SOBRE A TEORIA MATEMÁTICA DA TENDÊNCIA PARA O ACIDENTE RODOVIÁRIO. [Por]... Assistente eventual da F. E. U. P. Separata da Revista Faculdade de Engenharia : Vol. XXXVI - N.º 1 : Janeiro-Junho - 1971. [S.l.], [s.n.], [1971]. In-8.º (21 cm) de 19, [1] p. ; B.
1.ª edição independente.
Interessante estudo sobre um modelo matemático para os acidentes rodoviários.
Valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"No presente artigo expôem-se os princípios fundamentais da teoria matemática da tendência para o acidente rodoviário e relembram-se as noções matemáticas que se aplicam."
Concluiu-se o trabalho com uma aplicação numérica utilizando dados referentes a Portugal."
(Resumo)
"A análise pormenorizada dos registos de acidentes, elaborados principalmente pelos serviços policiais e companhias de seguros, tem sido efectuada por vários investigadores dos problemas de segurança de tráfego.
Tem especial interesse para este artigo referir ter-se concluído que, fixada uma população de condutores (suficientemente elevada para que os resultados tenham valor estatístico) os acidentes em que esses condutores são envolvidos durante determinado período (p. ex. 1 ano) se distribuam de tal forma que se verifica haver condutores livres de acidentes, outros intervenientes em 1, em 2, etc."
(Excerto de 2 - Distribuição dos acidentes)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa com riscos. Sem contracapa.
Raro e muito curioso.
Sem registo na BNP.
10€

23 fevereiro, 2020

VIDOEIRA, Pedro - AMBIÇÕES DE CORTEZÃ. (Scenas da vida burgueza). Porto,  Escriptorio de Publicações de J. Ferreira dos Santos, 1914. In-8.º (19 cm) de 499, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Curioso romance, cuja género literário oscila entre o histórico e o de costumes. A acção decorre em Lisboa, na segunda metade do século XIX.
"- Dá licença, senhora D. Julia?
- O senhor Paulo Vieira! Ditosos olhos!...
E aquella, a quem o recemchegado se dirigira, accrescentou em voz baixa:
- Temos contas que ajustar.
Sem fazer maior cabedal da intenção que se occultaria naquellas palavras, o recemchegado continuou:
- Negocios particulares me levaram a Gouveia; e, a esse respeito, permitta-me...
Não poude proseguir. Ao mesmo tempo, outra senhora, entrando sem attentar na presença de extranhos, perguntou para a primeira:
- Julia, o meu vestido assenta bem na cintura?
- Então, Rita, não reparas em quem aqui está?
- O senhor Paulo Vieira! Que surpreza! Por onde é que tem andado?
- Quando V. Ex.ª chegou, ia explicar a sua irmã o motivo da minha ausencia. Estive em Gouveia, em casa deste meu amigo Ruy Meirelles, que tomo a liberdade de lhes apresentar.
- Seja bem vindo mais o senhor Ruy Meirelles, replicou Julia. Os amigos dos nossos amigos nossos amigos são.
 E as duas senhoras extenderam a mão ao apresentado. Eram ellas as filhas do conselheiro Valladares, chefe de repartição numa secretaria de Estado. Julia, a mais velha, de fartos cabellos escuros, olhos pretos e modos agradaveis, contava já vinte e nove annos e era casada com Miguel Refoios, um moço possuidor de grandes e rendosas propriedades no Alemtejo. A outra, Rita, de olhos verdes, cabellos castanhos e ar pretencioso, mais nova que Julia dois annos, conservava-se ainda solteira, porque pretendia só para marido um homem de superior posição ou de prosápia muito illustre. Além de Julia, de Rita e do marido de Julia, Miguel Refoios, havia ainda um filho varão, Isidoro Valladares, de vinte e seis annos, e uma afilhada de dezoito, de nome Celeste - o primeiro completamente inutil, sem nunca se ter dedicado ao estudo e ao trabalho; a segunda recolhida de pequenina pelo conselheiro, que a mandára educar como as suas proprias filhas.
As opulencias, de que dispunha esta familia, faziam do seu palacete de Lisboa a Santo André um centro de reunião pelos principios de 1868. Estava-se na tarde da segunda sexta-feira de quaresma, e o conselheiro Valladares aguardava algumas pessôas de intimidade para verem das suas janellas a procissão dos Passos da Graça, consagrada á espectaculosa exhibição do martyr do Calvario por varias ruas da capital."
(Excerto do Cap. I)
Pedro Alcântara Vidoeira (1834-1917). Poeta, escritor e tradutor português, natural de Lisboa. Emprestou a sua colaboração a jornais e revistas da época, onde se destaca a conhecida publicação Branco e Negro : semanario illustrado. A BNP dá conta de extensa lista de obras traduzidas por Vidoeira, sobretudo de Júlio Verne. Refere também duas obras poéticas - Lyrica popular (1895) e Nova lyrica popular (1913) - e dois romances: A fidalga do Juncal (1904) e Ambições de cortezã (1914).
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Com falta da capa frontal e da f. anterrosto. Deve ser encadernado.
Raro.
Indisponível

22 fevereiro, 2020

ROSADO, José e NEVES, Capitão Silva - 9 DE ABRIL. Romance dos Portugueses na Grande Guerra. Lisboa, João Romano Torres & C.ͥᵃ, [193-]. In-8.º (18,5 cm) de 172, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Romance sobre a Grande Guerra dedicada pelos autores ao Soldado Desconhecido. Trata-se da história de um soldado português, desde os tempos de estudante, em Coimbra, à sua mobilização e embarque para França; o combate, a prisão e a fuga do cativeiro preenchem as restantes páginas deste interessante novela histórica.
"Quantos heróis desconhecidos, varádos pela metralha, ergueram bem alto o nome da Pátria?!
A vós, ignorados soldados da nossa Terra, dignos continuadores duma Raça imortal, que, sem ódios nem vaidades, tombásteis nas «Terras de Ninguem» - que o foram da Morte! - dedicamos êste «9 de Abril»."
(Dedicatória)
"Quatro dias depois da partida de Portugal realisava-se o desembarque em Brest, num bonito dia que lembrava os da Pátria.
Uma das primeiras unidades a desembarcar foi o pelotão de José Manuel, e entre os soldados, Francisco, foi talvez o primeiro que pisou terras de França.
Depois de recebidas instrucções, dadas por alguns oficiais que esperavam no cais êste contingente, dirigiram-se para um combóio que já estava organisado, esperando-os, e que partiu, depois de ter sido distribuída uma refeição a todo o pessoal.
No dia 15, quási à meia noite, estabelecia o Batalhão o seu primeiro acantonamento: os 250 homens da Companhia de José Manuel instalaram-se numa povoação um pouco afastada da estrada; mas a hora adeantada da noite e o já estarem marcados os boletos, não permitiu que êles passássem, - como costumam fazer os soldados, quando chegam a qualquer terra desconhecida - sendo-lhes até proibido ter luzes acêsas."
(Excerto do Cap. IV, «C'est la Guérre»)
Índice:
Primeira Parte: I - Estudantes; II - Nuvens negras; III - Viva Portugal! IV - «C'est la Guérre!». Segunda Parte: I - «Primeiras linhas»; II - «Cruz de Guerra»; III - Saüdades; IV - 15 dias de licença; V - 9 de Abril de 1918. Terceira Parte: I - O prisioneiro; II - Ressurreição; III - A fuga; IV - O regrésso á Família.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis; lombada com defeitos.
Raro.
Indisponível

21 fevereiro, 2020

NARCISO, Dr. Armando - A EVOLUÇÃO DA CRENOTERAPIA E AS ÁGUAS MEDICINAIS PORTUGUESAS. Prefácio do Dr. Oliveira Luzes, Inspector da Águas Minerais e Professor do Instituto de Hidrologia. [Lisboa], Portugal-Brasil L.da - Depositária, [1920]. In-8.º (19 cm) de 197, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante estudo sobre a crenoterapia, tese de doutoramento do autor.

"Com o neologismo "Crenotherapia", creado por Landouzy, teve este sabio professor em vista agrupar sob tal designação os processos de tratamento pelas aguas mineraes. É nova a palavra, mas é velha a sciencia de que ella é significado, pois que não é mais do que um ramo da hydrotherapia, sciencia que diga-se, de passagem, pouco tem feito gemer os prelos entre nós. [...]
Em face d'uma tal pobreza bibliographica que contrasta com a nossa riqueza em aguas mineraes, o trabalho do nosso colega Armando Narciso vem prestar um valioso auxilio áquelles que se interessam por este ramo da sciencia. O auctor não só trata da evolução da sciencia hydrologica através dos seculos, mas faz um estudo geral das propriedades physico-chimicas das aguas minero medicinaes, pondo-nos ao corrente da maior parte dos conhecimentos que presentemente temos sobre o assumpto."
(Excerto do Prefácio)
Indice:
Primeira Parte. I. Período religioso. II. Período empírico. III. Período scientifico.
Segunda Parte. I. Considerações gerais. II. A génese das águas. III. Fisicoquimica das águas medicinais. IV. Propriedades fisiológicas das águas medicinais.
Armando da Cunha Narciso (1890-1948). Natural de Velas, S. Jorge. “Médico hidrologista, investigador e escritor. Defensor do regionalismo açoriano, foi o principal promotor do Primeiro Congresso Açoriano. Foi um dos maiores peritos em termalismo da sua época, defendendo a criação da disciplina de hidrologia médica nos cursos de Medicina e o estudo sistemático, utilizando os métodos de investigação científica, dos efeitos das águas termais sobre a saúde, matéria sobre a qual publicou uma vastas obra.”
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Contracapa apresenta falha de papel no canto inferior esquerdo. Assinatura de posse na f. rosto.
Invulgar.
15€

20 fevereiro, 2020

COELHO, Teixeira - O BOMBEIRO VOLUNTARIO. Porto, Typ. da Empreza Litteraria e Typographica, 1891. In-8.º (22 cm) de 22, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Obra em verso de homenagem ao bombeiro voluntário composta por dois poemas, e dedicada pelo autor "á sympathica corporação dos Bombeiros Voluntarios de Sabrosa". Nada foi possível apurar sobre o presente opúsculo por não existirem quaisquer referências bio-bibliográficas.

"Ella que tem no peito um cofre de bondade,
Todo cheio d'amor, de bem, de caridade,
Detesta aquella farda, odeia até o dever!
O incendio, a lucta... horror! só esta ideia basta
Para encher de pavor ess'alma boa e casta
Que vê sacrificar-se a essencia do seu ser!

O incendio, a lucta, a morte!... eis tudo quanto alcança
Ao nada reduzir sua unica esperança!
E sente desvairar-se a mente atribulada:
Levanta-se, supplíca e reage, 'nattitude
Do luctador disposto a um combate rude,
E invoca o seu affecto - essa paixão sagrada.

E apontando um retrato - uma reliquia santa -
Exclama em tom magoado e em ar de quem supplanta:
- «Orphã de pae que eu sou, o esteio, o unico bem
Que eu tenho em todo o mundo, és tu e minha mãe!»

E o bombeiro que ostenta o heroismo seu no rosto,
Que vê que alli não é seu verdadeiro posto,
Manda calar a alma, immersa 'namargura;
Esmaga as leis do amor e a ideia da ventura,
E diz-lhe, resoluto, altivo, extraordinario:
- «Minha senhora! Eu sou bombeiro voluntario!»"

(Excerto do 1.º poema)

Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Manchado de humidade. Capas frágeis com defeitos, e pequenas falhas de papel. Deve ser encadernado.
Muito raro.
Sem registo na BNP.
Indisponível

19 fevereiro, 2020

MACHADO, Maria Deolinda - CONTOS. Lisboa, [s.n. - Composto e impresso na Tipografia Anuário Comercial de Portugal], 1970. In-8.º (21 cm) de 61, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante conjunto de contos históricos de inspiração quimérica. Apesar de relativamente recente, não foi possível apurar quaisquer fontes bio-bibliográficas sobre a presente obra, excepto a referência a um exemplar que integra a base de dados da BNP.
"Um silêncio profundo envolvia a torre.
Nem o rumor da brisa, nem um ciciar de folha. Através do tecto de folhagem um raio de sol batia nas altas paredes feitas de blocos de pedra, enegrecidas pelo tempo.
Ninguém sabia que essa torre erguida outrora por gigantes sepultava uma pobre vítima.
Um dia, um estranho cavaleiro, todo vestido de negro, entrou na vila e dirigiu-se à torre sem falar a ninguém.
Durante dias esperou-se o seu regresso e, como o não fizesse, alguém pensou ir saber a sua sorte. Encontrou-o desmaiado no solo e, a poucos passos dele, o corpo de uma linda mulher já em decomposição.
Horrorizado pelo que via correu à vila a contar o caso... Esta, então, dirigiu-se à torre a buscar o cavaleiro e a dar à morta piedosa sepultura...
O cavaleiro não morreu, mas ficou louco."
(Excerto de A torre maldita)
Contos:
1 - A visão dos bosques. 2 - Taylemond visita o Orco. 3 - A torre maldita. 4 - O regresso do Conde de Cirno.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
15€

18 fevereiro, 2020

MAIA, Carlos Roma Machado de Faria e – RECORDAÇÕES DE ÁFRICA. Verídicas narrativas de viagens, caçadas, combates e costume indígenas, marchas pelo interior e navegação dos rios. Por… [Prólogo do Almirante Ernesto de Vasconcelos]. Lisboa, Tipog. e Papel. Carmona, 1929. In-8.º (21,5 cm) de 396, [4] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Muito ilustrada com desenhos e fotogravuras no texto.
“Honrou-me o Sr. Coronel Carlos Roma Machado, prezado amigo, com a leitura, que me concedeu, do seu interessante trabalho Recordações de África, que escreveu depois de uma longa estadia nas nossas Colónias Africanas, onde desempenhou importantes missões de serviço público, sendo uma das últimas em colaboração com o autor destas linhas, na União Sul Africana. […]
O seu livro foi elaborado com toda a naturalidade, sem pretensões de fazer estilo. É uma narração fiel dos acontecimentos, dos quais muitos estão vividos na memória dos africanistas.
Dividiu o Sr. Roma Machado a sua obra em três partes, qual delas a mais interessante, tendo o grande valor de serem narrativas, como diz, de viagens, combates, costumes indígenas, marchas pelo interior e factos históricos.
Em alguns desses trabalhos tomou parte activa, noutros reproduziu feitos da história contemporânea colonial portuguesa, colhendo em flagrante episódios da vida dos nossos sertanejos e ouvindo muitas vezes os figurantes da vida aventurosa do mato, ou dos capitães-mores e oficiais do exército de África, em que nos relata fielmente casos de extraordinária valentia de verdadeiros e quase ignorados heróis.”
(Excerto do prólogo)
Índice: Parte I. Mentalidade e civilização dos portugueses em África. Descrição de alguns factos históricos antigos e modernos. Parte II. Um regresso a África. Cenas passadas na província de Moçambique. Parte III. Cenas passadas na província de Angola. Um regresso à metrópole.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas algo sujas.
Invulgar e muito apreciado.
Indisponível

17 fevereiro, 2020

RITTADA.
Poema em dois cantos dedicados á Sr.ª D. Maria Ritta Cabral Freire Cortez Mettelo, filha da Amalia Cabral Freire Cortez Mettelo, residentes em Coimbra, quando era solteira e tinha ao mesmo tempo diferentes namorados bem acirrados com estudantes sendo alguns de grandes idylios
. [S.l.], [s.n.], 1887. In-8.º (20,5 cm) de [4], 12, [2] p. ; B.

1.ª edição.
Obra em verso de má-língua estudantil, sem indicação do autor nem do editor/tipógrafo onde foi impresso. No final do poema, são dadas indicações sobre os "autores", bem como explicações em tom crítico-jocoso, com detalhe, da vida pessoal de Maria Ritta e sua mãe - "uma das primeiras mundanas escandalosas da cidade de Coimbra" -, e certos familiares e "amigos", num cruel lavar de roupa suja.

"Nasceu Maria Ritta n'esta terra,
Que ostenta por brazão a verde alface,
Senhoras, o combate, a dura guerra,
Dada para beijar-lhe a rosea face:
Cantarei pelo mundo em grande bérra,
E comprarei por mais que me desgraçe,
Para espalhar a fama d'essa gata
Sonóra tuba da mais fina lata."

(Excerto do Canto I)

"Andávam alulando pelas beiras,
Os felizes amantes assanhados,
«Ó rainha das gatas galhofeiras!
Ouvide os nossos languidos miádos»
Gemiam todos elles nas Janeiras
Que são as serenatas dos telhados;
Mas fugiam de mêdo, se na rua
Um cão ouviam a ladrar á lua."

(Excerto do Canto II)

Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Mancha de humidade transversal a todo o opúsculo.
Raro e muito curioso.
25€

16 fevereiro, 2020

SAVOIA DA VEIGA, José Eli - ALENTEJO: DU LATIFUNDISME À L'AUTOGESTION. Thèse pour le doctorat de IIIª cycle présentée et soutenue publiquement par:... Directeur de Recherche: Marcel Mazoyer. Unisersite de Paris I - Pantheon-Sorbonne : Sciences Economiques - Sciences Humaines - Sciences Juridiques. [S.l.], [s.n.], 1979. In-fólio (29,5 cm) de 352 f. ; B.
1.ª edição.
Dissertação de doutoramento redigida em francês, apresentada na Sorbonne, conhecida universidade parisiense, em 1979. Exemplar de discussão de tese, policopiado. Importante subsídio coevo. Trata-se da perspectiva de um cidadão brasileiro, intelectual de esquerda, sobre a reforma agrária e as experiências "colectivistas" no Alentejo do pós-25 de Abril.
"Dans la grande plaine au sud du Tage, les origines de la grande proprieté foncière remontent à la Reconquête. La longue et tenace résistance des Maures a entrainé une colonisation basée sur les critères de défense militaire. L'ultratagum n'a été incorporé à la nation portugaise qu'en 1268, plus d'un siècle après sa fondation, en 1140, par Dom Afonso Hneriques. La monarchie portugaise faisait donation aux ordres religieux-militaires du tiers de tout ce qu'ils arrivaient à conquérir et à peupler. L'ordre du Temple reçut des terres immenses dans le nord-est de l'Alentejo. L'ordre d'Aviz (Calatrava), celui de Crato (les Hospitaliers) prirent le nom de deux bourgs du Hau-Alentejo. Celui de Santiago occupa un grand territoire à l'ouest et au sud de la province. Ce partage fut la genèse du latifundum."
(Excerto de La formation du capitalisme latifondaire)
Índice:
Introduction. | Partie I: Huit siècles de latifundum. I - La formation du capitalisme latifondaire; II - La réforme Agraire. Partie II: Trois ans d'exploitation collective. III - À la conquête de l'autogestion; IV - Illustrations monographiques. | Bilan et Prespectives. | Annexes: Tableaux, diagrammes, cartes. | Bibliographie.
José Eli Savoia da Veiga (São Paulo, n. 1948). "É um agrônomo, economista e professor brasileiro. Em outubro de 1968, era estudante da FFLCH-USP e presidente do grêmio da faculdade quando ocorreu a chamada Batalha da Maria Antônia, que resultou na destruição do prédio por estudantes do Instituto Presbiteriano Mackenzie ligados ao CCC. Logo depois, José Eli participou do XXX Congresso da UNE (entidade proscrita pelo regime militar), no município de Ibiúna, quando os participantes do evento, inclusive ele próprio, acabaram sendo presos pela Força Pública do Estado de São Paulo e posteriormente fichados pelo DEOPS da Polícia Civil. Em seguida, a maioria deles foi reconduzida aos Estados de origem. No final de 1968, foi promulgado o AI-5, iniciando-se a fase mais dura da repressão política do regime. José Eli, que também integrava a direção estadual do clandestino Partido Comunista do Brasil - Ala Vermelha (maoista), deixa o Brasil em 1969. Entre 1971 e 1972, considerado foragido, foi processado e condenado pela Justiça Militar a um total de dezenove anos de prisão, por crimes contra a segurança nacional.
Na França, prossegue seus estudos. Graduado pela École supérieure d'ingénieurs et de techniciens pour l'agriculture (1969-1973), obtém seu mestrado em Economia Agrícola pela Universidade Paris IV - Paris-Sorbonne (1976) e o doutorado em Desenvolvimento Econômico e Social pela mesma universidade (1979). Retorna ao Brasil em 1980. Recebe o título de livre-docente pela Universidade de São Paulo (1993). Realizou também estágios pós-doutorais nas universidades de Londres (1989) e da Califórnia, Santa Cruz (1992), na École des Hautes Études en Sciences Sociales (2000), na Università degli Studi di Milano-Bicocca (2005) e na Universidade de Cambridge (2009). O desenvolvimento sustentável tem sido o centro da sua atenção, desde o início dos anos 1970 (bem antes de o conceito ter sido estabelecido), quando trabalhava no Institut national de la recherche agronomique (INRA), na França, enquanto desenvolvia sua dissertação de mestrado (Os Planos de Desenvolvimento dos Estabelecimentos Agrícolas - Diretiva da CEE). Desde então, o ecodesenvolvimento orienta suas atividades como pesquisador e professor, assim como nos cargos públicos que exerceu. Foi secretário do Conselho Brasileiro de Desenvolvimento Rural Sustentável (2001-2002), superintendente regional do INCRA em São Paulo, (1985-1986). Foi também técnico do Ministério da Agricultura em Portugal (1975-1977)."
(Fonte: wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Sem capa frontal.
Raro.
45€

15 fevereiro, 2020

BERG, Dr. Frederik - OS JULGAMENTOS DE NUREMBERG. Pelo... do European Service da British Broadcasting (B. B. C.). Traduzido do inglês por Jaime Napoleão de Vasconcelos. Porto, Edições Aov, [1947]. 2 vols in-8.º (19,5 cm) de 294, [2] p. ; E. e 309, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Documento histórico em 2 volumes (completo) sobre o julgamento dos criminosos de guerra nazis no Tribunal de Nuremberga, após o final da 2.ª Guerra Mundial, naquele que foi considerado "o maior processo da história". No final do 2.º volume encontra-se discriminada a lista das penas aplicadas aos réus.
"O Processos de julgamentos de Nuremberg, como qualquer outro dos tribunais ordinários, obedece a um certo número de preceitos jurídicos predeterminados, que condicionam aquele julgamento. A organização e a função do Tribunal Militar Internacional ao qual confiaram o julgamento dos criminosos de guerra, assentam no acordo concluído em 8 de Agosto de 1945, entre a Grã-Bertanha, os Estados Unidos, a França e a Rússia Soviética. [...]
A história do acordo das Nações Unidas, de 8 de Agosto de 1945, provém dos primeiros anos da guerra. Desde que rebentou o conflito, em diante, foram constantemente recebidos comunicados sobre a violação alemã das leis da guerra, actos de terrorismo e atrocidades contra as populações civis, nos países ocupados pela Alemanha, etc. Esta informação assumiu tais proporções e a evidência tornou-se tão concludente, que já em Janeiro de 1942 o Presidente Roosevelt produziu um solene aviso às autoridades responsáveis alemãs, e no mesmo dia o então primeiro ministro Churchill produziu uma declaração idêntica. Esta foi seguida, a 30 de Outubro de 1943, pela declaração de Moscou sobre crimes de guerra: a Gra-Bretanha, a América e a Rússia anunciaram terem decidido em nome das Nações Unidas, tornar os autores dos crimes de guerra, responsáveis pelos seus actos. Foi com fundamento nessa Declaração de Moscou que, logo após a capitulação da Alemanha, o Estatuto do Tribunal Militar Internacional foi estabelecido em 8 de Agosto de 1945.
As audiências seriam sempre presididas por quatro juízes. [...]
Segundo o Estatuto, na questão dos crimes e da sentença, a decisão do Tribunal exigia uma maioria de três votos. Em todas as outras questões, tais como as que resolveriam sobre o valor das provas, sempre que o número de votos fosse igual, isto é, votando 2 juízes a favor e 2 contra, o Presidente teria também um voto de desempate."
(Excerto de Os fundamentos legais e a história dos julgamentos)
Índice:
I Volume - Os acusados. | Grupos ou organizações incluídas no libelo como culposas. | Os fundamentos legais e a história dos julgamentos. | Principais artigos do libelo. | Audiências [Da 1.ª semana à 30.ª semana].
II Volume - Audiências [Da 31.ª semana à 40.ª semana]. | A Sentença. | As culpas dos réus singulares. | Penas.
Belíssimas encadernações em meia de pele com cantos, ricamente trabalhadas na lombada. Conservam as capas de brochura.
Exemplares em bom estado de conservação. Aparados à cabeça. Com manchas de oxidação no interior dada a qualidade do papel utilizado na impressão.
Ambos os exemplares foram oferecidos pelo editor, como atesta a dedicatória manuscrita na f. anterrosto.
Invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

14 fevereiro, 2020

GALLIS, Alfredo – CHIBOS. 2.ª edição. Tuberculose Social. I. Lisboa, Livraria Central editora de H. E. Gomes de Carvalho, 1926. In-8.º (18,5 cm) de 271, [1] p. ; E. Tuberculose Social, I
Romance erótico. Trata-se do título que inaugurou a série Tuberculose Social (1.ª edição - 1901).
“A sociedade, tal e qual como os corpos humanos, está sujeita a terriveis enfermidades, umas de simples ordem passageira, outras que nem com o decorrer do tempo e o avanço da civilisação se tornam chronicas, aggravando-se progressivamente. […]
Ha na sociedade pustulas hediondas e escorrencias terriveis que apavoram ainda mesmo os mais synicos e os mais indifferentes.
Parallelamente, tambem ella contém crimes de ordem moral que indignam e repugnam a qualquer espirito bem equilibrado, onde a noção da logica não seja uma simples imagem de rethorica.
Espremer bem essas pustulas, accentuar firmemente essa noção, arrancando d’um movimento brusco, mas previamente pensado, a mascara da hypocrisia e da mentira, eis o meu proposito, ao dar começo, hoje 2 de junho de mil novecentos e um, a esta obra, da qual este livro constitue por assim dizer um dos seus detalhes.
Dei-lhe o titulo generico de Tuberculose Social, como o mais complexo e proprio para explicar e definir a generalidade da doença, tanto mais que os modernos estudos pathologicos ensinam que a tuberculose póde atacar qualquer órgão ou membro do corpo humano, não sendo apenas restricta aos pulmões.
Como o corpo, também a moral póde estar tuberculosa em qualquer das suas multiplas e complexas manifestações.”
(Excerto do Proemio)
Joaquim Alfredo Gallis (1859-1910). " Mais conhecido por Alfredo Gallis, foi um jornalista e romancista muito afamado nos anos finais do século XIX, que exerceu o cargo de escrivão da Corporação dos Pilotos da Barra e o de administrador do concelho do Barreiro (1901-1905). Usou múltiplos pseudónimos, entre os quais Anthony, Rabelais, Condessa do Til e Katisako Aragwisa. Desde muito jovem redigiu artigos e folhetins em jornais e revistas, entre os quais a Universal, a Illustração Portugueza, o Jornal do Comércio, a Ecos da Avenida e o Diário Popular (onde usou o pseudónimo Anthony). Como romancista conquistou grande popularidade, especializando-se em textos impregnados de sensualismo exaltado que viviam das «fraquezas e aberrações de que eram possuídas, eram desenvolvidas entre costumes libertinos e explorando o escândalo». Escreveu cerca de três dezenas de romances, por vezes publicados com o pseudónimo Rabelais. Alguns dos seus romances têm títulos sugestivos da sensualidade que exploram, nomeadamente Mulheres perdidas, Sáficas, Mulheres honestas, A amante de Jesus, O marido virgem, As mártires da virgindade, Devassidão de Pompeia e O abortador. É autor dos dois volumes da História de Portugal, apensos à História, de Pinheiro Chagas, referentes ao reinado do rei D. Carlos I de Portugal.”
Encadernação simples cartonada. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em razoável estado de conservação. Pastas e capas de brochura com sinais evidentes de humidade. Capa frontal apresenta falha de papel no canto inferior direito. Miolo em bom estado.
Invulgar.
Indisponível

13 fevereiro, 2020

SANTOS, Costa - A EVOLUÇÃO DUMA DOUTRINA MÉDICA. O Humorismo. Separata da Medicina Contemporanea - 1919. Lisboa, Composto e impresso na Tipografia Mendonça, Ld.ª, 1919. In-8.º (20,5 cm) de 26 p. ; B.
1.ª edição independente.
Curioso estudo histórico-clínico sobre o "humorismo", antiga doutrina médica que atribuía um papel de relevo aos quatro humores corporais (bílis amarela, bílis negra, fleuma e sangue), e às suas alterações na causa das doenças.
"De todas as doutrina médicas, o humorismo é talvez a que demonstra mais eloqùentemente a rialidade das transformações e profundas metamorfoses por que através dos séculos a medicina tem passado.
Nascida da necessidade de remediar o sofrimento humano, a medicina surgiu só, desacompanhada, isolada da fisiologia, sendo preciso chegar quasi ao nosso tempo para que essa ligação se efectuasse. Daí a queda successiva de todas as doutrinas constituidas no decorrer dos séculos. Nem podia ser doutra forma desde o momento em que se pretendia determinar e estudar as anomalias, antes de conhecer a normalidade de que essas anomalias eram o desvio. [...]
Labora num profundo erro quem imaginar que o humorismo representa uma doutrina que, sem contar com os sólidos e os outros elementos do organismo, atribui o desenvolvimento de todas as doenças à alteração primitiva dos humores. Se houve solidistas na acepção mais lata da palavra nunca existiram humoristas exclusivos. Uma tal doutrina  é impossivel dada a estática do corpo humano. [...]
O humorismo é, pois, uma doutrina médica em que se atribui um papel patogénico preponderante mas não exclusivo às alterações dos humores."
(Excerto do texto)
Sebastião Costa Santos (1882-1939). Médico português. Formado pela Escola Médico Cirúrgica de Lisboa. Poeta e historiador de Medicina. Chefiou o arquivo do Hospital de S. José entre 1916 e 1918. Publicou diversos trabalhos, sobretudo de índole histórica.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Raro.
A BNP dispõe de apenas um exemplar no seu acervo.
Indisponível

12 fevereiro, 2020

ABREU, Solano de - MALTRAPILHOS. Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira : Livraria, 1918. In-8.º (19,5 cm) de 261, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Romance naturalista de ambiência rural, dedicado pelo autor a Teixeira de Queiroz. História de um moço de dezassseis anos, conhecido por "Corvaxo", nascido "na Cova da Onça, num barracão de malteses, annexo á taberna da Josefa Zanaga".
"A feira formigava de gente alastrada em manchas largas, variegadas, na vasta explanada onde os gados se expunham e os arruamentos branquejavam em renques de lona. Nas barracas das farturas a massa esguichava de seringas de lata, ficando a nadar no azeite fumegante em crepitações de fervura. Doutras vinham cheiros engulhosos do fartum das caldeiradas e cantigas lamuriantes ao som de guitarras, que gemiam fados no mesmo queixume. Seguiam-se as dos sapatos, tresandando a sola fresca, moldada em formas de grosseiros feitios e o rasto cravejado de grossa pregaria, porque as não havia finas, sem resistencia para o contacto com a terra pedregosa na lida do trabalho, ou na aspereza da caminhada. [...]
Os ciganos tisnados, olhos vivos de avelludada negrura, no meio das mulheres de saias garridas, numerosas, ou em farta roda, os lenços largos de ramagens berrantes, os cabêlos cahidos em caracoes azeitados, barafustavam, berravam em côro, no encarecimento das nobres qualidades do gado para a troquilha, tentadora dos freguezes inexperientes.
E então o burro avelhado, farto de trabalho e fome, as orelhas pendentes, o beiço cahido, tinha de trotar ligeiro á custa do aguilhão, cruelmente aguçado, solidamente cravado no anel do cigano, voltado para a palma da mão, prompto a espetar-se na anca da victima, com a simulação traiçoeira duma bondosa caricia ou dum innocente estimulo. E, se a troca estava por pouco, a cigana, em altos gritos, lamentava-se, accusando o marido de desgraçar a familia com desastrosos negocios, para mais tentar, para melhor illudir o outro, que se convencia com o astucioso protesto, com a enganosa lamuria.
Mais lá, onde o pó se erguia em nuvem densa, volteavam os pares na dança e as raparigas iam nos braços delles agarradas como novilhas em pegas de ferra. Pairava por toda a feira a poeira nevoenta, que o sol pulverisava em vibrações de oiro."
(Excerto do Cap. I)
Francisco Eduardo Solano de Abreu (1858-1941). "Nasceu a 19 de Julho de 1858 em Abrantes, tendo-se formado em Direito pela Universidade de Coimbra em 1885. Embora tenha exercido advocacia e a magistratura, foi noutras áreas que se tornou conhecido na sociedade abrantina, nomeadamente como empresário agrícola e sobretudo na área de assistência social, onde a sua filantropia o tornou estimado de muita gente a quem ajudou a minorar múltiplas carências socio-económicas. A título de exemplo refira-se a fundação em 1921 da Sopa dos Pobres ligada ao Montepio Abrantino a cujos corpos sociais pertenceu. Pelas suas atividades humanitárias recebeu o grau de Comendador da Ordem de Benemerência e a medalha de Mérito, Filantropia e Generosidade.
Homem de cultura e amante das atividades cénicas, foi diretor do jornal "Correio de Abrantes e escreveu romances e peças de teatro, como a revista "No País da Aletria" que foi representada no desaparecido Teatro Ator Taborda. Solano de Abreu faleceu em 1941."
(Fonte: ae1abrantes.esdrsolanoabreu.pt)
Encadernação editorial inteira de percalina com ferros gravados a seco e a ouro na pasta frontal e na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.

Indisponível

11 fevereiro, 2020

FONSECA, Ernesto Paulo & MARQUES, José Mendes & QUINTAS, Jorge & POESCHL, Gabrielle - REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DAS COMUNIDADES CIGANA E NÃO-CIGANA. Implicações para a integração social. [Nota de Abertura de P. António Vaz Pinto]. Lisboa, Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas, 2005. In-8.º (24 cm) de [4], 73, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante estudo sobre a comunidade cigana portuguesa.
Ilustrado ao longo do texto com quadros, tabelas e gráficos.
"Os quatro estudos complementares agora editados sob o título em epígrafe, da autoria de Ernesto Paulo Fonseca, José Mendes Marques, Jorge Quintas, e Gabrielle Poeschl, que constituem um projecto de investigação financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, são de grande importância e actualidade.
A comunidade cigana, espalhada por todo o território, constitui a única minoria étnica (não em sentido jurídico) que se assume como tal e simultaneamente, como portuguesa. Presente em Portugal há 5 séculos, interagindo com a comunidade maioritária ao longo do tempo e até hoje, a legítima salvaguarda dos seus valores próprios e identitários, não tem sido fácil, num processo de integração intercultural, respeitador das diferenças que desejamos genuíno.
As representações sociais mútuas, da comunidade cigana e da comunidade portuguesa, como estes estudos conjuntos mostram, estão, de parte a parte, elevadas de desconhecimento, preconceito e exclusão.
Embora, certamente existam "culpas", por acção e omissão, de uma parte e de outra, não crio que haja interesse em atribuí-las... Importante é conhecer os factos e a sua representação e a partir dessa realidade incontestável, para um lado e para o outro, procurar "lançar pontes" de conhecimento, e de relação, de empatia..."
(Excerto do preâmbulo, Nota de Abertura)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Com interesse etnográfico.
Indisponível

10 fevereiro, 2020

MACHADO, J. T. Montalvão - PERFIL MORAL E MENTAL DO REI DOM MANUEL I. Separata de Arqueologia e História, 9.ª série das publicações, volume II. Lisboa, [Associação dos Arqueólogos Portugueses], 1970. In-4.º (24,5 cm) de 38, [2] p. ; B.
1.ª edição independente.
Estudo político-biográfico de José Timóteo Montalvão Machado (1892-1985) sobre D. Manuel I, o rei "Venturoso", que corporizou o período áureo dos Descobrimentos Portugueses.
Livro muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor a Mário da Silva Pereira, seu conterrâneo.
"Passando no ano corrente o V Centenário do nascimento do rei D. Manuel I, não podia a Associação dos Arqueólogos Portugueses deixar de se associar à comemoração dum monarca, que assinala o fastígio das nossas descobertas e conquistas. Em Alcochete, terra da naturalidade do rei Venturoso, prestou-se já idêntica comemoração, que alcançou desusado brilhantismo, e outras homenagens tiveram também lugar sucessivamente em Alcácer do Sal, Setúbal e Lisboa. Esta Associação resolveu prestar ao mesmo soberano esta singela homenagem, escolhendo nós o tema Perfil moral e mental do rei Dom Manuel I.
Entendemos que a melhor maneira de homenagear este monarca era mostrar a injustiça, com que foi tratado por vários historiadores, nacionais e estrangeiros, que apoucaram as suas qualidades e méritos, reduzindo-o à condição duma pessoa medíocre ou mesmo nula."
(Excerto do preâmbulo)
Matérias:
[Preâmbulo]. | I - D. Manuel foi na verdade um homem venturoso. II - O que disseram alguns historiadores. III - A reconstituição da Casa de Bragança. IV - A Questão dos Judeus. V - Política ultramarina. VI - Administração Pública. VII - Política internacional. VIII - Política construtiva. IX - D. Manuel e a Cultura. X - Para concluir.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico.
15€

08 fevereiro, 2020

ALVES, Augusto Durão - RAPARIGA EMANCIPADA. Torres Novas, [Edição do Autor]. Compôsto e impresso na Tipografia de O Almonda, 1944. In-8.º (19,5 cm) de 190, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Capa de Fausto Gonçalves.
Publicação de índole moralista do clérigo torrejano Durão Alves, que procura sensibilizar o público jovem feminino para os "perigos" da vida.
"Não vou falar-te nestas páginas dos problemas que outrora tanto trabalho te deram a resolver, e tantos aborrecimentos te causaram. Êsses já lá vão; o Colégio terminou para ti. Com o teu curso acabado, ou com um curso incompleto, feito de meia dúzia de disciplinas escabeçadas ou passadas pela tangente, ou mesmo sem curso algum, eis-te em casa de teus pais, liberta finalmente de trabalhos escolares, entregue a ti mesma numa tal ou qual independência, que era, de há muito, a tua aspiração.
É precisamente agora que surgem diante de ti novos problemas, que, não sendo problemas de aritmética ou de álgebra, são todavia problemas graves, e exigem uma solução satisfatória. [...]
Diante de ti, levantam-se nêste momento duas categorias de problemas: uns que tu mesma pões, e te preocupam sobremaneira; outros em que não pensas nunca, ou pensas pouco.
Os primeiros andam-te sempre no pensamento. Trazes a cabeça cheia deles, de tal sorte que são êles que dominam a tua actividade, e ocupam a tua vida inteira.
É pena ter que dizer-te que, por via de regra, os problemas que te absorvem - os teus problemas - são precisamente os que menos importância têm, os que menos interessam à tua vida.
Em que pensas afinal?
Pensas em conquistar admiradores; brilhar pela formosura e elegância; chamar a atenção de tôda a gente; dominar no teu meio, sobrepondo-te a conhecidas e amigas, não tanto por virtudes morais como por dotes físicos; gosar a tua mocidade e coroar-te de rosas enquanto elas não murcham; respirar a plenos pulmões as auras perfumadas da tua juventude, sem as impertinentes restrições da moral ou do simples bom senso; voar sem rumo nas asas do sonho e da quimera, como ave que se escapa da gaiola.
Eis a grande preocupação, a única preocupação talvez do teu espírito moço, do teu coração volúvel e inexperiente.
Descendo a um campo mais prático, aspiras talvez a uma profissão, que te atira para fora do lar, a um emprêgo público que te envolve no torvelinho da vida mundana, a qualquer ocupação rendosa que te dê a suspirada independência."
(Excerto do Cap. I, Os teus problemas)
Índice:
Duas palavras a propósito dêste livro. | Explicação prévia. | I - Os teus problemas. II - Já estou emancipada! III - Zona de tempestades. IV - Embuscadas. V - Curiosidade. VI - Cegueira. VII - Para quem? VIII - O teu noivo. IX - Miragens. X - Lar, ou bar? XI - Ridendo... XII - Pintada... para quê? XIII - Que pensarão êles? XIV - Roseira, ou... roble? XV - Sal que não salga. XVI - Camarada... XVII - Se tu soubesses. XVIII - Reacções e sintomas.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. F. rosto ostenta assinatura de posse.
Invulgar.
15€