MELLO, Joaquim Lopes Carreira de - A LEGITIMIDADE OU A SOBERANIA NACIONAL EXERCENDO A SUA ACÇÃO NA CONSTITUIÇÃO DAS DYNASTIAS E FORMAÇÃO DOS GOVERNOS EM PORTUGAL DESDE A FUNDAÇÃO DA MONARCHIA ATÉ OS NOSSOS DIAS. Por... Lisboa, Typographia Universal de Thomaz Quintino Antunes, impressor da Casa Real, 1871. In-8.º (22cm) de [2], XII, 127, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Importante contributo para a história da monarquia e da legitimidade dos governantes ao longo da gesta nacional, com particular incidência para o período das Guerras Liberais. O autor utiliza a "introdução" da obra para zurzir na classe política - ministros e conselheiros de estado - que acusa de se aproveitarem da coisa pública para seu benefício.
"Não somos homem da politica militante, nem o queremos ser, mas nem por isso queremos deixar passar sem protesto nosso esses escandalos publicos, que fazem ferver o sangue aos homens de coração patriotico, e que detestam os especuladores politicos.
Concluindo esta, como synopse dos factos politicos do nosso paiz, diremos ainda, que na ordem dos mesmos factos se tem dado bastantes, com analogia intima com outros praticados no estrangeiro, donde muito mal tem sido importados, e que em presença d'elles, não ha governos e dynastias, que possam contar com uma estabilidade garantida em qualquer legitimidade, porque o que é hoje legitimo, amanhã é illegitimo. Isto não é d'agora, tem sido de todos os tempos, como vamos mostrar, com a exposição verdadeira dos factos historico-politicos, e como a soberania nacional tem exercido sempre sua acção sobre a legitimidade das dynastias e dos governos em Portugal, e d'aquelles, que tenham relação com os nossos."
(Excerto da introdução)
"O paganismo havia dado o ultimo suspiro na Hespanha, e o christianismo dominava em toda ella. Os sarracenos, auxiliados pela traição do Conde Julião, invadiram o nosso territorio, e victoriosos na batalha de Guadalete, em dois annos se assenhoream do paiz. Os povos opprimidos viam com mágoa intima a maior parte dos templos de Deus vivo transformados em mesquitas de Mafoma, dando culto á mais nefanda religião, e as meias luas ottomanas orgulhosas tremular nos castetellos dos principes christãos.
Á batalha de Guadalete sobreveio o infante D. Pelayo, da antiquissima familia dos hespanhoes cantabros. Este illustre principe se retira com as reliquias dos christãos ás montanhas das Asturias. Passado algum tempo, o principe famoso, o primeiro heroe da Hespanha do seculo VIII, projecta sacudir o jugo dos barbaros. Communica o seu intuito, e logo muitas e valerosas gentes se lhe reunem. No valle das Cangas é acclamado rei, pelo povo christão, e seu exercito, se exercito se póde chamar ás gentes de D. Pelayo. Aqui se estabeleceu uma legitimidade."
(Excerto do início do texto)
Exemplar brochado, por aparar, e por abrir, em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
20€
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