MARTIN, Rudolpho - A GUERRA AÉREA. De Berlim a Bagdad. Traducção do Capitão Moraes Rosa. Lisboa, Typographia de «A Editora», 1912. In-8.º (18,5cm) de 234, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Curioso
romance de ficção científica; premonitório, antecipa a guerra do futuro
à escala mundial, propondo a conquista dos céus como factor decisivo
para o desequilíbrio da contenda. Sobre a obra, não foi possível apurar
qualquer informação bio-bibliográfica, mesmo em alemão, pelo que, é de
considerar a hipótese do verdadeiro autor ser o Cap. Morais Rosa, o "tradutor".
"O
livro que vae lêr-se é uma interessantissima phantasia alleman, em que o
seu auctor - dispondo de uma imaginação digna de Julio Verne - e
baseando-se nos assombrosos progressos da conquista dos ares, nos mostra
o que será a guerra do futuro, quando os poderosos apparelhos da
aéronavegação tenham definitivamente alcançado o seu completo exito. É
incontestavel que a politica mundial soffrerá uma profunda modificação,
quando o homem conseguir dominar em absoluto os ares como já domina os
oceanos. Nêsse momento, a phantasia do auctor terá, certamente, alguns
pontos verosimeis e realisaveis.
Por agora, o equilibrio europeu em nada será alterado com a publicação dêste livro, que tem tanto de interessante como de inoffensivo."
(Prefácio do tradutor)
"No
primeiro dia de Janeiro de 1914, segundo o costume annual, realisou-se
no palacio de Berlim a reunião dos generaes e dos almirantes vindos para
apresentar ao imperador as suas felicitações pelo novo anno. Tambem,
segundo o habito, a cordeal allocução do imperador aos seus officies
generaes não deixou de entrar nos dominios da politica, abordando, desta
vez, uma questão importante para a sua dynastia, para o Estado
prussiano e para a nacionalidade alleman.
Eis o texto do seu discurso:
«Expresso-vos
todo o meu reconhecimento pelos progressos reaes verificados em cada
corpo do exercito, como em cada esquadra, e bem assim no dominio da
navegação aérea, esse recente meio de guerra, da nossa potencia militar.
Graças aos successivos aperfeiçoamentos, a navegação aérea toma, de dia
para dia, um maior incremento. Pode desde já assegurar-se que ella não
tardará a modificar em muitas coisas as condições de vida social dos
povos; mas, durante algumas décadas ainda, a sua principal esphera de
acção será no dominio militar. [...]
Encarreguei o meu chanceller de pedir ao Rheichstag o
voto de um crédito extraordinario de um bilião de marcos para a nossa
esquadra aérea. Trinta mil machinas voadoras extra-rápidas servirão para
o transporte de trinta mil homens de infantaria; porque, no estado
actual da sciencia aéronautica, não parece que os aéroestatos
propriamente ditos possam antes de muito tempo attingir a velocidade das
machinas mais pesadas do que o ar. Demais, Krupp está encarregado de
construir mil machinas para a artilharia voadora. De maneira que, com o
auxilio de quatrocentos trens-transporte do modelo Zeppelin, que estão
em vias de acabamento, eu posso em uma noite - da meia noite ás três
horas - despejar quatrocentos mil homens sobre a Inglaterra»."
(Excerto do Cap. I, O futuro da Allemanha reside nos ares)
Encadernação editorial inteira de percalina com ferros gravados a seco e a ouro na pasta frontal e na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
35€
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