GUIMARÃES, Luiz d'Oliveira - ARTE DE JULGAR. [S.l.], [s.n. - Composto e Impresso: Editora Gráfica Portuguesa, Limitada, Lisboa], 1937. In-8.º (16cm) de 110, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Curioso livrinho sobre a Justiça, polvilhado de humor e fina ironia.
Muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao Prof. Manuel Rodrigues (1889-1946), Ministro da Justiça na época, mais tarde "remodelado" por Salazar (1940), devido à publicação no jornal O Século, em 1938,
de um texto a que deu o título “O homem que passou”, onde indirectamente criticava o ditador pela sua eternização no poder.
"Julgar é uma ciência, dizem muitos. Engano, suponho eu. Julgar é uma arte - que pode comparar-se à escultura. O espírito do magistrado que julga deve sêr um pouco como o do artista que esculpe. Julgar é afinal esculpir; mas enquanto o escultor pode arrancar à efémera imortalidade da pedra ou do bronze as creações da sua fantazia fulgurante, ao juiz cabe apenas a missão de esculpir na fragilidade eterna da consciência humana a mais difícil de todas as estátuas, que é da Verdade resplandescente, - e se a obra do primeiro vive, em grande parte da beleza, a do segundo tem de viver exclusivamente da virtude."
(A Justiça, Arte de julgar)
"Os antigos magistrados fungavam rapé. O rapé, porém, passou de moda. Os magistrados, hoje, não cheiram - mas quási todos fumam. Um ou outro fuma charuto; a maioria fuma cigarro, desde o cigarro bout doré elegante e subtil como um perfume até ao cigarro amarelo e escanzelado como um palito de dentes. Nada se opõe, e, pelo contrário, tudo aconselha que os magistrados fumem. Um cigarro vale um tratado de filosofia: que melhor expressão para os sentimentos humanos do que o fumo que dêle sobe - e que melhor imagem para a nossa vida do que a cinza que dêle cai?"
(Os magistrados, Magistrados que fumam)
Índice:
- A Justiça. - Os magistrados. - O juiz, em especial. - O Ministério Público. - O advogados. - O réu. - A Justiça sorridente.
Luís de Abreu Alarcão de Oliveira Guimarães (1900-1998). “Magistrado, escritor, dramaturgo, jornalista e, acima de tudo, humorista, Luís de Oliveira Guimarães acompanhou um século, particularmente conturbado, retratando-o com espírito cintilante. Amante da ruralidade portuguesa e frequentador assíduo dos bastidores intelectuais dos centros urbanos, privou com os vultos mais marcantes dessa época e soube traduzir, nas suas inúmeras crónicas, conferências e livros, quer a singeleza da cultura tradicional portuguesa, quer o fino espírito dos intelectuais do seu tempo."
(Fonte: http://humorgrafe.blogspot.pt/2008/12/luis-doliveira-guimares-exposio-bio.html)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível
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