A IGREJA DE PAÇO DE SOUSA - BOLETIM DA DIRECÇÃO GERAL DOS EDIFÍCIOS E MONUMENTOS NACIONAIS. N.º 17 : Setembro de 1939. [Lisboa, Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais : Ministério das Obras Públicas e Comunicações, 1939. In-4.º (25,5cm) de 28, [52] p. il. ; [2] desd. ; B.
1.ª edição.
Monografia sobre a igreja de Paço de Sousa, porventura a mais completa que sobre este templo se publicou, e que integra a apreciada colecção "Boletim" da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (1935-1990).
Ilustrada no texto com bonitos desenhos e em separado com 61 figuras impressas sobre papel couché - distribuídas por 52 páginas -, duas delas desdobráveis.
"Nos últimos anos do século IX, quando D. Afonso III, rei de Oviedo, firme no propósito de continuar a obra de seu pai e avós, acometia com vária fortuna as hordas agarenas que desesperadamente se opunham ao avanço dos cristãos para o sul da Península, um aventureiro de boa estirpe, o moço Arnulfo, terceiro filho de Gui, duque de Espoleto, e da famosa Agiltrudes de Benavente, transpôs os Pirinéus, atravessou a Biscaia pacificada e apresentou-se no arraial do sucessor de Pelágio, para combater sob a sua signa à frente dos amigos e homens de armas que consigo trouxera. Bem acolhido pelo monarca e cioso de honrar as tradições herdadas de pai e mãi, o voluntário expatriado logo se distinguiu entre os que mais bravamente procuravam exterminar a gente eslamita. Em tôdas as batalhas ou simples fossados, e sobretudo nas encarniçadas pelejas que antecederam a tomada de Lamego, Viseu e Coimbra, sempre os seus feitos de armas confirmaram sem nenhum desar, tanto no campo cristão como no sarraceno, a fama de valor que de além-fronteiras o acompanhara.
Para prender definitivamente ao seu reino um cavaleiro de tamanho esfôrço, D. Afonso III, depois de premiar com generosas doações os serviços que êle lhe prestara, decidiu casá-lo com uma das mais pretendidas donas da sua côrte, a nobre Ermezenda Eriz, filha do Conde de Lugo. Sustituídos assim, por novos e quási indestrutíveis laços, os laços que de longe o atraíam, o filho do Duque de Espoleto fixou-se para sempre nos limites do primeiro reino cristão da Espanha - e foi, pelo crescimento e lustre da sua descendência, um dos cinco mais famosos genearcas da Nobreza de Portugal. Entre linhagistas é conhecido pelo nome de D. Arnaldo de Baião. [...]
Do mais vélho de seus filhos - Goido ou Gui, como o avô - nasceu no segundo quartel do século X, com honras de primogénito, outro varão que entrou na história da família com o nome de Trocosendo Guedas. Êste, depois de haver pelejado contra os sarracenos durante a vida inteira, como os seus maiores, não se descuidou (também como êles) de carear a misericórdia divina com uma grande fundação pia, quando o pêso dos anos o inclinou para a sombra do túmulo. A liberalidade com que realizou êsse desígnio se deve o mosteiro beneditino de Paço de Sousa, edificado quási ao mesmo tempo em que Sueiro Guedas, também filho de Goido, fundava perto de Barcelos, movido por idêntico receio, outra casa monástica igualmente destinada aos religiosos de S. Bento.
A construção do mosteiro de Paço de Sousa, que se diz iniciada em 998, estaria já concluída quando Trocosendo Guedas faleceu? Ignora-se. É lícito supor, entretanto, que os beneditinos se estabeleceram ali durante os últimos anos de vida do fundador e que algumas obras de maior vulto foram depois empreendidas por seus descendentes ou sucessores imediatos, para remate, senão amplificação, dos primitivos."
(Excerto de A igreja de Paço de Sousa (notícia histórica))
Matérias:
A igreja de Paço de Sousa (notícia histórica). A igreja de Paço de Sousa: I - Antes da restauração. II - A restauração. Estampas.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível
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