LIMA, Jorge de - INVENÇÃO DE ORFEU. [Prefácio de João Gaspar Simões]. Rio de Janeiro, Livros de Portugal, S. A., 1952. In-8.º (19,5cm) de [2], XX, 431, [7] p. ; B.
1.ª edição.
Muito valorizada pela dedicatória autógrafa do autor a Jaime Zuzarte Cortesão Casimiro. Acompanha o livro uma fotografia de Jorge de Lima, autografada e datada (1945).
"Considerado pelo colega "Mário Faustino “o maior, o mais alto, o mais
vasto, o mais importante, o mais original poeta brasileiro de todos os
tempos", Jorge de Lima demonstrou toda a sua ambição artística em
Invenção de Orfeu (1952), onde, também segundo Faustino, estão “alguns
dos mais altos e dos mais baixos momentos da língua poética
luso-brasileira.
Invenção de Orfeu é inquestionavelmente obra
de grande fôlego na poesia nacional contemporânea. Poema em dez cantos,
compostos de metros variados, descreve uma viagem, como a de Dante na
Divina Comédia, ao Inferno e ao Paraíso — mas une outras epopéias na sua
composição, como Os Lusíadas, de Camões, além de elementos da Bíblia e
da sociedade brasileira; tudo alinhavado pela presença de Orfeu, herói
mitológico que encantava deuses e mortais com sua lira. Por isso, essa
“biografia épica", como explicita o autor no subtítulo, também é
definida por alguns por meio de uma contradição: “epopéia lírica" (a
epopéia clássica constituindo a descrição de matéria objetiva, enquanto a
lírica deriva da subjetividade). Manuel Bandeira, observando que se
trata de um poema “de técnicas e faturas extremamente variadas", afirma
que “seu sentido profundo ainda não foi devidamente esclarecido pela
crítica e talvez não o seja nunca, pois é evidente haver nele grande
carga de subconsciente a par de certas vivências puramente verbais. Como
quer que seja, é obra poderosa, onde deparamos com fragmentos de alta
beleza, que são em si pequenos poemas completos". Um exemplo: “A garupa
da vaca era palustre e bela,/ uma penugem havia em seu queixo formoso;/ e
na fronte lunada onde ardia uma estrela/ pairava um pensamento em
constante repouso".
Índice:
Prefácio.
Canto I - Fundação da Ilha. Canto II - Subsolo e Supersolo. Canto III - Poemas Relativos. Canto IV - As Aparições. Canto V- Poemas de Vicissitude. Canto VI - Canto da Desaparição. Canto VII - Audição de Orfeu. Canto VIII - Biografia. Canto IX - Permanência de Inês. Canto X - Missão e Promissão.
Marginália.
Jorge Mateus de Lima [1895-1953] nasceu em União dos
Palmares, Alagoas, em 1895. O pai era negociante e senhor de engenho. O
menino passou os primeiros anos entre a casa-grande da fazenda e o
sobradinho da cidade natal, paisagem que iria influenciar seus escritos
futuros. Depois dos estudos básicos em Maceió, com os irmãos maristas,
iniciou em Salvador o curso de medicina, que concluiu no Rio de Janeiro.
Além de exercer a profissão de médico, foi professor de literatura e
ingressou na política. Estreou como escritor pela via
neoparnasiana, conquistando o título de “príncipe dos poetas de
Alagoas". Felizmente, o contato com o Modernismo e com o grupo
regionalista do Recife, que contava com luminares como José Lins do Rego
e Gilberto Freyre (1900-1987), fez com que ampliasse seu leque formal
para ritmos mais variados e tingisse sua lira de preocupações sociais.
São dessa época Poemas (1927), Novos Poemas (1929) e Poemas Escolhidos
(1932). Abraçando o catolicismo de sua infância, passou a publicar obras
religiosamente engajadas, como Tempo e Eternidade (1935, com Murilo
Mendes), Túnica Inconsútil (1938) e Anunciação e Encontro de Mira-Celi
(1951). O Livro dos Sonetos (1949) marca sua volta à métrica
tradicional, mas com uma expressividade que não se encontra em suas
primeiras obras. Morreu no Rio, em 1953."
(in http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/invencao-orfeu-403430.shtml)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
75€
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