29 maio, 2015

LIMA, Jorge de - INVENÇÃO DE ORFEU. [Prefácio de João Gaspar Simões]. Rio de Janeiro, Livros de Portugal, S. A., 1952. In-8.º (19,5cm) de [2], XX, 431, [7] p. ; B.
1.ª edição.
Muito valorizada pela dedicatória autógrafa do autor a Jaime Zuzarte Cortesão Casimiro. Acompanha o livro uma fotografia de Jorge de Lima, autografada e datada (1945).
"Considerado pelo colega "Mário Faustino “o maior, o mais alto, o mais vasto, o mais importante, o mais original poeta brasileiro de todos os tempos", Jorge de Lima demonstrou toda a sua ambição artística em Invenção de Orfeu (1952), onde, também segundo Faustino, estão “alguns dos mais altos e dos mais baixos momentos da língua poética luso-brasileira.
Invenção de Orfeu é inquestionavelmente obra de grande fôlego na poesia nacional contemporânea. Poema em dez cantos, compostos de metros variados, descreve uma viagem, como a de Dante na Divina Comédia, ao Inferno e ao Paraíso — mas une outras epopéias na sua composição, como Os Lusíadas, de Camões, além de elementos da Bíblia e da sociedade brasileira; tudo alinhavado pela presença de Orfeu, herói mitológico que encantava deuses e mortais com sua lira. Por isso, essa “biografia épica", como explicita o autor no subtítulo, também é definida por alguns por meio de uma contradição: “epopéia lírica" (a epopéia clássica constituindo a descrição de matéria objetiva, enquanto a lírica deriva da subjetividade). Manuel Bandeira, observando que se trata de um poema “de técnicas e faturas extremamente variadas", afirma que “seu sentido profundo ainda não foi devidamente esclarecido pela crítica e talvez não o seja nunca, pois é evidente haver nele grande carga de subconsciente a par de certas vivências puramente verbais. Como quer que seja, é obra poderosa, onde deparamos com fragmentos de alta beleza, que são em si pequenos poemas completos". Um exemplo: “A garupa da vaca era palustre e bela,/ uma penugem havia em seu queixo formoso;/ e na fronte lunada onde ardia uma estrela/ pairava um pensamento em constante repouso".
Índice:
Prefácio.
Canto I - Fundação da Ilha. Canto II - Subsolo e Supersolo. Canto III - Poemas Relativos. Canto IV - As Aparições. Canto V- Poemas de Vicissitude. Canto VI - Canto da Desaparição. Canto VII - Audição de Orfeu. Canto VIII - Biografia. Canto IX - Permanência de Inês. Canto X - Missão e Promissão.
Marginália.
Jorge Mateus de Lima [1895-1953] nasceu em União dos Palmares, Alagoas, em 1895. O pai era negociante e senhor de engenho. O menino passou os primeiros anos entre a casa-grande da fazenda e o sobradinho da cidade natal, paisagem que iria influenciar seus escritos futuros. Depois dos estudos básicos em Maceió, com os irmãos maristas, iniciou em Salvador o curso de medicina, que concluiu no Rio de Janeiro. Além de exercer a profissão de médico, foi professor de literatura e ingressou na política. Estreou como escritor pela via neoparnasiana, conquistando o título de “príncipe dos poetas de Alagoas". Felizmente, o contato com o Modernismo e com o grupo regionalista do Recife, que contava com luminares como José Lins do Rego e Gilberto Freyre (1900-1987), fez com que ampliasse seu leque formal para ritmos mais variados e tingisse sua lira de preocupações sociais. São dessa época Poemas (1927), Novos Poemas (1929) e Poemas Escolhidos (1932). Abraçando o catolicismo de sua infância, passou a publicar obras religiosamente engajadas, como Tempo e Eternidade (1935, com Murilo Mendes), Túnica Inconsútil (1938) e Anunciação e Encontro de Mira-Celi (1951). O Livro dos Sonetos (1949) marca sua volta à métrica tradicional, mas com uma expressividade que não se encontra em suas primeiras obras. Morreu no Rio, em 1953."
(in  http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/invencao-orfeu-403430.shtml)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
75€

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