SCHMIDT, Affonso - ZANZALÁS. [Uma novela de tempos futuros]. São Paulo, Edição «Spes», 1938. In-8.º (19 cm) de 143, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Curioso romance, obra de referência da ficção científica brasileira, antes publicado parcialmente (1928) e em forma de folhetim (1936), sendo muito invulgar esta primeira edição em livro.
"Dentre muitas peças resgatadas do passado para a memória da ficção científica brasileira, Zanzalá,
do importante jornalista, romancista e poeta Afonso Schmidt
(1890/1964), é uma das que se destacam. Não tanto por sua qualidade nos
protocolos do gênero, mas por seu pioneirismo histórico e por suas
virtudes literárias.
Foi publicada completa pela primeira vez em 1936 no "Suplemento Literário" de O Estado de S. Paulo, mas sua estreia aconteceu de fato em 28 de fevereiro de 1928, na forma de um pequeno conto publicado no mesmo jornal, que veio a compor o primeiro capítulo da obra. Zanzalá somente foi publicada em livro em 1938, pela Editora Spes."
Foi publicada completa pela primeira vez em 1936 no "Suplemento Literário" de O Estado de S. Paulo, mas sua estreia aconteceu de fato em 28 de fevereiro de 1928, na forma de um pequeno conto publicado no mesmo jornal, que veio a compor o primeiro capítulo da obra. Zanzalá somente foi publicada em livro em 1938, pela Editora Spes."
(Fonte: http://almanaqueafb.blogspot.com/2015/02/zanzala-afonso-schmidt.html)
"Zanzalá é um livro de ficção científica anticolonial escrito pelo autor cubatense Afonso Schmidt em 1928. Trata-se de um exemplo dos primórdios da ficção científica brasileira. Já recebeu homenagens tais como o nome da região de Zanzalá em São Bernardo do Campo, o grupo Coral Zanzalá e a Revista Zanzalá de ficção científica brasileira. O nome Zanzalá significa "flor de Deus" em árabe (زَهْرَة الله, ou zahra Allah).
O livro se passa na região da Serra do Mar, em direção ao litoral: uma cidade fictícia e hipertecnológica chamada Zanzalá. O mundo foi completamente destruído pela segunda guerra mundial, e a cidade de Zanzalá acaba sendo refúgio para a população de vários locais do mundo. O autor retrata a população da cidade como sendo extremamente culta, dada às ciências e à arte, com um grande investimento público nessas áreas; contava com diversos curadores musicais e cientistas. Eram também elevados moralmente, de maneira que não reconheciam o uso da guerra e da violência.
A história acompanha a vida de Zéfiro e Tuca, um casal de namorados que vive na cidade. Tuca recebe a notícia dos médicos de que irá morrer em breve. Os dois então se juntam para tentar encontrar algum meio de reverter esse destino, recorrendo tanto à recursos científicos quanto religiosos e espirituais."
(Fonte: Wikipédia)
Livro muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor a António Ferro (1895-1956), conhecido escritor e jornalista português, grande dinamizador da política cultural do Estado Novo.
"Como será a existencia daqui a cem annos? A julgar pelo que ella foi ha um seculo, deverá ser muito differente. Pode-se tambem levar em conta que a evolução daqui para a frente se operará com maior rapidez do que do passado até nossos dias. Ha factores que representam um grande papel: o encurtamento das distancias, o progresso inacreditavel da sciencia, a tendencia que se accentúa cada vez mais para a simplificação da vida.
Se fossemos a observar apenas os primeiros factores, poderiamos prever para 2040, por exemplo, uma human idade inteiramente absorvida pela machina, completamente dominada pelas forças subtis da natureza que sempre procurámos escravisar, e que acabariam escravisando-nos. [...]
Escrevi estas paginas pensando no bom sorriso dos meus collegas de amanhan; deve ser o mesmo que eu esboço ao ler os meus collegas do passado. Felizmente para mim e para elles esta novella ficará perdida no mar das novellas que tiveram a ventura de não sobreviver á sua epoca."
(Excerto do preâmbulo)
"Se um cidadão de 1940 resuscitasse hoje do esquecido cemiterio do Saboó, onde os antigos santistas enterravam os seus mortos, e fizesse o trecho de estrada que vai ter á raiz da serra de Paranapiacaba, ser-lhe-ia bem difficil reconhecer o scenario que, certamente, lhe foi familiar naquelles priscos temos. [...]
O Zangalás hoje é um immenso funil; o lado esquerdo (de quem sobe) começa logo depois do Cubatão, num outeiro que se liga a morros e morros até perder-se na muralha sempre azulescente da serra; o outro lado começa em Piassaguera e logo se apruma em desfiladeiros cortados pelas duas grandes avenidas a que alludimos. A parte central é constituida por uma planicie trianguilar que, espremida entre montanhas vai afinando e subindo á proporção que penetra pela serra dentro. Esse valle, ha cem annos, era coberto de bananaes. Quando o Zanzalás chega - sempre num leve aclive - ao alto da serra, já não passa dum simples vallo com o seu fio de agua no centro, sobre o qual florecem em todas as estações os ultimos lyrios do brejo. Mas quem dalli olha para baixo vê duas muralhas fugirem uma de cada lado, deixando no meio aquella planicie azul na qual caberia uma série de cidades.
Ao centro, ergue-se uma pyramide verde, com uma gotta de luz no tope.
Esse monumento, que se acha mais ou menos em frente ao segundo patamar da serra, tem a sua historia. Muitos pensarão que elle foi construido inteiramente pela mão do homem, como os do Egypto. É um engano. Já existia mais ou menos assim, em outros tempos; era um morro como os demais que os viajantes viam da janella do trem de ferro. De uma pyramide apresentava apenas as linhas principaes e o resto era corrigido pela fantasia dos observadores. Foi para commemorar o anno 2.000 que os santistas levaram a effeito a idéa de transformal-o, de facto, numa pyramide."
(Excerto do Cap. I - No seculo da simplicidade)
Affonso Schmidt (Cubatão, 1890 - São Paulo, 1964). "Foi um jornalista, contista, romancista, dramaturgo e ativista anarquista brasileiro. Em Cubatão fundou o jornal Vésper, e na cidade de São Paulo fez parte da redação dos importantes periódicos libertários, A Plebe e A Lanterna, ao lado de figuras lendárias do movimento anarquista brasileiro como Edgard Leuenroth e Oreste Ristori. Ocupou ainda posições na redação dos jornais Folha e O Estado de São Paulo. Na cidade do Rio de Janeiro, fundou o jornal Voz do Povo, que a seu tempo tornou-se o órgão de imprensa da Federação Operária. Foi diversas vezes preso por expressar o que pensava. Ganhou destaque também pelas diversas campanhas que realizou contra o fascismo e o clericalismo, através de panfletos ou de livros, peças teatrais e artigos de jornais. Escrevendo intensamente por toda sua vida, foi autor de uma vasta obra poética e literária reunida em mais de quarenta livros. Envereda por crônicas históricas, e fantasia, sendo também um pioneiro da ficção científica no Brasil."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Manuseado, com uma ou outra mancha nas capas.
Invulgar.
Indisponível
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