31 janeiro, 2023

LEAL, J. da S. Mendes - OS MOSQUETEIROS D'AFRICA
. Lisboa, Livraria de A. M. Pereira, 1865. In-8.º (18 cm) de IX, [1], 393, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Edição original de uma das mais estimadas obras de Mendes Leal. Obra que se insere na corrente literária do ultra-romantismo, trata-se de um romance histórico cuja acção decorre em Lisboa, na época da Restauração da nacionalidade.
"Era a ultima noite de novembro do anno do Senhor 1640. Prateava os ares um luar como de dia, pesava na cidade um silencio como de deserto.
Ao nascente do Rocio ficava então o dormitorio do mosteiro dominicano occupando quasi um terço da praça por aquelle lado. Seguia-se-lhe o ádito do Hospicio da Senhora do Amparo, e o sumptuoso edificio do Hospital de Todos os Santos, tudo na mesma linha.
A arcada do dormitorio dos frades e a do Hospital, constituindo um formoso corpo de cantaria e servindo de passagem coberta, eram n'aquella época singularmente conhecidas e affamadas. Nos bancos de pedra, que interiormente guarneciam o largo corredor, faziam todas as terças feiras seu mercado os vendedores de holanda, canequim, linho, cassa, rendas, trancelins e outras meudesas. [...]
Os raios da lua, passando serena no profundo anil do ceu, clareavam em cheio a frontaria do palacio, em quanto sob a arcada era profunda a obscuridade, como que mais entenebrecida ainda pela opposição d'aquelles palidos reflexos.
Além a zona luminosa, e da orla branca do luar, as trévas carregavam-se, e condensavam-se mais e mais, como acontece quando a noite se adianta com as horas que precedem o alvorecer.
Todavia, quem rondasse o largo e attentasse bem, poderia ver sentado n'um dos bancos de pedra, ao fundo, entre as pilastras da arcada, um vulto cuidadosamente envolto n'uma capa de estramenha escura, fraco resguardo para o frio cortante que fazia."
(Excerto do Cap. I - Os arcos do Rocio)
José da Silva Mendes Leal (1818-1886). "Poeta, romancista, crítico e historiador português, de nome completo José da Silva Mendes Leal Júnior, nascido a 18 de outubro de 1818, em Lisboa, e falecido a 22 de agosto de 1886, em Sintra. Destacou-se sobretudo como dramaturgo. Foi bibliotecário-mor da Biblioteca Nacional, sócio da Academia Real das Ciências e membro do Conservatório, entre outras associações científicas e literárias, deputado pelo partido cabralista e ministro. Entre poesias, publicações de romances em folhetim e textos de crítica e teorização literárias, deixará uma vasta colaboração em periódicos como O Panorama, a Revista Universal Lisbonense, o Cosmorama Literário, O Clamor Público, A Época e A Aurora, de que será diretor, em 1845."
(Fonte: infopédia)
Belíssima encadernação coeva meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Mancha junto do corte lateral atinge primeiras folhas do livro, sem contudo perturbar o texto.
Raro.
45€

30 janeiro, 2023

OLIVEIRA, Luna de - O HOMEM VENCEU O ESPAÇO
. Lisboa, Distribuidor Geral: Editorial Século, 1946. In-8.º (19,5 cm) de 387, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Curioso livro de "lendas tradições, inventos e célebres realizações da audácia e experiência humanas para a conquista do ar e do espaço interplanetário".
"Pela primeira vez num livro deste género aparecem os inventos aéreos portugueses, dos longínquos tempos a nossos dias, com o relevo merecido e a sua colocação ordenada entre as proezas da história internacional da Aeronáutica."
"O sonho do ar dominou sempre a Humanidade. O homem, grilhetado à Terra pelas leis da gravitação, procurou, desde tempos imemoriais, elevar-se no espaço, librar-se nas alturas, deslocar-se entre as camadas aéreas, num surto ambicioso que o tornasse semi-deus.
A lenda do Ícaro, a bíblica Torre de Babel, a Coluna dos Gigantes e tantos mais contos que se perdem no negrume dos tempos atestam que os homens, numa aspiração suprema de atingir o céu, nunca descançaram na tarefa inglória de penetrar o ignoto.
O azul eucromo da fantasia e a noção zenital que domina quase todos os habitantes da Terra, deram à palavra Céu, até no sentido religioso, a impressão de altura, de lugar superior, de trono elevado."
(Excerto do preâmbulo - Sic itur ad astra!)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Invulgar.
15€

29 janeiro, 2023

CORREIA, José - MEMÓRIAS DE UM GUARDA-NOCTURNO. [S.l.], [s.n. - Composto e impresso nas Grandes Oficinas Gráficas "Minerva", de Gaspar Pinto de Sousa & Irmão, Vila Nova de Famalicão], 1939. In-8.º (19 cm) de 151, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Curioso romance autobiográfico(?).
"Não conheci a mãi.
Meu pai era um ferreiro, um pobre ser sem nome, uma figura nula neste arcaboiço informe da vastidão social.
Magro, doente, vestido parcamente de roupela ensebada; uns olhos luzidios onde habitava a calma dos ascetas; cansado ao menor esfôrço para ganhar a vida - se é a morrer de doente que esta vida se ganha - tinha um coração de ouro aberto ao cristianismo, aberto à dor alheia."
(Excerto do Cap. I)
"Eu sou guarda nocturno. E porque o sou, devo-o a um camarada, com aspirações altas de subir, que conheci na tropa.
Eu cheguei a saber, à custa dele, o francês mais vulgar dos romances baratos.
Ele emprestou-me livros, os seus livros, que, como cavadores, alegres, diligentes, me desbravaram larga, fartamente, o matagal espêsso da ignorância.
Devo a êle este cargo, triste cargo, que me redime e mata a tôda a hora: o cargo de guardião, ou de guarda-nocturno duma grande cidade."
(Excerto do Cap. II)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas algo sujas, com defeitos. Margem lateral da capa aparada para além do corte das folhas.
Raro.
20€

28 janeiro, 2023

VASCONCELLOS, J. de Carvalho e & FRANCO, J. do Amaral - AS PALMEIRAS DE LISBOA E ARREDORES.
Por... Separata de: «Portugaliae Acta Biológica» : Vol. II, fac. 4, págs 289-425
. [S.l.], [s.n.], 1948. In-4.º (24 cm) de 137, [1] p. (289-425 pp.) ; (XXXI) f. il. ; B.
1.ª edição independente.
Importante trabalho monográfico com interesse histórico e botânico. Trata-se, julgamos, do único trabalho com a grandeza e pormenor dedicado a esta planta/árvore ornamental, que passa pelo levantamento exaustivo de todas as espécies de palmeiras existentes na a área metropolitana de Lisboa - com a respectiva descrição técnica -, amostra que, reconhecidamente, reflete a realidade do território nacional.
Livro ilustrado a p.b. com 31 desenhos e fotografias em página inteira.
"A necessidade de possuirmos bases seguras para a identificação das palmeiras cultivadas em Portugal é a causa do presente trabalho, em que as referidas bases são procuradas.
Como não nos foi possível de momento fazer o reconhecimento minucioso das espécies cultivadas em todo o País, iniciámos este estudo pela identificação das cultivadas em Lisboa e seus arredores, onde, sem dúvida, a maior parte está representada e na posse destes elementos será mais fácil de futuro completar esta identificação.
As palmeiras constituem motivo ornamental frequente nos nossos jardins, parques, avenidas e outros locais, vegetando grande número das suas espécies, entre nós cultivadas, perfeitamente ao ar livre, florescendo e frutificando regularmente e algumas mesmo tendo em determinadas condições regeneração natural. Embora nem sempre concordemos com o seu emprego, não deixamos de considerar que têm o seu lugar próprio entre a Flora ornamental utilizável no nosso País. Como possuem aspectos estéticos diferentes, dimensões diversas, exigências particulares, as variadas espécies de palmeiras apresentam aplicações apropriadas a cada caso, em que a sua utilização seja aconselhável. Por esse motivo, torna-se necessária a sua perfeita determinação e conhecimento, a fim de evitar erros de identificação que conduziriam possìvelmente à aplicação menos adequada dos indivíduos erròneamente classificados."
(Excerto da Introdução)
Matérias:
I - Introdução. II - Referências gerais. III - Descrição das palmeiras estudadas. | Autores citados. | Bibliografia.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

27 janeiro, 2023

KORTH, João G. D’ – BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A HEREDITARIEDADE. Dissertação inaugural apresentada á Escola Medico-Cirurgica do Porto e defendida sob a presidencia do Ex.mo Snr. Augusto Henrique d’Almeida Brandão. Por… Porto, Typographia Central, 1879. In-8.º (21 cm) de 70, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Interessantíssima tese académica sobre hereditariedade, tema aqui abordado de forma científica, poucos anos após a apresentação pública da teoria de Mendel, numa época em que pouco se sabia sobre o assunto.
"«Similia Similibus generantur». É esta a lei da hereditariedade em abstracto. O pequeno trabalho que apresentamos, é apenas uma tentativa para mostrar que tal these é verdadeira em concreto, sem excepções; que a sua applicação prática é d’uma alta importância para o futuro do homem civilisado e que os seus benefícios presentes são incalculáveis para o individuo. Se é uma lei e não simplesmente uma regra, não póde ter excepções. Cremos que póde provar-se que é uma lei, mostrando que as excepções – assim chamadas – estão realmente d’accordo com ella."
(Excerto da introdução)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Raro.
25€

26 janeiro, 2023

ROCHA, Julio - A CRUZ MYSTERIOSA (romance). Prologo do distincto escriptor francez Jules Gastine. Continuado em portuguez por Julio Rocha. Lisboa, Composto e Impresso na Imprensa Lucas, 1912. In-8.º (20,5 cm) de 462, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Romance de amor, crime e mistério - desenvolvido a partir de um prólogo do escritor francês Jules Gastine - cuja acção decorre em França, a partir da segunda parte do século XIX.
"No dia 30 de abril de 1860 um homem de trinta annos pouco mais ou menos, alto, um pouco deslocado, sem barba, olhos vivazes, de casacão escuro, e chapeu alto, apresentava-se ás dez horas da manhã, no momento de abertura dos guichets, ao caixa da casa Levillain, Hardy & C.ª, banqueiros da rua Vivienne, portador de um chéque de cincoenta mil francos, assignado por Cháteauroux, Cervier & C.ª, grandes metallurgistas, cujos escriptorios e depositos, eram situados na rua Amelot, em Paris.
O empregado tomou o chéque, examinou-o distrahidamente, pró-forma, pois que os srs. Cháteauroux e Cervier tinham relações de longa data, com a casa Levillain, e ia para pagar sem observação, quando, de repente, mudou de parecer. Lançou um olhar obliquo sobre o homem que se lhe apresentava, reconheceu um dos empregados, o caixa da casa Cháteauroux, pareceu surprehendido, e depois disse:
- Espere um instante... Não tenho em caixa o dinheiro preciso... Vou pedir o resto ao patrão.
O empregado deixou-se cair sobre um banco, e esperou, com um ar machinal, e sem inquietação."
(Excerto do Prologo - O falsario)
Júlio Rocha (1855-1920). Jornalista e escritor autodidacta. Por falta de meios fez apenas a instrução primária, empregando-se de seguida no comércio. O gosto pelas letras levou-o a estudar à noite, vindo a trabalhar no Diário de Notícias e n'A Tarde. A sua produção literária centrou-se sobretudo no género dramático, cuja bibliografia é extensa. Na prosa, estreou-se com A Rosa Branca de Lisboa (1874), tendo publicado além deste, três outros romances - Vingança de Raul (2 vols) (1875-76), Os incendiarios de Alcoy (1877) e A cruz mysteriosa (1912).
Encadernação recente inteira de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa original.
Exemplar em bom estado de conservação. Capa alvo de pequeno restauro no pé. Discreta rubrica de posse na f. rosto.
Raro.
Indisponível

25 janeiro, 2023

CASTRO, Antonio G. F. de - ALGUMAS REFLEXÕES ÁCERCA DA PENA DE MORTE E DA INDISCIPLINA MILITAR.
Serie de artigos publicados em 1872 no Jornal do Commercio e em 1874 no Jornal da Noite pelo
Primeiro tenente d'Artilheria N.º 1... Collecionados e edictados por uma commissão de officiaes do exercito. Lisboa, Typographia Lisbonense, 1874. In-8.º (18,5 cm) de 110, [2] p. ; [1] f. desdob. ; B.
1.ª edição.
Trabalho com interesse para o tema da pena de morte em Portugal. Livro publicado a expensas de uma comissão de oficiais do exército, camaradas de armas de Crisóstomo da Silva, alferes de Infantaria N.º 4, assassinado a sangue frio por um soldado do seu batalhão horas depois de o ter repreendido.
Assunto momentoso na época, o autor reivindica a aplicação da pena de morte para este e outros casos similares. Aliás, este acontecimento não fez mais que relançar o debate, sendo este episódio o último de uma sequência de casos graves de indisciplina militar. Recorde-se que apenas alguns anos antes, em 1867, a pena capital para crimes civis havia sido abolida em Portugal (para crimes políticos, desde 1852), mantendo-se em vigor apenas na justiça militar.
O produto da venda do livro seria entregue à família do infeliz alferes, procurando deste modo mitigar as dificuldades provocadas pelo seu desaparecimento.
"Noticiando a confirmação da sentença, que condemna á morte o soldado de infanteria n.º 4, que assassinou o alferes Chrysostomo da Silva, dizia o Diario de Noticias de 13 do corrente mez o seguinte:
«Se o poder moderador não commuutar, como é de suppôr, aquella sentença, teremos em breves dias um fusilamento em Portugal. Não é, porém, provavel que el-rei consinta que no anno de 1872 pereça ás mãos dos seus camaradas um soldado portuguez, embora condemnado á face da lei militar por um crime, que repugna á disciplina e á humanidade.»
Não contentes os singulares philantropos d'esta nossa terra em ter levado o poder legislativo a riscar do Codigo Penal a pena de morte, querem tambem levar o poder moderador a annullar o que na applicação d'ella ordenam as leis militares. [...]
Depois que Victor Hugo pôz o seu genio ao serviço dos ladrões, dos incendiarios e dos assassinos - em quanto elles lhe andarem longe da familia e da fazenda - todos os poetas lyricos, para quem o ideal é o seu mundo, todas as insignificancias litterarias, philosophos do rés do chão, acercando-se d'aquelle vulto, julgando assim dar relevo á propria individualidade, fizeram escola e propaganda a favor da inviolabilidade da vida do assassino, negando á sociedade o direito de legitima defeza. [...]
Basta pois que a sociedade, punindo hoje de morte, salva ámanha uma victima, para que ella não deva hesitar um instante em trocar pela vida do assassino a vida preciosa do cidadão prestante, do militar honrado, do laborioso chefe de familia, do pae, amparo dos filhos, do filho, amparo dos paes, das fracas mulheres, das creanças innocentes.
Mas não! Para victimas, tantas e tantas, espremeis a custo uma lagrima, para seus algozes choraes copioso pranto! [...]
Mas, dizei-me: em que principios de equidade se funda o vosso pedido? Qual é a attenuante no crime, que auctorise a attenuante na pena? Sabeis a historia da tragedia? Escutae-a!
Na manhã do dia do crime fôra o soldado reprehendido pelo alferes, na marcha para a missa, porque apanhando as pedras do caminho, as arremeçava aos seus camaradas.
Regressou ao quartel, desarmou-se e saiu. Voltando mais tarde começou a execução do projecto que concebera. Tomou a carabina, carregou-a, dizendo - «Vou para a caça, e hoje hei de trazer caça grossa» - e partiu.
Procurou o alferes; viu-o conversando á porta d'uma casa, de costas voltadas; parou na rectaguarda d'elle, apontou a arma, desfechou e fugiu. Á grita, que se levantou, correram os soldados, perseguiram-o e prenderam-o. Mandou o sargento do destacamento carregar armas. Julgou o assassino que o iam fusilar e prostou-se por terra implorando a vida, o covarde! [...]
Quereis a abolição da pena de morte no fôro militar?
Pois bem, continuae a vossa missão; elevae esse monumento á vossa gloria; amassae-lhe a argamassa com o sangue das victimas; e quando coroardes a vossa obra, gravae-lhe os vosso nomes, cumplices d'assassinos!"
(Excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
35€

24 janeiro, 2023

A ÁGUIA -
PORTUGAL E A GUERRA
. Pôrto, Renascença Portuguesa, 1916. In-4.º (25 cm) de 104 (109-212), [4] p. ; [6] f. il. ; B.
1.ª edição.
Número especial desta conceituada revista literária, - abarcando três números (52-53-54), - dedicado na sua quase totalidade à grande conflagração mundial.
Livro preenchido com crónicas de alguns dos mais conceituados autores portugueses, ente outros, Teixeira de Pascoaes, Teófilo Braga, Gomes Leal, Alberto de Oliveira, Mayer Garção, João de Barros, Jaime Cortesão, Marcelino Mesquita, Raul Proença, Augusto Casimiro e Leonardo Coimbra.
Ilustrações fora do texto, belíssimas, de conhecidos artistas nacionais: Rocha Vieira; Crisitiano de Carvalho; António Carneiro; Stuart Carvalhais.
"Por varias vezes temos defendido n'esta revista a cauda dos alliados. Temos affirmado este facto banal á força de evidente: - que a sorte de Portugal está ligada á sorte da Inglaterra e da França. Se era assim desde o principio do conflicto, agora muito mais, depois que a Allemanha nos considerou blligerantes. A nossa situação é identica á da Belgica e da Servia, áparte os morticinios e ruinas que soffreram estes Povos sagrados pelo mais divino espirito de heroismo, por um amor sobrenatural á Liberdade, á Independencia, á Justiça. [...]
Sim: Portugal não podia deixar de ser beligerante. Exigia-o a situação da Inglaterra n'este conflicto; da Inglaterra, secular garantia da nossa independencia. Exige-o tambem a França, cuja existencia é essencial á nossa existencia, á existencia de toda a raça latina e da propria Humanidade.
Como portugueses devemos amar a França até ao sacrificio, porque a França é a nossa maior irmã; como latinos devemos amar a França até ao sacrificio, porque a França é a grande depositaria do espirito latino; como homens devemos amar a França até ao sacrificio, porque foi ela a emancipadora dos homens, foi ela que lhes deu liberdade, amor proprio, a justiça, o direito, a consciencia da sua pessôa autonoma. Foi ela que lhes deu vida, que o elevou de cousa escrava a um ser livre.
Exigem-no ainda os gritos de duas Patrias crucificadas: a Belgica e a Servia!
Tudo exige a nossa beligerancia, desde o nosso instincto de conservação até aos mais puros e elevados sentimentos da alma humana.
Tudo o exige... a não ser que os portugueses queiram deixar de ser..."
(Excerto de A Guerra, de Teixeira de Pascoaes)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

23 janeiro, 2023

MEMORIA SOBRE LEGADOS PIOS OFFERECIDA AOS INTERESSADOS NA MATERIA PELA ADMINISTRAÇÃO DO HOSPITAL DE S. JOSÉ E ANNEXOS EM 1853
. Lisboa, Imprensa Nacional. 1853.
In-8.º (20 cm) de 35, [7] p. ; B.
1.ª edição.
Curiosa relação dos "Legados Pios" entregues ao Hospital de S. José, parte de heranças deixadas por vontade testamentária a instituições religiosas. Raro e muito interessante.
Opúsculo ilustrado no final com quadros e tabelas estatísticas.
"Os Legados Pios eram um bem ou uma quantia em dinheiro outorgado por disposição testamentária a uma instituição, em resultado da devoção ou piedade do testador, tendo como finalidade a salvação da sua alma. Desde o período medieval que os legados pios se concretizavam através de missas e sufrágios a rezar pela alma do defunto, dotes a órfãs (laicos e eclesiásticos), concessão de esmolas a particulares e instituições e donativos para o resgate de cativos, entre outras modalidades."
(Fonte: https://www.flcegos.pt/legados-pios-e-missas-estatutarias/)
"Desde 1786/87 que a terça parte dos legados pios não cumpridos era legalmente destinada aos hospitais locais, revertendo os restantes dois terços para o Hospital de S. José e expostos de Lisboa. Estas determinações mantiveram‑se no regime constitucional."
(Fonte: https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/14585.pdf)
"Legados pios, encargos pios, e deixas de obra pia, exprimem a mesma idéa: esta Instituição tão Portugueza nascida da Christandade e devoção de nossos maiores, tinha caído em tal esquecimento pelo desuso nos 20 annos proximamente preteritos, que os Decretos de 5 de Novembro de 1851 e 24 de Dezembro de 1852, restabelecendo os direitos e obrigações, resultantes da dita Instituição, como que fizeram novidade e estranhesa: aquella época do restabelecimento augmentou os desejos de censura-los; de palavra e por escripto se tem levantado contra ella alguns vagos e mal justificados clamores. [...]
Nós queremos acreditar que os queixumes e os temores procedem de boa tenção, por que alguns provém de pessoas entendidas, e que se dizem zelosas do bem commum. 
É para estas principalmente que vae endereçado este escripto singelo e verdadeiro. Talvez que a sua leitura opére reforma, ou ao menos essencial modificação de suas apprehensões , até por que este ramo de jurisprudencia patria é pouco cultivado. Sendo como é tão antigo como a Monarchia, é comtudo tão particular que, por sua mesma natureza, se escapava das ordinarias locubrações da sciencia, e ha muito quasi se não viam no fôro processos de legados pios.
Em todas as questões, que, como esta, envolvem direitos e obrigações, o que cumpre primeiro examinar, é qual o principio juridico donde dimanam, e depois, qual seja o exercicio desse mesmo direito; ou, o que vale o mesmo, qual é a justiça do peditorio, e o processo que torna efficiente esse direito de pedir."
(Excerto do preâmbulo)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos.
Raro.
Com interesse histórico e religioso.
Indisponível

22 janeiro, 2023

VASCONCELLOS, J. A. C. de - A COLONISAÇÃO DO ALEMTEJO
. Exposição das verdadeiras causas da falta de população e do atrazo da agricultura n'esta provincia, e das medidas que melhor podem remediar o seu deploravel estado prezente. Por...
Elvas, Typographia Elvense de Samuel F. Baptista, 1884. In-4.º (23 cm) de 51, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio oitocentista sobre as causas do abandono da província do Alentejo, e as medidas propostas pelo autor para obviar à sua desertificação.
"Julgo, que na situação do paiz, cada dia mais embaraçosa pelo desiquilibrio commercial entre as suas importações e exportações, e pelas sempre crescentes necessidades de fisco, de que demasiado se ressente já a economia domestica com a desproporção entre o custo de vida e os interesse amesquinhados por taes causas, não nos pôde ser indifferente a grande massa dos varios productos que o quasi inculto Alemtejo é susceptivel de produzir.
Firme, pois, n'estas idéas, julgo do meu dever de publicamente as communicar, para, se nas altas regiões do poder não houver ouvidos que se dignem escutar uma reclamação, talvez considerada inoportuna ou importuna por estar fóra da orbitra da politica, seja o clamor da opinião publica que se faça attender; finalisando eu por recommendar muita attenção para o que digo da agricultura em geral, e em especial para as breves reflexões que faço sobre a viticultura; o que muito poderá interessar os lavradores e os negociantes que se preoccupam com o progresso nas molestias nas vinhas."
(Excerto da introdução - Advertencia)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico e agrícola.
35€

21 janeiro, 2023

LAFOREST, Dubut de - O FIDALGO AVENTUREIRO.
Traducção de Domingos Cabral de Quadros
. Lisboa, "A Editora", [1909]. In-4.º (23 cm) de 151, [1] p. ; il. ; B. Col. Os Ultimos Escandalos de Paris: Grande romance dramatico inedito - XXX
1.ª edição.
Romance de costumes, levemente erótico, publicado na primeira década do século XX.
Livro ilustrado com bonitos desenhos ao longo do texto.
"Nos Ultimos Escandalos de Paris que tem por enredo e intriga especial: «O Processo d'Esbly», e por campo de investigação toda a vida moderna, temos tido occasião de observar alguns rufiões parisienses de casaca.
Agora vamos apresentar aos nossos leitores, a fina flor d'algumas d'essas creaturas exoticas, pertencentes ás camadas mais superiores da nossa sociedade e que futuros acontecimentos farão tomar parte importante no presente romance.
Nem todos esses formosos cavalheiros que vivem á custa das esposas ou as amantes, são fidalgos verdadeiros, como o visconde de La Plaçade, mas todos apreciam a nobreza, e se não teem titulos, compram-nos ou roubam-nos... [...]
N'umas das noites do fim do mez de novembro, o conde Giacomo Trabelli levantou-se repentinamente da cadeira, onde, sentado, estiveram meditando. [...]
- Que pena! murmurou elle... Trinta annos ou a vida d'um jogador?... O bem conhecido melodrama; que nada tem de original! Vinte e oito annos! Ainda me restam dois annos sobre a edade do jogador classico, prestes a transpôr os humbraes da eternidade. Ah! Enganei muitos maridos e amantes, e de bom grado os continuaria ainda a atraiçoar, pela simples razão de que não me sinto gasto nem satisfeito. Sou pratico em assumptos d'amor? Sim, sem duvida alguma! Aposto! os dez luizes que ainda tenho, dos muitos milhões que possui que, de olhos vendados, e as mãos atadas atraz das costas, eu sou capaz, collando os meus labios aos de uma qualquer mulher, de adivinhar, pelos movimentos a sua lingua e pelo perfume do seu halito, a edade e a cor dos seus cabellos?... Sustentei muitas amantes, mas, agora, eram ellas que começavam a manter-me: a duqueza d'Estorg não tem dinheiro; a horisontal Anna Welty, só me pode offerecer a sua boa vontade. O estafermo da duqueza avisou-me da impossibilidade que tinha em arrancar na presente occasião, algum dinheiro ao seu estupido marido. Pois minha senhora, lembre-se que bastante gozou commigo!..."
(Excerto do Cap. I - Os navios do conde)
Índice: I - Os navios do conde. II - A duqueza d'Estorg. III - O irmão Eusebio. IV - Anna Welty. V - O fidalgo trabalhador. VI - O «Supplicio de um homem». VII - O grande armador.
Jean-Louis Dubut de Laforest (1853-1902). Escritor francês. Autor prolífico, publicou vários romances sobre assuntos considerados ousados na época, alguns como folhetins em jornais e revistas.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta pequeno rasgão marginal sem perda de suporte.
Raro.
Indisponível

20 janeiro, 2023

CARVALHO, Adelaide de - AS CRIADAS DE SERVIR E O SERVIÇO DOMÉSTICO : estudo e subsídios para a sua regulamentação
. Lisboa, [s.n. - Comp. e imp. na Tipografia de E. N. P., Lisboa], 1956. In-8.º (16,5 cm) de 50, [2] p. ; B.

1.ª edição.
Interessantíssimo trabalho sobre o serviço doméstico em Portugal durante o regime do Estado Novo. A autora discorre sobre a profissão, não se coibindo de fazer um "aviso à navegação" às serviçais - criadas e amas -, que, pelo seu comportamento desprendido e "rebelde", causa desconfiança e incómodo às donas de casa. Inclui a reprodução de inúmeros exemplos 'deliciosos'. Publicação rara e muito curiosa.
"A casa reproduz, fielmente, a vida familiar. Representa o centro dos interesses que ali se concentram, das alegrias que nela se expandem e onde os desalentos se partilham por igual.
Para esse lugar, leva o homem o produto do labor quotidiano e vai lá encontrar o repouso das fadigas, o amor da sua mulher, o afecto dos seus filhos e a estima de quantos o rodeiam. [...]
Para corresponder a estas vivas e constantes manifestações e servir o fim a que essencialmente se destina, o problema habitacional aparece-nos ligado a um misto de interesses, cuja ofensa, quando se torna intensa, muda os cambiantes da vida na sua intimidade, põe em sobressalto o bem-estar e a tranquilidade da família, e, em permanente risco, a satisfação das mais instantes necessidades.
No complexo das inúmeras manifestações, aflora, como principal, a questão do serviço doméstico.
Estamos a ver, com assombro, a serviçal ter uma vida bem diferente do que foi e a manifestar atitudes extravagantes.
Vindo a agravar-se de ano para ano, tal questão atingiu ùltimamente o ponto cruciante, que não tanto por diminuir o número das criadas que habitualmente andavam a servir, mas, sobretudo, em vista de as existentes se julgarem, na sua maioria, com direito a serem o flagelo de suas amas, com a longa série de abusos que cometem. [...]
Esgotadas de paciência e a braços com as complicações e embaraços a que as donas de casa estão expostas, em frente da estranha e anormal situação, seria interessante escutar-lhes a narração dos abusos de que são vítimas, das calamidades que têm sofrido e das façanhas presenciadas..."
(Excerto do Cap. I)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Muito invulgar.
15€

19 janeiro, 2023

ALVES, Jorge Fernandes & VILELA, José Luís - JOSÉ VITORINO DAMÁSIO E A TELEGRAFIA ELÉCTRICA EM PORTUGAL.
Texto:...
[Lisboa], Portugal Telecom, 1995. In-fólio (30,5 cm) de 91, [5] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Homenagem a José Vitorino Damásio (1806-1875), "personagem e um actor ímpar no processo desenvolvimentista" do século XIX, cuja divisa era: "trabalhar muito e falar pouco".
Livro primoroso, integralmente impresso sobre papel couché, profusamente ilustrado ao longo do texto com estampas a p.b. e a cores. Inclui retrato do biografado em página inteira.
"José Vitorino Damásio foi o segundo director-geral da telegrafia eléctrica, muito tendo contribuído, nessa qualidade, para o nascimento em Portugal do sector que hoje se apresenta como vital para o desenvolvimento económico e social dos países - o das Telecomunicações.
Na verdade é de 1864 a 1867, enquanto desempenhava aquelas funções que a rede telegráfica passa a cobrir a quase totalidade do território nacional e se procede à unificação tarifária, medidas que constituem a base do serviço público telegráfico, embrião das telecomunicações portuguesas. [...]
Figura ímpar de liberal convicto, lutou por estes ideais e pela sua implantação em Portugal, tendo tomado parte como oficial em várias operações militares com risco da própria vida."
(Excerto do Prefácio - Luís Todo Bom)
José Vitorino Damásio CvTE (Vila da Feira, 2 de Novembro de 1806 - Lisboa, 19 de Outubro de 1875). "Foi engenheiro, professor da Academia Politécnica do Porto, director do Instituto Industrial de Lisboa e fundador da Associação Industrial Portuense, hoje Associação Empresarial de Portugal, em Portugal.
Nasceu em 2 de Novembro de 1806, na vila de Santa Maria da Feira. Depois de fazer os estudos primários e secundários, inscreveu-se na Universidade do Porto no ano lectivo de 1826 para 1827, em matemática e filosofia.
Quando estava no segundo ano da universidade, em 1828, alistou-se no Batalhão dos Voluntários Académicos, que combateu pela causa liberal durante a Guerra Civil Portuguesa. No entanto, as forças liberais foram derrotadas na Belfastada, levando ao exílio de D. Pedro para o Arquipélago dos Açores, enquanto que José Vitorino Damásio fugiu primeiro para a Galiza e Plymouth, acabando por ir também para os Açores, [Terceira]. Participou nas operações de ocupação das ilhas do Pico, São Jorge e São Miguel.
Em 1832, participou no Desembarque do Mindelo como 2.º tenente de Artilharia, durante o Cerco do Porto. Quando terminou a guerra, José Damásio voltou para a universidade para concluir o curso..."
(Fonte: Wikipédia)
Encadernação em tela revestida de tecido com ferros gravados a seco e a ouro nas pastas e na lombada, coberta por sobrecapa de cartão a duas cores.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
25€

18 janeiro, 2023

MACHADO, Julio Cesar, e HOGAN, Alfredo - PRIMEIRO O DEVER! : comedia drama em tres actos.
Original por...
Lisboa, Typographia do Panorama, 1861. In-8.º (22,5 cm) de 44 p. ; B.
1.ª edição.
Curiosa peça de teatro cuja acção decorre na "actualidade", em Lisboa. Trata-se de uma de duas comédias saída da colaboração entre os dois autores: além deste Primeiro o dever!, publicaram no mesmo ano A Vida em Lisboa : comedia drama em quatro actos.
"(Ao levantar o panno, o prior de Val de Vides entra pela esquerda trazendo um pequeno cofre aberto e cheio de cartas, que elle mexe. Claudio Borges, ao fundo, occultando-se logo que o prior apparece. Um criado a meia scena.)
Prior (folgazão) - Não ha decerto mais delicado encargo: analysar as cartas de um namorado, e dar sobre as almiscaradas epistolas um parecer serio?!... Eu nunca li obras d'este genero... sinto-me embaraçado, ao mesmo tempo curioso... Vamos: vou encerrar-me n'aquella sala e metter mãos á obra."
(Excerto do Acto I - Scena I)
Júlio César da Costa Machado (Lisboa, 1835-1890). "Nasceu numa família de posses e conviveu desde cedo, pela mão do pai, no meio literário e teatral lisboeta. Foi jornalista, tradutor, autor de romances, contos e peças de teatro, destacando-se como um dos mais célebres folhetinistas e cronistas do seu tempo. Publicou o seu primeiro romance, Estrela d’Alva, com apenas 14 anos, na revista A Semana, de Camilo Castelo Branco, de quem se tornaria amigo íntimo. O seu pai morreu em 1852, deixando-lhe dívidas que o obrigaram a obter, desde jovem, rendimento da escrita. Tornou-se tradutor, folhetinista, cronista, colaborando em dezenas de periódicos: A Revolução de Setembro, Revista Universal Lisbonense, Diário de Notícias, Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, Revista Ocidental, Ilustração Portuguesa, Eco Literário, este último cofundado por si em 1886. Os seus textos eram simultaneamente populares e apreciados pelos pares, que lhe admiravam o humor, o estilo coloquial e ligeiro, a atenção aos temas do quotidiano. Publicou vários livros, nomeadamente Cláudio (1952), A Vida em Lisboa (1958), Contos ao Luar (1861), Cenas da minha Terra (1862) e Contos a Vapor (1863). Muitos dos seus folhetins e crónicas de viagem, entre os quais Do Chiado a Veneza, foram reunidos em volume. Em 1890, na sequência do suicídio do seu filho único, Júlio César Machado pôs termo à vida."
(Fonte: Wook)
Alfredo Possolo Hogan (1830-1865). "Nasceu e faleceu em Lisboa. Funcionário dos correios, cultivou a literatura negra, tornando-se um romancista e um dramaturgo bastante popular em Lisboa. Nas suas obras notam-se influências de Eugène Sue e Alexandre Dumas. Escreveu vários romances históricos, como Marco Túlio ou o Agente dos Jesuítas (1853), Mistérios de Lisboa (romance em 4 volumes, 1851), Dois Angelos ou Um Casamento Forçado (romance em 2 volumes, 1851-1852), etc. Das peças de teatro, destacam-se: Os Dissipadores (1858), A Máscara Social (1861), Nem Tudo que Luz É Oiro (1861), A Vida em Lisboa (em parceria com Júlio César Machado, 1861), O Dia 1º de Dezembro de 1640 (1862), As Brasileiras; Segredos do Coração e O Colono. Foi-lhe atribuída a autoria do romance A Mão do Finado (1854), publicado anonimamente em Lisboa, pretendendo ser a continuação de O Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas."
(Fonte: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/hogan.htm)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Rasgão (imperceptível) na capa sem perda de suporte. Lombada apresenta falhas de papel.
Raro.
Sem registo na BNP.
15€

17 janeiro, 2023

VITERBO, Sousa - INVENTORES PORTUGUESES.
Segunda Série (obra póstuma). Propriedade e edição da família do autor
. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1914. In-8.º (22,5 cm) de [4], 38, [2] p. ; B.
1.ª edição independente.
Curiosa monografia sobre os inventores portugueses. Trabalho organizado por ordem alfabética de apelido, com descrição das novas criações - algumas verdadeiramente insólitas - e respectiva utilidade e aplicações.
Obra inicialmente publicada no vol. 61.º  do Instituto, vertida na presente separata.
Tiragem limitada a 50 exemplares, que não foram postos à venda.
"Teem aparecido há tempos entre nós bastantes indivíduos que pretendem ter inventado ou modificado para melhor diversos aparelhos e processos industriais e scientíficos.
Inegavelmente nem todos possuirão a mesma competência, embora não lhes falte habilidade. O curioso é um produto indigena muito frequente e pena é que ele, em vez de dar melhor rumo à sua aptidão, a consuma em futilidades e bugigangas, ou em produtos que só se tornam recomendaveis pelos extremos duma paciência chineza. Convêm da mesma forma joeirar os os ingénuos e os lunaticos, que ainda pensam na quadratura do círculo e no motu contínuo, e os charlatães, que procurar iludir a boa fé dos outros, envergonhando-nos aos olhos dos estrangeiros."
(Excerto do preâmbulo)
Francisco Marques de Sousa Viterbo (1845-1910). "Personalidade multifacetada, foi poeta, arqueólogo, historiador e jornalista. Nasceu em 1845, no Porto, e morreu em 1910, em Lisboa. De rígida educação religiosa, frequentou o seminário do Porto durante a sua adolescência. Formou-se depois em Medicina pela Escola Médico-Cirúrgica, mas logo abandonou o exercício daquela ciência para se dedicar a trabalhos históricos e arqueológicos, com os quais tanto se notabilizaria dentro e fora do país. Toda a sua obra revela-nos um historiógrafo defensor dos valores maiores da cultura portuguesa. De entre os títulos publicados, destacam-se Arte e Artistas em Portugal e Contribuição para a História das Artes e Indústrias Portuguesas. Graças ao seu labor incansável, muitos dados biográficos de personalidades como Damião de Góis e Gil Vicente vieram à luz. Sousa Viterbo foi ainda fundador da Associação de Jornalistas e Escritores Portugueses."
(Fonte: infopedia.pt)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Com sinais de humidade na capa, levando a um ligeiro "esboroamento" marginal.
Raro.
Indisponível

16 janeiro, 2023

CASTRO, Lopes de - P'RA GUERRA!! Aos soldados da minha Patria.
[Por]... (Veterano da Campanha do Nyassa de 99)
. Belem-Pará, Livraria Carioca-Editora de José Augusto Teixeira Pinto [Typographia de Lopes & C.ª, Successor, L.da - Porto], 1917. In-8.º (22 cm) de 147, [7] p. ; B.
1.ª edição.
Livro publicado em plena Grande Guerra.
Obra de exaltação, apoio e ânimo às tropas portuguesas destacadas em França.
Trabalho de recolha dos feitos épicos do exército português ao longo da história nacional, de Viriato ao Nyassa.
Capa belíssima - assinada ETP - com a mítica figura de D. Afonso Henriques apontando aos militares portugueses o caminho da vitória.
"Segundo as noticias chegadas de Lisbôa e o ultimo decreto do governo, os nossos soldados vão occupar um sector das trincheiras da França.
É, pois, chegado o momento d'ir p'ra guerra, ó soldado da minha Patria! É chegado o momento de mostrardes o patriotismo estuante, o valor, a coragem inaudita dos soldado portuguez! A vossa historia é brilhante, a vossa tradição é grande! [...]
Ides combater, ó soldados do meu Paiz! pelo Direito, pela Justiça e pela civilização, contra os hunos e Atilas modernos, personificados no militarismo allemão, que rompe tratados, incendeia povoações, viola mulheres, mata velhos e creanças, corta mãos a innocentes e seios a donzellas, rouba, saqueia e não conhece outro direito que não seja o do seu 420! A elles, soldados da minha Terra, a elles! Sêde valentes, sêde valorosos, sêde dignos do diploma que levaes - a vossa Historia - que é a melhor carta de recommendação!
No fragor dos combates, no troar infernal dos canhões, na lucta truculenta, corpo a corpo, lembrae-vos sempre que a Patria querida vos contempla e que é preciso honrar e não desmentir o nome altivolante que os nosos maiores nos conquistaram e legaram! A'vante, soldados portuguezes!"
(Excerto de A caminho das trincheiras da França)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta pequenas falhas de papel marginais.
Raro.
Com interesse histórico e para a bibliografia WW1.
35€
Reservado

15 janeiro, 2023

SERTORIO, Carlos - O SANTO ANTONIO DO POVO.
Collecção de anedoctas, rifões, anexins e poesias relativas ao Santo, precedida de uma breve biographia authentica do Santo
. Lisboa, Livraria Internacional de Marcos Gomes, 1895. In-8.º (17 cm) de 83, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Narrativa romanceada - episódios e milagres - da vida de Santo António, o santo padroeiro da devoção popular lisboeta.
Livro muito curioso, publicado em ano de comemorações Antonianas, por ocasião do centenário natalício do Santo.
"Aos quatorze annos, tendo aprendido tambem a cantar, era Fernando de Bulhões considerado um musico distinctissimo.
Por essa edade succedeu com elle um caso, que foi depois considerado o seu primeiro milagre. Num dia, Fernando passava pela majestosa nave central da Sé, quando, sob aquellas sacrosantas abobadas, elle se sentiu irresistivelmente fascinado pelos negros olhos tentadores de uma formosissima judia. Esmagando o vil instincto da sua natureza humana, Fernando quiz logo triumphar da paixão que o devorava, e afastar do seu espirito aquella extraordinaria visão de mulher ideal, tentadora como a serpente. Para fugir da egreja, subiu a escadaria que conduzia ao côro, quando novamente surge a seu lado a seductora judia, fitando nelle um olhar adente, e, para outro mais fraco, irresistivel. Mas o piedoso Fernando, devia de resistir áquella mulher, que, sendo de tão diversa religião, só por tental-o penetrára no templo de Jesus Christo; e como assim se visse perseguido, traçou na lage da parede uma cruz com o dedo, invocando ao mesmo tempo o auxilio de Deus."
(Excerto da Biographia - Introducção)
Indice:
Biographia. | Musa popular. | Narrativa (poesia e prova varia): - Santo Antonio e a princeza; - Vigilia de Santo Antonio;  - Santo Antonio e a mulher sovada; - A afilhada de Santo Antonio; - As Ave-Marias da ermida; - O preto e o sachristão; - O galego e o poço. | Ditos e rifões. | Milagres: I - Da chuva; II - Do louco; III - Da judia; IV - Livramento do pai; V - Da torre; VI - Dos cabellos; VII - Do postilhão diabolico; VIII - Da agua a ferver; IX - Dos peccados escriptos; X - Da conversão dos hereges; XI - Do veneno; XII - Da jumenta; XIII - Do capão; XIV - Do falso cego; XV - Do paralyptico; XVI - Do menino; XVII - Do esmagado; XVIII - Do aleijadinho; XIX - Do rico avarento; XX - Da mulher parida; XXI - Dos peixes. | Notas. | Nota final.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos e pequenas manchas. Lombada reforçada com fita.
Raro.
Indisponível

14 janeiro, 2023

CHAGAS, M. Pinheiro - DA ORIGEM E CARACTER DO MOVIMENTO LITTERARIO DA RENASCENÇA PRINCIPALMENTE NA ITALIA.
Memoria para o Concurso á Terceira Cadeira do Curso Superior de Letras. Por...
Lisboa, Imprensa de Joaquim Germano de Sousa Neves, 1867. In-8.º (22 cm) de 30, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Dissertação académica do autor. Obra rara da sua extensa produção bibliográfica.
"As grandes transformações do espirito da humanidade não se realisam subitamente, não se operam como as mudanças de scenario nos theatros á voz de um machinista mysterioso. Ainda que pareça ás vezes inexplicavel a transição repentina de um para outro seculo, a mudança completa das idéas dominantes de uma geração, podemos estar certos de que essa transformação se foi preparando lentamente na sombra, e de que essa luz inesperada que illumina o mundo é o clarão vermelho que brota do volcão entre-aberto, quando se rasga afinal a cratera depois de terem refervido longamente nos seios intimos do globo, depois de se terem agitados nas convulsões que produzem os abalos dos terremotos as lavas ardentes que afinal golpham em borbotões.
Isto succede nas transformações da politica, das letras, e das artes essa triplice manifestação das transformações do espirito humano. Quando nos parece que a noite mais cerrada involve o mundo, quando suppomos apagada no horisonte a luz da intelligencia humana, se fitarmos bem os olhos n'esse apparente negrume, veremos sempre fulgurar a timida estrella, que accendeu no crepusculo nocturno o seu pallido fulgor, e que hade apparecer depois no horisonte a prenunciar a aurora. Essa estrella, que foi a estrella da tarde do paganismo, será a estrella d'alva da Renascença. Essa estrella, cujo clarão, atravessando o longo periodo da idade media, virá presidir ao desabrochar do mundo moderno, é a tradição litteraria, a tradição artistica, e mesmo a tradição politica, que ligando as idéas novas aos velhos pensamentos demonstrará mais uma vez a unidade do espirito humano.
Eis-nos pois entrados no assumpto do ponto. A Renascença é considerada ainda hoje por muitos escriptores como o nascer do sol dos espiritos depois das trevas da idade media. A esta dão as sombras, e á Renascença a luz que as dissipa."
(Excerto da Tese)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas algo oxidadas. Lombada reforçada.
Raro.
25€

13 janeiro, 2023

EXPOSIÇÃO : "A MAÇONARIA E O ADVENTO DA REPÚBLICA" - 
Biblioteca Municipal Miguel Torga, de 5 a 31 de Outubro 2011. Comissão Organizadora das Comemorações do Centenário da República em Miranda do Corvo. Eng.º Carlos Ferreira; Dr.ª Anabela Monteiro; Dr. António Orfão; Sr. Vítor Gonçalves
. Miranda do Corvo, Câmara Municipal de Miranda do Corvo, 2011. In-4.º (23 cm) de 64 p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Catálogo da exposição "A Maçonaria e o Advento da República". Livro graficamente atraente, impresso em papel de superior qualidade, muito ilustrado com reprodução de desenhos, portadas de livros e dos mais diversos artigos, iconografia e símbolos maçónicos.
Publicação com interesse histórico, sobretudo para a vila de Miranda do Corvo a quem os textos que integram o catálogo dizem respeito.
Tiragem de apenas 500 exemplares.
"Em 5 de Outubro de 1910 a República era vista como último patamar da História, a sociedade positiva, ao mesmo tempo que as elites culturais da época viam na educação o meio de se produzirem modificações sociais de médio e longo prazo. Daí que positivistas, republicanos, socialistas ou anarquistas acreditassem na construção do "Homem Novo", que os republicanos particularizavam como o cidadão republicano. Para atingir esse objectivo foram criados "grémios", na sua maioria uma versão profana das Lojas maçónicas, escolas, de influência maçónica, anarquista, sindical ou outra. Em Outubro de 1910 acreditava-se, genuinamente, na dádiva ao colectivo, mesmo que isso significasse a vida. Em condições difíceis de vida, como era o ambiente social e económico dos primeiros anos do século XX, os republicanos acreditavam também na educação como um valor, sinónimo de liberdade, capaz de alterar a sociedade, uma sociedade onde a participação cívica era um dever e um direito de qualquer cidadão em prol do Bem Comum e um elemento estruturador da vida política e social. Mais ainda, dessa actividade cívica emergia a virtude política e a ética republicana."
(Excerto de Texto de Apresentação)
Índice:
Texto de Apresentação. | A Questão Religiosa e a Laicidade. | O Advento da República. | Iconografia Republicana. | Maçonaria. | Miranda na 1.ª República. | Republicanos e Maçons Mirandenses. | Auto da Proclamação da República em Miranda do Corvo.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
15€

12 janeiro, 2023

CODIGO ELEITORAL PORTUGUÊS.
Aprovado pelo Parlamento da Republica em junho de 1913, organisado d'acordo com os Sumarios das Sessões do Congresso
. Porto, Livraria Editora de Lopes & C.ª, Successor, [1913]. In-8.º (18 cm) de 85, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Documento histórico. Código Eleitoral republicano conhecido por ignorar por completo a participação feminina em eleições, não dando a Mulher como elegível - nem como não elegível -, sendo, neste caso, referidos os "falidos", "vadios" e "indigentes"(!). Este código pôs cobro à ambiguidade da legislação anterior, que permitiu o voto feminino condicionado para a Assembleia Constituinte de 1911.
Inclui no verso da capa, colado, um artigo coevo relacionado com o assunto da presente publicação com o título Um novo decreto sobre as eleições.
Com com quadros estatísticos no final do livro.
"São eleitores de cargos legislativos e administrativos todos os cidadãos portugueses do século masculino, maiores de 2 annos ou que completem essa idade até o termos das operações de recenseamento, que estejam no gôzo dos seus direitos civis e políticos, saibam ler e escrever português, e residam no território da República Portuguêsa.
Os cidadão pertencentes ao exército e à armada, a quaisquer outras instituições organizadas militarmente e aos corpos de policia cívica, que à data da eleição se encontrem em serviço efectivo não podem votar.
Não podem ser eleitores:
1.º Os alienados e bem assim os interditos por sentença com trãnsito em julgado da regência de sua pessoa e da administração de seus bens;
2.º Os falidos, emquanto por sentença com trãnsito em julgado, não forem reabilitados;
3.º Os que estiverem pronunciados por despacho com trãnsito em julgado e os privados de exercicio dos seus direitos politicos por efeito de sentença penal condenatória;
4.º Os que tiverem sido condenados como vadios, dentro do prazo de cinco anos, a contar da data da sentença que os condenou;
5.º Os que tiverem sido condenados por crime de conspiração contra a República;
6.º Os indigentes, incluindo-se neste número aqueles que estiverem internados em qualquer estabelecimento de caridade;
7.º Os estrangeiros naturalizados há menos de dois anos."
(Cap. I - Dos eleitores)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, algo oxidadas, com pequena papel no canto inferior direito.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível