FERRAZ, Márcia Ramos Ivens - SÒZINHA NO MATO. Narrativa inédita da vida da autora sòzinha no mato, no meio indígena. Lisboa, Livraria Popular de Francisco Franco, [1955?]. In-8.º (19 cm) de 247, [9] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Memórias de uma colona portuguesa em terras de Moçambique. Obra premiada no 25.º Concurso de Literatura Colonial.
Livro ilustrado com 49 fotogravuras distribuídas pelo texto.
"Foi este livro escrito por uma Mulher de uma energia rara, que afrontou sem receio a triste vida do mato africano, na esperança de melhores dias para si e para os seus entes mais queridos.
Sem ajuda de ninguém, tentou desbravar a selva inóspita para colher os frutos do seu arriscado labor.
Provou ser enérgica, não só quando, altas horas da noite, sentiu envolvida a sua casa pelo gentio irrequieto, que afinal vinha pedir-lhe justiça e que tratasse dos feridos duma luta de selvagens, mas também no seu viver, sòzinha no mato, olhando o bem-estar dos filhos, lutando pela vida sem sombra de desânimo, chegando quase a morrer enterrada no lodo da terra pantanosa, não vendo o caminho, metida no capim, devendo a vida aos pretos que acompanharam a sua patroa - a Missis - exemplo heróico encorajando os pretos, para os quais chegou a ser um ídolo!
Descrições de um grande realismo, sem pretensões de estilo, tornam suave e encantadora a leitura."
(Excerto do Prefácio, de Guilherme Couvreur de Oliveira)
"A escritora africana demonstrou uma coragem e um desassombro fora do comum atribuído a uma mulher, enfrentando uma vida dura e difícil e ainda lutando com algumas dificuldades financeiras para melhor administrar e produzir nas suas terras.
Ao par dessas peripécias e dessas dificuldades a Sr.ª Ivens Ferraz não perdeu o seu tempo, pois, além dos resultados materiais do seu trabalho, digno dos melhores elogios, ofereceu-nos não um relatório de seus trabalhos mas um livro que nos mostra uma maneira muito suave, alegre, humorística e às vezes trágica o que foi sua vida nas selvas africanas.
A obra é digna de ser lida por quantos se interessam por estes assuntos relativos à vida das selvas, pois estão muito bem descritos e estudados sob vários aspectos a vida dos negros, mostrando como vivem em sua comunidade, os casamentos, as festas, a alimentação que usam, enfim, os seus usos e costumes. Ao par desses aspectos está também muito bem estudada a fauna, mostrando como as pessoas devem se precaver com as feras..."
(Excerto de Duas palavras, de Júlio Pinto Gualberto)
"Ao fazer a descrição da minha vida no mato, das cenas comigo passadas ou por mim presenciadas, e outras que, embora tivessem lugar em redor da minha propriedade e nas proximidades, depressa vinham ao meu conhecimento, contarei primeiro a maneira como aqui vim encontrar-me neste isolamento.
Cerca de vinte anos antes do meu casamento, quando ainda me encontrava em Portugal, já aquele que veio a ser meu marido era proprietário de um vasto terreno situado em Maholéla, que obtivera por concessão do Estado. Mais de 600 hectares, dos quais cerca de metade encontrei desbravados por ele, em magníficas terras de aluvião.
Conta meu marido que escolheu este terreno quando era quase todo um enleado de trepadeiras, em floresta virgem, de árvores seculares e milenárias, habitada pelos animais selvagens - o leopardo, o pitão (vulgarmente conhecido por jibóia) e até o leão, e que, na enorme lagoa que ali existe, se banhavam hipopótamos e crocodilos, e vinham beber água manadas de elefantes - que ainda hoje ali vão - e toda a fauna da região."
(Excerto do Cap. I - A propriedade de Maholéla)
Exemplar em brochura bem conservado.
Invulgar.
Com interesse histórico e ultramarino.
Indisponível
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