30 novembro, 2022

ENSINAMENTOS DOS INVISIVEIS - Academia de Estudos Psychicos de Portugal : Grupo Espirita Amor e Caridade
. Lisboa, Composto e impresso na Imprensa de Manuel Lucas Torres, 1914. In-8.º (20,5 cm) de 80 p. ; B.
1.ª edição.
Collecção de maximas, conselhos e advertencias recebidos em varias sessões espiritas realisadas em todo o mundo, e escrupulosamente analisados e acceites pelos mais notaveis homens de sciencia. Recolhidos e traduzidos de varias obras já publicadas sobre o assumpto, por um grupo de Amigos do Bem.
"Deus é a inteligencia suprema, causa primaria de todas as coisas. Deus é eterno, unico, imaterial, todo-poderoso, soberanamente justo e bom. Deve ser infinito enm todas as suas perfeições, porque se suposessemos um só dos seus atributos imperfeito, deixarei de ser Deus.
Deus creou a materia que constitue os mundos; creou tambem seres inteligentes a que chamamos Espiritos, encarregados de administrar os mundos materiaes segundo as leis imutaveis da creação, e que são perfectiveis por sua natureza. Á medida que se aperfeiçoam, aproximam-se da Divindade.
O espirito, propriamente dito, é o principio inteligente; a sua natureza intima é desconhecida para nós; para nós é imaterial porque não tem nenhuma analogia com o que chamamos materia.
Os espiritos são seres individuaes; possuem um involucro ethéreo, imponderavel,chamado perispirito, especie de corpo fluidico, typo da forma humana. Povoam os espaços, que percorrem com a rapidez do relampago, e constituem o mundo invisivel.
A origem e o modo de creação dos Espiritos são para nós desconhecidos; apenas sabemos que estes são ceados simples e ignorantes, isto é, sem sciencia e sem conhecimento do bem e do mal, mas com egual aptidão para tudo..."
(Excerto de Resumo do ensinamento dos espiritos)
Matérias:
Resumo do ensinamento dos espiritos. Maximas extrahidas do Ensinamento dos Espiritos. | Conselhos dos Invisiveis:  A Moral. A Vontade. O Trabalho. O Mal e o Sofrimento. A Educação da Creança. A Oração. O Suicidio. A vida invisivel. A Comunicação.
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Sem capa frontal. F. rosto com defeitos e falhas de papel.
Raro.
25€

29 novembro, 2022

TAGORELLE, André - OS EMIGRANTES DO MUNDO EXTINTO.
(Fim das Aventuras de Armando Hidalgo). Tradução de Carvalho Lima. Colecção Espaço
. Lisboa, Edição: Mãos de Fada de Mário de Aguiar, [1960]. In-8.º (15 cm) de 151, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Ficção científica espanhola. História com qualidade literária duvidosa, algo naïf, em todo o caso, curiosa.
Título original: En la tumba de un crater.
"- Vamos, Mil-Homens! Espero que não sofras de vertigens... - disse Armando Hidalgo.
Já tinha baptizado daquele modo o pequeno ente vestido de ectoplasma. Enquanto Jan o contemplava, silencioso, procurando analisar o fenómeno, o aventureiro espanhol considerava aquele serzinho como outra mais de tantas coisas novas e singulares.
Aceitou, como facto consumado, que falasse sem órgãos bucais e que andasse ao lado de ambos, caminhando com pés que não pisavam e mal poderiam até pisar o chão!
Dava-lhe ordens, transformando, por artes de berliques e berloques, o seu papel passivo, de mero acompanhante, em guia e condutor. Assim era Hidalgo; e assim obtinha êxito onde ruía a ciência com todo o seu poder.
O transparente obedeceu à ordem e, graças à sua agilidade imaterial, foi o primeiro a chegar ao disco voador."
(Excerto do Cap. I)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Escritos na f. ante-rosto.
Invulgar.
15€

28 novembro, 2022

NORONHA, Eduardo de - A MARQUEZA DE CHAVES
. Porto, Livraria Civilização, 1922. In-8.º (18 cm) de 570 p. ; [2] p. ; [1] f. il. ; E.
1.ª edição.
Biografia de D. Francisca Xavier Teles da Silva de Noronha Camões e Albuquerque (1795-1845), uma "mulher de armas". Acompanhou o marido, Manuel da Silveira Pinto da Fonseca Teixeira, o 1.º Marquês de Chaves, em 1808, na revolta contra os franceses de Junot e durante a Guerra Peninsular. Apoiante de D. Miguel, sublevou as tropas em Trás-os-Montes e acompanhou os revoltosos que não aceitaram o regime saído da Revolução Liberal, nalgumas ocasiões substituindo no comando o marido, exilado em Espanha.
Livro ilustrado com um retrato da 1.ª Marquesa de Chaves em separado.
"Junot, logo que se instala em Lisboa, cura imediata e paralelamente dos serviços militares e de organisar a policia. Escolhe para seu chefe Pierre Lagarde,que desempenhára egual cargo em Veneza, muito a contento do general Buonaparte. Investido de poderes discricionarios, depressa excede em tirania o autoritarismo de Pina Manique, sem possuir a largueza de vistas destes."
(Excerto do Cap. II - Conspirações)
Encadernação inteira de pele, com nervuras e ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Lombada algo desgastada.
Invulgar.
Com interesse histórico.
20€

27 novembro, 2022

BOMBARDA, Prof. Miguel - A VACCINA DA RAIVA.
Relatorio apresentado ao Conselho da Escola Medico-Cirurgica de Lisboa. Pelo... Lente de phisiologia da mesma escola
. Lisboa, Typographia da Viuva Sousa Neves, 1887. In-4.º (23,5 cm) de 57, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante trabalho sobre a raiva, doença infecciosa - verdadeira calamidade na época -, publicado pouco depois dos sucessos experimentais de Pasteur, e na sequência do relatório apresentado ao governo pelo médico português Eduardo de Abreu (1886), que com este havia privado e trabalhado um ano antes em Paris.
Livro ilustrado no texto com quadros estatísticos.
"Na questão da vaccina da raiva ha duas series de trabalhos experimentaes inteiramente differentes - aquelles que se referem ao problema de tornar refractario um animal antes da introducção no seu organismo do virus rabico feita de modo que infallivelmente damnaria o animal se elle não tivesse sido tornado refractario e aquelles que dizem respeito a analogo problema intentado depois d'aquella introducção.
O primeiro problema póde-se dizer que está resolvido. Pasteur descobriu um methodo pelo qual a transmissão da raiva aos animaes se póde fazer de um modo seguro; é o methodo nas inoculações directas á superficie do cerebro, posta a descoberto pela trepanação, das substancias contendo o virus rabico, methodo que em certeza de resultado deixa longe de si todos os outros, como, por exemplo, as inoculções sub-cutaneas, feitas artificialmente ou pela mordedura do animal damnado."
(Excerto do Relatório)
Miguel Augusto Bombarda (1851-1910). "Nasceu em 1851 no Rio de Janeiro. Foi médico do Hospital de S. José, em 1892, director do Hospital de Rilhafoles e professor, desde 1880, da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Como médico dedicou-se principalmente às doenças do sistema nervoso, especializando-se em Psiquiatria. Participa também no lançamento das campanhas de prolifaxia contra a tuberculose. Só em 1908 entrou na política activa, como deputado, afecto ao então presidente do Conselho, Ferreira do Amaral. Mas as suas fortes convicções liberais e anti-clericais aproximam-no rapidamente da Junta Liberal, de que se torna um dos mais destacados dirigentes, e do Partido Republicano, a que adere formalmente pouco antes da implantação da República, sendo eleito deputado nas suas listas. Miguel Bombarda foi um dos principais dirigentes da revolução republicana, com o especial encargo de proceder à distribuição de armas por grupos civis, estando prevista a sua participação no assalto ao quartel de Artilharia 1, em Campolide. No dia 3 de Outubro, Miguel Bombarda foi alvejado a tiros de revólver por um oficial do exército, antigo aluno dos colégios da Companhia de Jesus, que o procurou em Rilhafoles. Transportado para o Hospital de S. José, foi operado, 'depois de ter mandado queimar à vista uma carta que trazia na carteira' e falado com Brito Camacho, mas não resistiu à operação, entrou em coma e faleceu cerca das 6 da tarde. A morte de Miguel Bombarda provocou especial indignação junto do povo de Lisboa, para quem se tratava de um 'atentado reaccionário'. A República organizou as suas exéquias, homenageando-o como um dos seus principais inspiradores."
(Fonte: www.fmsoares.pt)
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos e um ou outro orifício de traça.
Raro.
Com interesse histórico.
45€

26 novembro, 2022

DEMON, Alphonse - AS MIL E UMA NOUTES D'AMOR. Contos galantes illustrados. Lisboa, Centro Litterario, 1896. In-8.º (19x9 cm) de 48 p. (148-188, [7] pp.) ; il. ; E.
1.ª edição.
Conjunto de contos eróticos que, de acordo com o índice geral, fazem parte de um plano alargado de vários números distribuídos por dois volumes. Nada foi possível apurar acerca do autor por falta de referências bio-bibliográficas.
Cada um dos contos desta Mil e uma noutes d'amor é uma história autónoma. O presente livrinho contempla três contos: Hoje nós, amanhã vós; Fabricante de Pápas; Cada vez, etc.
Obra ilustrada no texto com bonitos desenhos e vinhetas tipográficas, e uma belíssima (e sugestiva) cromolitografia em separado.
"Certo parisiense, de boa linhagem, joven, ousado e bem-posto, apaixonou-se por uma viuva muito formosa e que não desdenhava de se saber amada, deslumbrando cada dia com encantos novos os que para ella olhavam, e aprazendo-se em fazer a anatomia dos corações dos rapazes novos. Não dava attenção, porém, senão aos que lhe agradavam, e quantas vezes aos que menos lh'a mereciam, e sobre tudo, sabia conduzir o mancebo a que me refiro, com astucia tal, que parecia estar disposta a tudo para lhe conceder.
«Tinha elle entrevistas a sós com a bella; apalpava-lhe os peitos e chegava mesmo a beijar-lh'os, tendo-lhe muitas vezes admirado as formosas carnes, mas nunca chegava a saborear-lh'as, de maneira que se finava em vida, ao lado d'ella. Implorava-lhe, emprazava-a, dava-lhe presentes, mas não conseguia nada; até que uma vez em que estava os dois sósinhos, e elle advogava muito encalorado os seus interesses, ella lhe disse:
- «Não, nunca te farei a vontade, a menos que me dês um beijo no assento,» exprimindo-se tal qual por estas palavras, mas pensando para com ella que elle nunca faria tal cousa."
(Excerto de Hoje nós, amanhã vós)
Encadernação inteira de skivertex com ferros gravados a ouro na pasta frontal. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado de conservação. Capas de brochura frágeis, algo sujas, com pequenos defeitos.
Raro.
Indisponível

25 novembro, 2022

IN MEMORIAM DO DR. ANTONIO MARTINS - LISBOA : 1930-1931. Homenagem ao ilustre e honrado Português que em vida se chamou Antonio Augusto da Silva Martins : gratidão de seus irmãos, admiração e veneração de seus amigos. 3/10/930. Lisboa, [s.n. - imp. Tip. Henrique Torres, Lisboa], 1931. In-4.º (25,5 cm) de XVI, 244 p. ; [38] f. il. ; E.
1.ª edição.
Homenagem ao Dr. António Martins, conhecido médico e desportista português que integrou o C. E. P., em FrançaConjunto de testemunhos de amigos, colegas e camaradas de armas.
Livro iustrado com 38 fotogravuras impressas em folhas separadas do texto.
"No princípio da tarde do dia 4, a linda capital portuguesa oferecia um aspecto singular e inconfundível: o contraste vivo entre uma festa nacional e política e os funerais dum grande e glorioso Português. [...]
O extinto era o Dr. Antonio Martins, glorificador de Portugal na linha de fogo em Flandres, no campeonato do Tiro, que lhe conferiu honras primaciais em todo o mundo, e na sciencia medica, da qual foi, mais do que profissional insigne, uma gloria admiravel pela abnegação, pela caridade cristianissima, pelo zelo ardente, digno de um genuino apóstolo."
(Excerto de A Capital de Luto : os imponentes funeraes do Dr. Antonio Martins)
António Augusto da Silva Martins (1892-1930). "Nasceu em Abrantes, no dia 4 de Abril de 1892. Médico, desportista e combatente, este filho de Abrantes, esteve no Corpo Expedicionário Português (C.E.P.) em França, servindo no Regimento de Infantaria 23 (R.I. 23), sob o comando do então Major Hélder Ribeiro. Tomou parte na ofensiva geral dos aliados, com o posto de Tenente Médico, onde foi condecorado com a fourragère da Torre e Espada, a Ordem de Cristo, em campanha, com palma e a medalha da Vitória.
Da sua folha militar consta: “...incorporado em 1912, por ter a idade própria, na 
7.ª companhia de Saúde, onde foi encarregado de fazer um curso de ginástica sueca para a referida companhia, tendo como monitores estudantes de medicina. Frequentou as escolas de cabos e sargentos, sendo licenciado neste último posto.
Em 1918 foi mobilizado e incorporado como tenente medico no batalhão de infantaria 14, com o qual partiu para França, em 18 de Maio, fazendo parte do C. E. P., mais tarde transferido para o 6.º grupo de Metralhadoras, na retaguarda...”.
“Por esta altura, soube-se que o Regimento 23 ia ser enviado para a linha de batalha e o Dr. António Martins ofereceu-se (*). Na perseguição aos alemães, atravessou o rio Escalda ficando a alguns quilómetros ao norte de Tournai, por ter findado a guerra em 11 de Novembro” (data do Armistício).

Ainda em França, no C.E.P., durante a guerra não descurando a parte desportiva e aproveitando a camaradagem de um oficial inglês, o seu entusiasmo pelo desporto, fê-lo aperfeiçoar o seu estilo no lançamento do disco, tendo ultrapassado os 35 metros, o que constituiu o “recorde” nacional.
No último período da guerra, em França, nos Jogos Pershing, recebeu este combatente, o seu baptismo internacional, com a pistola de precisão.
O Dr. António Martins cultivou quase todos os desportos, especialmente tiro. Fez natação, esgrima, equitação, atletismo, e chegou a dar lições de “boxe” com Silva Ruivo. Os desportos atléticos, iniciados no liceu de Coimbra, continuaram de 1912 a 1921, no Club Internacional de “Footbal”.
Porém, onde o seu vulto desportivo mais se ergueu, foi no tiro de pistola, onde atingiu a sublime perfeição das modalidades desportivas praticadas, na então “Sociedade de Tiro N.º 2 (Antigo Grupo Pátria). Combatente, desportista e eminente médico, Dr. António Augusto da Silva Martins, foi vítima mortal de acidente aos 38 anos de idade, quando treinava na Carreira de Tiro de Pedrouços. Lembremos pois, este “Combatente de Portugal, filho de Abrantes”, com um episódio da sua gloriosa vida de atirador e amor à Pátria: Na carreira de “Tiro de Santander”, Espanha, em 1926, oito anos depois do Armistício (11NOV18), o notável médico, envergou a sua velha e honrada farda de oficial combatente da Grande Guerra, e obteve o 1º lugar na modalidade “tiro de pistola”.
(*) No “Aditamento N.º 2”, anexo ao relatório do C.E.P. – 1ª D. – 2ª B.I., B.I.23 – (IV Bat.) de 23 de Novembro de 1918, feito em Englos – França, o então Ten. Médico António da Silva Martins, do 6º G.M. (Grupo de Metralhadoras) consta na relação dos oficiais que a seu pedido, se oferecem para a frente de combate, para servir no B.I.23. (pg. 73 da História Militar, Guerra e Marginalidade de Luís Alves Fraga)."
(Fonte: http://coisasdeabrantes.blogspot.pt/2008/05/dr-augusto-da-silva-martins-combatente.html, com a devida vénia a José Manuel d’Oliveira Vieira, autor do artigo biográfico aqui reproduzido)
Encadernação editorial em tela com ferros gravados a seco e a ouro nas pastas e na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Pastas com pequenos defeitos. Primeira folha apresenta restauro.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

24 novembro, 2022

RIBEIRO, Luiz da Silva - OS AÇORES DE PORTUGAL.
Conferencia realizada na Associação de Classe dos Empregados no Comercio de Angra do Heroismo em 16 de Março de 1919. (Com notas justificativas)
. Angra, Livraria Editora Andrade, [1919]. In-8.º (19,5 cm) de 44 p. ; B.
1.ª edição.
Conferência pronunciada em época de exaltação separatista.
Trabalho dedicado pelo autor "Á memória de Ciprião de Figueirêdo, de Brianda Pereira e dos bravos herois da batalha da Salga em 1581, para que ela mantenha, sempre puro, em corações açoreanos o amor à nobre terra portuguesa".
Opúsculo muito valorizado pela dedicatória manuscrita do autor ao Prof. João Maria Telo de Magalhães Colaço.
"Em princípios do século XV Gonçalo Velho Cabral, Comendador de Almurol, por mandado do infante D. Henrique, aportou às ilhas dos Açores que anos depois começaram a ser colonizadas, entrando nessa colonização elementos étnicos diferentes, entre os quais o flamengo, por ser ao tempo grande a colónia flamenga em Portugal, mas sempre com notável predominio do elemento português que foi o que entrou em maior número. [...]
Que portugueses eram esses?
Os portugueses do século XV, os descendentes daqueles valorosos soldados~que um século antes, cheios de patriotismo, haviam firmado com sangue a nossa independência, cobrindo-se de glória em Aljubarrota; portugueses da época mais notável da nossa vida nacional; portugueses fortes e liais, ainda não depauperados pelas conquistas nem corrompidos pelo oiro do Oriente..."
(Excerto da Conferência)
Luís da Silva Ribeiro (Angra do Heroísmo, 1882-1955). "Foi um jurista, intelectual e político açoriano que se distinguiu como etnógrafo e animador do movimento cultural que levou à criação do Instituto Histórico da Ilha Terceira e das instituições equivalentes nos restantes antigos distritos dos Açores. Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, regressou a Angra do Heroísmo, cidade onde residiu toda a sua vida e onde exerceu diversas cargos administrativos e políticos, pese embora a sua mal-disfarçada oposição ao Estado Novo e a suspeição com que sempre foi visto pelos poderes instalados após o Golpe de 28 de Maio de 1926. É autor de uma extensa obra publicada, compreendendo mais de 180 trabalhos, a maior parte no Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, mas com muitos trabalhos dispersos por periódicos lusófonos. Vitorino Nemésio dedicou-lhe a sua obra Corsário das Ilhas com a seguintes palavras, bem demonstrativas da consideração em que o tinha: 'Ao Dr. Luís Ribeiro, alma e consciência da nossa ilha e dos Açores'."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

23 novembro, 2022

BARBOSA, Joaquim Casimiro - O JARDIM : manual do jardineiro-amador. Volume primeiro [Segundo e Terceiro]. Porto, José Marques Loureiro - Editor, 1892-1893. 3 vols in-8.º (20 cm) de XI, 516 p. (I) ; 544 p. (II) ; 610 p. (III) ; il. ; E.
1.ª edição.
Obra de referência em três volumes (completa) de leitura agradável, ainda hoje actual, sendo uma das mais interessantes que sobre este assunto se publicaram entre nós.
Trata-se de um importante tratado de jardinagem onde é enfatizada, pela descrição e exemplo, a arte e técnica da floricultura. Mas não só: também a horticultura e a fruticultura são abordadas com algum detalhe e consistência técnica para a época.
Livros muito ilustrados ao longo do texto com desenhos esquemáticos.
Joaquim Casimiro Barbosa (1841-1921). "Nasceu no Porto, em Massarelos, a 22 de março de 1841.
Em 1861 concluiu o curso Farmacêutico na Escola Médico-Cirúrgica do Porto e fez também os cursos de Agricultura e Botânica da Academia Politécnica do Porto.
Em 1875, durante a sessão do conselho académico de 4 de fevereiro, foi nomeado 1.º oficial do Jardim Botânico da Academia Politécnica, em substituição de Agostinho da Silva Vieira. Casimiro Barbosa foi secretário do Instituto Industrial e Comercial do Porto entre 1877 e 1921 e chefe dos Jardins e Arvoredo da Câmara Municipal do Porto (1913).
Foi colaborador e amigo, com Duarte de Oliveira (1848-1927), do famoso horticultor e floricultor José Marques Loureiro (1830-1898).
Publicou trabalhos sobre horticultura e jardinagem, tais como A roseira: sua cultura e multiplicação (1880, em co-autoria com J. Pedro Costa), A Horta: tratado das hortaliças e outras plantas hortenses: sua descrição, multiplicação e cultura (1884, 1.ª de várias edições), O jardim: manual do jardineiro amador (três volumes, 1892).
Foi redator do Jornal de Horticultura Pratica (publicado entre 1893 e 1906), da Real Companhia Hortícola-Agrícola, assim como do Jornal Hortícola Agrícola, e colaborou com periódicos congéneres.
Sócio fundador do Centro Farmacêutico Português, em 1869, e da Sociedade de Instrução do Porto em 1880, foi membro da Sociedade Farmacêutica Lusitana (1851) e sócio extraordinário da Societas Botanica Edinburgum (1905).
Após a fundação da Universidade do Porto em 1911, Joaquim Casimiro Barbosa foi convidado a lecionar a cadeira de Botânica, mas declinou o convite.
Morreu no Porto a 1 de agosto de 1921."
(Fonte: https://sigarra.up.pt/up/pt/web_base.gera_pagina?p_pagina=antigos%20estudantes%20ilustres%20-%20joaquim%20casimiro%20barbosa)
Encadernações em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplares em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Indisponível

22 novembro, 2022

GUIA TV DO EUROPEU DE FUTEBOL : 1984.
[Tudo sobre os "Patrícios"]
. Lisboa, Edicria, 1984. In-8.º (20,5 cm) de 263, [1], XXI, [1] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Guia histórico. "Bíblia" do Europeu 84, torneio de futebol onde, após 18 anos de ausência de fases finais de grandes competições, - Europeus e Mundiais, - Portugal partcipou, tendo obtido ex aequo com a Dinamarca o 3.º lugar. Depois de uma meia final de loucos, Portugal viria a sucumbir no final do prolongamento por 2-3 com a França, país organizador, onde pontificavam figuras de primeiríssimo plano do futebol internacional como Michel Platini, Alain Giresse e Jean Tigana, que viria a vencer o certame (2-0 à Espanha). Apesar da honrosa classificação, nem tudo foram rosas, sabendo-se que a liderança quadricéfala da Selecção Nacional - uma comissão constituída por Toni, José Augusto, Fernando Cabrita e António Morais - que representavam as tendências clubistas na Selecção - Benfica (8 jogadores) e Porto (9 jogadores) - teve inúmeros problemas para construir um 11 base, tendo de ultrapassar melindres, vaidades e "egos" pessoais, com um conjunto de jogadores que não se davam propriamente bem. Aliás, o França 84, no que à disciplina diz respeito, não seria caso único; dois anos mais tarde, durante o México 86, eclodiria o que ficaria conhecido para a história como o "Escândalo de Saltillo", com os jogadores, por questões de prémios, a tomarem posição contra a FPF, chegando a ameaçar com uma greve.
Antes disso, apenas por uma vez tínhamos participado numa fase final - a do longínquo Mundial de 1966 de 'boa memória', em Inglaterra, (com Eusébio em grande), onde a Selecção conquistaria o 3.º lugar mercê da vitória sobe a U.R.S.S. de Yashin (2-1), no jogo de atribuição do 3.º/4.º lugar.
O livro contém, para além da análise individual dos jogadores convocados, histórias sobre a Selecção, e todos os jogos da fase de grupos (que Portugal venceu, in extremis, no último jogo - vitória sobre a U.R.S.S. com um penálti "fantasma" arrancado por Fernando Chalana). Inclui ainda uma entrevista com Otto Glória.
Importante peça do jornalismo desportivo nacional, muito ilustrada ao longo do texto, o presente Guia recebeu colaboração de alguns dos melhores profissionais da época: Orlando Dias Agudo; Rui Tovar; Almeida Ribeiro; António Castro; Dias Neves; Jaime Figueiredo; Neves de Sousa; António Pedro; Fernando Correia; Bessa Tavares; Manuel Silva Pereira.
Convocados para o Europeu:
Guarda-redes: Manuel Bento (Benfica), Jorge Martins (V. Setúbal), Vítor Damas (Portimonense); Defesas: António Veloso (Benfica), João Pinto (FC Porto), Lima Pereira (FC Porto), Eurico Gomes (FC Porto), António Bastos Lopes (Benfica), Álvaro (Benfica), Eduardo Luís (FC Porto); Médios: Chalana (Benfica), Vermelhinho (FC Porto), Carlos Manuel (Benfica), Sousa (FC Porto), Frasco (FC Porto), Jaime Pacheco (FC Porto), Diamantino (Benfica); Avançados: Nené (Benfica), Jordão (Sporting), Fernando Gomes (FC
Porto).
Índice:
Editorial: a estreia europeia. | Porque vamos a França? | Todos os Calendários. | Horários e Transmissões. | Equipas e os Árbitros. | Cidades e Estádios. | Caminhos para Paris. | Regras do Jogo. | Retrospectiva dos "Europeus". | Futebol em Portugal. | Faça você mesmo o "Europeu-84.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
35€

21 novembro, 2022

ARAUJO, Luiz de - CONTOS E HISTORIAS. De... Dedicados a Sua Magestade El-Rei o Senhor Dom Fernando. Lisboa, Typographia Universal de Thomaz Quintino Antunes, Impressor da Casa Real, 1871. In-8.º (17,5 cm) de [8], 215, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Obra maior do autor. Trata-se de um conjunto de pequenos contos/crónicas sobre tipos, usos e costumes referentes, em grande parte, à cidade de Lisboa. Raro e muito interessante.
"Publicando este volume dos meus contos, Historias e narrativas portuguezas, levo em mira uma só ambição: mostrar que o estudo investigador das scenas e dos costumes populares é o melhor meio de poderem reproduzir-se os usos, a indole, o progresso, e as feições typicas de quasquer povos; o que, a meu vêr, não é desserviço feito á historia caracteristica da feição e vida popular dos mesmos povos."
(Prologo)
Luís António de Araújo (1833-1908). "Jornalista e funcionário do Ministério das Obras Públicas, grande observador do quotidiano, colaborou em vários periódicos, escreveu diversas comédias e até manteve um almanaque humorístico com o seu nome. Quem actualmente procurar as obras de Luís de Araújo, deparar-se-á imediatamente com os Contos e Histórias (1871), especialmente por ter uma edição moderna (1984). Este livro é uma sucessão de frescos, em que os costumes oitocentistas são captados nos seus traços fundamentais."
(Fonte: armariumlibri.blogspot.com)
Encadernação em meia de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. As primeiras 22 páginas do livro foram deficientemente abertas.
Raro.
30€

19 novembro, 2022

CASTELLO BRANCO, Camillo – DE COMO ME CASEI - Le Maryage de Sylvestre -
Versão Francesa de Olivier du Chastel. Prefácio e comentos de Ricardo Jorge
. Lisboa, Êmpresa Literária Fluminense, L.da, 1925. In-4.º (26cm) de XV, [1], 67, 5 p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição independente.
Curiosa peça camiliana. Edição bilingue (português-francês), impressa a partir de um artigo publicado num periódico francês - a Revue Politique et Littéraire, de 1893, - que além de uma notícia sobre Camilo Castelo Branco, continha a tradução para francês dum fragmento do romance Coração, Cabeça e Estomago, sob o título – Le Mariage de Sylvestre.
Exemplar da tiragem de 500 exemplares impressa em papel Vergé.
Ilustrado com o retrato de Camilo separado do texto.
"Procurei o refugio dos penates, o lar em que derivaram bem-aventuradas as gerações dos meus passados. Saboriei-me nas delicias do repouso, posto que em volta de mim só vise as imagens da numerosa familia que descançava no pavimento da pequenina egreja. Lá estavam todos, como operarios, que findaram sua geira, e, ao entardecer, encostaram a fece ao pedestal da cruz, e adormeceram.
Meditei no suave viver de meus paes, e comparei-o às dores, uma lastimáveis e outras ridiculas, que me tinham delido o coração, e desconcertado o aparelho de pensamento. Viver segundo a razão, alvitre que os philosophos pregôam, é bom de dizer-se e desejar-se; mas emquanto os philosophos não derem uma razão a cada homem, e essa razão egual á de todos os homens, o apostolado é de todo inutil.
Melhor avisados andam os moralistas religiosos, subordinando a humanidade aos dictames de uma mesma fé; todavia, - e sem menoscabo dos preceitos evangélicos que altamente venero, parece-me que o homem, sincero crente, e devotado christão, no meio d’estes mouros, que vivem á luz do seculo, e meneam os negocios temporaes a seu sabor, tal homem, se pedir a seu bom juiso religioso a norma dos deveres a respeitar, e dos direitos a reclamar, ganha créditos de parvo, e morre sequestrado dos prazeres da vida, se quizer poupar-se ao desgosto de ser apupado, procurando-os."
(Excerto de De como me casei)
Belíssima encadernação inteira de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
25€

18 novembro, 2022

SANTOS, Ary dos – COMO NASCEM, COMO VIVEM E COMO MORREM OS CRIMINOSOS.
Prefácio do Dr. Augusto de Oliveira, Director Geral dos Serviços Prisionais
. Lisboa, Livraria Clássica Editora : A. M. Teixeira & C.ª (Filhos), 1938. In-8.º (22,5 cm) de 422, [2] p. ; [16] f. il. ; B.

1.ª edição.
Importante trabalho "sobre a mentalidade criminal, os costumes, modos e comportamentos da população reclusa e suas causas de morte. Comporta ampla recolha de dados em apoio das teses sustentadas. Descrição de vocabulários [calão], códigos, tatuagens, condições dos estabelecimentos prisionais, etc."
Ilustrado com 16 estampas em folhas separadas do texto.
"Há sectores, por sua natureza, distanciados da vida quotidiana comum, por isso fora do conhecimento e contacto com o público que mal adivinha, pelo ouvir falar, o ambiente dêsses meios, os traços das figuras que nêles se movem.
No excuso da sombra em que vivem ou trazem dentro de si os criminosos, se gera a infracção penal, cuja prática raras vezes demanda a luz da ribalta. [...]
O autor, advogado ilustre pelo exercício da profissão e pelos trabalhos publicados, conta-nos «como nascem, vivem e morrem os criminosos», penetrando aquêle mundo aparte, desvendando os seus mistérios e focando alguns aspectos que traz em grande perspectiva até aos olhos que os desconhecem. […]
É um trabalho de índole original, desconhecido entre nós."
(Excerto do prefácio)
Índice: - Quem eles são e a lei que os rege. - Como eles nascem. - Como eles se descobrem. - Por onde eles passam. - Como eles se julgam. - Como eles falam. - Como eles cantam. - Como eles se pintam [tatuam]. - Como eles nos roubam. - Como eles nos matam e como eles morrem. 
Alfredo Ary dos Santos (1903-1975). Advogado lisboeta. Politicamente, definia-se como de extrema direita. Publicou diversas obras de índole jurídica sobre temas sociais e outros, e o polémico D. Quixote Bolchevick sobre a Guerra Civil de Espanha.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas oxidadas. 
Muito invulgar.
35€

17 novembro, 2022

PIMENTA, Belisario - O PADROADO DA IGREJA DE MIRANDA DO CORVO NOS MSS. DA BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE.
Por...
Coimbra, Imprensa da Universidade, 1925. In-4.º (24 cm) de 24 p. ; il. ; B. Separata do Boletim da Biblioteca da Universidade : Vol. VII, N.os I a XII
1.ª edição independente.
Importante trabalho de investigação e recolha sobre a questão do padroado da Igreja de Miranda do Corvo no século XVIII, e as rivalidades entre importantes famílias pelo seu controlo. Estudo muito enriquecido por relevantes e oportunas notas de rodapé que acompanham o texto.
Ilustrado no interior com autógrafo fac-símile de Pedro de Mendonça Côrte Real.
Opúsculo muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor a Tomás da Fonseca, sendo que o nome deste último foi "safado", adivinhando-se apenas pelos contornos caligráficos.
"Em 28 de Abril de 1735, cheio de achaques e já entrevado há tempos, morria o Padre Mateus de Lima Barata, que, durante 46 anos e até êsse dia, fôra pároco da extensa e rica freguesia de Miranda do Corvo da comarca de Coimbra.
Ficara, pois, vaga a Igreja que era das mais rendosas do Bispado; e como o Duque de Aveiro, D. Gabriel de Lencastre, se considerava (e de facto era) o padroeiro, apresentou, logo dias depois, em Prior, o minorista Pedro de Mendonça Côrte Real, ao tempo colegial de S. Paulo de Coimbra, filho natural do Secretário de Estado Diogo de Mendonça.
Ao mesmo tempo, porém, a Marquesa de Arronches, donatária da vila, alegando certos direitos ao padroado, apresentou, em 3 de Maio seguinte, o Padre João da Silveira Tôrres, em Prior da mesma igreja.
Começou aqui uma questão que, se nasceu, de facto, com a morte do velho Prior Barata, é certo, contudo, que já se arrastava há muito entre as duas poderosas casas rivais."
(Excerto do estudo)
Belisário Maria Bustorf da Silva Pinto Pimenta (1879-1969). "Nasceu em Coimbra em 1879. Frequentou o colégio externato do Padre Simões dos Reis e depois transitou para o Liceu. Aos 14 anos começou a formar a sua biblioteca pessoal, que no final da sua vida ultrapassava mais de oito mil obras.
Seguiu a carreira militar ingressando como cadete na escola Prática de Infantaria de Mafra. Em 1903 foi promovido a alferes e em 1910 passou a ser Comissário da Polícia em Coimbra. A sua vida militar decorreu ainda por Valença, Portalegre, Castelo Branco, Lagos, Porto, Penafiel, Abrantes e Leiria.
Em 1913 publica o seu primeiro trabalho sobre Miranda do Corvo, tema que foi uma das suas predileções e cultivou até ao final da sua vida. Os seus escritos sobre o concelho encontram-se dispersos por jornais (Alma Nova, Diário de Coimbra) e monografias, podendo ser considerado como o autor que mais se debruçou sobre o concelho."
(Fonte: https://cm-mirandadocorvo.pt/pt/menu/347/belisario-pimenta.aspx)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

16 novembro, 2022

NOCHE, Pablo la - LUSCO-FUSCO. (Vida e morte de um desconhecido). Com uma introdução de Ingborg Moacyr, professora ginasial. Amadora, Livraria Bertrand, 1973. In-8.º (20 cm) de 400, [4] p. ; B.
1.ª edição.
Curioso romance assinado por Pablo la Noche, pseudónimo de Marcello Mathias, escritor, político e diplomata português, que negociou e trouxe o espólio artístico de Calouste Gulbenkian para Portugal.
Junta-se artigo da época de Norberto Lopes inserto no jornal República, em página inteira (42x30 cm), sobre o novel romance Lusco-fusco.
"Um cepticismo em permanente contraste com uma fingida candura, uma ironia subtil aliada a uma invulgar elegância e pureza de linguagem consagram este romance como uma revelação na moderna literatura portuguesa." (Retirado da contracapa)
"Entre os numerosos manuscritos que nos são enviados e ficam aguardando leitura para se decidir sobre a sua eventual publicação, encontramos agora, esquecido há mais de três anos, aquele que hoje publicamos. Apesar de todos os nossos esforços não nos foi possível descobrir o paradeiro da Senhora Ingborg Moacyr, que nos enviara o Lusco-Fusco e nos propusera a sua publicação. Como ignoramos a quem cabem os direitos de autor, ficam estes inteiramente salvaguardados para quem provar ter legitimidade para recebê-los. Não sendo conhecido o nome do autor, mas depreendendo-se do texto que, sob o pseudónimo de Pablo la Noche, exerceu funções de jornalista, sob esse pseudónimo aparece a atribuição da autoria deste livro.
Lisboa, 15 Janeiro de 1973”. "
(Nota do Editor)
"Nem toda a gente se lembra de Lusco-Fusco, romance de 1973 assinado por Pablo La Noche, vencedor do Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências. Poucos sabiam quem se escondia por trás do enigmático pseudónimo. Urbano Tavares Rodrigues foi um dos que não poupou nos elogios. Até que, em 1976, Robert Laffont editou a obra em França, como Pablo La Noche, de Marcello Mathias, obtendo o Prémio Rayonnement Français da Academia Francesa.
(Fonte: daliteratura.blogspot.com)
"O Colégio do Marquês, em Barbacena, tinha uns cento e vinte alunos, todos se preparando para o curso ginasial. Eu era ali professora de Alemão, mas leccionava também, provisòriamente Latim por se encontrar vago o lugar.
Um dia o director, que era o padre Segismundo - homem severo que não perdoava em questões de disciplina -, me avisou de que se havia apresentado um pretendente ao lugar de professor de Latim, convindo que fosse eu a receber o candidato e a medir as suas habilitações.
Logo pelo forte sotaque percebi que se tratava de um português. De tez morena, estatura meã e uma barba cerrada onde já começavam a pratear alguns fios, estava de pé junto da janela e tão absorto que me não ouviu entrar na sala. Os documentos que ele trazia provavam apenas que já fora repetidor de Latim e de Francês num colégio, em Sorocaba. Tive, por isso, de saber dele alguma coisa mais, visto me não apresentar diploma algum de habilitações que o inculcassem para o lugar, nem mesmo documento bem claro sobre a sua identidade.
Com algum embaraço, respondeu-me que era um autodidacta; estava, porém, disposto a me dar ali mesmo as provas de sua competência, pois podia traduzir à primeira vista, e sem ajuda de dicionário, qualquer texto clássico que eu escolhesse. E trazidos os livros assim fez, com uma facilidade que me deixou surpreendida porque revelava uma cultura latina pouco comum e bem mais profunda e completa do que a minha. Tudo isto, todavia, era realizado com uma espécie de tédio, como se lhe fosse penosa a demonstração do que ia fazendo. [...]
O homem era tão bicho do mato que apenas cumprimentava os colegas, e todo o tempo que não estava dando lições se encerrava no seu quarto. Não sabia, ou talvez não queria, fazer amizades, nem tão-pouco estreitar relações; uma ou outra vez que o convidámos para um passeio, mesmo em domingos ou feriados, sempre se recusara com o pretexto de que necessitava preparar as prelecções."
(Excerto da Introdução)
Marcello Mathias (1903-1990). "Nasceu em Lisboa em 1903 e morreu no Estoril em 1999. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, foi advogado e Delegado do Procurador-Geral da República, tendo depois entrado para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde exerceu funções em Atenas, no Rio de Janeiro e em Paris, antes de ser Director-Geral, Secretário-Geral e mais tarde Ministro dos Negócios Estrangeiros (1958-1961). Foi por duas vezes Embaixador em França, num total de mais de 20 anos. No Rio de Janeiro publicou, em 1943, Doze Sonetos e Uma Canção, que teve várias edições, a última das quais em Portugal, em 1984. Mas foi a publicação de Lusco-Fusco que o consagrou em 1973, quando obteve ex-aequo o Prémio Ricardo Malheiros, da Academia das Ciências. A tradução da obra em francês, em 1976 pela Robert Laffont, valeu-lhe o prémio «Rayonnement Français» da Academia Francesa."
(Fonte: https://quetzal.blogs.sapo.pt/14284.html)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
20€

15 novembro, 2022

GOUVEIA, Sergio - O DR. SIDONIO PAES E A REPUBLICA NOVA : 1910-1918
. Lisboa, Livraria Scientifica, 1918. In-8.º (14 cm) de 31, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Opúsculo apologista do movimento sidonista e do seu caudilho. Reproduz discursos e proclamações de Sidónio Pais nos dias que se seguiram ao golpe por si encabeçado, dando início ao período da história nacional conhecido por «Dezembrismo».
"Vivia-se em Portugal na maior das opressões sob a égide do chamado partido democratico - que melhor fôra apelidar-se de autocratico - tendo como chefe supremo o sr. dr. Afonso Costa, rodeado, entre outros, pelos srs. Leote do Rego, comandante da divisão naval, e Norton de Matos, ministro da guerra. A pseudo-revolução de 14 de maio que lançára por terra o ministerio Pimenta de Castro, elevára ao poder esses homens que, a pretexto de uma restauração monarquica atribuida ao general Pimenta de Castro que - diga-se em abono da verdade taes intenções não tivera nunca - outra coisa não queriam senão tornarem-se senhores da situação, prendendo todos aqueles que, em nome da liberdade e da justiça, protestavam contra os desmandos da sua demagogia, tendo em mira tão sómente o seu bem estar, para o qual não pouco concorreu a nossa entrada na guerra, pois por via d'ela justificaram muitas despezas, encobrindo variados scandalos, emquanto os nossos heroicos soldados luctavam denodadamente no meio d'essa formidavel fornalha nos campos da França. [...]
Decorria o dia 5 e dezembro de 1917, sentindo-se na atmosfera como que um enorme peso predecessor de uma tempestade maior ainda, Pelas 6 e meia da tarde - já noite fechada nos dias brumosos do inverno - para os lados das Avenidas novas sentia-se um tropel de soldados e populares armados que apressadamente se dirigiam para os lados de Campolide. Eram os briosos rapazes da Escola de Guerra - a Mocidade portugueza - que rompera a marcha,  acommpanhada de varios elementos civis que se dirigiam ao quartel de artilharia 1, e que, apoiados pela quasi totalidade dos corpos do exército da guarnição de Lisboa, foram acampar no Parque Eduardo VII, rompendo vivo tiroteio, nas trevas da noite..."
(Excerto do preâmbulo)
Matérias:
[Preâmbulo]. | Proclamação ao povo. | Proclamação ao povo de Lisboa. | Sidonio Bernardino Cardoso da Silva Paes : Deputado pelo circulo n.º 15 - Aveiro. | Edital. | [Intervenções e discursos].
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Sem capas e f. ante-rosto.
Raro.
Com interesse histórico.
20€
Reservado

14 novembro, 2022

LARBALETRIER, A. - A CHIMICA RECREATIVA. Por... (Traducção). Collecção Bertrand. Lisboa, Antiga Casa Bertrand - José Bastos, 1896. In-8.º (14,5 cm) de 123, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Compêndio oitocentista de química "divertida e recreativa", propõe aos mais jovens, curiosos e químicos amadores, dezenas de experiências. Raro e muito interessante.
"Todas as experiencias descriptas n'este pequeno volume são faceis de realisar por toda a gente, ainda pelo menos iniciados na sciencia; e podem ser effectuadas com os objectos usuaes que nos rodeiam, porque não precisam de grande saber nem de laboratorio. Entretanto, se a maior parte d'ellas só exige como materia prima as substancias ordinarias que estão em todas as casas, algumas necessitam de emprego de productos chimicos, aliás baratos, que se encontraram em todas as drogarias ou pharmacias.
Como a nossa obra é sobretudo popular e vulgarisadora, visámos á economia mais rigorosa: pelo que todas as experiencias mencionadas se podem fazer com a despeza maxima d'uns 3$000 réis, quantia pequena comparada com o prazer que as experiencias proporcionam. [...]
Quasi todas estas experiencias são innofensivas; só um pequeno numero exige o emprego de productos que devem ser manejados com precaução, embora não sejam perigosos."
(Excerto do preâmbulo - Ao leitor)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Indisponível

13 novembro, 2022

MELLO, Augusto Xavier de - O SR. ALFERES. (Costumes alemtejanos). [Prefácio de Gervásio Lobato]. Lisboa, Typographia da Papelaria Aurea, 1893. In-8.º (19 cm) de XV, [1], 402, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante romance de "costumes alentejanos" dedicado pelo autor a Gervásio Lobato, que assina o prefácio.
"As grandes qualidades, que fizeram de Augusto de Mello um actor ilustre, são precisamente as mesmas que fazem d'elle um escriptor distinctissimo. [...] Tem os dois principaes dons do escriptor moderno: saber ver bem, e saber dizer bem o que vê. O Sr. Alferes, o romance que vae ler-se, o primeiro livro de Augusto de Mello, está a demonstrar em cada paragrapho, em cada linha, a verdade do que dizemos."
(Excerto do Prefacio)
"Toda a gente, no Monte Airoso, segundo o preceito christão, descançava da lide fatigante d'uma semana de trabalho.
O mez d'agosto ia quente, suffocante. Ainda não tinham morrido passaros assados, como os velhos diziam que acontecera n'algum tempo, mas desde a semana d'além que o vento Suão era quente, abrazador, como se partisse da bocca d'um forno. A athmosphera turva e avermelhada assemelhava-se a um oceano de chamas, nas eiras nem uma palha da debulha se conseguia mover, alguns pobres pardalitos haviam já cahido dos ramos das arvores, atordidos pelo calor, e até dois laboriosos ceifeiros, dos contratados na Beira - os ratinhos, como lhes chamam no Alemtejo, tinham succumbido na vespera, no meio da ceara que ceifavam, lá para as bandas do Guadiana."
(Excerto do Cap. I - O Domingo)
Augusto Xavier de Melo (1853-1933). "Actor, natural de Lisboa. Levado aos três anos de idade para Reguengos de Monsaraz, ali ficou confiado aos cuidados de um tio Médico que se encarregou da sua educação. Depois de frequentar as escolas de Mourão e Moura, completou os seus estudos no Liceu de Évora.
Regressando a Lisboa em 1861, onde pouco tempo conviveu com seu pai, que morreu meses depois, viu-se na necessidade de prestar serviços num escritório comercial, a fim de granjear o seu sustento.
Atraído pela Arte Dramática, valeu-lhe a influência do seu amigo, Actor Vale, para ingressar no Teatro Ginásio, onde se estreou na comédia Informações, em 11-06-1870. Empregado comercial, ingressou no Ginásio, tendo-se estreado na comédia Informações, em 11-06-1870. Não tardou a entrar para o Teatro de Dona Maria II, tendo-se evidenciado na peça Princesa Jorge. Distinguiu-se como actor, ensaiador e director de cena. Em 1901 foi nomeado Professor da Aula Dramática do Conservatório e membro do Conselho Dramático. Colaborou em jornais, escreveu o romance O Senhor Alferes e a comédia A Descoberta do Doutor Quaresma e publicou O Manual do Ensaiador Dramático e O Actor e o Teatro."
(Fonte: https://ruascomhistoria.wordpress.com/2019/10/29/quem-foi-quem-na-toponimia-do-municipio-de-reguengos-de-monsaraz-2/)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cansado. Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas de papel.
Raro.
Indisponível

12 novembro, 2022

FERRAZ, Márcia Ramos Ivens - SÒZINHA NO MATO.
Narrativa inédita da vida da autora sòzinha no mato, no meio indígena
. Lisboa, Livraria Popular de Francisco Franco, [1955?]. In-8.º (19 cm) de 247, [9] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Memórias de uma colona portuguesa em terras de Moçambique. Obra premiada no 25.º Concurso de Literatura Colonial.
Livro ilustrado com 49 fotogravuras distribuídas pelo texto.
"Foi este livro escrito por uma Mulher de uma energia rara, que afrontou sem receio a triste vida do mato africano, na esperança de melhores dias para si e para os seus entes mais queridos.
Sem ajuda de ninguém, tentou desbravar a selva inóspita para colher os frutos do seu arriscado labor.
Provou ser enérgica, não só quando, altas horas da noite, sentiu envolvida a sua casa pelo gentio irrequieto, que afinal vinha pedir-lhe justiça e que tratasse dos feridos duma luta de selvagens, mas também no seu viver, sòzinha no mato, olhando o bem-estar dos filhos, lutando pela vida sem sombra de desânimo, chegando quase a morrer enterrada no lodo da terra pantanosa, não vendo o caminho, metida no capim, devendo a vida aos pretos que acompanharam a sua patroa - a Missis - exemplo heróico encorajando os pretos, para os quais chegou a ser um ídolo!
Descrições de um grande realismo, sem pretensões de estilo, tornam suave e encantadora a leitura."
(Excerto do Prefácio, de Guilherme Couvreur de Oliveira)
"A escritora africana demonstrou uma coragem e um desassombro fora do comum atribuído a uma mulher, enfrentando uma vida dura e difícil e ainda lutando com algumas dificuldades financeiras para melhor administrar e produzir nas suas terras.
Ao par dessas peripécias e dessas dificuldades a Sr.ª Ivens Ferraz não perdeu o seu tempo, pois, além dos resultados materiais do seu trabalho, digno dos melhores elogios, ofereceu-nos não um relatório de seus trabalhos mas um livro que nos mostra uma maneira muito suave, alegre, humorística e às vezes trágica o que foi sua vida nas selvas africanas.
A obra é digna de ser lida por quantos se interessam por estes assuntos relativos à vida das selvas,  pois estão muito bem descritos e estudados sob vários aspectos a vida dos negros, mostrando como vivem em sua comunidade, os casamentos, as festas, a alimentação que usam, enfim, os seus usos e costumes. Ao par desses aspectos está também muito bem estudada a fauna, mostrando como as pessoas devem se precaver com as feras..."
(Excerto de Duas palavras, de Júlio Pinto Gualberto)

"Ao fazer a descrição da minha vida no mato, das cenas comigo passadas ou por mim presenciadas, e outras que, embora tivessem lugar em redor da minha propriedade e nas proximidades, depressa vinham ao meu conhecimento, contarei primeiro a maneira como aqui vim encontrar-me neste isolamento.
Cerca de vinte anos antes do meu casamento, quando ainda me encontrava em Portugal, já aquele que veio a ser meu marido era proprietário de um vasto terreno situado em Maholéla, que obtivera por concessão do Estado. Mais de 600 hectares, dos quais cerca de metade encontrei desbravados por ele, em magníficas terras de aluvião.
Conta meu marido que escolheu este terreno quando era quase todo um enleado de trepadeiras, em floresta virgem, de árvores seculares e milenárias, habitada pelos animais selvagens - o leopardo, o pitão (vulgarmente conhecido por jibóia) e até o leão, e que, na enorme lagoa que ali existe, se banhavam hipopótamos e crocodilos, e vinham beber água manadas de elefantes - que ainda hoje ali vão - e toda a fauna da região."
(Excerto do Cap. I - A propriedade de Maholéla)
Exemplar em brochura bem conservado.
Invulgar.
Com interesse histórico e ultramarino.
Indisponível