31 dezembro, 2020

CONVENÇÃO ORTOGRÁFICA DA LÍNGUA MIRANDESA
. Miranda do Douro / Lisboa, Câmara Municipal de Miranda do Douro /Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, 1999. In-4.º (23,5 cm) de 62, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Documento precioso, de grande utilidade para a história e compreensão da língua mirandesa.
Ilustrado com tabelas ao longo das páginas de texto e com um mapa de pormenor, em página inteira, das "Áreas leonesas em Portugal".
"No extremo nordeste de Portugal, ao longo da fronteira a sul de Alcanices, entre a ribeira de Angueira, a poente e sul, e o rio Douro, a nascente, existe um conjunto de aldeias onde as pessoas utilizam entre si duas línguas: o português e o mirandês. Os dois idiomas convivem actualmente numa situação de diglossia, isto é, de desigualdade de utilização: o primeiro é utilizado em qualquer circunstância, o segundo tem um uso mais restrito, geralmente confinado à família e às relações entre vizinhos ou aldeias. [...]
A origem do mirandês remonta ao período em que, numa zona muito mais vasta, incluindo as Astúrias e Leão, se começou a constituir um grupo de variedades romances com muitos traços comuns entre si e que as distinguem de outros romances também em formação - por um lado, o galego-português e, por outro, o castelhano."
(Excerto da Apresentação)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa ligeiramente manchada por acção da claridade.
Muito invulgar.
Com interesse histórico e etimológico.
15€

29 dezembro, 2020

RÉGIO, José - POESIA DE ONTEM E DE HOJE
. Plano de Educação Popular. Lisboa, Campanha Nacional de Educação de Adultos, 1956. In-8.º (16 cm) de 116 p. ; il. ; B. Colecção Educativa, série G, número 5.
1.ª edição.
Capa e ilustrações de António Vaz Pereira.
Compilação por José Régio, que prefacia o livro.
Ilustrado com belíssimas gravuras a cores em separado.
Exemplar em bom estado de conservação.
Invulgar.
10€

28 dezembro, 2020

BOTTO, Antonio - CIUME : canções. Lisboa : Rio de Janeiro, Edições Momento, [1934]. In-8.º (18 cm) de [112] p. ; B.
1.ª edição.
Apreciada obra poética de António Botto. Inclui Marginália com dois ensaios críticos:
Antonio Botto e o problema da sinceridade, por João Gaspar Simões;
Palavras, por José Régio.
Livro muito valorizado pela dedicatória autógrafa do poeta, datada de 1934, ao seu "ilustríssimo camarada Eugénio Navarro".

"Não mintas dessa maneira.

Vê-se -
Muito claramente,
Que é mentira quanto dizes,
E a mentira, muitas vezes,
- Quando não tem convicção
Em ves de afirmar, destroi
Toda a ilusão.

Mente com outro sorriso, -
Mas mente!,
Porque mentir
Infelizmente é preciso."

(Poema 8)

António Tomás Botto (1897-1959). "Nasceu em Concavada, Abrantes, no dia 17 de Agosto de 1897, e morreu atropelado no Rio de Janeiro a 16 de Março de 1959. Foi muito novo para Lisboa na companhia dos pais. Trabalhou numa livraria, indo depois para África como funcionário público. Em 1947 partiu para o Brasil. A sua obra poética, admirada por Fernando Pessoa e pelo grupo da Presença, é vasta. No entanto, a sua obra mais conhecida é Canções, publicada em 1921 e desde logo causa de escândalo nos meios intelectuais portugueses por ser uma obra explicitamente pederasta.
Obras: Poesia – Trovas (1917); Cantigas de Saudade (1918); Cantares (1919); Canções (diversas edições, acrescentadas e revistas pelo autor, publicadas entre 1921 e 1932); Canções do Sul; Motivos de Beleza (1923); Curiosidades Estéticas (1924); Pequenas Esculturas (1925); Olimpíadas (1927); Dandismo (1928); Ciúme (1934); Baionetas da Morte (1936); A Vida Que te Dei (1938); Sonetos (1938); O Livro do Povo (1944); Ódio e Amor (1947); Fátima - Poema do Mundo (1955); Ainda Não se Escreveu (1959). Ficção – António (1933); Isto Sucedeu Assim (1940); Os Contos de António Botto (literatura infantil, 1942); Ele Que Diga Se Eu Minto (1945). Teatro – Alfama (1933)."
(Fonte: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/botto.htm)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Corte lateral das folhas do livro, incluindo as capas, apresenta sinais antigos de humidade.
Invulgar.
35€

27 dezembro, 2020

HINDENBURG, Mariscal von - MEMORIAS DE MI VIDA.
Por el...
Madrid, Tipográfica Renovación, 1920. In-8.º (16 cm) de 447, [1] p. ; B. Biblioteca de "El Sol"
1.ª edição espanhola.
Memórias do marechal von Hindenburgh. Importante documento autobiográfico com relevância histórica - nunca publicado em português - abrangendo a sua carreira militar, sendo o período da Primeira Guerra Mundial - as decisões, estratégia e acontecimentos bélicos as que mais espaço ocupam.
Paul von Hindenburg (1847-1934), militar prussiano, comandante das forças do Exército Imperial Alemão durante a Grande Guerra, tendo posteriormente chegado à presidência da República de Weimar, cargo que desempenhou desde 1925 até sua morte, em 1934.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
A BNP descreve a obra sem no entanto referir qualquer exemplar.
Com interesse histórico e militar.
Indisponível

26 dezembro, 2020

GOMES, J. Reis - O ANEL DO IMPERADOR (Napoleão e a Madeira).
Memória romanceada lida na sessão da Classe de Letras da Academia das Ciências, de 18 de janeiro de 1934, e votada por unanimidade para publicação nas «Memórias» da mesma Academia. [Por]... Da Academia das Ciências de Lisboa
. Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1934. In-8.º (19 cm) de 132, [6] p. ; B.
1.ª edição.
Narrativa histórica sobre a passagem de Napoleão Bonaparte, o imperador dos franceses, pelo porto do Funchal a caminho do exílio na ilha de Santa Helena.
"Na manhã de 23 de Agosto de 1815, fundeava na baía do Funchal uma esquadra britânica, composta da nau almirante, a «Northumberland», das fragatas «Havana», «Bucephalus» e «Ceylon», e de mais seis brigues de guerra.
Pelas oito horas, toda a orla do pôrto estava aglomerada de gente. É que correra a voz de que a frota inglesa trazia a bordo Napoleão Bonaparte de passagem para Santa Helena, rochedo do seu exílio e que veio a sêr seu primeiro túmulo."
(Excerto do Cap. I, A caminho do exílio)
Índice:
À Academia das Ciências de Lisboa. | I - A caminho do exílio. II - O guerreiro e o homem. III - Amor sentimental. IV - O segrêdo de Bertrand.
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Lombada guarnecida com fita gomada.
Muito invulgar.
20€

25 dezembro, 2020

RÉGIO, José - O NATAL NA ARTE PORTUGUESA. Lisboa, Artis, 1965. In-4.º (25cm) de 18, [2], VI, [2] p. ; [40] f. il. ; E.
1.ª edição.
Livro luxuoso, produzido com grande esmero e apuro gráfico, impresso em papel encorpado e belissimamente ilustrado com 40 gravuras a p.b. e a cores que reproduzem telas de mestres portugueses subordinadas ao tema do Natal.
Estampas em heliogravura tiradas na Neogravura sobre fotografias de Mários Novaes, Castelo Branco, Teófilo Rego, Abreu Nunes, e outras cedidas pelo Museu Nacional de Arte Antiga.
"Se a arte não é senão uma certa forma de expressão do homem, na arte portuguesa havia de repercutir o encanto, o mistério e a alegria do Natal. Através da música, através da poesia, através da dança, através da escultura, através da pintura, através do teatro, - e quer nas suas manifestações populares quer nas cultas - foi e é comemorado o Natal pela gente portuguesa."
(Excerto do texto)
Encadernação editorial com
aplicação manual de gravura e ferros gravados a seco e a prata na pasta frontal.
Exemplar em bom estado geral de conservação, com defeito junto à extremidade superior da lombada.
Invulgar.
30€

24 dezembro, 2020

CUNHA, Armando Santinho & FERREIRA, F. E. Rodrigues - VIDA E MORTE NA ÉPOCA DE D. AFONSO HENRIQUES
. Lisboa, Hugin, 1998. In-4.º (23 cm) de 141, [3] p. ; [16] p. il. ; il. ; B.
1.ª edição.
Interessantíssimo estudo pioneiro na época - histórico e antropológico - sobre o ritual da morte e os usos e costumes na Lisboa medieval, reportando ao período da conquista de Lisboa aos mouros.
Livro muito ilustrado ao longo do texto com fotografias, desenhos e gráficos a p.b., e em separado com 16 páginas a cores reproduzindo artefactos, esboços, desenhos esquemáticos e plantas.
"Fruto parcial de 35 anos de investigação arqueológica em S. Vicente de Fora, a presente obra pretende, essencialmente, recuperar, pela via arqueológica, a comprovação da existência do cemitério que teria sido fundado por D. Afonso Henriques, para inumação dos cruzados que o auxiliaram na empresa da conquista e tomada de Lisboa aos mouros.
De uma forma inusitada e de várias formas inédita e pioneira entre nós, ensaiou-se uma leitura antropológica que em perfeita simbiose com a arqueologia, a biologia, a química e os modernos processos de datação, permitiram recuperar até o gestual dos homens que combateram com D. Afonso Henriques e de um núcleo de moçárabes que viveria na velha Lisboa moura.
Pela primeira vez em Portugal, no âmbito da arqueologia, ensaiou-se a determinação do ADN, com vista ao estabelecimento de relações étnicas entre a população moçárabe e, dentro desta, relações familiares entre os inumados do mesmo túmulo."
(Sinopse retirada da contracapa)
Índice:
Agradecimentos. | Nota prévia. | S. Vicente de Fora, o espaço, o tempo, o contexto. | Contexto histórico e arqueológico de S. Vicente de Fora. | O cemitério dos cruzados, referências documentais. | O ossário de S. Vicente de Fora. | Escavação do cemitério de abóbada, carneiro da igreja. | Tecidos, como se vestiam para morrer, no século XII. | Antropologia física, métodos de estudo. | Características diferenciais do sexo em osteometria: Estatura; Idade na altura da morte. | Raciologia: Morbilidades; Neoplasias; Infecções e doenças degenerativas dos maxilares e dentes; Dados demográficos. | Necrópole moçárabe, cemitério dos cruzados. | Escavação da sacristia da actual igreja de S. Vicente de Fora: Descrição das sepulturas. | Descrição das ossadas. | Aspectos estatísticos: Necópole teutónica; Necrópole moçárabe; Estatura; Idade; Determinação do ácido desoxiribonucleíco (vulgarmente ADN). | Osteometria. | A ritualização da morte. | Bibliografia.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico.
25€

23 dezembro, 2020

HISTÓRIA DO REGIMENTO DE INFANTARIA N.º 1 : 1648--1942. [S.l.], [s.n. - Comp. e imp. na Imprensa dos Pupilos do Exército, Lisboa], [19--]. In-8.º (21 cm) de 72 p. ; B.
1.ª edição.
Resenha histórica do Regimento de Infantaria n.º 1, com múltiplas referências à sua participação na Grande Guerra e um capítulo dedicado ao conflito que traça o roteiro do Regimento por terras de França, incluindo a descrição da batalha de La Lys. Enumera ainda as perdas de Infantaria n.º 1 na Flandres - mortos, feridos, gaseados e prisioneiros.
No final do livro em "Um exemplo de bravura e de brio militares" é descrita a acção heróica do soldado Francisco Balbino - servente n.º 1 de metralhadoras - em 9 de Abril de 1918, durante a Batalha do Lys.
Contém o hino do Regimento de Infantaria n.º 1, a lista dos seus comandantes e das suas efemérides.
"Em Agôsto de 1914 rebenta a Grande Guerra, declarando o Chefe do Govêrno Português, no Parlamento, no dia 8 dêsse mês, que Portugal em circunstância alguma faltaria aos deveres de aliança, livremente contraídos com a Inglaterra.
Como consequência desta política é logo em Outubro organizada uma Divisão completa a que se dá o nome de Divisão Auxiliar à França, a qual se deveria preparar para marchar oportunamente a enfileirar-se ao lado dos aliados na frente ocidental da Europa. Desta Divisão deveria fazer parte o 1.º batalhão do Regimento de Infantaria n.º 1.
Os aliados, porém, pretendem que Portugal se não comprometa com uma declaração de guerra e pedem simplesmente que lhe seja fornecida artelharia.O Ministro da Guerra opôs-se, por entender que seria uma afronta para o Exército Português o fornecimento de material sem o pessoal para o servir.
As negociações diplomáticas vão-se arrastando e a 9 de Agôsto de 1915 o Govêrno Português resolve que a Divisão cuja mobilização se estava preparando como auxiliar à França, passaria a ser destinada a criar um nucleo de tropas capaz de fazer face a qualquer emergência onde quer que se tornasse necessária a sua intervenção. E assim nasceu a Divisão de Instrução que, em Março de 1916, se reüniu no Campo de Manobras de Tancos, a fim-de se preparar para a eventualidade reputada inevitavel de combater o inimigo no Continente da República, nas nossas Colónias, ou em qualquer parte do Mundo. [...]
Foi a Divisão de Instrução que veio a constituir o nucleo do Corpo Expedicionário Português que, a partir de Janeiro de 1917, foi enviado a França, enfileirando-se ao lado dos aliados, a fim-de combater os alemães que no dia 9 de Março de 1916 nos tinham declarado a guerra.
A 27 de Maio de 1917 embarcou para França o 1.º Batalhão do Regimento de Infantaria n.º 1, indo acantonar em Ouwe-Werquim onde começou a receber instrução. Passado um mês mudou para Euquim-les-Mines de onde as companhias isoladamente foram completar a sua instrução ás trincheiras inglesas proximas de Locon. [...]
Em 21 de Novembro de 1917 foi render Infantaria n.º 14 no sector de Fauquissart II.
Pelas 15 horas de 23 dêsse mesmo mês um intenso bombardeamento de artelharia e morteiros é feito sobre as 1.ª e 2.ª linhas, trincheiras de comunicação e comando do batalhão.
Após 10 minutos de fogo, forças alemãs, no efectivo de aproximadamente 1 companhia, lançam-se ao assalto da 1.ª linha, onde havia um saliente, o Red Lamp Corner, que estava apenas a 40 metros das trincheiras inimigas e foi o primeiro a ser assaltado.
Encontrava-se neste saliente um posto com o efectivo de 6 praças comandadas por um 2.º cabo que, depois de atacado à granada de mão e a tiro de pistola, é intimado a render-se, chegando mesmo algumas praças a ser agarradas pelo inimigo. A guarnição responde, porem, a esta intimação com um fogo vivo de espingarda e granada de mão, travando-se um combate renhido de que resultou ficarem feridos 1 oficial e alguns soldados alemães, um dos quais foi feito prisioneiro.
Repelida esta investida, novas se fazem mas foram também repelidas e com o mesmo denodo, mostrando sempre as praças o maior sangue-frio."
(Excerto de A acção do Regimento de Infantaria n.º 1 durante a Grande Guerra)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com defeitos.
Raro.
25€

22 dezembro, 2020

NORONHA, Eduardo de - O VESTUARIO : historia do traje desde os tempos mais remotos até á Idade-Média.
Compilação das obras de maior autoridade sobre o assunto. Ornada com mais de duzentas gravuras. Lisboa, Imprensa Libanio da Silva, 1911. In-8.º (19 cm) de 317, [3] p. ; mto il. ; B.

1.ª edição.
 
Interessante monografia sobre a história do vestuário.
Obra ilustrada com duas centenas de belas gravuras a acompanhar o texto.
"Todas as nações civilizadas, que dispôem de ampla instrução publica, possuem obras mais ou menos desenvolvidas sobre a indumentaria ou historia do vestuario, uniformes, armaria, ceramica, mobiliario, meios de transporte, ourivesaria, carpintaria, etc., etc. As tentaivas feitas em Portugal e, se não estamos em erro, no Brasil, neste genero, teem sido tão pequenas e tão isoladas que, quasi se pode afirmar, não contam nenhum trabalho completo.
Seria prolixo demonstrar quanto é necessaria ás pessoas que se dedicam ás Bellas Artes; ao operariado de diversas industrias, graficas ou não; aos artistas de theatro; aos que exercem a sua actividade de espirito na literatura, em geral, e na dramaturgia, em particular; aos escritores militares; aos jornalistas; aos críticos de arte; e até ás creanças; a quantos aproveita o estudo da archeologia, de perto ou de longe, que são todos quantos teem olhos para ver e cerebro para pensar, especialistas ou amadores, uma obra desta categoria."
(Excerto da introdução, Ao leitor)
 
Matérias: I - Semitas e etíopes. II - Cananeos, fenicios e hebreus. III - Assyrios e babylonios. IV - Os arabes. V - Médos, persas e tríbus da Asia Menor. VI - Os gregos. VII - Os etruscos. VIII - Romanos. IX - Celtas (gallos) e germanos. X - Sarmatas e dacios. XI - Scytas e partos. XII - Os ultimos tempos da Roma christan. XIII - Os byzantinos. XIV - Anglo-saxões e anglo-normandos. XV - Francos. XVI - A França feudal. XVII - Os allemas na Italia. XVIII - Italianos. XIX - Inglêses e francêses. XX - Hespanhoes e mouros. XXI - A Alemanha nos seculos XIV e XV. XXII - Vida mediéva, militar e particular.
Exemplar brochado em em bom estado geral de conservação. Capa apresenta pequena falha de papel nos cantos.
Invulgar.
20€

21 dezembro, 2020

SERRÃO, Arnaldo - VIDA PASSADA
. Lisboa, Imprensa de Manuel Lucas Tôrres, 1914. In-8.º (20 cm) de 216, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Interessante conjunto de contos inéditos de cariz realista e anticlerical, na sua maioria escritos no último quartel do século XIX, e reunidos em livro para esta edição, única publicada. Nada foi possível apurar acerca do autor.
"Dia de arraial.
No adro havia arcos e galhardetes e o borborinho alegre dos dias festivos; na capella onde se venerava a santa padroeira d'aquelles povos o repique vibrante de sinos; do campo vinham risadas da natureza; e do ceu azul  cahia um sol alegre, quente e revivicador, que animava a festa.
Os casaes despovoavam-se.
Maridos ao lado das mulheres, filhos atrás dos paes, namorados seguindo as namoradas, todos iam, caminho da aldeia, onde estalavam foguetes; e, nas tabernas o vinho generoso trepando nos estomagos, descia nas vasilhas e esquentava as cabeças.
No adro irrompiam ranchos de raparigas, trazendo, adiante si, bellos mocetões que tangiam violas."
(Excerto de Crimes hediondos)
Indice:
Crimes hediondos. | Scenas da aldeia. | Propaganda christã. | Coisas espantosas. | Transfusão de sangue. | Nuances. | Coisas que succedem.
Encadernação inteira de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
A BNP dá notícia da obra, sem no entanto ter registo de qualquer exemplar.
Indisponível

20 dezembro, 2020

CABREIRA, António - DETERMINAÇÃO EXACTA DA DATA DA MORTE DE CRISTO : ilustrada com a mais antiga iconografia da crucificação.
Por... Conde de Lagos
. Lisboa, Edição do Autor, 1933. In-4.º (26 cm) de [2], 28, [6] p. ; [2] f. il. ; [1] f. desdob. ; B.
1.ª edição.
Curioso trabalho histórico sobre a determinação temporal da morte de Jesus Cristo.
Livro impresso em papel de superior qualidade, ilustrado com duas estampas extratexto, sendo uma delas o retrato do autor, e a outra, A mais antiga iconografia da Crucificação (Século VI). Inclui ainda em folha separada do texto um desdobrável: Plano-esquêma dedutivo da solução.
"Os primeiros três Evangelhos conduzem, literalmente, à data 7 de Abril de 30. O Evangelho, segundo S. Mateus, diz que a Ceia se efectuou «no primeiro dia da festa dos pães asmos» chegada a «tarde». Ambas as afirmações estão reproduzidas, quasi textualmente, no Evangelho, segundo S. Marcos, vendo-se, também, a primeira, em substância, no Evangelho, segundo S. Lucas, que, em vez de «tarde», emprega «hora». E como o dia hebraico se antecipa seis horas ao dia civil, e se depreende de todos os textos que Cristo foi crucificado em sexta feira, a data a deduzir será aquela em que o dia 15 de Nissan tiver sido sexta feira, durante os anos de 28 a 36, no decorrer dos quais, se sabe, Pilatos governou a Judea."
(Excerto do Cap. I, Dualidade aparente de solução)
Matérias:
I - Dualidade aparente de solução. II - Determinação indirecta. III - Determinação directa. IV - Hipóteses de diversos autores. V - A mais antiga iconografia da Crucificação.
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

19 dezembro, 2020

COSTA, P.ᵉ Avelino de Jesus da - A ORDEM DE CLUNY EM PORTUGAL.
[Pelo]... Bolseiro do Instituto para a Alta Cultura
. [S.l.], Edições Cenáculo, 1948. In-4.º (24 cm) de 40 p. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio sobre a Ordem de Cluny em Portugal, e para a gesta da fundação da nacionalidade.
"A 11 de Outubro de 910, Guilherme o Pio, Duque de Aquitânea, fundou em Cluny, no Departamento de Saône-e-Loire (Borgonha, França), o mosteiro beneditino de S. Pedro.
Este mosteiro, situado num lugar deserto, tornou-se um dos mais importantes de todo o mundo por ser a casa-mãe da grande Ordem religiosa do mesmo nome.
Segundo os «Costumes de Cluny», os religiosos estavam obrigados à mortificação, obediência, silêncio, trabalho manual, estudos das ciências sagradas e profanas e hospitalidade para com os estrangeiros.
O prestígio dos sucessivos Abades e dos respectivos monges fêz com que a nova Congregação se ramificasse ràpidamente por tôda a França, onde, no século XII, contava dois mil mosteiros.
Os conventos beneditinos, que adoptaram esta reforma e que até então eram autónomos, passaram a obedecer ao Abade de Cluny, chamado, por isso, o Abade dos Abades."
(Excerto do Cap. I, Introdução: Fundação e influência)
"O Conde D. Henrique veio à Espanha «para ser o fundador da independência dos Portugueses» afirmou Herculano.
Esta vinda e independência não foram ocasionais, mas a consequência lógica da política que, desde há muito, a França vinha seguindo na Península, procurando «conquistar posições que não só lhe facultassem a necessária vigilância sobre os Sarracenos, mas impedissem a formação de um império de inconveniente grandeza para a jovem monarquia dos Capetos». [...]
Dentro desta política de equilíbrio peninsular, a Ordem de Cluny amparou e orientou as tendências autonomistas que se iam revelando, quando não era ela mesma que as fazia desabrochar. [...]
O Conde D. Henrique, que, após o casamento com D. Teresa, recebera o Condado Portucalense em dote, governava-o sob a direcção superior de Afonso VI.
O Conde, porém, aparece-nos, em breve, cercado de uma côrte quase régia, dando mostras de um desejo ardente de conquistar plena autonomia, no que ia de encontro a antigas tradições e «a ancestrais aspirações à independência». [...]
D. Henrique encontrou um poderoso auxilar na Ordem de Cluny, cujos monges defendiam, como dissemos, os interesses das terras onde se encontravam, como se dela fossem naturais, para mais fàcilmente cumprirem a sua missão religiosa."
(Excerto do Cap. II, Cluny na formação de Portugal: Preparando o ambiente; Em defesa da independência)
Matérias:
I - Introdução: Fundação e influência; Cluny e Afonso VI de Castela. | II - Cluny na formação de Portugal: Preparando o ambiente; Em defesa da independência; S. Geraldo; D. Maurício Burdino; Gratidão a Cluny. | III - Decadência de Cluny: No governo de D. Teresa; No reinado de D. Afonso Henriques; Cluny não foi hostil à nossa independência; Os mosteiros clunianenses nunca foram dos Cónegos Regrantes; D. Afonso Henriques não extinguiu os Mosteiros de Cluny; Visitas e Capítulos Gerais de Cluny. | Apêndice: [19 Documentos] - A) Documentos do Mosteiro de Rates. B) Documentos de Vimieiro. C) Documentos de Santa Justa de Coimbra.
Avelino de Jesus da Costa (1908-2000). "Nascido em Janeiro de 1908 na pequena aldeia de Vila Chã (Ponte da Barca), no norte de Portugal. Criado no seio de urna familia crista, despertou ai a sua vocacào sacerdotal. Ingressou nos Seminarios da Arquidiocese de Braga em 1920. Foi ordenado presbítero em 1933, tendo antes frequentado a Faculdade de Filosofía da Universidade Gregoriana, em Roma. Por motivo de doença, que o obrigou, desde então, a ter especiais cuidados com a saúde, regressou a Portugal com o grau de bacharel. Depois de leccionar durante dez anos no Seminário Menor de Braga, frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Ciências Históricas e Filosóficas, em 1951, com a tese «Calendários Portugueses Medievais». No ano seguinte foi contratado para segundo assistente da Faculdade de Letras. Prestou provas de doutoramento em 16 de Dezembro de 1960, tendo apresentado a tese «O bispo D. Pedro e a organização da Diocese de Braga». Ascendeu a catedrático em 1971. Em Outubro de 1972 foi nomeado cónego da Sé de Braga.
(Fonte: https://core.ac.uk/download/pdf/83563737.pdf)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

18 dezembro, 2020

SALAMONDE, Eduardo - BORDALLO PINHEIRO. Rio de Janeiro, [s.n. - Typographia Aldina, Rio], 1899. In-8.º (18,5 cm) de 48, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Folheto mandado imprimir por um grupo de amigos de Rafael Bordalo Pinheiro residentes no Rio de Janeiro, pretendendo desta forma homenagear o homem e o artista.
A obra divide-se em duas partes, sendo a primeira dedicada a Bordalo Pinheiro, o caricaturista - e a segunda, a Bordalo Pinheiro, o oleiro, com alusões históricas à indústria das Caldas.
Ilustrado com um retrato do homenageado em página inteira.
"Eça de Queiroz e Bordallo Pinheiro parecem ser os mais claros e poderosos representantes da arte portugueza ao findar este seculo febril, em que a nivelação das intelligencias, o derramamento da cultura, a aproximação cada vez mais intima dos corações e dos cerebros vão desnacionalizando a arte, dando a todas as expressões de sensibilidade e de pensamento como que um unico typo de emoções e de idéas. [...]
Ora, em Portugal um dos dois grandes homens, que comprehenderam o povo, que sentiram a sua tradição, que a accomodaram ás exigencias do seculo, que lhe descobriram os grande veios emocionaes, que deram á obscuridade da sua força productora a fascinação de uma admiravel renascença, foi Raphael Bordallo Pinheiro.
Quando ha vinte annos nos deixou, elle era simplesmente, mas inimitavelmente, um caricaturista."
(Excerto do Cap. I, O caricaturista)
"A esse sentimento da tradição, profundo em Raphael Bordallo Pinheiro, se deve o renascimento da industria ceramica das Caldas, de que tão curiosos vasos, tigelas, pucaros, malgas, infusas e panellas, com o seu relevo tão vivo e o seu esmalte tão alegre, attestavam a excellencia do barro e o gosto dos antigos oleiros. A região das Caldas é de velha data um viveiro de obscuros artistas, em que a aptidão technica e o senso profissional se desenvolvem, tornando-se como innatos, á força de passar de pais a filhos, no correr de seculos, esse officio da fabricação de louça. [...]
Dar alento a uma industria que modorrava; crear uma grande fonte de actividade e de producção; estabelecer ao mesmo tempo com essa manufactura de tanto prestimo e tão superior belleza um fóco de alta educação artistica."
(Excerto de O oleiro)
Encadernação editoria em percalina com ferros gravados a seco e a ouro na pasta anterior.
Exemplar em bom estado de conservação. Sem f. anterrosto.
Raro.
Sem registo na BNP.
Com interesse bordaliano.
Peça de colecção.
Indisponível

17 dezembro, 2020

EXTRACTOS DAS ANALYSES SCIENTIFICAS E PRATICAS DO CARVÃO DE PEDRA DAS MINAS DO CABO MONDEGO SITUADAS NA FREGUEZIA DE BUARCOS, CONCELHO DA FIGUEIRA DA FOZ, DISTRICTO DE COIMBRA.
E de varios relatorios officiaes de engenheiros nacionaes e estrangeiros sobre a extensão e importancia d'aquelles jazigos, cujos extractos acompanharam o relatorio que foi presente á assembléa geral ordinaria da Companhia Mineira e Industrial do Cabo Mondego em sessão de 31 de agosto de 1880
. Lisboa, Imprensa de J. G. de Sousa Neves, 1880. In-8.º (21,5 cm) de 20 p. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história das Minas do Cabo Mondego.
"A mina de carvão Cabo Mondego é a mais antiga exploração desta natureza em território português, fazendo recuar a tradição da lavra carbonífera organizada ao início da segunda metade do século XVIII. O seu histórico de exploração encontra-se amplamente documentado, assim como o seu papel no desenvolvimento industrial do país, desde o dealbar da Revolução Industrial. Não obstante as numerosas dificuldades técnicas e económicas pelas quais passaram os seus concessionários, aliadas a custos de extração elevados e da má qualidade do carvão, que dificilmente podia competir com as hulhas importadas do Reino Unido, a mina laborou quase ininterruptamente até à década de sessenta do século passado, altura em que um incêndio ditou o seu encerramento definitivo."
(Fonte: https://www.researchgate.net/publication/286252959_A_mina_de_carvao_do_Cabo_Mondego_200_anos_de_exploracao)
"Temos julgado desnecessario, até hoje, a publicação de documentos importantes que possuimos sobre a qualidade de carvão das nossas minas do Cabo Mondego, bem como a riquesa dos seus jazigos.
Os elevados fretes do porto da Figueira para Lisboa e Porto impediam-nos de poder concorrer com o carvão inglez, que n'estes ultimos annos se tem vendido, nos nossos principaes mercados, por baixo preço.
Os consumidores da localidade e proximidades conheciam, de sobra, as boas qualidades industriaes d'este combustivel e os que as ignoravam tinham para attestar o seu emprego constante nas forjas, fornos de fabricação de vidraça e garrafas, maquinas a vapor, fornos de tijolo, telha e cal, das fabricas que possuimos junto d'aquellas minas.
Como porém, dentro d'alguns mezes, ficaremos ligados á principal rede dos caminhos de ferro do paiz, devemos desenterrar dos nossos archivos esses preciosos documentos, não só para fazer luz sobre uma parte importante da historia mineralogica e industrial d'esta importante região, mas tambem para desvanecer qualquer suspeita, de algum espirito sceptico ou pouco patriotico, que só julga bom o que é de proveniencia estrangeira."
(Excerto do Relatório)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com manchas e pequenos defeitos.
Raro.
Com interesse histórico e regional.
Indisponível

16 dezembro, 2020

FAROL, Antonio F. de Ferrer - A LIBERTINAGEM PERANTE A HISTORIA, A PHILOSOPHIA, E A MEDICINA DO CASAMENTO POR AMOR COM BASE NA REGENERAÇÃO SOCIAL. These apresentada á Escola Medico-Cirurgica do Porto para ser defendida pelo alumno do quinto anno... Porto, Typographia de José Pereira da Silva & F.º, 1865. In-4.º (27x20 cm) de 67, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Curiosa e algo insólita
tese académica sobre a libertinagem publicada em meados do século XIX.
"A libertinagem, olhada á luz da medicina, é o flagello que mais corrompe a humanidade. Paixão violenta, seductora aos olhos da mocidade inexperiente, essencialmente devastadora, é a libertinagem a causa proxima de horrorosos estados morbidos, que anniquillam a vitalidade mais resistente. A philosophia biblica e o dogma hippocratico erguem-se ao mesmo tempo contra esta aberração do espirito humano, que, gerando as trevas do mundo physico e moral, e collocando a sociedade n'uma posição baixa, miseravel e abjecta, tenta despedaçar todos os élos, pelos quaes sômos ligados á sublimidade, a que temos direito, como a obra prima do Supremo Ser.
No estudo d'esta paixão, dominante na geração moderna, tem o medico vasto campo para pôr em acção todos os seus recursos. E baldado não será o esforço que a tanto se abalançar. A actualidade escutará, em questões d'esta ordem, com mais respeito a voz da sciencia, do que as leis da moral. Embalada no berço sensualista, parece preferir agora o horror do tumulo á abjuração dos prazeres."
(Excerto da Introducção, I)

Matérias:
Introducção: I; II; III; IV; V. | Pederastia: I - Preâmbulo]. II - Causas sociaes; Causas physiologicas. III - Quaes são os effeitos da pederastia? IV. | Onanismo solitario no sexo feminino: I; II; III. | Onanismo solitario no sexo masculino: I; II. | Onanismo conjugal: I; II; III; IV. | Syphilis como effeito da polyandria exercida nas mulheres publicas. | Do casamento por amor - como base da regeneração social: I; II; III; IV; V; VI. | Em conclusão. | Proposições.
António Fernandes de Figueiredo Ferrer Farol (1839-1893). "Médico pela Escola Médico-cirúrgica do Porto. Nasceu em Viseu a 5 de junho de 1839, faleceu a 8 de maio de 1893. Foi um dos estudantes mais distintos do seu curso, que terminou em 1865, publicando no Porto, nesse ano, a sua tese com o título de A libertinagem perante a historia, a filosofia, e a patologia em geral. Entrou depois para o serviço médico do exército. Vindo para Lisboa em 1870, por tal forma começou a afirmar o seu talento médico que teve de pedir licença do serviço militar, para se entregar inteiramente à sua clínica que se tornou numerosa. Em 1873 estabeleceu na praça de D. Pedro, com o dr. Matos Chaves, um posto médico, que foi um dos primeiros que existiram em Lisboa. Dedicou-se também ao jornalismo, fundando em 1871 a Tribuna, folha de combate, que fez época. Foi director e redactor do seu jornal, tornando-se um escritor vigoroso e ao mesmo tempo elegante."

(Fonte: http://www.arqnet.pt/dicionario/farolantonio.html)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas apresentam 

manchas de acidez.
Muito raro.
75€

15 dezembro, 2020

CEBOLA, Luiz - A MENTALIDADE DOS EPILEPTICOS. Lisboa, Livraria Editora Viuva Tavares Cardoso, 1906. In-8.º (21,5 cm) de 172 p. ; [7] f. il. ; B.
1.ª edição.
Tese de final de curso do conhecido médico alienista Luís Cebola, discípulo de Miguel Bombarda (1851-1910), eminente médico e político republicano.
Com ilustrações intercaladas no texto reproduzindo sete desenhos de pacientes que integram o estudo.
"O ribombo da nuvem que faiscava na amplidão do ceu, o sibilo do vento ramalhando atravez das florestas colossaes, o marulho da onda encapelada e turva e outros phenomenos cosmicos aterravam o homem primitivo. Desconhecendo o seu determinismo, prostrava-se em oração ante esses factos que se lhe deparavam como phantasmas enigmaticos. Era o alvorecer das religiões, creadas pelo medo que o mysterio gerava. [...]
Com o advento da edade media e pathologia do Diabo attinge a maxima plenitude.
Os conventos guardam fervorosamente reliquias e tradições inuteis. Explora-se a crendice popular sob intuitos religiosos e politicos.
Os que não crêm nos designios supremos são torturados nos carceres ou queimados nas fogueiras. Alastram n'um crescente epidemico os delirios de hystero-demonopathia. Contra Belzebú proclama-se remedio efficaz o exorcismo. [...]
N'estas epocas d'obscurantismo, os alienados são perseguidos, atirados para masmorras infectas e por vezes entregues ao carrasco ou abandonados á sua miseria e inconsciencia. [...]
E ainda hoje, a despeito de tanyas maravilhas scientificas, o Prodigio e a Chiromancia assentam arraiaes nos meios mais requintados de progresso... [...]
Todavia, já muito se tem conseguido no campo da verdade. [...]
Com effeito a interpretação scientifica dos milagres e dos delirios fatidicos fez emmudecer os espiritos de segunda vista, explicando-se as convulsões diabolicas, as palavras interiores e as visões mysticas. Cavalgando o Sobrenatural, a Sciencia rasgou, emfim, o espantalho do Maravilhoso.
O cerebro, no emtanto, esconde ainda muitos segredos no fundo das suas circumvoluções. É preciso sonda-los, aprehende-los e traze-los a lume. O seu conhecimento da-nos o conhecimento do homem. [...]
Infelizmente as doenças nervosas tende a augmentar cada vez mais. Na sua etiologia avulta a intensidade da vida actual. Por seu turno, a syphilis e o alcoolismo ateiam a devastação organica dos esgotados que vemos todos os dias, em grande numero, baixarem aos manicomios.
Ao medico incumbe o dever d'investigar os motivos das aberrações physicas, fixar as diversas entidades morbidas e aconselhar aos profanos os preceitos da hygiene da alma. Inquirir, curar e moralisar. Eis o verdadeiro medico - psychologo, therapeuta e moralista."
(Excerto do preâmbulo)

Luís Cebola (Alcochete, 1876 - Lisboa, 1967). "Médico alienista, estudou no Colégio Almeida Garrett, em Aldeia Galega (actual Montijo), onde completou os três primeiros anos do curso liceal, sendo depois transferido para o Liceu Nacional de Évora. De 1895 a 1900, realizou a preparação para os estudos médico-cirúrgicos na Escola Politécnica de Lisboa. Estudou na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa de 1899 a 1906.
A decisão de seguir a especialidade de doenças nervosas ou psiquiatria surgiu, segundo Cebola, durante o 4.º ano do curso, após a leitura do livro, Les psychonévroses et leur traitement moral (1904), do neuropatologista suíço Paul Charles Dubois (1848-1918). Em 1906 defendeu a sua tese inaugural, A Mentalidade dos Epilépticos, sob a orientação do Professor Miguel Bombarda no Hospital de Rilhafoles. O objectivo do seu trabalho consistiu em investigar se havia alguma lei psicopatológica nos escritos e obras artísticas (desenhos, cartas, livros, etc.) dos epilépticos aí internados. Para além disso, pôs em causa a tese defendida por César Lombroso (1835-1909), médico legista italiano, na sua obra O Homem de Génio (1889). Nesta afirmava que o génio era uma condição mórbida, e resultava de uma psicose de natureza epiléptica. Cebola considerava que o maior erro desta tese era o de defender que a inspiração criativa apenas ocorria nos espíritos superiores. Segundo Cebola, o acto de inspiração artística obedecia aos mesmos processos em todos os homens, podendo apenas haver diferença de grau. Concluiu que o génio não era sinónimo de degeneração epiléptica, ou nas suas palavras, o homem de génio “é progresso e não degenerescência”. Foi publicado a 26 de Agosto de 1906, um artigo dedicado a este capítulo da tese de Luís Cebola, na revista dirigida por Miguel Bombarda, A Medicina Contemporanea."
(Fonte: wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta falha de papel no canto superior esquerdo. Mancha ténue de humidade atinge a capa e a f. anterrosto. A numeração das páginas não estará correcta; às primeiras 16 páginas (inumeradas), que inclui as folhas de rosto, anterrosto e preâmbulo, seguem-se as restantes com início na página 29, o que indicia encontrarem-se em falta 12 páginas do livro, desmentidas no entanto pela sequência lógica da obra, que aparenta não existirem faltas, mas sim numeração errada.

Muito raro.
Com interesse histórico e clínico.
Sem registo na BNP.
Indisponível

14 dezembro, 2020

TABERNAS DE LISBOA.
Luis Pavão: fotografias. Mário Pereira: texto
. Lisboa, Assírio e Alvim, 1981. In-4.º (24x21 cm) de 34, [3] p. ; [94] p. il. ; B.
1.ª edição.
Importante monografia sobre as tabernas da capital com indubitável relevância cultural, etnográfica e sociológica.
Livro impresso em papel de superior qualidade, muitíssimo ilustrado com 98 belíssimas fotografias a p.b. de Luís Pavão ao longo de 94 páginas separadas do texto.
"Lisboa regista na segunda metade do séc. XIX uma grande modificação que acabará por marcá-la profundamente: a industrialização. A sua natureza e função, tradicionalmente comercial e administrativa sofrerá o impacto dos surtos industrializantes com as consequentes repercussões urbanísticas e demográficas. A capital, que, aquando do anterior grande enquadramento urbanístico que foi a baixa pombalina, tinha o seu termo em sítios como: Portas de Santa Apolónia, Convento de Arroios, Arco do Cego, S. Sebastião, Penha de França, Mirante da Ajuda e Campo de Ourique, até à fábrica da Pólvora em Alcântara, começa, a partir de meados do séc. XIX, a estender-se ao longo do Tejo e a crescer para Norte. [...]
Há bairros "bem arejados", que fornecem os passeantes do "Passeio Público", que fornecem os frequentadores das corridas de cavalos em Belém e as "coquettes" do S. Carlos, Coliseu e D.ª Maria, que fornecem ainda o dandismo que invade os cafés lisboetas, bem como os cafés-concerto que faziam as delícias da ostentativa burguesia da cidade... a esses bairros contrapõem-se os deploráveis e insalubres bairros operários (as "Vilas"), povoados por uma desenraizada população, sempre pronta a afogar no álcool a miséria, a incerteza e as frustrações. [...]
Mas o que é uma taberna?
Para um erudito do séc. XVIII (padre Raphael Bluteau), tabernas eram as casas "onde se vende vinho e algumas coisas de comer"; no entanto, como actividade económica, a taberna lisboeta manteve até aos nossos dias uma dependência onde se vendia carvão, que era uma fonte energética que vinha de fora (Coruche, Benavente e Santarém) e que era descarregado (no séc. XVIII) naquilo que hoje seria o terminal petrolífero, mas que na época era o "Cais do Carvão". Se a taberna tinha um interesse económico que as circunscrevia praticamente a estes dois produtos, a importância social e o interesse da taberna não se esgotam num petisco, num meio quartilho ou num saco de carvão. [...]
Esta é a realidade sociológica da taberna: um espaço de convívio, um espaço de contacto cuja autenticidade proporciona vivências excepcionalmente ricas. Os tipos de relações que se estabelecem assumem algo de proibitivo, algo que as estruturas mentais dominantes não aceitam como normal, assemelham-se a uma transgressão da ordem de valores dominantes. [...]
A taberna proporciona(va) um convívio diferente, único pela ambiência da marginalidade, limitado a uma (sempre renovável) noite de boémia, que poderia eventualmente ser interrompida por uma rusga."
(Excerto de A taberna : um espaço social)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta pequena falha de papel na margem inferior.
Muito invulgar.
Com interesse histórico e olisiponense.
Indisponível

12 dezembro, 2020

CARVALHO, Manoel Pedro Henriques de – NOTICIA HISTORICA SOBRE A ORIGEM DA POBRESA E DA MENDICIDADE, DAS SUAS CAUSAS MAIS INFLUENTES, DOS SEUS ESPANTOSOS PROGRESSOS, FINALMENTE DOS MEIOS QUE TEM TENTADO EM ALGUMAS NAÇÕES PARA REPRIMIR UMA, E ANNIQUILLAR A OUTRA. Por… cirurgião em Lisboa. Lisboa, Na Typographia de Filippe Nery. Anno 1835. In-8.º (20 cm) de [2], 46, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Estudo sobre a pobreza e a mendicidade, trabalho com interesse histórico e social.
"Quando lançamos um golpe de vista reflectido, sobre esta immensa quantidade de pobres e de mendigos, que por toda a parte nos importuna e incommoda, para quem as leis e a sociedade não tem sido de muito grande vantagem, massas turbulentas e corrompidas, que constituem um exercito ás ordens dos inimigos da liberdade e da Nação, como não devem elles ser olhados com piedade e rancor, por todos os bons amigos da ordem, e da Patria? Isto sómente bastaria, quando não tivessemos allegado as muitas outras ponderosas rasões, para fazer com que um bom Governo, tome muito promptas, e energicas providencias, a respeito da pobresa e da mendicidade, socorrendo uma, e anniquillando a outra."
Matérias:
Discurso preliminar. | Primeira Parte: [Caracterização histórica da pobreza e da mendicidade.]. Segunda Parte: Dos meios que tem tentado em differentes épocas, para reprimir e anniquillar a pobresa e a mendicidade. Systema nascido e posto em pratica na America Ingleza, para reprimir e anniquillar a pobresa e a mendicidade [Sistema Penitenciário]. | Conclusão.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta orifícios de traça marginais.
Raro.
Indisponível

11 dezembro, 2020

CHAVES, Casimiro Thomaz - MYSTERIOS DA POLICIA CIVIL DA COMPANHIA DO OLHO VIVO E DOS GATUNOS E RATONEIROS DE LISBOA.
Por...
Lisboa, 273 - Imprensa - Rua da Rosa, 275, 1879. In-8.º (22,5 cm) de 40 p. ; B.
1.ª edição.
Folheto-denúncia escrito na Cadeia do Limoeiro e publicado a expensas do autor, que se diz vítima da um "gangue" de vigaristas onde se incluem membros da polícia de Lisboa, tendo sido por estes últimos injustamente encarcerado e maltratado. Ao longo do opúsculo narra pormenorizadamente tudo a que foi sujeito, identifica os meliantes um a um e respectivas ocupações, e os policiais participantes da trama.
Na última página é anunciada a futura impressão da minuta de agravo e as razões da prisão do autor que no entanto, aparentemente, nunca viria a ser publicada.
"Dou á publicidade o presente livro, que tem o titulo de - Mysterios da Policia Civil e da nova Companhia do Olho Vivo - essa terrivel companhia que tem reduzido á mizeria tantas familias, para o publico bem apreciar, o que é hoje desgraçadamente a nossa policia, e os contracto que com ella tinha, para effectuarem as suas bem combinadas traficancias, e oos contractos que ella tem com os gatunos e ratoneiros de Lisboa. Sou a isso levado, por ter sido uma victima atroz de toda esta gente, que se combinou para me metterem na cadeia, e isto só pelo receio e medo que todos teem de mim.
Vou pois descobrir alguns dos seus mais intimos segredos, pedindo ao publico a sua muita attenção, que tanto merece este folheto, e assim tirarei a  venda dos olhos a muitos que ainda hoje a tem.
As minhas precarias circumstancias, e por estar encerrado innocentemente n'uma prisão, obrigam-me a offerecer este folheto e mandal-o pôr á venda pela quantia de 100 réis, para assim minorar a minha triste como infeliz posição, tudo devido a esta gente."
(Excerto do preâmbulo)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Frágil, impresso em papel de fraca qualidade, com vinco vertical e defeitos marginais. Unido por ponto de cordel, sem capas (terá sido publicado assim por questões de orçamento). Pelo interesse e raridade deve ser encadernado.
Raro.
Com interesse criminal e olisiponense.
A BNP possui apenas um exemplar.
Indisponível