06 dezembro, 2020

FERREIRA, Menezes - O FUSILADO.
Por...
Lisboa, Mário Filipe Ribeiro, 1923. In-8.º (16,5 cm) de 31, [1] p. ; il. ; B. Col. Novela Sucesso, 9
1.ª edição.
Novela do capitão Meneses Ferreira, militar do C. E. P. destacado na Flandres, durante a Grande Guerra. Crítico das condições miseráveis a que os soldados portugueses foram sujeitos desde o recrutamento e atirados para a "fogueira" da guerra, o presente conto descreve a história verídica de Harry Budd, intérprete britânico junto das forças portuguesas, no grupo de metralhadoras de que o autor fazia parte, estacionadas em Lavantie, que, a partir de certa altura, se recusa a combater, conduzindo a sua atitude ao desenlace fatal.
Capa e desenhos no interior do autor, dois deles em página inteira.
"Sinto-me realmente desgostôso por vêr daqui a cara de enfado com que os senhores estão começando a leitura desta novela. Mas o que querem, eu sou um caturra da Grande Guerra e pesa-me deixar passar esta data do 9 de abril sem lhes contar a lamentavel história do meu amigo Harry Budd.
Como devem compreender não se trata de satisfazer vaidades e a êste respeito só eu sei o sacrificio enorme que me imponho em tratar por escrito dêste triste episodio. [...]
De resto, para os caturras da Grande Guerra, o que os interessa de preferencia são êstes apontamentos guardados na memória um tanto combalida dos antigos combatentes, a narrativa dos sucessos grandiosos, trágicos, brutais ou miseraveis que, uma vez abertos os diques da ferocidade humana, fôram «vividos» em todos os campos de batalha tanto de cá como de lá do arame farpado e até muitas vezes ali mesmo na Terra de Ninguem."
(Excerto do preâmbulo)
João Guilherme de Menezes Ferreira (Lisboa, 1889-1936). "Foi um militar e artista. Frequentou o Colégio Militar entre 1900 e 1908. Oficial de carreira, participou no golpe militar que derrubou o regime monárquico em 5 de outubro de 1910. Em setembro de 1914, embarcou para Angola como adjunto do Comando do Destacamento, na primeira força expedicionária, comandada pelo general Alves Roçadas, para ali enviada pouco depois do início da Primeira Guerra Mundial, tendo participado no Combate de Naulila. Enviado depois para França, no Corpo Expedicionário Português, o capitão Menezes Ferreira documentou a guerra num registo próximo da banda desenhada, na obra João Ninguém Soldado da Grande Guerra (1921, reed. 2014). Como militar, foi ainda Governador do Funchal e ajudante de campo do Alto Comissário Brito Camacho em Moçambique. Ainda jovem, fundou a Sociedade de Humoristas Portugueses, presidida por Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro, filho de Rafael Bordalo Pinheiro. Distinguiu-se, com um estilo modernista, no desenho humorístico, sobretudo a caricatura, e ainda na pintura, ilustração e trabalho gráfico para edição. A temática militar continuou sendo a sua preferida ao longo da sua carreira,tendo ainda sido autor das obras O Fusilado"(conto, 1923), Um Conto do Natal (1924), A Viagem Maravilhosa de Gago Coutinho e Sacadura Cabral (1924), À Luz do Lampadário (1927) e As Tradições do Colégio Militar (discurso, 1933). O seu nome consta na lista de colaboradores artísticos do quinzenário humorístico O Riso da vitória iniciado em 1919 sob a direcção de Jorge Barradas e Henrique Roldão."
(Fonte: https://www.leituria.com/pt/os-livros/artes/menezes-ferreira-capitao-de-artes)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta pequena falha de papel sensivelmente a meio, junto da lombada, e na margem lateral.
Raro.
A BNP dispõe de apenas um exemplar registado.
Com interesse histórico.
Indisponível

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