03 dezembro, 2020

CADEIA NACIONAL DE LISBOA (Penitenciaria Central). Seu significado no problema penal português, sua história e descrição. [Fotografia de recluso] "Parricida". Lisboa, Oficinas graficas da Cadeia Nacional, 1917. In-4.º (23,5 cm) de XXXI, [3], 67, [1] p. ; [1] f. desdob. ; il. ; E.
1.ª edição.
Capa de Raul Xavier.
Rara monografia sobre a Cadeia Nacional de Lisboa, importante subsídio penitenciário do princípio do século XX. Rodrigo Rodrigues, à época director da CNL, em jeito de prólogo, justifica o presente trabalho com a determinação de "interessar a opinião publica numa questão das mais estreitamente ligadas com a sua vitalidade fisica e moral; que é em Portugal das mais desconhecidas e é, por isso, das mais descuradas; que é das mais faceis em solucionar, com economia e vantagem social."
Na página seguinte, em Nota, escreve o mesmo director: "Procurando despertar interesse na opinião publica pelo problema prisional e penal, utiliso as fotogravuras de alguns condenados no unico proposito de provocar no cerebro do leitor a ideia tornada assim evidente, de o facto - o crime - ter resultado em muitas circunstancias de causa para todos patente: a qualidade anormal de agente - o criminoso. Por este modo só é possivel demonstrar a provada afirmação dos psiquiatras" e cita Júlio de Matos: «A expressão fisionomica tem no louco moral ou criminoso-nato alguma cousa de antipatico e repelente que se descreve com dificuldade, mas se sente por uma sorte de instincto.» «O mau olhado não é uma pura fantasia popular...»
Livro totalmente impresso sobre papel couché, profusamente ilustrado com fotogravuras de reclusos, do trabalho e do seu dia a dia na prisão, bem como fotografias do edifício (interior e exterior) e instalações anexas - passeio, necrotério, etc. Com um desenho de Morais. Contém ainda um mapa estatístico desdobrável da População Prisional da Cadeia Nacional, cujos indicadores são a Mortalidade (geral e por tuberculose) e Alienação mental.
"Viver isolado, entregue á depuração feita pelo remorso, acicatada pela educação religiosa, e preparar-se para uma nova vida pela educação literaria e profissional - já o temos dito - tal era o eixo do sistema celular penitenciário. O isolamento começava ao sair da porta da prisão correcional (o Limoeiro), onde o carro celular ia buscar o neo-penitenciário. Chegado á penitenciária, introduziam-no, entre numerosos guardas, nas celas de entrada do corredor indo da Secretaria á Cadeia (celas de espera). Aí aguardava a visita do professor, do padre e do médico que examinavam o recemchegado. Momentos depois vinha o barbeiro, rapar-lhe o cabelo e a barba, findo o que era conduzido ao balneário, onde tomava banho e o fardamento próprio, voltando á sala de espera.
Depois disso era o recluso, já de capuz, conduzido á secretaria perante o director, que o registava e exortava, dando-lhe o número sob o qual devia passar a ser indicado em todos os actos da vida prisional.
Os primeiros dias - o tempo era fixado pelo director e em relação com a natureza do crime - eram de incomunicabilidade absoluta, sem trabalho. Uma especie de retiro, de exame de consciencia...
O mesmo era de uso fazer á saída do recluso «para levar uma impressão duradoira da sua prisão celular»..."
(Excerto do Cap. III, O dia do recluso)

Materias: Prologo. | I - Prisões e estabelecimentos prisionais. | II - Esbôço historico. | III - O dia do recluso: regime celular e actual. | IV - Melhoramentos materiais e funcionais em execução.
Encadernação em tela com ferros gravados a seco e a ouro na pastal frontal. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Rubrica de posse na página de prólogo. Anotações manuscritas na pág. 35/36.
Ex-Líbris de Assis Lopes.
Raro.

Sem registo na BNP.
Indisponível

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