31 outubro, 2020

AMZALAK, Moses Bensabat - A SALICULTURA EM PORTUGAL : materiaes para a sua história
. Lisboa, [s.n. - Composto e impresso nas oficinas do Museu Comercial, Lisboa], 1920. In-4.º (25 cm) de [2], 66, [4] p. ; il. ; B. Separata do «Boletim da Associação Central da Agricultura Portuguesa» - n.os 4, 5, 6, 10, 11 e 12 - Volume XXII (1920)
1.ª edição independente.
Importante subsídio para a história da salicultura em Portugal.
Livro ilustrado com quadros e tabelas ao longo das páginas de texto.
Desta obra tiraram-se 200 exemplares numerados e rubricados pelo autor. (O presente não se encontra numerado nem rubricado).
Obra dedicada pelo autor ao seu "muito querido amigo Francisco d'Almeida Carmo e Cunha", professor jubilado do Instituto de Ciências Económicas e Financeiras.
"O cloreto de sódio ou o sal, como vulgarmente se designa, é um dos produtos mais úteis e mais freqûentemente se aplica na alimentação, na agricultura, na indústria e até na terapêutica.
O seu uso vem da mais remota antiguidade. Na Bíblia fala-se freqùentemente nessa substância.
Algumas regiões adoptaram o sal para usos litúrgicos. Na Abissínia o sal entre os indígenas constitui a moeda, exercendo as funções de instrumento de troca e de mediação de valores. Na Costa de Ouro na Ásia é o sal o objecto mais valioso, depois do ouro, chegando-se a adquirir um escravo a trôco de um punhado de sal.
Portugal é na Europa o país salícola por excelência. Os estrangeiros reconhecem que o sal português é o melhor e o mais estimado nos mercados consumidores.
O sal português é em geral mais branco e mais limpo, e o sal chamado sal grosso é muito mais deliqùescente que o estrangeiro. É esta rezão que leva os comerciantes, os fabricante e os pescadores do norte da Europa, da América e igualmente do Brasil a preferirem o sal português."
(Excerto do Capítulo I, O sal - O sal português)
Índice:
Dedicatória. | I - O sal - O sal português - Antiguidade das explorações salícolas em Portugal - Sua evolução histórica. II - A roda do sal - Sua antiguidade - Uma página da política comercial de Portugal com a Holanda - A extinção da Roda do Sal - Crítica desta instituição. III - Monopólios e impostos sôbre o sal - Em Portugal, na Índia e em Macau - A pretendida tributação do sal português em Espanha. IV - Sinopse da antiga legislação portuguesa sôbre comércio e indústria do sal. V - A técnica da salicultura em Portugal - Estado actual e importância desta indústria no nosso país. | Apêndice: A) O sal em Cabo Verde; B) A arte do sal; C) A física e a química do sal marinho; D) A salinidade das águas do mar; E) A defesa dos interêsses salícolas portugueses.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico e documental.
Indisponível

30 outubro, 2020

MADAIL, João - CULTURA DO ARROZ. [Por]... Engenheiro-agonomo. Lisboa, Livraria Ferreira, Editora, 1919. In-8.º (19 cm) de 125, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante trabalho sobre orizicultura, cuja base científica foi extraída da dissertação de final de curso do autor.
Ilustrado com quadros estatísticos ao longo do texto.
"Ao terminar o curso d'agronomia, escolhi para thema da minha dissertação final «A cultura do arroz em Portugal». O assumpto era de actualidade, pois que, néssa epoca, a referida cultura se estava desenvolvendo entre nós com bastante intensidade, fixando a attenção cde muitas pessoas.
A bibliografia portugueza sobre oryzicultura era e continua sendo muito escassa e o pouco que existe escripto sobre este importante ramo da nossa agricultura encontra-se muito disperso.
São estes os motivos que me levam a reeditar, sob o titulo «Cultura do arroz», o que ha annos escrevi, dando porém uma orientação diversa a este novo trabalho e ampliando em muitos pontos o anterior folheto."
(Excerto do preâmbulo)
Indice:
[Preâmbulo]. | Capitulo I. O arroz: 1 - Origem e distribuição geographica. 2 - Estudo botanico. 3 - Especies e variedades. 4 - Composição chimica do arroz. Capitulo II. Escolha e preparação do terreno: 1 - Natureza do sólo. 2 - Agua a fornecer aos arrozaes; sua proveniencia, qualidade e quantidade. 3 - Adubações. 4 - Afolhamentos. 5 - Armação do arrozal. 6 - Lavouras e outros trabalhos preparatorios. Capitulo III. Operações culturaes: 1 - Sementeira. 2 - Germinação e crescimento do arroz; Cuidados que reclamam. 3 - Monda. 4 - Sementeira do arroz em viveiros e transplantação para terreno definitivo. Capitulo IV. Colheita, debulha e seccagem: 1 - Colheita. 2 - Debulha. 3 - Seccagem. Capitulo V. Inimigos do arroz: 1 - Hydrometeoros prejudiciaes. 2 - Animaes que atacam o arroz. 3 - Fungos parasitas do arroz. 4 - Doenças. Capitulo VI. Os arrozaes e a hygiene. Capitulo VII. Oryzicultura portugueza: 1 - Legislação. 2 - Regiões orizicolas portuguezas; area e producção. 3 - Principaes variedades cultivadas em Portugal. 4 - Processos de exploração. 5 - Custo de producção. 6 - Importação e exportação. 7 - Fomento oryzicola.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Com restauro na capa prolongando-se para a contracapa. Páginas apresentam pequenas manchas de acidez.
Raro.
Com interesse histórico e agrícola.
15€

29 outubro, 2020

CAMPOS, Mário de – PORTUGAL NA QUADRELA FLAMENGA. Através duma velha amizade: das Cruzadas á Grande Guerra. Lisboa, Imprensa Nacional, 1920. In-8.º (19,5 cm) de [4], 62, [2] p. ; B.
1.ª edição.
"1914-1918
Dedico estas páginas aos que na terra flamenga nobilitaram o nome português e o da escola de guerra que os fez soldados.
"
(Dedicatória impressa do autor)
"Consagrando o resultado das campanhas de Luís XIV, o tratado de Aix-la-Chapelle de 1668 incorporava no território francês, com um fragmento do Hainaut, a parte da Flandres francesa, e que hoje constitui, com pequena diferença, o departamento do Norte, tendo por capital a brilhante e gloriosa Lille.
Foi neste torrão, privilegiado pela natureza e pela história, que as tropas portuguesas, que se integraram na formidável Frente oposta pelos Aliados à brutal invasão teutónica, colaboraram, pelo seu heroísmo, neste drama sem precedentes que a historiografia já crismou com a designação, hoje clássica, de «Grande Guerra»."
(Excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa levemente oxidada, com assinatura de posse.
Raro.
Indisponível

28 outubro, 2020

HOLSTEIN, Álvaro de Sousa / MORAIS, José Manuel - BIBLIOGRAFIA DA FICÇÃO CIENTÍFICA E FANTASIA PORTUGUESA : PORTUGUESE SCIENCE FICTION AND FANTASY BIBLIOGRAPHY
. [S.l.], Black Sun, Editores, 1993. In-8.º (20,5 cm) de [6], 34 p. ; B.
Segunda edição deste interessante livrinho cujo propósito é divulgar a bibliografia da literatura de Ficção Científica e Fantástica, e o que em português se publicou sobre este assunto.
Tiragem: 350 exemplares, em sistema off-set.
"A ficção científica e a fantasia não tiveram nunca entre nós a expressão que principalmente nos países anglófonos e francófonos atingiram. Contudo a existência de obras dentro destes géneros literários não é tão diminuta como muitos supõem. A maioria dos grandes vultos da nossa literatura fez algumas incursões nestes, produzindo, nalguns casos, dos melhores trabalhos do mundo. [...]
Até hoje ninguém se debruçou sobre a ficção científica e fantasia nacionais. Nenhum estudo viu ainda a luz do dia, partindo do princípio que alguém o tentou fazer.
Talvez que ainda ninguém se tenha abalançado a tal trabalho pela dificuldade que pressupõe saber saber quais as obras existentes, e por isso resolvemos elaborar esta bibliografia da FC&F nacionais."
(Excerto da Introdução da 1.ª edição)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

27 outubro, 2020

ABRANTES, Prior d' - PEQUENO LIVRO DA MISSA E DA CONFISSÃO E OUTRAS DEVOÇÕES. EDIÇÃO Feita sobre a do Prior d'Abrantes. Porto, Moré e Cᴬ Livreiros : Coimbra, Mesma Caza, [18--]. In-18.º (11x7 cm) de [4], 315, [1] p. ; [6] f. il. ; il. ; E.
Missal impresso em Paris por A. Bourdier para Moré & Cª, do Porto, não datado, - presumimos que saído dos prelos nos anos 50/60 do século XIX - já que as edições menos invulgares desta obra, também impressas em Paris, por Laplace, Sanchez & Cª, ou Sanchez & Cª, vêm "augmentada[s] da Semana Santa", contendo mais páginas que a nossa. De acordo com o excelente post no blogue 'velhariasdoluis', a casa editora Laplace, Sanchez & Cª terá estado activa entre 1869 e 1895, o que nos leva a supor que a nossa edição, sendo mais antiga, terá sido editada antes de 1869.
"Em suma este livro de missa […] é o testemunho de uma época em que as missas decorriam em latim e havia a necessidade de publicar estes livrinhos com a tradução do ritual católico, para que os crentes pudessem acompanhar e compreender a missa."
(Fonte: http://velhariasdoluis.blogspot.com/2015/12/os-pequenos-livros-de-missa.html)
Edição particularmente bonita, ilustrada com 5 gravuras extratexto + 1 litografia colorida que precede o frontispício. Ilustrado ainda ao longo do texto com belíssimos desenhos preenchendo as capitais iniciais, cabeções e vinhetas de remate.
Encadernação artística inteira de pele, com as pastas trabalhadas a seco e a ouro, e dourados na lombada. Corte das folhas dourados.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Esfoladela na extremidade inferior da lombada. Páginas com manchas de acidez.
Raro.
A BNP dá notícia de apenas um exemplar desta obra - Pariz : Laplace, Sanchez e Ca, [1872].
Peça de colecção.
Indisponível

26 outubro, 2020

PAÇO, Tenente Afonso do - GÍRIAS MILITARES PORTUGUESAS.
I - Gíria da «Malta». II - Gíria da «Caserna». III - Gíria do «Colégio Militar». [Pelo]... (Da Associação dos Arqueólogos Portugueses). Carta-prefácio de J. L. de Vasconcellos
. Porto, Edição de Maranus, 1926. In-8.º (19 cm) de 54, [2] pp. ; B.
1.ª edição.
Importante repositório da gíria militar, com especial incidência para o calão usado pelos soldados portugueses do C. E. P. destacados em França, durante a Grande Guerra.
"Pede-me a minha modesta opinião acêrca do seu livrinho. Dir-lhe hei que deve considerar bem empregado o tempo que dispendeu na colheita e coordenamento dos materiais.
A 1.ª parte, sobretudo, é cheia de novidade.
Ali se vê como o soldado português, nem diante da própria morte perde jamais a veia zombeteira, tão nacional: à valentia, que também tanto o caracteriza, agrega inexgotàvelmente riso e folgança. De que mais se necessita para que a um homem se chame herói? Todo êsse vocabulário é uma pilha de graça, mau grado algumas amargas expressões de natural carácter fúnebre.
Vê-se àlem disso com que facilidade o povo analisa todos os pormenores de uma cousa ou de um facto que o impressiona, e como põe em jôgo a imaginação, para as interpretar. Que lembrança a de dar o nome de caixeiro viajante a uma granada, por ir longe, a de carro do Chora a um obus, por oposto motivo, a de Avenidas novas às trincheuras de comunicação, a de Rídiculos à «ordem» do Quartel General, por causa do perriódico humorístico dêste nome?
Alguns dos exemplos que especifiquei mostram que, longe da pátria, o soldado não se esquece do lar. Outros exemplos são: bacoreira, nome imposto pelas tropas do Alentejo à metralhadora; ceifeira, no mesmo sentido, dado certamente também por elas."
(Excerto do Prefácio)
A trincha, como a Mouraria, a Alfama e os salões aristocráticos, tinha a sua gíria.
A malta falava calão como os fadistas e o mundo elegante de hoje.
A gíria do C. E. P. (Corpo Expedicionário Português) nunca atingiu o desenvolvimento da que falavam o exército francês, inglês, belga, italiano, alemão, etc., já porque éramos em número diminuto - um punhado de homens naquele mar de gente - já porque a nossa comparticipação na guerra foi menos duradoira e não houve tempo de difundir e arraigar aquela linguagem no espírito das nossas tropas nem fixá-la com raízes por tôda a nossa frente. Depois, o calão era quási exclusivo da malta - o menor número - que com êle fustigava os cónegos, cachapins, básicos, etc. Estas três espécies, em permanente contacto com as mademonzelas falavam mais a língua do pas compris.
Todos os povos cultos que entraram na Grande Guerra e mesmo alguns neutros, estudaram o seu calão de trincheira ou de caserna. Entre nós, ou porque a guerra não calasse fundo na alma popular, ou porque entre as classes cultas não despertasse o interêsse a que tinha jus, não mereceu o calão da trincheira algum carinho da parte dos nossos eruditos. [...]
Com o auxílio de camaradas amigos e lendo tôda a literatura da guerra consegui reünir cêrca de 300 termos de gíria, evitando assim que se percam na voragem do olvido"
(Excerto da I Parte - Gíria da «Malta»)
Manuel Afonso do Paço (Outeiro, Viana do Castelo, 1895-1968). "Foi tenente-coronel do Exército Português e um dos mais prestigiados arqueólogos portugueses. Nasceu em 30 de Novembro de 1895 na freguesia de Outeiro, Viana do Castelo. Tirou o curso do Liceu em Viana do Castelo e Braga de 1908 a 1915 matriculando-se de seguida no curso de Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Porém, em 15 de Maio de 1917 foi incorporado no exército como Aspirante a Oficial Miliciano. Tomou parte na Batalha do Lys, em 9 de Abril de 1918, pertencendo já ao 4.º Grupo de Metralhadoras Pesadas. Foi aprisionado pelo Alemães e libertado em 28 de Dezembro de 1918. Regressou a Portugal em 16 de Janeiro de 1919. De 1919 a 1921 serviu como oficial na Guarda Nacional Republicana tendo sido ajudante de campo do Coronel Francisco António Baptista e do General Ernesto Maria Vieira da Rocha. Foi, em 1925, professor provisório no Colégio Militar (Portugal) passando de seguida por desempenhar funções como Tesoureiro da Inspecção do Serviço Telegráfico Militar. Foi ainda Chefe da Contabilidade do Batalhão de Telegrafistas (Braga). Reformou-se da vida militar como o posto de tenente-coronel."
(Fonte: wikipédia)
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado conservação.
Raro.
Com interesse histórico e militar.
Indisponível

25 outubro, 2020

IN MEMORIAM a Artur do Canto Resende, Engenheiro Geógrafo. (Herói e Mártir de Pátria em Timor) : 1897-1945.
Condecorado com a "Torre e Espada" a título póstumo
. [Lisboa], Publicações do Sindicato Nacional dos Engenheiros Geógrafos, 1956. In-4.º (26 cm) de 149, [5] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Homenagem a Artur do Canto Resende, prisioneiro das forças de ocupação japonesas em Timor, viria a falecer num campo de detenção, em 1945, vítima da fome, doença e maus tratos. Inclui o testemunho de diversas personalidades, incluindo aqueles que com ele privaram e acompanharam no doloroso cativeiro.
Livro ilustrado com inúmeras fotografias a p.b. e um mapa - carta geográfica - de Timor, a duas cores, em página inteira.
Exemplar n.º 130 de uma tiragem não declarada.
"Pelos exemplos de rara nobreza de que havia dado sobejas provas, jogando, vezes sem conta, a vida em defesa dos seus compatriotas, o Eng. Artur do Canto, ao solicitar a exoneração do lugar que havia desempenhado a contento unânime da população de Timor (é prova irrefutável desta asserção o apelo que os portugueses fizeram ao Governador, Sr. Cap. Manuel de Abreu Ferreira de Carvalho, insistindo para que ele continuasse desempenhando o mesmo cargo), leva-nos a crer que factos ponderosos deviam brigar com a sua dignidade para tomar esta fatídica decisão que o desapossou de um lugar oficial na vida administrativa da Província e cujos reflexos depressa se fizeram sentir nas represálias, cujas circunstâncias propícias o seu denodado patriotismo criara na polícia das forças ocupantes.
Ele, que nunca pesou as consequências das suas atitudes desassombradas que assumia em perfeito holocausto à Pátria e para salvar da morte certa muitos portugueses, aliviando os sofrimentos morais e materiais de uma população subjugada e martirizada, não teve, no momento crucial da sua partida para o cativeiro, e depois ali, quem o livrasse da vingança ardilosa que havia fatalmente de o conduzir à morte pelas severas privações que lhe foram impostas.
Foi-se desta vida, envolvido em miseráveis farrapos, tendo por catre meia porta, sobre caixotes. Era o seu leito no cativeiro. As últimas palavras,ainda em perfeita consciência, proferiu-as ele três dias antes de morrer para um dos seus companheiros de cativeiro: «... vou tranquilo; não levo a mais pequena mancha que possa conspurcar a minha consciência»."
(Excerto do preâmbulo)
Artur do Canto Resende (Vila Franca do Campo, Açores, 7 de Agosto de 1897 - Kalabahi, Alor, 23 de Fevereiro de 1945) foi um engenheiro geográfico, trabalhador do Instituto Geográfico e Cadastral, que se notabilizou pela sua acção durante a ocupação japonesa de Timor. Foi condecorado, a título póstumo, com o grau de oficial da Ordem da Torre e Espada.
Em 1937, já com uma década de experiência em trabalhos de levantamento cartográfico, foi nomeado adjunto da recém-criada Missão Geográfica de Timor do Instituto Geográfico e Cadastral, tendo, após um período de preparação, chegado a Díli em Agosto de 1938, a bordo do paquete Colonial.
Estava em serviço em Timor Português quando em 1939 se desencadeou a Segunda Guerra Mundial na Europa, a que se seguiu em 1941 o ataque aéreo do Japão a Pearl Harbour e o desencadear a Guerra do Pacífico. Por razões estratégicas, os governos da Austrália e dos Países Baixos, esta última ao tempo a Potência administrante do território da actual Indonésia, uniram-se na ocupação de Timor Português por forças australianas e neerlandesas. Seguiu-se a Batalha de Timor e a ocupação da ilha pelas forças japonesas em Fevereiro de 1942. Artur do Canto Resende foi um dos poucos técnicos superiores da administração portuguesa que permaneceu no território.
Após a ocupação de Díli pelos japoneses desenvolveu-se uma difícil convivência entre as autoridades coloniais portuguesas e as forças de ocupação japonesas, com o Governador português de Timor, o capitão de Infantaria Manuel de Abreu Ferreira de Carvalho, com residência fixa no Palácio de Lahane e a sua acção fortemente condicionada pelo comandante das forças de ocupação japonesas, o tenente-general Yuichi Tsuchihashi, e pelo cônsul-geral japonês Masaki Yodogawa, figura a quem estava, de facto, confiada a administração civil do território. Embora as autoridades portuguesas fossem superficialmente toleradas, os japoneses governariam Timor de Fevereiro de 1942 até Setembro de 1945.
Foi nesse difícil e perigoso contexto, já que as prisões, os fuzilamentos e massacres se sucediam numa permanente guerra de guerrilha um pouco por todo o território, que Artur do Canto Resende se ofereceu voluntariamente, para exercer as funções de administrador do Concelho de Díli, cargo equivalente ao de Presidente da Câmara Municipal respectiva, em substituição de Lourenço de Oliveira Aguilar, que se encontrava doente e não era tolerado pelas autoridades de ocupação japonesa.
Aceite a nomeação pelo governador, passou a desenvolver uma notável missão de ajuda e socorro à população local e aos residentes portugueses, distribuindo comida e roupa e apelando para a libertação de prisioneiros em mãos japonesas. Simultaneamente a violência alastrava pela ilha, num crescendo de vandalismo e selvajaria, a que se seguiam prisões em massa, massacres e fuzilamentos. Foi num cenário de permanente desconfiança e de odiosa perseguição aos ocidentais presentes no território e de opressão pela força das populações locais, que foi obrigado a desenvolver a sua acção.
Apesar de repetidos bombardeamentos dos Aliados, entre ataques de guerrilhas e duras retaliações das forças japonesas contra os insurgentes timorenses, Artur do Canto Resende exerceu uma notável missão de ajuda e socorro, incutindo coragem com o seu exemplo, acudindo sempre que podia em situações de perigo.
As pressões das autoridades de ocupação nipónicas, que o acusavam de parcialidade em favor da resistência, levaram a que fosse exonerado do cargo de administrador de Dili a 9 de Março de 1944. Sem gozar da protecção, ainda que pequena, que era concedida às autoridades portuguesas na ilha, em 10 de julho daquele ano foi preso pelas forças militares japonesas e deportado para um campo de prisioneiros de guerra na vizinha ilha de Alor.
Faleceu a 23 de Fevereiro de 1945 em resultado dos maus tratos infligidos pela polícia militar japonesa, da mal-nutrição e da falta de cuidados médicos no campo de prisioneiros de guerra de Kalabahi, na ilha de Alor, então uma possessão colonial neerlandesa sob ocupação japonesa, hoje parte da Indonésia. Ficou sepultado naquela ilha."
(Fonte: wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

24 outubro, 2020

NEMÉSIO, Vitorino - PROBLEMAS UNIVERSITÁRIOS DA COMUNIDADE LUSO-BRASILEIRA.
Oração de sapiência pronunciada da Sessão Solene de Abertura das Aulas da Universidade de Lisboa em 16 de Outubro de 1956
. Lisboa, [s.n.], 1957. In-4.º (23 cm) de 21, [3] p. ; B. Separata do Anuário da Universidade de Lisboa : 1954-55
1.ª edição independente.
Interessante peça nemesiana, certamente com tiragem reduzida. Texto-ensaio de Vitorino Nemésio, “brasileiro” pelo coração, - "sobre a história da cultura na sua bilateralidade e também na sua unidade possível na cultura luso-brasileira, [...] uma aprofundada reflexão sobre Problemas Universitários da Comunidade Luso-Brasileira." (https://nch.pt/biblioteca-virtual/bol-nch15/n15-9.html)
"Tudo isto, que viciosamente nos habituámos a ter como uma coisa que só diz respeito ao Brasil, politicamente considerado, preenche afinal quatro séculos de vida portuguesa de raiz, brasileira no lugar e no modo, lusíada no ritmo e no impulso - nossa, enfim, dos de cá e dos de lá que dão os nomes às coisas de maneira que todos se entendem - e basta!
Esta realidade quase olvidada pelo nosso Portugal em seu lento processo não é só um padrão de glórias mútuas, mas um penhor de vida efectiva no futuro. Se Portugal quiser estar à altura daquilo a que ele próprio se propõe na Europa e na África que o prolonga, suponho que terá de renovar a sua consciência histórica inteirando-se cientificamente daquilo que esses outros portugueses que se chamam brasileiros reconhecem como obra comum, de uma única nação expressa em dois Estados e já agora como numa só Commonwelth."
(Excerto da Oração)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse luso-brasileiro e bibliográfico.
Indisponível

23 outubro, 2020

LAURIANNA, Duqueza - PARA SER AMADA : conselhos d'uma coquette. Segredos femininos. Lisboa, Parceria A. M. Pereira - Livraria Editora, 1904. In-8.º (17 cm) de 300, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Obra curiosíssima de um autor de culto - Alfredo Gallis - que assina com um dos seus numerosos pseudónimos - Duqueza Laurianna.
"Eis aqui como me acudiu a ideia d'escrever este livro.
Recebi um dia a seguinte carta:
«Minha querida Laurianna
«Estou desesperada. Anda-me a cabeça á roda, tenho medo d'endoidecer... Se não vens em meu auxilio sou capaz de tudo... Meu marido engana-me... E com quem? Quiz sabel-o...
«E vi-a, essa creatura que me roubou a minha felicidade. Não é bonita. Direi mesmo que é feia, mais feia do que eu. Tu sabes bem que me não illudo sobre a minha pessoa.
«Recordo-me que um dia, ennumerando todos os encantos troçava eu com alguma amargura das injustiças da natureza, tão prodiga para comtigo, tão parcimoniosa a meu respeito; e tu disseste-me com a tua graça e a tua bondade do costume:
- «Tu és ainda mais injusta coma natureza - não, tu não és feia; e se quizesses dar-te a esse cuidado, poderias muito bem passar por uma linda mulher.
- Para quê, respondi eu, meu marido ama-me como sou.
«E tu accrescentaste:
- «Oh! minha querida, é preciso prevêr tudo!"
(Excerto do Prologo)
"Não pômos os monstros fóra do combate.
Ha rostos irregulares, olhos demasiados pequenos, narizes grossos demais, testas muito abahuladas, figuras desengraçadas, mãos largas demais, dedos quadrados; mas todos estes defeitos podem ser attenuados e desapparecer mesmo, se se possue a arte de pentear, de se vestir, de se calçar, se, principalmente, se possue o fogo sagrado, a scentelha do coquettismo, que illumina e transforma os mais feios rostos. Toda a mulher de espirito que o quizer, póde pois, aspirar a ser uma das nossas mulheres bonitas. Para attingir esse fim, ha todo um conjuncto de cuidados, de minucias, que fazem precisamente o objecto d'este livro."
(Excerto de Não ha mulheres feias)
Indice:
Prologo. | A belleza. | O papel da mulher na humanidade. | Monographia da mulher bonita. | Não ha mulheres feias.| Hygiene especial para as mulheres bonitas. | Anemia e nevrose. | Meios preventivos e curativos da anemia e da nevrose. | Influencia do ar e da luz. | A hygiene do fato. | Hygiene da alma. | A pelle, a côr. | Segredos da belleza. | As mãos. | O cabello. | Os olhos. | A bocca. | O nariz. | O pé. | A arte de se vestir. | A moldura. | Os perfumes. | O espirito e o bom tom. | Conclusão.
Joaquim Alfredo Gallis (1859-1910). "Mais conhecido por Alfredo Gallis, foi um jornalista e romancista muito afamado nos anos finais do século XIX, que exerceu o cargo de escrivão da Corporação dos Pilotos da Barra e o de administrador do concelho do Barreiro (1901-1905). Usou múltiplos pseudónimos, entre os quais Anthony, Rabelais, Condessa do Til e Katisako Aragwisa. Desde muito jovem redigiu artigos e folhetins em jornais e revistas, entre os quais a Universal, a Illustração Portugueza, o Jornal do Comércio, a Ecos da Avenida e o Diário Popular (onde usou o pseudónimo Anthony). Como romancista conquistou grande popularidade, especializando-se em textos impregnados de sensualismo exaltado que viviam das «fraquezas e aberrações de que eram possuídas, eram desenvolvidas entre costumes libertinos e explorando o escândalo». Escreveu cerca de três dezenas de romances, por vezes publicados com o pseudónimo Rabelais. Alguns dos seus romances têm títulos sugestivos da sensualidade que exploram, nomeadamente Mulheres perdidas, Sáficas, Mulheres honestas, A amante de Jesus, O marido virgem, As mártires da virgindade, Devassidão de Pompeia e O abortador. É autor dos dois volumes da História de Portugal, apensos à História, de Pinheiro Chagas, referentes ao reinado do rei D. Carlos I de Portugal."
Encadernação do editor inteira de percalina com ferros gravados a seco nas pastas e na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Manuseado. Pastas cansadas; falha do revestimento nas extremidades da lombada. Com escritos infantis a tinta na f. de guarda e na 1.ª p. de texto.
Raro.
Indisponível

22 outubro, 2020

ALARCÃO, D. Miguel de - VELOCIPEDIA PRATICA.
Por... Tenente de infanteria, antigo instructor de gymnastica e adjuncto do instructor de esgrima na Escola do Exercito. Lisboa, Livraria de Antonio Maria Pereira - editor, 1896. In-8.º (22,5 cm) de 100 p. ; il. p.b. ; B.
1.ª edição.
Curioso tratado sobre o uso e manutenção da bicicleta. Das primeiras monografias que sobre este tema se publicou entre nós.
Ilustrado  bonitas gravuras ao longo do texto.
Relativamente à presente obra, reproduzimos parágrafo de propaganda impressa na revista Branco e Negro (1896-1898): "Um volume, adornado de numerosas gravuras, e tratando clara e desenvolvidamente de todos os assumptos que pódem interessar ao velocipedista e instruil-o desde os primeiros rudimentos do cyclismo. Os capitulos consagrados á velocipedia para senhoras, ás marchas e excursões velocipedicas, aos accidentes que pódem sobrevir, aos perigos a evitar, e muitos outros, são especialmente interessantes e indispensaveis a todo o bicycletista."
(Retirado de Branco e Negro : semanario ilustrado, n.º 78 - 26 de Setembro de 1897)
"Neste cantinho da Europa, a que se chama Portugal, os exercicios physicos têm incontestavelmente decidida acceitação, logo que se lhes reconheçam as vantagens e as distracções. Ponto é que algum mais ousado dê o exemplo, affronte a opinião publica, que as massas deixam-se facilmente arrastar.
A velocipedia seguiu a regra geral, e como a esgrima, a nautica, a gymnastica, os jogos athleticos, e mais rapidamente que todos elles, difundiu-se e generalizou-se pelo paiz, graças principalmente aos exforços de meia duzia de veteranos da velocipedia, que affrontaram todos os prejuizos e luctaram valentemente contra a indifferença e contra a animosidade do publico. Todos os dias esses valorosos campeões da velocipedia conquistavam um novo adepto, o qual apenas experimentava este modo de locomoção, transformava-se n'um enthusiasta acerrimo e fervoroso do velocipede. É uma lei geral a que não ha fugir, que não soffre excepções, principalmente depois do aperfeiçoamento extraordinario das machinas modernas.
Não ha muito tempo ainda que as populações das cidades apupavam os cyclistas que se apresentavam de calção e meia, e as das provincias chegavam mesmo a correl-os á pedra, e a exercer contra elles sevicias e violencias. Hoje, decorrido pouco tempo apoz esta epocha, admiram-se todos quando se vê um cyclista sem ser no trajo que lhe é proprio. Todo este progresso, todo este desenvolvimento se deve a esses veteranos.
Não é para elles que escrevemos, porque nada dizemos no nosso modestissimo trabalho, que lhes seja desconhecido, pois teriam até muito para nos ensinar.
Escrevemos principalmente para os noveis velocipedistas, indicando-lhes a melhor fórma de se servirem das suas machinas, de tirarem d'ellas todo o partido, de as conservarem, emfim, pelo maior espaço de tempo possivel. Procurámos até certo ponto diminuir-lhes os enfados da aprendizagem, facultando-lhes conhecimentos que só com a experiencia adquiririam, e n'este intuito guiou-nos tambem a esperança de com uma parcella insignificante do nosso trabalho, isto é, pela propaganda escripta, contribuirmos para o desenvolvimento da velocipedia em Portugal.
Se conseguirmos este duplo fim, considerar-nos-hemos largamente remunerados, e muito superiormente, ao valor do nosso livro."
(Prefacio)
Indice: Prefacio. | I - Resumo historico. II - O bicyclo; O tricyclo. III - A bibycleta; O tandem. IV - Nomenclatura. V - Desmontagem e montagem da bicycleta; Ajustamento das peças; Regulação da machina. VI - Escolha de machina; Limpesa e conservação. VII - Acessorios. VIII - Como se aprende a montar em bicycleta; Posição. IX - Vestuario. X - Circulação velocipedica nas povoações e nas estradas; Marchas e excursões. XI - Hygiene; Accidentes; Therapeutica. XII - Trenagem; Corridas. XIII - A velocipedia para as senhoras; Exercicios physicos. XIV - Orientação. | Conclusão.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas simples, lisas, de protecção - para encadernar. Com pequena mancha de humidade no canto inferior direito, visível em grande parte do livro, ainda que de forma ténue.
Muito raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Peça de colecção.
100€

21 outubro, 2020

RESPONSABILIDADE CIVIL POR ACIDENTES OCORRIDOS EM DIVERTIMENTOS DE FEIRA - PEÇAS DE PROCESSOS. III.
I - Sentença do juiz do 2º Juízo civel de Lisboa, de 17-6-1947. II - Acórdão da Relação de Lisboa de 11-10-1948- III - Alegação do recorrente para o Supremo Tribunal de Justiça, por Fernando de Abranches Ferrão. IV - Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 27-1-1950
. Lisboa, Jornal do Fôro, 1956. In-4.º (24 cm) de 30, [2] p. ; B. Separata do Jornal do Fôro, ano 19 (1955)
1.ª edição independente.
Peças processuais relacionadas com sinistros ocorridos em espaços de divertimento ao ar livre.
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado geral de conservação. Capas manchada junto à lombada.
Invulgar e muito curioso.
10€

20 outubro, 2020

VARELLA, Reynaldo - NOVO E APERFEIÇOADO METHODO PARA APRENDER A TOCAR GUITARRA PORTUGUEZA.
Sem auxilio de professor. Original de... Este livro além das explicações precisas, contém grande numero de peças recreativas principalmente Fados e Canções
. [Lisboa], Armazem de Instrumentos Musicos de Viuva Rangel, Maia, L.ᴰᴬ, 1924. In-4.º (27,5 cm) de 46 p. ; B.
1.ª edição.
"Este meu compendio é dedicado aos amadores na nossa Guitarra tão genuinamente portugueza, e, principalmente, aos cultivadores da nossa Canção Nacional, que pelo meu processo de algarismos tão claro e de facil compreensão, ppoderão aprender a tocar e a acompanhar os nossos mais belos fadinhos.
Explicarei este meu sistêma em duas afinações: na do Fado propriamente dita e na Natural (afinação mais antiga e primitiva), mas menos propria para a nossa Canção Nacional."
(Prefacio)
"A Guitarra compõe-se de caixa harmonica ou caixa de ressonancia, ladeado por ilhargas da mesma madeira do tampo inferior, e que fazem junção com o tampo superior, que pode ser de casquinha ou pinho de Veneza, envernizado a branco. No tampo superior ha um buraco, geralmente redondo que serve para reflectir o som. Sobre esse mesmo tampo pouza um cavalete, de madeira, osso ou marfim, sobre o qual passam as doze cordas, divididas em seis cordas duplas e que partindo d'um atadilho de metal, prêzo no centro das ilhargas, vão encaixar-se nos doze parafuzos do leque, tambem de metal, situado na extremidade do braço. [...]
O discipulo deve collocar a mão direita um pouco inclinada e pouzando o dedo minimo sobre o tampo superior, ficando os outros dedos livres para tocar peças de musica com ou sem acórdes. Se tocam fados com as suas competentes variações, empregarão os dedos indicador e pollegar. [...]
Os dedos da mão direita, excepto o minimo, devem ter as unhas alguma coisa crescida, mas não em bico. Os dedos da mão esquerda excepto o pollegar, devem ter as unhas cortadas rentes, para poderem pizar as cordas sobre os respectivos pontos ou divisões de escala.
A palma da mão esquerda não deve ficar encostada ao braço. A posição do corpo bem direita e os pés unidos. A guitarra pouza sobre as côxas, ficando levemente inclinada para a esquerda."
(Excerto de Descripção da guitarra)
Matérias:
Prefacio. | Descripção da guitarra. | Afinação do Fado Corrido. | Fado Corrido em tom menor. | Fados com Acordes - Fado de Coimbra. | Fado da Mouraria. | O Vira de Coimbra. | Fado da Meia Noite. | Recordações da Arrabida. | Fado Portuense. | Da Afinação Natural : Peças recreativas - Fado Conde d'Anadia; Marcha Brilhante; Fado das mãos pequeninas; No Baile (Valsa).
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, com vestígios antigos marginais de humidade.
Raro.
Com interesse histórico.
25€