GUIMARÃES JUNIOR, Francisco José Pereira - COMPENDIO DE METAPHYSICA. Por... Coimbra: Imprensa de Trovão & Comp.ª, 1841. In-8.º (16 cm) de 159, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante
trabalho oitocentista, dos primeiros que sobre este assunto se publicou entre nós. O facto do seu autor ser português torna-o digno de
registo e motivo de curiosidade, já que os títulos existentes até então
eram na sua maioria redigidos em latim, existindo algumas (poucas)
traduções.
Nada
foi possível apurar acerca desta obra publicada em Coimbra, ou de Guimarães Júnior, por não existir registo na Biblioteca Nacional, nem referência à
mesma em qualquer outra fonte bio-bibliográfica.
"Pergunta. Que é a Metaphysica?
Resposta.
É uma sciencia em que se ensinão as idéas, as causas e as razões mais
geraes das cousas eternas, creadas e possiveis. [...]
P. É util o estudo da Metaphysica?
R.
É muito util; pois cultivando-a bem e rectamente, póde contribuir muito
para a nossa felicidade. Na verdade o fim dos nossos estudos é a nossa
felicidade, que consiste em um perfeito gosto, que procede do bem
perfeito, e este só se alcança com os costumes bem regulados, o que
ensina a Ethica e a Theologia. A Metaphysica porem dá os principios a
estas Sciencias; por que ella é, conforme a sua definição, uma sciencia
universal de que dependem todas as mais, recebendo della os seus
principios. Por isso nos é muito util e até necessario o estudo da
Metaphysica.
P. É agradavel o estudo da Metaphysica?
R.
É muito agradavel. Pois não é pequeno o prazer de indagar e contemplar
os interiores do mundo, isto é, o mundo intelligivel, e feito
excellentemente de causas invisiveis, e com ordem invisivel, o que
ensina a Metaphysica, e ao que não póde chegar o povo, que somente
admira os phenomenos do mundo, e cuida que existe só o que vê com seus
olhos. [...]
P. Em quantas partes se costuma dividir a Metaphysica?
R.
Costuma dividir-se em tres: a primeira comprehende os principios mais
geraes da Ontosophia e Cosmosophia, isto é, a Metaphysica geral: a
segunda a Psychesophia, isto é, o Tractado da alma e da sua natureza: a
terceira comprehende a Teosophia, isto é, a Sciencia de Deos e das
cousas Divinas."
(Excerto do preâmbulo)
Matérias:
Parte I. Da Ontosophia e Cosmosophia . Definições. I - Das
palavras cousa, ente, nada, repugnante, não repugnante, possivel,
impossivel, futuro, ente de existencia necessaria, ente necessario para a
existencia, ente necessario para a essencia, ente contingente. II - Das palavras relação, sujeito, adjuncto, substancia, accidente, essenciaes do ente e attributo. III - Das palavras essencia, força, acção, paixão, natureza e leis da natureza. IV - Das
palavras potencia, razão sufficiente, principio, causa, caso, fim,
conservação, attracção, causa attractiva, gravidade ou força centripeta,
força centrifuga. V - Das palavras extenso, espaço, solidez, materia, vacuo, infinito, duração, lugar, movimento. VI - Das palavras perfeição, verdade, bondade, semelhança, ordem, proporção e formosura. Theoremas. I - Do ente, do nada, do possivel. II - Da natureza do ente necessario e contingente, e da substancia em geral. III - Da origem e indestrubilidade das substancias. IV - Das leis mechânicas e moraes da natureza. V - Da actividade das cousas e do fado.
Parte II. Da Psychesophia. Definições. Que é alma? Que é vida? Theorêmas. I - [...]. II - Da união da alma e do corpo.
Parte III. Da Theosophia. Definições. Que é Deos? [...]. Theoremas. I - Da existencia de Deos. II - Das propriedades de Deos que lhe convèm como a um ente. III - Das propriedades physicas de Deos, que lhe convèm como a um espirito. IV - Das propriedades moraes de Deos, que lhe convèm como a um espirito. V - Da origem dos males. VI - Da Religião que se deve a Deos. VII - Da Religião natural e da necessidade da Revelação. VIII - Da
genuidade dos Livros do Novo Testamento, da veracidade da sua historia,
e da daquelles dogmas que concordão com a razão, que se contém nos
ditos livros. IX - Da veracidade daquelles dogmas dos Livros do Novo Testamento, que são superiores á nossa razão. X - Conclusão do capitulo antecedente. XI - Da Divindade dos Livros do Novo Testamento. XII - Da genuidade e Divindade dos Livros do Velho Testamento.
Exemplar em brochura (capas de protecção lisas, originais), por aparar, em bom estado de conservação.
Muito raro.
Sem registo na BNP.
Peça de colecção.
Indisponível
É accidentado o solo, succedendo-se ás pequenas ondulações do terreno as collinas, os cerros e os montes, separados, uns dos outros, por quebradas e valleiros, onde sussurram as aguas, caídas das alturas.
As cumiadas ou são vestidas de urzes, e de asperos tojos, ou são toucadas com a rama verdenegra dos pinheiros. Mas tão rica de seiva é toda a terra, que nos logares em que o machado desbastou o pinhal, vedes logo apparecer a leira verdejante, que irá escorregando pela encosta, até se casar com a farta cultura dos valles.