08 junho, 2019

CASTRO, Rodrigo de - CINZAS IMORTAIS : na morte de Antonio Granjo. Porto, Tipografia Lusitana, 1922. In-8.º (19,5cm) de 271, [3] p. ; [7] f. il. ; B.
1.ª edição.
Obra de homenagem a António Granjo, insígne figura da República, barbaramente assassinado na madrugada de 21 de Outubro de 1921, durante o episódio que ficaria conhecido para a história como 'Noite Sangrenta'. Esta biografia é mais um contributo para o estudo dos acontecimentos políticos da época que concorreram para o desfecho conhecido.
Inclui testemunhos de pesar de António José de Almeida, Cunha Leal, Agatão Lança, Trindade Coelho, Sousa Costa  e António Maria Pereira Júnior.
Livro ilustrado com 7 folhas hors-texte que inclui dois retratos do biografado, um deles de corpo inteiro.
Valorizado pela extensa dedicatória autógrafa do autor.
"Noite trágica em que mal se descobre já, por entre fantasmas e sombras, a figura outr'ora austera e bela da República.
Quanto mais tento afasta-la do espírito, mais ela teima em lá viver.
Como força oculta que o meu ser domina, sinto-a uma necessidade de mim mesmo.
Falar dela é, de alguma maneira, desprender-me dela. [...]
Porque mataram o Granjo!?
Esta interrogação que anda na boca de todos, e que mesmo junto do seu ataúde foi formulada, na possível convicção, de que, o éco do além, não acordaria em lábios que para sempre se cerraram, palavras que como ferros em braza ficaram pezando na consciência dos vivos, penetrou-me por tal forma o espírito que o subconsciente, dominando todo o meu ser consciente, transforma a materia inerte em materia viva, fazendo passar atravez dos meus lábios o que os seus lábios no meu coração vertem:
«Parece haver muitos portuguêses que trazem dentro de si os corações mortos. A nossa vida parece estar só nos nossos olhos para nos odiarmos e nos nossos lábios para nos caluniarmos».
Porque mataram o Granjo!?... [...]
De facto, a política,, com as suas ambições, os seus egoismos, os seus despeitos e os seus odios, abalando as mais fortes consciências, corrompendo os mais integros caractéres, pervertendo os mais puros sentimentos e aniquilando as mais decididas vontades, adormece no homem todas as qualidades e virtudes que, em coração amigo, afecto, ternura e lealdade exprimem.
A morte do pobre Granjo é bem o espelho vivo dessas desoladoras mas incontestaveis verdades.
A nossa inteligência e a nossa razão fazem-nos fugir apavorado ao tentar desvendar os mistérios dessa horrivel tragedia.
Quanto amigos urdindo a teia em que o homem de bôa fé e sã moral se havia de ver enredado, e, por fim, trazido áquela dolorosa situação, já anunciada, das transigências que deprimem ou das violências que comprometem?"
(Excerto de 1921 : 19 de Outubro!...)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos. Lombada apresenta falhas de papel.
Invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

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