01 maio, 2019

VASCONCELOS, S. J. - Evaristo de - RELIGIOSAS. Selecção sobre os Institutos Religiosos Femininos existentes em Portugal. Porto, Depositária Magnificat [Edição do Mensageiro do Coração de Jesus, Braga], 1958. In-8.º (19cm) de 259, [1] p. ; [84] p. il. 
1.ª edição.
Importante manancial informativo sobre as instituições religiosas femininas estabelecidas no país, divididas entre Institutos Femininos Contemplativos (15) e Institutos Femininos Activos (56), que inclui uma breve história das unidades religiosas, assinalando factos e datas mais relevantes.
Muito ilustrado com 84 páginas extratexto, impressas sobre papel couché, reproduzindo inúmeras fotografias a p.b.
"Sucede às palavras o mesmo que às moedas. O roçar quotidiano vai-lhes usando o brilho e cansando os traços da efígie que talvez fosse perfeita. E é preciso então um grande esforço para poder adivinhar, sem engano, a fisionomia primitiva.
Na vida espiritual precisamos igualmente, de vez em quando, restituir a certas palavras a cunhagem primeira que o uso, a ignorância piedosa e, sobretudo, a rotina inerte foram consumindo.
Assim, por exemplo, virtude não tem nada que ver com posições melífluas ou rezas importunas, mas indica antes a força subterrânea que impulsiona toda a dinâmica dos nossos actos.
Edificar, não é pôr a virtude comezinha e fácil de copiar por transparência... Nada disso! Comporta antes um vasto e multiforme programa de construção: o subir de andaimes oscilantes, o ranger das cordas e o compasso das marteladas... enfim o laborioso mas necessário surgir de edifício harmonioso e sólido.
Isto é ser edificante, no campo espiritual, transladando as imagens da construção civil à linguagem da formação interior. Edificar é construir-se.
A palavra martírio temo-la associada, pela força do hábito, aos rugidos das feras nos anfiteatros, aos cárceres incómodos, aos potros, às cruzes, às fogueiras, ao sangue e ao fio implacável das espadas.
Só que, deste modo, a efígie verdadeira fica apagada pelo acessório e circunstancial. O importante é atingir o sentido de testemunho contido na etimologia grega do vocábulo. Mártir é pessoa de tribunal. E todos aqueles homens e mulheres que hoje veneramos e enchem as páginas do Martirológio, não foram pròpriamente falando, mais que testemunhas no impressionante e universal julgamento, verdadeira antecipação do Juízo Final, que divide o mundo depois da vinda de Cristo. [...]
S. Pedro de Verona, religioso dominicano do século VIII e pregador de palavras e obras, dizia muitas vezes no púlpito como o seu desejo era testemunhar com o sangue a verdade que anunciava aos homens.
Ora Deus satisfez-lhe santa esta vontade. A caminho do seu convento é assaltado pelos hereges que o deixam por morto. Mas as forças do espírito incutiram-lhe valor para, meio prostrado, meio de joelhos, repetir com voz firme os artigos do credo.
Os inimigos voltando sobre os seus passos multiplicaram golpes e insultos. E então puderam ver de olhos atónitos, e assim o testificaram, como o santo movia a mão direita lentamente e escrevia com os dedos no pó do caminho esta palavra: Creio!
Também as religiosas escrevem de modo incruento, mas de certo heróico e válido, a sua testificação da Fé, a sua incomovível Certeza nAquele a que se entregaram. [...]
As religiosa não são, portanto, inúteis nem egoístas, nem anacrónicas, mas representam um das poucas coisas que dignificam ainda a Humanidade, pelo exercício desinteressado e constante do amor de Deus e do próximo."
(Excerto do Prólogo)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico e religioso.
Indisponível

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