1.ª edição.
Raríssima edição original do 1.º livro do autor, composto por reflexões sobre a vida política nacional em forma de cartas, escritas a partir da Angola onde se encontra a cumprir pena de degredo.
"Em virtude de circumstancias que perderam interesse e não vale a pena recordar, os governos do meu paiz, que tanto timbram em favorecer prevaricadores como se empenham em perseguir os homens de pensamento que ousam dizer-lh'o, obrigaram-me um dia a abalar, caminho d'Africa, em um navio mercante que, entre tripulação e rezes, conduziu a seu bordo funccionarios do Estado, negociantes da café e degredados de 1.ª classe. Eu pertencia a este numero.
Durante essa viagem, e, mais tarde, em um presidio d'Angola, ao acaso e no desconforto de uma existencia violenta, escrevi para um jornal do Porto, um grande numero das cartas que vão lêr-se. A essa correspondencia chamei impropriamente Diario; não foi isso o que sahiu. Obedecendo mais aos impulsos do meu temperamento, do que ás suggestões do meu instincto litterario, desviei-me do plano que primitivamente traçára, e, logo encetado o meu Diario tinha perdido o seu caracter de memorandum intimo para passar a ser o que foi, uma obra de combate, estridente e publica. [...]
Este volume não se recommenda, pois, pelo seu interesse litterario - é o meu primeiro livro, cumpre-me dizer isto; mas tem algum interesse politico e essa foi a razão que me levou a publical-o."
(Excerto da introdução)
João Pinheiro Chagas (1863-1925). “Jornalista. Republicano histórico, próximo de Brito Camacho. Em 1890 publica no Porto o jornal A República Portuguesa . Estava preso por crime de imprensa na Relação do Porto quando se deu a revolta do 31 de janeiro de 1891. Será condenado por instigar à mesma. Desterrado para Luanda e Moçâmedes, foge daqui. Volta ao Porto e volta a ser preso em finais de 1892. De novo desterrado para Luanda. Amnistiado pelo governo de Dias Ferreira. Edita no Porto entre 21 de dezembro de 1893 e 3 de junho de 1894 o Panfleto. Edita depois A Marselhesa e O País. Preso em 28 de janeiro de 1908. Libertado pelo governo de Ferreira do Amaral, começa a editar, entre 10 de dezembro de 1908 e 25 de dezembro de 1910, as Cartas Políticas. Presidente do ministério de 3 de setembro a 12 de novembro de 1911, acumula as pastas do interior e dos negócios estrangeiros, esta até 12 de outubro, onde surge Augusto de Vasconcelos. Tem a oposição do grupo de Afonso Costa. Nomeado chefe do governo em 15 de maio de 1915. Sofre atentado no Entrocamento, sendo substituído por José de Castro. Retoma o lugar de ministro de Portugal em Paris em 10 de setembro de 1915.”
(Fonte: Politipedia)
Encadernação da época sem pele na lombada, com as pastas cansadas.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Deve ser reencadernado.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível
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