CHIADO, Antonio - LETREYROS // MUYTO SENTENCIOSOS, // OS QUAES SE ACHARAM // EM CERTAS // SEPULTURAS // DE ESPANHA, // FEYTOS POR // ANTONIO CHIADO, // EM TROVAS // As quaes Sepulturas elle vio. E hua Regra // Spiritual que elle fez ao Geral de S. fran- // cisco, e assi hua petiçam que o mesmo // Chiado fez ao Commissayro, e a re- // posta do Geral feita por Af- // fonso Alveres. // Nova ediçam copiada fialmente de outra mais // antiga do que aquella que dá noticia // a nossa Bibliotheca. // LISBOA // Na Offic. de Simão Thaddeo Ferreira. // ANNO M. DCC. LXXXIII. // Com licença da Real Meza Censoria. In-8.º (16 cm) de 43, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Obra poética de António Ribeiro Chiado - o Poeta Chiado -, contemporâneo de Camões, que dá nome a um conhecido largo da Baixa de Lisboa.
Trabalho que, pelo seu conteúdo, pode ser considerado uma 1.ª edição, uma vez que, além dos Letreyros, publicados originalmente no início do século XVII, integra outras poesias inéditas.
Autor.
ESTES Letreyros achey
Em jazigos differentes,
E sam muyto excelentes,
E eu por tais os notey,
Tome-os vossa Senhoria,
E tenha-os por seu espelho,
E de meu fraco concelho;
Lêa nelles cada dia.
Em huma See, de nossa Espanha,
Correndo as estações,
Topey com hua pedra estranha
A qual nunca vi tamanha,
Posta sobre dous Liões.
Tinha em cima humRey armado; Com Corôa Imperial,
Na mesma pedra lavrado,
E tinha por seu ditado
Nam me chegou Anibal.
Cuido que lhe vi na mam,
Hua gram maça por cetro,
E tinha os pees n'hu Alam,
Muito mór que hum Liam,
E dizia a letra em metro."
Letreyro.
Dentro está o muito forte
Invencible Emperador,
O qual sendo desta forte
Ho venceo tambem a morte
Como a qualquer lavrador.
(1.º Letreyro)
António Ribeiro Chiado (1520?-1591) "Poeta jocoso que viveu no século 16. Era conhecido pelo Chiado, por ter morado muitos anos em Lisboa, na rua assim chamada já naquele século, nome que se conservou até meados do século 19, em que foi mudado para o de rua Garrett. Nasceu num humilde arrabalde de Évora, e faleceu no ano de 1591. Quis professar na Ordem de S. Francisco, mas não se lhe dando por válida a profissão, passou o resto da vida como celibatário, vestido sempre com hábito clerical. Apesar de não ser muito douto, tinha verdadeiro talento e bastante conhecimento das boas letras. Improvisava versos com a maior facilidade, mais pelo impulso da natureza, que de arte, sendo os seus versos muito jocosos e joviais, provocando festivos aplausos a quem os escutava. Também imitava com muita propriedade e galanteria as vozes e os gestos de diversas pessoas conhecidas. Todos estes predicados lhe alcançaram a estima geral e a maior popularidade.
Escreveu dois autos, que se imprimiram depois da sua morte, e em que seguia os modelos de Gil Vicente. São os seguintes: Auto de Gonçalo Chambão, Lisboa, 1613, 1615 e 1630; parece que anteriormente houve outras edições, ainda em vida do autor; Auto da natural invenção, que, segundo diz Barbosa Machado, foi representado na presença de D. João III, e se imprimiu, mas não declara quando, nem onde. Escreveu também umas obras religiosas, provando assim a sua afeição ao hábito franciscano que vestia, apesar de não ter podido ser frade. São elas as seguintes: Filomena dos louvores dos Santos com outros cantos devotos, Lisboa, 1585; consta de vários géneros de versos; Letreiros sentenciosos, os quais se acharam em certas sepulturas de Espanha feitos em trovas, Lisboa, 1602. Destes Letreiros, diz Farinha, que vira outra edição mais «antiga, feita em letra quadrada», e sem ano nem lugar de impressão, a qual estava na livraria real; diz mais, que nesta edição, além dos letreiros, vinham outras peças, o que tudo ele reimprimiu, publicando uma colecção cujo título é: Letreiros muito sentenciosos, os quais se acharam em certas sepulturas de Espanha, feitos por António Chiado em trovas, as quais sepulturas ele viu. E uma regra espiritual que ele fez ao Geral de S. Francisco, e assim uma petição que o mesmo Chiado fez ao Comissário, e a reposta do Geral, feita por Afonso Alvares, Lisboa, 1783. Na livraria de D. Francisco Manuel de Melo, que passou para a Biblioteca Nacional de Lisboa, existiam num livro de miscelâneas, os três seguintes autos: Pratica Doyto feguras; Auto das Regateiras; Pratica dos compadres. António Ribeiro Chiado deixou muitos manuscritos, cujos títulos vêm mencionados na Biblioteca Lusitana, de Barbosa Machado, vol. I, pág. 373."
(Fonte: http://www.arqnet.pt/dicionario/ribeirochiado.html)
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Capas frágeis com defeitos e falhas de papel. Mancha de humidade antiga, no pé, transversal a toda a obra. Deve ser aparado e encadernado.
Raro.
Peça de colecção.
50€
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