17 julho, 2016

GRAELLS, Dr. - AMORES SENSUAES. Estudo sobre a fisiologia do vicio no amor. Traducção e annotação de A. Fadón de Lizaso. Lisboa, Typ. de Herdeiros de Silvestre Castanheiro, 1910. In-8.º (17,5cm) de 96 p. , B. Bibliotheca popular scientifico-sexual, 2.ª série, VI
1.ª edição.
Estudo sobre o amor vicioso, de certa forma ingénuo, e com sérias reservas acerca do seu conteúdo histórico-científico... no entanto, bastante interessante e curioso.
"Nos primeiros tempos da Edade-Média, a libertinagem triunfava.
Os senhores faziam estendal dos seus vicios sem guardarem o mais minimo pudor ou conveniencia. O incesto multiplicava-se sob as fórmas mais horriveis
O filho não respeitava a mãe; as mães abusavam da innocencia dos filhos; o irmão violentava as irmãs; os pais requestavam as proprias filhas.
Na Hespanha, a louca e desenfreada paixão do rei godo D. Rodrigo, por Florinda, a Cava, e a leviandade d'esta mulher, foram a causa da perda da corôa e da vida do proprio rei, seguindo-se-lhe a invasão moura, protegida e mesmo solicitada pelo pae de Florinda, D. Julião.
A apparição da cavallaria é tambem medio-eval.
A cavallaria teve a original idéia de associar o amor ao heroismo e de considerar a estima d'uma mulher como o mais elevado objecto de actividade humana, erigindo o amor n'um principio supremo da moralidade.
Cada cavalleiro escolhia a sua dama, por ella combatia e a ella dedicava todas as suas façanhas.
Por seu lado nenhuma dama acceitava como cavalleiro o cobarde que fugia deante do perigo.
Durante muitos seculos a libertinagem vinha unida ou disfarçada com as practicas religiosas.
Em 1259 appareceu a seita dos flagellantes. Ninguem, ao principio suspeitava que as penitencias voluntarias d'estes peccadores, que se flagelavam em publico, podessem ser uma invenção da luxuria.
Caminhavam pelas ruas, a dois e dois, nús da cintura para cima, açoitando-se uns aos outros com correias e cilicios, e dando gemidos, até que o sangue brotava das carnes.
Pela noite dirigam-se para o campo e para os bosques e no meio das trevas e da escuridão redobravam as flagellações e com ellas os gritos e a sua loucura erótica.
Facil é adivinhar as odiosas consequencias d'estas reuniões de homens e mulhers, semi-nús, animados pelo espectaculo d'aquella indecente pantomima, na qual todos elles, uns após outros, se transformavam de actores em pacientes, chegando por fim ao ultimo paroxismo de extase libidinoso, praticando todas as variedades dos prazeres sensuaes e da depravação, na mais revoltante promiscuidade."
(excerto de O amor e o vicio na Edade-Média)
Matérias:
I. O amor e o vicio. Definição e caracteres que os distinguem. II. O vicio e o amor na mytologia e na lenda. III. O amor e o vicio na antiguidade: Egypto, Persia, India, Grecia e Roma. IV. O amor e o vicio na Edade-Média. V. A Edade Moderna. VI. O vicio e sensualidade nos povos selvagens. VII. O vicio na Sociedade Moderna.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Pequeno rasgão na capa posterior, sem perda de papel.
Raro.
Sem indicação de registo na BNP.
Indisponível

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