ALBUQUERQUE, Antonio de - ESCANDALO! : scenas da vida de provincia. Lisboa, Livraria Editora Viuva Tavares Cardoso, 1904. In-8.º (18,5cm) de 442, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Romance rústico.
"Um sol ardente de Julho crestava a austera e esguia fachada da velha sé.
A missa do meio dia, lenta e somnolenta acabara finalmente, e o grande reposteiro vermelho da porta principal, afastado consecutivamente pelas mãos suadas da multidão devota, ondulava como um pendão ao vento.
Era um enorme formigueiro humano que ao sahir de dirigia apressado em todas as direcções. As mulheres vestindo os seus trajes domingueiros e garridos, escondiam levemente a sua natureza forte que se adivinhava na tumescencia dos seios e na maternidade das ancas. Os homens soberbos de virilidade, pegavam nos varapaus lusidios com o aprumo e attitudes dos antigos lusitanos empunhando as lanças. E toda aquella multidão borbulhava vistosa e colorida, bulhenta e offegante. [...]
Apenas o templo despejou a turba, começaram de sair lenta e quasi rythmicamente em grupos, as senhoras afidalgadas da terra, que enviavam aos seus conhecimentos saudações molhadas com sorrisos de sympathia falsa. Depois, lá seguiam para sua casa, criticando o gosto das toilettes, epigrammando a vida privada de todos, e se por acaso havia escandalo nunca se esqueciam de maldosamente amostardar a sua historia."
(excerto do Cap. I)
António de Albuquerque de Meneses e Lencastre (1866-1923). "Nasceu em Viseu no ano de 1866. Escritor, a sua obra não é abundante. Ficou, no entanto, conhecido pelo seu livro «O Marquês da Bacalhoa», publicado em 1908 e proibido, embora já se tivessem vendido 6.000 exemplares, que escandalizou a sociedade da época, por retratar de modo visível os costumes da família real e da corte. António de Albuquerque, porém, quase no fim da vida, penitenciou-se publicamente, repudiando o referido livro. Morreu em Sintra no ano de 1923."
(fonte: www.fmsoares.pt)
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Ex-libris de Mário Moniz dos Santos no verso na f. rosto.
Exemplar em bom estado de conservação. Sem f. anterrosto. Pequeno pico de traça, na parte superior da pasta frontal, junto à lombada.
Invulgar.
Indisponível
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