13 julho, 2016

GRANJO, Antonio – A GRANDE AVENTURA (scenas da guerra). Lisboa, Portugal-Brasil, [1919]. In-8.º (19cm) de 193, [3] p. ; B.
1.ª edição.
António Granjo incorporou o 1.º batalhão de infantaria 19, que participou, integrado noutras unidades, no Corpo Expedicionário Português colocado na Flandres durante a Grande Guerra. Da sua experiência nas trincheiras resultou este livro que é um interessante documento da participação portuguesa no conflito.
“Parti de Chaves, com o 1.º Batalhão de infantaria 19, na noite de 20 para 21 de maio de 1917, com destino a Lisboa, onde embarquei, em direcção a Brest, no dia 27 do mesmo mez. Cheguei a Brest no dia 1 de junho, desembarcando no dia seguinte para tomar imediatamente o comboio militar que me levou ao acampamento de Etaples. No dia 9 do mesmo mez recebia guia, com outros oficiaes e alguns sargentos graduados, para me apresentar no Q. G.  do C. E. P., deixando o batalhão acampado.
O batalhão 19 constituía uma unidade de deposito. Cada um seguiu para seu lado, conforme o exigiam as conveniencias do serviço e as necessidades da campanha.
O 19 foi, porém, de todos os batalhões da Flandres, aquele que contribuiu com um maior contingente de heroismo. Ás nossas mais belas paginas de guerra está ligado imperecivelmente algum nome do 1.º Batalhão de infantaria 19.
A primeira vitoria sobre os alemães, em Neuve-Chapelle, foi obtida pelo alferes do 19, Antonio Teixeira, miliciano, que conseguiu repelir com o seu pelotão duas companhias alemãs, fazendo alguns prisioneiros, e por esse feito foi promovido por distinção a tenente (aos 18 anos!) e condecorado com a Cruz de Guerra e a Military Cross.
O único golpe ofensivo vibrado ao inimigo foi o raid comandado pelo capitão Ribeiro de Carvalho, do 19,. Foi por isso (aos 28 anos!) promovido a major e condecorado com a Cruz de Guerra, a Military Cross e a Torre e Espada.
Na ofensiva alemã de abril, os cento e tantos soldados do 19 encorporados no 15 por tal forma se houveram que foram todos louvados individualmente.
O Capitão Bento Roma, o maior portuguez do nosso tempo, o novo Duarte Pacheco que em Lacouture restabeleceu a nossa tradição heroica e legendaria, fôra transferido do 19 nas vesperas de partir para França e no dia 19 fez a sua carreira.
É por isso que as minhas primeiras palavras são para o meu glorioso batalhão. Se o destino lhe foi descaroável, se a Historia nem sequer o encontrará como uma unidade combatente e precisará de ir buscar aos outros batalhões a noticia dos feitos dos seus oficiaes e soldados, que ao menos fique esse glorioso 19, que desde o Bussaco vem ilustrando os nossos fastos militares, na primeira pagina deste livro de recordações.
É possível que alguns olhos caíam sobre estas linhas. Desejaria que no coração do portuguez que as lesse, esse numero 19 ficasse gritando e ardendo como a própria voz da Patria.”
(Ao 1.º Batalhão de infantaria 19)
Matérias:
- Ao 1.º batalhão de infantaria 19. – Ao 1.º batalhão de infantaria 22. – A grande aventura. – De Lisboa a Brest. – De Brest a Etaples. – Um dia fóra do acampamento. – Para a frente. – Na catedral de Aire-sûr-la-Lys. – A noite de Santo Antonio. – O tenente Grilo. – Nas linhas de apoio. – A primeira patrulha. – O metralhador. – Carta a uma mãe. – Acantonamento de Penin-Mariage. – Um S. O. S. – Flores da terra de ninguém. A fuga á morte. – Dois heróis. – Os dois prisioneiros. – A rendição. – Por Portugal.
António Granjo (1881-1921). Natural de Chaves. Foi um político e militar português. Viria a ser assassinado na sequência de um movimento radical, em Lisboa, na madrugada de 19 de Outubro de 1921, na purga que ficaria conhecida para a história por «Noite Sangrenta». Na sua carreira política destacam-se duas breves passagens pelo cargo de primeiro-ministro, funções que exercia aquando da sua morte.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

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