13 julho, 2012

BERNARDES, P. Manuel – LUZ, E CALOR. // OBRA ESPIRITUAL // Para os que tratão do exercício de virtudes, & caminho // de perfeyção, // DIVIDIDA EM DUAS PARTES. // Na Primeyra se procura comunicar ao entendimento LUZ de // muytas verdades importantes, por meyo de Doutrinas, Sen- // tenças, Industrias, & Dictames, espirituais. // Na segunda se procura communicar à vontade CALOR do Amor // de Deos, por meyo de Exhortações, Exemplos, Meditações, // Colloquios, & Jaculatorias. // ESCRITA // Pelo P. MANOEL BERNARDEZ, // Da Congregação do Oratorio, // Que dedica, & offerece // A SOBERANA E CLEMENTISSIMA SENHORA DE TODAS AS CREATURAS // MARIA // Sacratissima concebida em resplendores de Graça, & incen- // dios de Amor Divino no primeyro instante de seu ser. // LISBOA, // Na Officina de MIGUEL DESLANDES, // Impressor de Sua Magestade. // Com todas as licenças necessárias, & Privilegio Real. // Anno M.DC.XCVI. In-8º grd. (21cm) de [20], 585, [15] p. ; E.
1ª edição.
Obra clássica importante, muito valorizada na sua edição original.
Padre Manuel Bernardes (1644-1710). “Nasceu em Lisboa, em 1644. Aos trinta anos, ingressou na Congregação do Oratório de S. Filipe Néri, imerso no silêncio claustral, a meditar e a compor sua obra moralista. Enlouqueceu dois anos antes de falecer, em 1710. Sua existência, apenas marcada por duas datas, e sua obra opõem-se diametralmente às do Padre António Vieira. Infenso à vida activa e ao atrito social, era um contemplativo e místico por natureza, e as obras que escreveu, reflectem nitidamente essa condição. Dotado de inquebrantável fé religiosa, que o recolhimento conventual estimulava e nutria, escreveu suas obras com os olhos voltados para o plano transcendente, embora não esquecesse de os dirigir igualmente para os seus semelhantes, dentro e fora dos mosteiros. Por isso, ao se comunicar com o leitor, no afã pedagógico de guiá-lo na estrada que levaria à bem-aventurança, não esquece jamais de molhar a pena com a ungida contemplação espiritual em que se compraz. Quer ensinar o homem a encontrar Deus pelo culto das virtudes morais mais autênticas nele, precisamente as que lhe conferem a condição de criatura humana. Sua numerosa obra, em que se espelham especiais qualidades de escritor e pensador cristão, escreveu-a com esse único destino: Nova Floresta (5vols., 1706, 1708, 1711, 1726, 1728), Pão Partido em Pequeninos (1694), Luz e Calor (1696), Exercícios Espirituais (1707), Últimos Fins do Homem (1726), Armas da Castidade (1737) Sermões e Práticas (2 vols., 1711), Estímulo prático para seguir o bem e fugir o mal (1730). Cônscio do poder insinuativo e modificador das palavras, como bom conceptista que era, o Padre Manuel Bernardes procura atingir o máximo de efeito com o mínimo de recursos: baixa até o leitor, conta-lhe um "caso", um "exemplo", de origem religiosa, ou bíblica, histórica ou mesmo popular, e dele extrai as ilações que julga fundamentais para a formação moral do verdadeiro cristão. Para consegui-lo, o escritor despoja a linguagem de tudo quanto lhe parece supérfluo, como quem procurasse um andamento e um tom próximos da fala confessional, mas sem perder dignidade, altura e brilho, Utilizando rico vocabulário e uma sintaxe dita, clara, clássica, onde raramente despontam hipérbatos e semelhantes recursos barrocos, simplifica a doutrina a fim de q o leitor comum possa senti-la, interpretá-la e assimilá-la. Ajuda-o nessa tarefa de falar aos simples a ingenuidade crédula com que atribuía foros de verdade a meras lendas e ficções. Por outro lado, certas notações "realistas" denunciam um sacerdote interessado na vida exterior, embora por vias inteiramente indirectas, como o sionário. Pela fluidificação da linguagem, em que não é estranho o influxo conceptista e latino, pela elegância, espontaneidade, precisão e vernaculidade, o Padre Manuel Bernardes tornou-se um autentico modelo da prosa literária seiscentista. Pelo estilo, realizou um anseio geral no tempo, e pela reclusão claustral, um ideal de vida contemporâneo, qual seja, a ascese de tipo medieval.” (Massaud Moisés, A Literatura Portuguesa, Editora Cultrix, São Paulo)
Encadernação inteira de carneira com dourados na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. 
Raro. 
125€

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