05 fevereiro, 2024

RIBEIRO, Manoel - IMPERIOSA VERDADE : cena em verso
. Lisboa, Guimarães & C.ª - Editores, 1908. In-4.º (24 cm) de 20 p. ; B.
1.ª edição.
Edição original da primeira obra do autor, com dedicatória (impressa) "Ao Dr. Couto Nogueira, Camarada em ideais".
Na capa do livro encontra-se estampada a efígie de Manuel Ribeiro, circunstância pouco vulgar e que empresta à mesma um belo efeito gráfico.
Obra rara, por certo com tiragem reduzida.
 
"Jorge, com emoção
E sinto arder cá dentro a febre do Amôr,
- uma ância de raiz que vae tornar-se flôr;
fôrça que me arrebata em ímpetos ardentes
muito longe, p'ra àlem das fórmas ezistentes,
onde circula a seiva inquieta d'outra vida.
Ó, amada visão, ainda incompreendida.
Dentro de câda peito o amôr tem vibrações
pâra abrasar as mais sublimes ideações,
- oiro vivo onde se grava o frémito inspirado
de tanto sônho e tanto ideal inspirado.
Lutar. A vida só é bela e bôa quando,
toda a miséria e toda a dôr ultrapassando,
marca num ceu longínquo uma estrêla dourada,
- astro que mal se vê, impercètível nada
perdido no infinito imenso da quimera,
mas que na reflexão em certas almas gera
êsse deslumbramento enorma da Verdade."

(Excerto de Cena)

Manuel Ribeiro (1878-1941). "Manuel Ribeiro (1878-1941), natural de Albernoa, freguesia de Beja, foi um dos mais destacados militantes anarco-sindicalistas da primeira República. Com pouco mais de vinte anos veio para Lisboa, dedicando-se à tradução e ao jornalismo. É também o momento em que inicia uma obra literária, que anos mais tarde dele fará um dos mais lidos escritores do tempo. Como tradutor, verteu para o português obras de Gorki, Tolstoi, Kropotkine e Paul Elzbacher. A ligação militante ao anarquismo operário data de 1908, mas a primeira colaboração com a imprensa libertária é de 1909. Entre 1912 e 1914 é um dos mais assíduos colaboradores do semanário O Sindicalista, órgão da corrente operária libertária. Com o fim deste e a fundação de A Batalha, Manuel Ribeiro transfere para este diário a sua colaboração, que mantém até Março de 1921.
A revolução russa de 1917 dividiu o movimento operário mundial e Manuel Ribeiro, vendo nos sovietes um equivalente do sindicalismo revolucionário, toma partido pelo bolchevismo, fundando com outros a Federação Maximalista, cujo jornal dirigiu, e o Partido Comunista Português. Mais tarde, em 1926, converteu-se (em privado) ao catolicismo. A conversão não levou porém o autor a alhear-se das antigas preocupações, acabando por se manter dentro da mesma esfera, com a aproximação a sectores católicos socialmente empenhados. Dirigiu nesses anos a revista católica Renascença, fundou uma outra, Era Nova, esta com o padre Joaquim Alves Correia, e publicou um livro de ensaios, Novos Horizontes (1930), em que esclarece a sua separação da fórmula integralista, que por então dominava nos meios católicos."
(Fonte: http://mosca-servidor.xdi.uevora.pt/arquivo/?p=creators/creator&id=450)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito raro.
Peça de colecção.
45€

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