10 fevereiro, 2024

PIRES, A. de Oliveira -
OS JESUITAS.
Romance historico do seculo XVIII. Por... Lisboa, Empreza Editora de Romances Instructivos, 1873. In-8.º (18,5x11,5 cm) de [2], XIII, [1], 314, [6] p. ; E.
1.ª edição.
Romance anticlerical cuja acção decorre na época pombalina, no período pós terramoto de 1755, sendo intenção do autor mostrar a influência nefasta da Companhia de Jesus na sociedade da época e as perseguições que o Marquês moveu contra a instituição. Raro. Inocêncio não menciona este romance na sua lista de obras de Oliveira Pires.
"Não cuide o leitor que este livro seja um tratado sobre os jesuitas
É apenas um romance, cuja acção se passa n'uma época extraordinaria da nossa historia; época de luz e de sombras, em que sobresáe o vulto quasi épico do marquez de Pombal.
O assumpto mais particularmente escolhido para elle é a guerra movida pelo marquez contra a companhia de Jesus, e as culpas de que esta sociedade foi universalmente accusada."
(Excerto do Prefacio)
"Tinham decorrido trez annos depois que a catastrophe do 1.º de novembro de 1755 reduzira Lisboa a um montão de ruinas.
Pelas abas dos montes da antiga Olisyppo estendiam-se pedaços de cornijas, fragmentos de cunhaes, restos de paredes derrocadas, e outros destroços de edificios, que a grande convulsão subterranea derrubara
No sopé dos montes do Castello, ou antes no valle que fica entre esses montes e os de S. Roque e S. Pedro d'Alcantara, appareciam já bastantes predios symetricamente alinhados, ruas direitas e largas, praças magestosas. Era a nova cidade que surgia de entre as ruinas ao impulso do ministro potente de el-rei D. José. [...]
Quando no dia de todos os santos Lisboa foi abalada pelo terramoto, estava a familia real no palacio de Belem, que D. João 5.º comprara ao conde de Aveiras.
A catastrophe poupou a residencia real. Mas o susto, a desconfiança de que o sinistro acontecimento se repetisse, os ligeiros abalos que por algum tempo continuaram depois da grande convulsão, fizeram com que D. José abandonasse immediatamente o palacio e fosse habitar em barracas de lona, armadas no meio da quinta.
Carvalho mandou logo edificar no alto da Ajuda uma habitação para o rei, de fórma abarracada, e onde a madeira se empregou como elemento principal da construcção.
É n'esta casa que nós vamos entrar, eu e o leitor, no dia 3 de setembro de 1758.
Era ao cair da tarde. O sol, mergulhando-se no occidente, innundava de clarões rubros as janellas da habitação real, parecendo, atravez dos vidros, que no interior crepitavam as chammas de um grande incendio.
D. José aproximara-se da janella e lançára o olhar para o lado do rio, admiramdo o panorama esplendido, que do alto da Ajuda se disfructa. Atraz do rei estava um homem de pé, vestido de velludo preto, como que aguardando que D. José lhe dirigisse a palavra.
Era este homem o valido Pedro Teixeira."
(Excerto de I - A conspiração)
Alfredo de Oliveira Pires (Lisboa, 1840 - Suiça) funcionário público, empregado na secretaria do Conselho de Estado e na Secretaria da direcção da Associação Protectora do Asilo de Infância Desvalida e dos Pobres do Lumiar. Foi jornalista e escritor. Além de grande número de artigos em diversas publicações periódicas da época escreveu cerca de 22 romances publicados em folhetins nos referidos periódicos, cujos títulos são registados por Brito Aranha continuador de Inocêncio, sem referir datas.
(Inocêncio Vol. XX, pp. 338 e 339)
Encadernação recente em percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
55€

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