AGOSTINHO, Porfírio Maio - OS CARRETEIROS : romance. Estoril, Edição do Autor, 1994. In-8.º (20,5x14,5 cm) de [4], 371 p. ; B.
1.ª edição.
Romance realista, impressionante, baseado nas vivências do autor quando jovem, sobre as condições de vida dos "carreteiros" - transportadores de pessoas e mercadorias por zonas transmontanas de difícil acesso - no primeiro quartel do século XX.
Edição de autor, por certo com tiragem reduzida. Apesar de relativamente recente, esta obra não se encontra registada na base de dados da Biblioteca Nacional.
Livro valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"Quando a Linha do Corgo ficou concluída, 21 de Agosto de 1921, naquelas paragens transmontanas, uma nova actividade surgiu e se desenvolveu - os carretos. No entanto, a partir de 1918, já o comboio chegava a Vidago.
E das principais estações do Caminho de Ferro, para as povoações limítrofes, eram as mercadorias, de várias espécies, transportadas às costas, em alimárias e em pachorrentos carros de bois, principalmente as maias pesadas.. E de Vidago a Boticas eram dezassete quilómetros, aproximadamente, através da serra. Era um trajecto difícil, por uma alcantilada, sinuosa e estreita vereda que a serra atravessava como uma gigantesca e fantasmagórica serpente. [...]
Embora, difusamente, não podemos imaginar o quão difícil se tornava subir ou descer as encostas, do Sr. do Monte, com os carros carregados. Quando chovia era o piso molhado, lamacento, escorregadio, uma constante armadilha para homens e animais. Também um autêntico inferno experimentavam, no mesmo trajecto, quando a canícula estonteava as cabeças e as moscas e moscardos, sem piedade, os ferravam.
Em 1930, partindo de Boticas, atravessando os Soutos da Costa, em direcção ao Alto de Pinho, aqui também, homens e animais, num esforço doido, golpeando a serra, davam forma a mais um troço da Estrada nº 311. - Vidago era o objectivo. [...]
Entretanto, os carretos, faziam-se pela serra do Sr. do Monte. Carreteiros se chamavam, aos homens que a este duro e penoso trabalho se dedicavam, em sintonia com os restantes trabalhos da lavoura. Os ganhos eram magros e o raio da filharada nunca era atacada pelo fastio. Vida de cão. Nada fácil. Lembrança de tempos passados. Eram homens rudes, simples, honestos e laboriosos. Teceram, por assim dizer, as malhas da rede de um estrato de tempo."
(Excerto do preâmbulo)
Porfírio Maio Agostinho (1947-2005). "Escritor, natural de Eiró, Freguesia e Concelho de Boticas, nasceu a 02-08-1947 e faleceu em 2005. Completou a Instrução Primária com dez anos de idade. Até aos 13 anos trabalhou no campo a ajudar os pais. À procura de uma vida mais digna, foi para a Capital onde, com 13 anos de idade, começou a trabalhar numa fábrica de cortiça. Foi, contudo, em Angola, cumprimento do Serviço Militar (1969/1971), mercê do contacto com outras gentes e outras culturas, rasgando-se à sua frente novos horizontes, que sentia a necessidade de ir mais longe. Para isso tinha que estudar, e fê-lo. Como trabalhador-estudante, fez o 12º ano e frequência da Universidade, mas é como autodidacta que se valoriza, faz várias pesquisas, procura ir sempre mais além. A sua colaboração literária é vasta por Jornais Regionais como: Ecos de Boticas, Negócios de Valpaços; Voz de Chaves; Falcão do Minho; Notícias de Trás-os-Montes e Alto Douro e Revista Unearta, que ajudou a fundar. É autor de diversos livros, como Os Carreteiros; Natália; Tinísia e os Guerreiros; O Sonho é Um Desatino e, por fim Torneio de Ervededo."
(Fonte: Dicionário dos Mais Ilustres Transmontanos e Alto Durienses, (Volume I, Coord. Barroso da Fonte, Editora Cidade Berço, 1998)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Pequeno rasgão na contracapa, junto da lombada, sem perda de suporte.
Raro.
Sem registo na BNP.
Indisponível
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