GUIMARÃES, Julio - O "AMOR DE PERDIÇÃO", EM VERSO. Lisboa, Livraria Barateira, [192-]. In-8.º (19 cm) de 64 p. ; E.
1.ª edição.
Capa de Alberto de Sousa (1880-1961).
Importante peça camiliana com indubitável interesse histórico e bibliográfico, publicada, julgamos, na década de 20 do século passado. Trata-se da versão em verso do Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco, por Júlio de Guimarães - o "poeta fadista".
Obra dividida em três partes, todas em verso: Introdução; A fisionomia dos principais personagens do Amor de Perdição, onde o autor traça o retrato psicológico das personagens; Amor de Perdição.
Em nota do antigo proprietário, numa folhinha batida à máquina, é-nos transmitido que a edição "deste curioso folheto em verso, feito pelo livreiro Julio de Guimarães (o poeta fadista) foi totalmente apreendida e destruída, tendo escapado uma meia duzia de exemplares", dando ainda conta do seguinte: "O nosso ostenta a capa de brochura ilustrada pelo mestre aguarelista Alberto de Sousa o que o torna mais valioso e raro." Só não explica porque foi dizimada esta edição, algo que também não conseguimos deslindar. No entanto, atestando a veracidade destas informações, as referências ao livro são praticamente inexistentes, tanto quanto foi possível apurar, com excepção de um artigo de Maria Aparecida Ribeiro, da Universidade de Coimbra, intitulado Amor de Perdição, de novela portuguesa a cordel brasileiro. A BNP dá notícia de um exemplar.
"O «Amor de Perdição»,
Que as desventuras revela
Dum amor intranquilo,
Foi escrito na prisão,
Na penumbra duma cela,
Pelo seu autor: - Camilo.
Por ventura existe alguem
Que não tenha lido ainda
Este episódio de amor;
Jóia a onde se retém
A fulguração infinda
Do primoroso escritor?!...
Não ha ninguem, certamente,
Que não tivesse chorado
Nas paginas dêste drama;
Fatal código, fremente,
De todo o ser desgraçado
Que na vida sofre e ama!"
(Excerto da Introdução)
"Domingos José Botelho,
Da alta nobreza o espelho,
Juiz de fóra em Cascaes,
Sentindo do amor a chama,
Contraiu com linda dama
Laços matrimoniais.
Dona Rita Preciosa
Era o nome da formosa
Esposa do nobe juiz;
Que a-pesar d'amor lhe ter
Nunca a conseguiu fazer
Inteiramente feliz.
[...]
Tendo apenas quinze anos,
Libertos de desenganos,
- Quadra em que a vida é vergel, -
Simão estudava em Coimbra :
- Cidade que encantos timbra! -
Com seu irmão Manuel.
Co´a enfusiante alegria
Da sua alma bravia.
Por esboçar desacatos;
Simão Botelho era tido
Por valente, destemido,
Entre os colegas pacatos
Com sua grande bravura
Honrava a nobre figura
Do seu bisavô paterno;
Porém, fremindo no peito
Tinha um coração perfeito,
Bondoso, simples e terno."
(Excerto do Cap. I - (1779 a 1802)
Encadernação em meia de percalina com cantos e ferros gravados a ouro na pasta anterior. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito raro.
Peça de colecção.
Indisponível
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