10 junho, 2023

PINHEIRO, Raphael Bordallo - ALBUM DE CARICATURAS PHRASES E ANEXINS DA LINGUA PORTUGUEZA. Com um prefacio por Julio Cesar Machado. Lisboa, Livraria Editora de Mattos Moreira & C.ª, 1876. Oblongo (24x31 cm) de 30 p. ; [13] estampas ; B.
1.ª edição.
Obra de referência bordaliana, publicada em Lisboa numa época em que o autor se encontrava no Brasil, em trabalho (1875-1879). - "A 19 de Agosto de 1875 parte para o Brasil onde trabalha nos jornais O Mosquito, Psit!!! e O Besouro e desfruta dos prazeres do Rio de Janeiro com os seus companheiros da "República das Laranjeiras". Do lado de lá do oceano Atlântico continua a enviar a sua colaboração para jornais e revistas, exemplo disso é o Álbum de Phrases e Anexins da Língua Portuguesa (1876) e o Almanaque da Senhora Angot (1876-77). As saudades da Pátria e as constantes ameaças contra a sua vida fazem-no regressar a Portugal, onde chega em Maio de 1879, para começar logo a trabalhar n'O António Maria (1879). Seguiu-se o Álbum das Glórias (1880), No Lazareto de Lisboa (1881), Pontos nos iis (1885) e, finalmente, A Paródia (1900)." (in http://www.caestamosnos.org/efemerides/034.htm)
Livro belissimamente ilustrado com 13 estampas separadas do texto (completo), protegidas por lamina de papel vegetal (com excepção de uma).
"Dizia elle, que a sua patria era a rua de S. José, n.º 47 (hoje 33); estamos felizmente n'um paiz em que isto se póde escrever para o publico sem receio que o senhorio do predio augmente a renda aos actuaes inquilinos para fazer valer a prenda gloriosa de haver nascido alli o talentoso artista. O predio continuará a valer o mesmo; talvez até o senhorio embirre de haver estado a fazer uma casa para lhe nascerem artistas n'ella! Mais valera malvas ás portas!...
Em todo o caso, que o senhorio estime, que não estime, que o predio fique valendo o mesmo, que valha mais, que valha menos, o certo é que Raphael Bordallo Pinheiro alli é que nasceu.
Seu pae, á força de desgostos adquiridos na vida artistica, em que o seu nome conseguiu todavia sobresair como o de um homem de merecimento e de bom caracter, não queria por nenhum modo que elle se dedicasse á mesma carreira, para a qual aliás o moço sentia irresistivel vocação.
- Ha de ser outra cousa!
- Que outra cousa, meu pae? Eu não sirvo senão para artista!
- Mas ser artista, aqui, não serve para cousa nenhuma!
- E então?
- E então, é preciso estudares, a ver se te faço advogado como teu avô, como teu tio..."
(Excerto do Prefacio)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Manusedo. Sem capas, preso por atilhos. Última estampa (13.ª) apresenta pequena falha de papel marginal, no canto inferior direito, sem afectação da mancha tipográfica. Deve ser encadernado.
Raro.
Com interesse bordaliano.
50€

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