27 junho, 2023

ALVES, Ferro e SALREU, A. -
A MOAGEM.
Uma unica edição de 4:000 exemplares. Lisboa, Composto e impresso nas Ofic. Gráf. d'O Rebate, 1924. In-8.º (20 cm) de 59, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Crítica ao Estado republicano e às instituições dele dependentes, acusados pelos autores de inércia e corrupção. Obra publicada pouco tempo antes da intervenção golpista da Ditadura Nacional, prelúdio do regime do Estado Novo. Relativamente aos autores, pouco foi possível apurar, a não ser que Ferro Alves, em 1935, publicou um livro que causou brado - Os Budas : o contrabando de armas - onde denuncia um grupo de opositores ao regime ditatorial português saído do Golpe de 28 de Maio de 1926 que se refugiou em Madrid.
Exemplar valorizado pela dedicatória autógrafa de Ferro Alves a Artur Santos.
"O estado economico do nosso paiz, sendo um reflexo dos fenomenos sociais desnorteantes e imprevistos, sintetiza igualmente a crise moral que nos assaltou.
São multiplos e conjuntos os aspectos que esse anormal estado de cousas reveste, mas todos eles vão basicamente alicercar-se na falencia moral, d'uma camada dos dirigentes portuguezes.
Parece que o movimento tumulturario que principiou a afirmar-se logo a seguir á guerra, contaminou por completo a sociedade, revolvendo as maximas fundamentais por que ela se regia. O espirito aventureiro com todas as suas nuances, indecisas e duvidosas, invadiu tudo transtornado os habitos, modificando os costumes. Foi então que surgiu uma multidão desordenada de negociantes, provindo não se sabe donde, que furiosamente se lançou á luta, no desejo imperativo de enriquecer fosse lá como fosse."
(Excerto de Prefacio)
"A Moagem é um nome representativo de alguma cousa de pernicioso e malfazejo na sociedade portuguesa, como um medonho cancro que fosse imprescindivel estripar com um ferro incandescente. E alguma cousa de odienta e ignobil, simbolo de um negocio e de uma politica de calculo e de corrupção, na qual tem comparticipado figurantes de todos os partidos e crédos sociaes.
Á sombra dela têem medrado apetites vorazes e fauces famélicas e hiantes têem mostrado seus acerados caninos, prontos a morder, a triturar, a engulir.
Politicos negociantes que das convicções fazem galhardetes para agitar ao vento insano dos leilões, têem apregoado seus valimentos e serviços, para mais caramente serem comprados.
Parasitas vicejando á sombra das arvores um brosas, sedentos de seiva, não importa que seja putrida e asquerosa, teem tapado e crescido, chafurdando nos cofres abarrotados da Moagem. [...]
Foi assim a Moagem obrigada irremediavelmente a ganhar muito, para pagar os favores daqueles que a defendem e a servem e a amparam, nos seus equilibrismos de moderna roubalheira."
(Excerto de I - A Moagem)
Indice:
Prefacio | I - A Moagem. II - A Moagem e o Pão Politico. III - O Fomento Agricola. IV - A Constituição da Moagem. V - Elucidações. VI - O Ministerio da Agricultura. | Conclusão.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cansada. Capas frágeis, restauradas, com defeitos.
Raro.
Sem registo na BNP.
Indisponível

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