30 junho, 2023

RAFAEL, José Maria de Sousa -
A AMBRINA NO TRATAMENTO DAS FERIDAS (experiencias comparativas).
Tese de Doutoramento em Medicina Veterinária. De... Lisboa, Tip. Henrique Torres, 1929. In-8.º (21,5 cm) de 62, [4] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante ensaio académico sobre a utilização da Ambrina - substância plástica, de cor semelhante ao âmbar, com propriedades terapêuticas.
O presente trabalho inclui uma amostragem documentada em pormenor sobre a eficácia da ambrina no tratamento de feridas nos cães, animal eleito para o estudo.
Exemplar valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"Por nunca ter sido estudado em Medicina-Veterinária, foi-nos lembrado este assunto para tratar na nossa tese.
Não é absolutamente moderno, em medicina humana, o emprego da Ambrina no tratamento das queimaduras, mas ele foi sobretudo praticado durante a Grande Guerra; chegaram mesmo a instalar hospitais apenas para individuos queimados onde não só se aplicava exclusivamente aquele penso, como ainda se ensina a tecnica da sua aplicação, a medicos e enfermeiras especialmente enviados para esse tirocinio.
As nossas experiencias não incidiram apenas em queimaduras; foram feitas tambem em outras feridas, provocadas ou operatorias."
(Excerto do preâmbulo)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
A BNP menciona a obra (sem identificação do autor).
Indisponível

29 junho, 2023

VAZ, Salema -
TERRA DE NINGUEM. Redondilhas de... Lisboa, Portugal-Brasil Limitada : Rio de Janeiro, Companhia Editora Americana : Livraria Francisco Alves, [1919?]. In-8.º (18 cm) de 58, [4] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Edição original desta obra poética inspirada na participação portuguesa na Grande Guerra, em França, na Flandres.
"Ás mães e noivas portuguezas, que souberam amar a sua terra no sacrificio aos entes queridos".
(Dedicatória impressa)
Bonita edição impressa em papel encorpado, ilustrada com belíssimas vinhetas a p.b., e desenhos a vermelho no texto. "Todos os exemplares são rubricados [chancela] pelo Auctor".

"Hei-de ir p'ra guerra; é o meu fado!
Sou um poeta-soldado,
Hei-me morrer a cantar!
As cordas da minha lyra
(Que p'lo passado suspira)
Não, não se hão-de enferrujar."

(Excerto de A uma Madrinha de Guerra)

Índice:
Hora de Redempção | A uma Madrinha de Guerra | Ai!... Quem me déra ser carta! | Carta a Maria.
Exemplar brochado em razoável estado de geral de conservação. Cansado. Capas apresentam cortes e falhas de papel marginais.
Raro.
Indisponível

28 junho, 2023

COELHO, Trindade - OS MEUS AMORES. (Contos e Balladas). 3.ª edição, muito augmentada. Paris-Lisboa, Livraria Aillaud & Cia, 1901. In-8.º (19 cm) de 423, [1] p. ; [1] f. il. ; E.
Conjunto de pequenos contos de inspiração rural (23), distribuídos por três "categorias": Amores Velhos; Amores Novos; AmorinhosTrata-se talvez da obra mais apreciada do autor, a par de In Illo Tempore (recordações dos seus tempos de estudante, em Coimbra).
Título traduzido para castelhano e francês, e multiplamente reeditado entre nós. Inclui no final do livro a apreciação literária de Os meus amores pela crítica espanhola.
Livro ilustrado com o retrato de Trindade Coelho impresso em heliogravura, por Dujardin (Paris).
Edição substancialmente aumentada relativamente às duas que a precederam (o dobro), composta por textos rústicos, muito belos - a prosa cuidada e castiça - a fazer lembrar outro mestre contista português - Teixeira de Queiroz.
Exemplar muitíssimo valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"Quando atravessou a povoação, rua abaixo, com o rebanho atraz d'elle, era ainda muito cedo. Ao longo das ruas tortuosas, as portas conservavam-se fechadas, e não vinha das habitações o mais insignificante ruido. Dormia-se a somno solto por todas aquellas casas. Apenas algum cão, subitamente acordado em sobresalto pelo chocalhar do rebanho, ladrava do alto dos escadorios de pedra onde ficára de sentinella, ou de dentro das curraladas, onde levára a noite fazendo companhia aos novilhos. D'onde em onde, gallos madrugadores entoavam matinas sonoras, que eram como risadas vibrantes de bohemios, n'alguma esturdia, a deshoras...
Mas passadas as ultimas casas, o silencio condensava-se para toda a banda, núma grande pacificação de templo adormecido. Nem viv'alma pela ladeira que levava ao rio, por um caminho em zig-zags. [...] Nem um balido de ovelha em todo o rebanho que se ia submissamente á mercê do pequeno pastor, parando se elle parava a colher as amoras frescas dos silvados, recomeçando a marcha se de novo elle se punha a caminhar.
Quando passou rente ao meloal da fidalga, ouviu-se o ruido de um tiro, que o echo levou para longe."
(Excerto de Idyllio Rustico)
"Noite velha, sahia o Antonio Fraldão de casa da Alonsa, quando viu, a curta distancia, escoar-se um vulto que parecia de gente.
O Fraldão sahia á esconsa e por isso não se affirmou: - mas ainda que se affirmasse, provavelmente não conhecia quem era, pois já não havia luar áquella hora, e as estrellas, ao alto, esmoreciam. Demais, os dois seguiram em sentido contrário; elle a metter-se em casa, e o outro, se era gente, direito á cóva dos castanheiros, onde se internaria na treva densa.
Aquillo, a principio, não deu que pensar ao Fraldão; - mas ao chegar a casa pouco depois, no extremo opposto da pequena aldeia, já com a mão da aldraba da porta suspeitou:
- Ora quem seria o melro?! Se teremos historia?!..."
(Excerto de Antonio Fraldão)
Indice:
Amores Velhos: Idyllio Rustico; Sultão; Ultima Dadiva; Preludios de Festa; Typos da Terra; Vae Victoribus; Maricas; Para a Escola; Abyssus Abyssum; Mãe.
Amores Novos: Terra-Mater; Luzia; A Choca; Á Lareira; Vae Victis; Antonio Fraldão; Manhã Bemdita; Mater Dolorosa; Manoel Maçores.
Amorinhos: O conto das três maçãsinhas d'oiro; O conto da infeliz desgraçada; O conto das artes diabolicas; Parabola dos sete vimes.
«Mis Amores» e a Critica.
José Francisco Trindade Coelho (1861-1908). "Escritor. Natural de Mogadouro, a sua obra reflete a infância passada em Trás-os-Montes, num ambiente tradicionalista que ele fielmente retrata, embora sem intuitos moralizantes. O seu estilo natural, a simplicidade e candura de alguns dos seus personagens, fazem de Trindade Coelho um dos mestres do conto rústico português. Fiel a um ideário republicano, dedicou-se a uma intensa atividade pedagógica, na senda de João de Deus, tentando elucidar democraticamente o cidadão português. Era um homem inconformado. Nem a fama de magistrado, nem o prestígio de escritor, nem a felicidade conjugal conseguiam fazer de Trindade Coelho um cidadão feliz. À medida em que avançava no tempo mais se desgostava com a vida, pelo que o desespero o levou ao suicídio em 1908. Deixou uma obra variada e profunda, distribuída por quatro vertentes. Jornalismo, carácter jurídico, intervenção cívica e literária. Algumas obras: «Manual Político do Cidadão Português», o «ABC do Povo», o «Livro de Leitura». A série «Folhetos para o Povo», onde se incluem, entre outros: Parábola dos Sete Vimes, Rimas à Nossa Terra, Remédio contra a Usura, Loas à Cidade de Bragança, e Cartilha do Povo, A Minha candidatura por Mogadouro. Como obras literárias deixou: «Os Meus Amores» (1891) e já inúmeras reedições de «In Illo Tempore» (livro de memórias de Coimbra-1902)."
(Fonte: Wook)
Belíssima encadernação em meia de pele com cantos, e com ferros gravados a ouro nas pastas e na lombada. Conserva as capas de brochura, ainda que a capa frontal tenha sido alvo de restauro.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Aparado e carminado à cabeça. A pasta anterior apresenta falha de revestimento junto à lombada.
Raro.
60€

27 junho, 2023

ALVES, Ferro e SALREU, A. -
A MOAGEM.
Uma unica edição de 4:000 exemplares. Lisboa, Composto e impresso nas Ofic. Gráf. d'O Rebate, 1924. In-8.º (20 cm) de 59, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Crítica ao Estado republicano e às instituições dele dependentes, acusados pelos autores de inércia e corrupção. Obra publicada pouco tempo antes da intervenção golpista da Ditadura Nacional, prelúdio do regime do Estado Novo. Relativamente aos autores, pouco foi possível apurar, a não ser que Ferro Alves, em 1935, publicou um livro que causou brado - Os Budas : o contrabando de armas - onde denuncia um grupo de opositores ao regime ditatorial português saído do Golpe de 28 de Maio de 1926 que se refugiou em Madrid.
Exemplar valorizado pela dedicatória autógrafa de Ferro Alves a Artur Santos.
"O estado economico do nosso paiz, sendo um reflexo dos fenomenos sociais desnorteantes e imprevistos, sintetiza igualmente a crise moral que nos assaltou.
São multiplos e conjuntos os aspectos que esse anormal estado de cousas reveste, mas todos eles vão basicamente alicercar-se na falencia moral, d'uma camada dos dirigentes portuguezes.
Parece que o movimento tumulturario que principiou a afirmar-se logo a seguir á guerra, contaminou por completo a sociedade, revolvendo as maximas fundamentais por que ela se regia. O espirito aventureiro com todas as suas nuances, indecisas e duvidosas, invadiu tudo transtornado os habitos, modificando os costumes. Foi então que surgiu uma multidão desordenada de negociantes, provindo não se sabe donde, que furiosamente se lançou á luta, no desejo imperativo de enriquecer fosse lá como fosse."
(Excerto de Prefacio)
"A Moagem é um nome representativo de alguma cousa de pernicioso e malfazejo na sociedade portuguesa, como um medonho cancro que fosse imprescindivel estripar com um ferro incandescente. E alguma cousa de odienta e ignobil, simbolo de um negocio e de uma politica de calculo e de corrupção, na qual tem comparticipado figurantes de todos os partidos e crédos sociaes.
Á sombra dela têem medrado apetites vorazes e fauces famélicas e hiantes têem mostrado seus acerados caninos, prontos a morder, a triturar, a engulir.
Politicos negociantes que das convicções fazem galhardetes para agitar ao vento insano dos leilões, têem apregoado seus valimentos e serviços, para mais caramente serem comprados.
Parasitas vicejando á sombra das arvores um brosas, sedentos de seiva, não importa que seja putrida e asquerosa, teem tapado e crescido, chafurdando nos cofres abarrotados da Moagem. [...]
Foi assim a Moagem obrigada irremediavelmente a ganhar muito, para pagar os favores daqueles que a defendem e a servem e a amparam, nos seus equilibrismos de moderna roubalheira."
(Excerto de I - A Moagem)
Indice:
Prefacio | I - A Moagem. II - A Moagem e o Pão Politico. III - O Fomento Agricola. IV - A Constituição da Moagem. V - Elucidações. VI - O Ministerio da Agricultura. | Conclusão.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cansada. Capas frágeis, restauradas, com defeitos.
Raro.
Sem registo na BNP.
Indisponível

26 junho, 2023

PINA, Luís de - ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS DA LIBERDADE CONDICIONAL. Braga, Livraria Cruz - Colecção «Sciencia Ivridica», 1960. In-4.º (24 cm) de 45, [3] p. ; [20] p. il. ; B.
1.ª edição independente.
Separata da Revista Sciencia Ivridica, Tomo IX : n.os 45/45, Janeiro-Junho de 1960.
Ensaio médico-legal sobre a elegibilidade da liberdade condicional, considerando os aspectos psicológicos e psiquiátricos dos criminosos.
Livro ilustrado no final com 34 figuras, entre desenhos, quadros, gráficos, tabelas e fotogravuras, distribuídas por 20 páginas separadas do texto, sendo uma delas em folha desdobrável.
"O estudo do criminoso, para efeitos de liberdade condicional, embora se baseie na investigação ou pesquisição pluridimensional, morfo-psicomoral, deixa margem a muito insuficientes diagnósticos e prognósticos, originados na reacção defensiva do examinado, na impotência de muitos sistemas científicos da propedêutica psicológica e psiquiátrica, na perplexa interpretação dos elementos recolhidos, mercê da variedade, discordância e até adversidade de tantas doutrinas em que se poderiam basear a análise e valorização desses resultados analíticos.
Um prognóstico e uma terapêutica são o que, afinal e no fundo, se solicita ao perito.
Uma tarefa já de si dificílima - e é-o sempre, quando referida a indivíduos considerados vulgares, comuns, normais, não delinquentes; mas se o examinando for um criminoso, geralmente anormal ou desfavoràvelmente não comum em sua complexa personalidade psicomoral, então redobra de dificuldade a empresa, quando ao perito se solicite parecer acerca da concessão de liberdade condicional e se não atender, apenas, ao índice de um bom comportamento (tão impreciso!) e à circunstância de se encontrar o proposto emendado (não menos imprecisa!), condições de garantia, estas, exigíveis e indispensáveis."
(Excerto do estudo)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse criminal.
20€

25 junho, 2023

MACHADO. F. Falcão -
COIMBRA NA OBRA POÉTICA DE CÂNDIDO GUERREIRO. Separata do jornal «O Algarve». Lisboa, Depositária A Bôlsa do Livro, 1944. In-8.º (22 cm) de 10 p. ; B.
1.ª edição independente.
Interessante ensaio sobre Cândido Guerreiro (1871-1953), conhecido advogado, poeta e dramaturgo algarvio, e a sua ligação a Coimbra.
Opúsculo valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao "S. Ex.mo amigo" Alfredo Mota.
"Cândido Guerreiro, ilustre Poeta algarvio, nascido em Alte a 3 de Dezembro de 1871, dedicou algumas composições suas a Coimbra, razão da presente e despretenciosa investigação da influência do ambiente coimbrão na sua obra.
A obra de Cândido Guerreiro, artista inimitável e inexcedível da forma poética trazida por Sá Miranda, já o sr. dr. Joaquim Magalhães, em artigo publicado - no jornal O Algarve, em 29 de Agosto de 1943, a caracterizou em termos tais que, por concordância, aqui transcrevo, no essencial:
«Cândido Guerreiro não foi e não é um renovador dentro da linha de evolução da poesia portuguesa. Não lhe deu novos rumos, não lhe abriu horizontes diferentes ou lhe indicou caminhos ignorados. O seu caso é bem pessoal e, por assim dizer, à parte»... e, na sua obra, «compreende-se a incompreensão do autor por grande parte de tôda a moderna poesia portuguesa, que segue, com as últimas três gerações, ideais estéticos e humanos estruturalmente diferentes dos seus».
«Cândido Guerreira ficará na nossa literatura como exemplo feliz e luminoso de perfeito sonetista»... «o joalheiro do soneto»... e, «atraído pelas dificuldades do soneto, adopta-o como expressão preferida das suas emoções»... «e é nos moldes mais perfeitos, nas formas mais bem acabadas, que extravasa as suas impressões transfiguradoras num anseio nunca traído da perfeição e serenidade clássicas»... «Cândido Guerreiro cristaliza no soneto, quási invariàvelmente, a sua emoção perante a beleza. Aceitou uma forma poética consagrada, adoptou-a com inalterável fidelidade e tem.na cultivado com esmerada e inesgotável persistência»."
(Excerto do ensaio)
Fernando Falcão Machado (Coimbra, 1904 - Porto, 1993). Nasceu em 28 de Maio de 1904 no Largo da Castelo, Coimbra. Professor e publicista. Casou com Maria Ana Cabedo Garcia, natural de Setúbal. Publicou trabalho de temática diversa - etnográfica, sociológica, geográfica, etc. - relacionada sobretudo com a zona de Coimbra, de onde era natural, e Setúbal, a sua cidade por adopção. Faleceu em 23 de novembro de 1993 na freguesia de Paranhos, Porto (89 anos de idade).
Exemplar em brochura, bem conservado. Capa apresenta tonalidades diferentes por acção da luz.
Invulgar.
10€

24 junho, 2023

LAFOREST, Dubut de - A MENINA DE MARBEUF. Traducção de Domingos Cabral de Quadros. Lisboa, "A Editora", [1909]. In-4.º (23 cm) de 151, [1] p. ; il. ; B. Col. Os Ultimos Escandalos de Paris: Grande romance dramatico inedito - XXXII
1.ª edição.
Romance de costumes, levemente erótico, publicado na primeira década do século XX.
Livro ilustrado com bonitos desenhos ao longo do texto.
"Emquanto o bello Arthur vive feliz e contente com as infidilidades conjugaes da Mome-Réséda, sua esposa, e a condessa d'Esbly, a menina Olga Lagrange e Lady Fenwick, esperam pela hora da justiça, nós vamos fazer entrar em scena, uma outra virgem - mas esta é uma rebelde.
Quando o conde Roberto de Marbeuf, uma das honestas victimas do krack, se decidiu ir para longe tentar fortuna no negocio dos diamantes, a duqueza de Torçy acceitou de alma e coração o encargo de tomar conta da sua sobrinha Christiana, filha unica do conde, que ficara sem recursos e sem protecção. A senhora de Marbeuf, uma princeza russa de sangue imperial, cujo casamento morganatico foi um verdadeiro acontecimento parisiense, acabava de se sacrificar para pagar as dividas do marido."
(Excerto do Cap. I - A cilada)
Índice:
I - A cilada. II - Occupemo-nos do fidalgo aventureiro. III - Idyllio. IV - Primo e prima. V - O paraiso do amor. VI - O capitão Raymundo de Pontaillac.
Jean-Louis Dubut de Laforest (1853-1902). Escritor francês. Autor prolífico, publicou vários romances sobre assuntos considerados ousados na época, alguns como folhetins em jornais e revistas.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta pequeno rasgão marginal sem perda de suporte.
Raro.
25€

23 junho, 2023

HENRIQUES, F. de Carvalho – A PROFECIA OU O MISTÉRIO DA MORTE DE TUT-ANK-AMON. Prefácio por João de Brito. Lisbôa, [Edição do Autor – imp. na Imprensa Libanio da Silva], 1924. In-8.º (19 cm) de 162, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Curioso romance esotérico do género fantástico. Três amigos do Técnico (IST) vivem uma aventura extraordinária quando a sua vida se cruza com personagens do antigo Egipto.
"E passaram os trinta e três séculos que não foram mais do que um segundo a ligar a Eternidade passada com a Eternidade futura!"
"O livro publicado por Fernando Val do Rio de Carvalho Henriques em forma de romance sob a epígrafe A Profecia ou o Mistério da Morte de Tut-Ank-Amon versa um tema filosófico que tem sido uma das preocupações constantes do espírito humano, o destino desta energia que em nós vive sob o nome de alma, depois daquilo que chamamos a morte do indivíduo…"
(Excerto do Prefácio)
Fernando Val do Rio de Carvalho Henriques (1897-1962). "Escreveu, além de Mulheres de hoje... Corações de sempre (1924), A Profecia ou o mistério de Tut-Ank-Amon (1924), A quarta dimensão (1927), algumas obras relacionados com o comércio, como Vendedores e Compradores (1943) e O gerente e a sua gente (1958). Em 1925, dirige X: revista de informação prática, que poderá ter inspirado Pessoa e o seu cunhado Francisco Caetano Dias no seu projecto da Revista de Comércio e Contabilidade."
(Fonte: https://modernismo.pt/index.php/f/571-fernando-de-carvalho-henriques)
"O primeiro romancista-egiptólogo português. O escritor Fernando de Carvalho Henriques (1897-1962) é totalmente desconhecido da esmagadora maioria dos portugueses. Há, no entanto, um romance seu, com contornos de policial, publicado em 1924, intitulado A Profecia ou o mistério da morte de Tut-Ank-Amon, que lhe confere um lugar pioneiro no panorama nacional e no contexto internacional. Na narrativa principal do romance, este Autor encaixou vários capítulos sobre “factos da antiguidade” para os quais mobilizou, como veremos, “conhecimentos históricos” sobre o antigo Egipto da época de Tutankhamon, genericamente correctos, inspirados e estimulados pelos ecos da então recente descoberta arqueológica e escavação, a partir de Novembro de 1922, do túmulo desse faraó egípcio, em Luxor ocidental, por Howard Carter e Lord Carnarvon."
(Fonte: https://repositorioaberto.uab.pt/handle/10400.2/10226)
Encadernação editorial em percalina com ferros gravados a seco e ouro nas pastas e na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

22 junho, 2023

LEADBEATER, C. W. - A CLARIVIDENCIA. Tradução de Fernando Pessoa. Lisboa, Livraria Classica Editora de A. M. Teixeira & C.ª (Filhos), 1924. In-8.º (19 cm) de 200 p. ; B. Colecção «Theosofica e Esoterica» - III
1.ª edição.
Interessante ensaio esotérico muitíssimo valorizado pela tradução de Pessoa, também ele, espiritual e filosoficamente, devotado ao misticismo e à doutrina teosófica.
"Literalmente, clarividencia quer dizer simplesmente «vêr claro», e é uma palvra que tem sido bastas vezes mal empregada, e mesmo degradada ao ponto de a applicarem para descrever as artimanhas d'um charlatão num theatro de variedades. Mesmo no seu sentido mais restricto, abrange um grande numero de phenomenos, tão divergentes nos seus caracteristicos que não é facil dar uma definição do termo que seja ao mesmo tempo concisa e justa. Tem-se-lhe chamado «visão espiritual», mas não se pode conceber traducção mais erronea, porque na grande maioria dos casos não está ligada a ella faculdade alguma que de longe mereça que a honrem com um nome tão elevado.
Para os fins d'este tratado poderemos, talvez, definil-a como sendo o poder de vêr o que está occulto á visão physica normal. Será bom explicar, tambem, que ella é frequentemente (se bem que não sempre) acompanhada por aquillo a que se chama «clariaudição», ou seja o poder de ouvir aquillo que o ouvido physico normal não pode abranger; tornaremos o tema, que constitue o titulo d'este livro, extensivo tambem a esta faculdade, para que evitemos estar constantemente a empregar duas palavras onde só uma é suficiente."
(Excerto do Cap. I, O que é a clarividencia)
Indice:
O que é a clarividencia. II - Clarividencia simples: Completa. III - Clarividencia simples: Parcial. IV - Clarividencia no espaço: Intencional. V - Clarividencia no espaço: Semi-intencional. VI - Clarividencia no espaço: Não-intencional. VII - Clarividencia no tempo: O Passado. VIII - Clarividencia no tempo: O Futuro. IX - Methodos de desenvolvimento.
Charles Webster Leadbeater (1854-1934). "Nasceu em 1854, em Stockport, Reino Unido, e faleceu em 1934, em Perth, Austrália. Foi sacerdote da Igreja Anglicana e Bispo da Igreja Católica Liberal, escritor, orador, maçom e uma das mais influentes personalidades da Sociedade Teosófica."
(Fonte: Wook)
Exemplar em brochura bem conservado. Contracapa com pequena falha de papel no canto inferior esquerdo.
Raro.
35€

21 junho, 2023

REBOCHO, Nuno - A COMPANHIA BRAÇAL DO BACALHAU.
Comunitarismo transladado para o Porto de Lisboa. Lisboa, Edição da Comissão Reguladora do Comércio do Bacalhau, 1984. In-8.º (20,5 cm) de 136 p. ; [8] p. il. ; il. ; B.

1.ª edição.
Importante subsídio para a história da descarga do bacalhau no porto de Lisboa. Primeiro (e único) trabalho que sobre este assunto se publicou entre nós, com evidente interesse sociológico e bibliográfico para o tema do "fiel amigo".
Livro ilustrado no texto com desenhos esquemáticos, e em separado, com fotografias a p.b. e a cores.
"No porto de Lisboa, um conjunto de homens forma uma "companhia"; é a "Braçal do Bacalhau", companhia de nome, sem estatuto legal. A tradição refere que se constitui há quinhentos anos, facto todavia não comprovável, embora se constate ser ela de origem bastante remota. Trata-se de uma companhia moldada pelas sociedades comunitárias, onde acha raízes. Está hoje "adscrita" à Comissão Reguladora do Comércio do Bacalhau, CRCB, para quem trabalha; nos últimos anos, particularmente nas últimas quatro décadas, sofreu profunda evolução, sem contudo perder os seus traços característicos.
A "Braçal" reveste-se, por conseguinte, de interesse para o estudioso dos fenómenos históricos e sociológicos. [...]
Se algum mérito tem este livro, tem o de ser o primeiro que se escreve sobre tal matéria. E o de fixar, em letra de forma, aspectos da "Companhia", retidos na memória dos actuais braçais, que o tempo não deixará perdurar."
(Excerto da nota prévia)
Matérias:
I Parte. I - Os "braçais". II - A organização do trabalho: Os "supremos". III - A organização do trabalho: Os "picaretos". IV - A organização do trabalho: Os "encarregados". V - Usanças e costumes. VI - O "Livro das Penas". VII - A contabilidade. VIII - O lar comum. IX - A reforma da "Braçal".
II Parte. I - Quando os preconceitos têm que ficar à porta. II - Um transplante do comunitarismo agro-pastoril. III - Uma questão de história. IV - À maneira das corporações de mesteres.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
35€

20 junho, 2023

VALENTE, Joaquim Pinto - AGUAS SULFURO-MEDICINAES DE AREGOS (RESENDE).
Dissertação inaugural apresentada á Escola Medico-Cirurgica do Porto. Porto, Imprensa Moderna, 1886. In-8.º (21,5 cm) de 75, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante ensaio académico sobre as águas medicinais das Caldas de Aregos, estância termal antiga situada no concelho de Resende, junto ao rio Douro. Trata-se, julgamos, da mais antiga monografia que sobre este assunto se publicou. A BNP não menciona o livro.
"[Para além de Lafões], os favores dados aos monarcas e nobres apontam para a utilização de outras fontes termais ainda durante o período medieval. É o caso das Caldas de Aregos. Localizada no município de Resende, no norte do país, as ditas caldas datam do século XII, quando a beata rainha D. Mafalda (1197–1256), mandou ali construir uma albergaria, com tanques para o uso das águas termais e duas camas para receber os pobres de saúde e de dinheiro."
(Fonte: SILVA, André Costa Aciole da, "Queremos e mandamos (...) que o dito hospital (...) cure os enfermos (...)": Poder e medicina no hospital de Nossa Senhora do Pópulo (séc. XVI-XVII), UFG, Goiás, 2015)
"É hoje geralmente reconhecido e utilisado o concurso valiosissimo, que a therapeutica aufere da hydrologia minero-medicinal, esse vastissimo campo, tão pobremente cultivado n o nosso paiz, esse precioso thesouro de tantas virtudes therapeuticas, tão negligentemente explorado entre nós.
O nosso trabalho por muito pouco contribuirá para o preenchimento d'essa lacuna enorme, aberta na historia da medicina portugueza.
No entanto, não foi elle indifferentemente escolhido: satisfazendo a lei que nos obriga á apresentação de um trabalho, que encime o nosso tirocinio escolar, tivemos tambem em vista exhumar do esquecimento e abandono, em que jazem, as sulfuro-thermas de Aregos, e solicitar para este ponto a attenção de mais levantados espiritos, para que o cunho da sua auctoridade referende as amplas applicações d'essa preciosidade therapeutica."
(Excerto do Prologo)
Índice:
Prologo. | Capitulo Primeiro - Generalidades. Capitulo Segundo - Analyse qualitativa e quantitativa. Trabalhos da nascente: a) Ensaios sulphydrometricos (em todas as nascentes); b) Analyse qualitativa da nascente do Ribeiro. Trabalhos no laboratorio: Analyse quantitativa: Dosagem da totalidade dos elementos fixos: 1) Dosagem da silica; 2) Dosagem do ferro; 3) Dosagem da alumina; 4) Dosagem da cal; 5) Dosagem da magnezia; 6) Dosagem do acido sulfurico; 7) Dosagem da soda e potassa; 8) Dosagem da totalidade do acido carbonico; 9) Dosagem da manganez. | Quadro da analyse quantitativa. Capitulo Terceiro - Acção therapeutica das aguas de Aregos. | Proposições.
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Mancha de humidade transversal à maior parte do livro, com particular incidência nas folhas finais. Capa manchada, apresenta falha de papel nos cantos.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Indisponível

19 junho, 2023

A ESTRUTURA DA CAUSA -
Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra. [Coimbra], DG / AAC, 2004 [imp. 2005]. In-4.º (23 cm) de 126, [6] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Estudo sobre os novos caminhos do ensino superior público pelo prisma do movimento associativo académico coimbrão. Trata-se de uma espécie de manifesto que convida à reflexão nas questões de política educativa adequada aos novos tempos.
Ilustrado no texto com gráficos e tabelas.
"A Associação Académica de Coimbra, fundada em 1887, pautou o seu percurso pela intervenção política em defesa dos direitos, liberdades e garantias de cidadãos de acordo com as circunstâncias da própria história. Sempre foi reconhecida pelo papel progressista ao serviço destes valores e, apesar do seu inconformismo permanente ter resultado em momentos de alguma incompreensão, a verdade é que foi esta postura que construi a sua história. [...]
Explicar, fundamentar a causa estudantil é imprescindível num momento em que a discussão pública da substância das reivindicações estudantis estagnou, para dar lugar à discussão sobre as formas da luta estudantil. É neste sentido que, com esta publicação, pretendemos centrar o debate na substância e sobretudo eliminar os dogmas inerentes à análise, quer da política educativa, quer da intervenção do movimento associativo.
Ao mesmo tempo contamos com alguns textos de ilustres personalidades da Academia Coimbrã, que dão o seu honroso contributo em matérias fundamentais para a plenitude desta publicação.
Causa estudantil, causa de progresso, são conceitos que se aproximam através desta publicação, lançando um desafio à reflexão intitulado "A estrutura da causa"."
(Excerto do Prefácio)
Índice:
Miguel Duarte - Prefácio | I - Associativismo: Prof. Doutor Luís Reis Torgal - Associativismo e movimentos estudantis; Acção cultural e inconformismo - "Uma reflexão". II - Contexto sociológico: Universidade actual Vs Universidade dos anos setenta: Doutor Elísio Estanque - A Universidade e os estudantes de Coimbra. III - A estrutura da Causa: Financiamento; Acção Social; Internacionalização do Ensino Superior - "Do Papel à Prática"; Autonomia Universitária. IV - Encruzilhadas da Autonomia Universitária: Prof. Doutor Rui de Alarcão - Encruzilhadas da Autonomia Universitária - "Tópicos". V - Relatório Europeu na Cauda da Europa. VII - Carta de Princípios para o Ensino Superior Público. Carta de princípios.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
20€

18 junho, 2023

GERALDES, Dulce Barbosa -
ACTUALIDADE DE PENSAMENTO EM ANTERO DE QUENTAL.
Dissertação para Licenciatura em Ciências Histórico Filosóficas apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Coimbra, [s.n.], 1972. In-8.º (23x17,5 cm) de [6], V, [1], 201, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para biografia de Antero de Quental, elaborado sob o ponto de vista da sua humanidade e filosofia de vida, remetendo-nos para a actualidade do seu pensamento.
Raro. A BNP não menciona.
"Em pleno século XIX, quando a grande maioria dos mais esclarecidos espíritos da época aceita como doutrina única o positivismo, impressionados pelo progresso das Ciências, deslumbrados pelas novidades das invenções da época, Antero de Quental reage contra esta corrente geral. E reage porque vê o perigo que tais doutrinas na sua ânsia de tudo explicar, representam para uma concepção realista de humanidade. A sua reacção pode considerar-se talvez, todas as contas feitas, e carácter moral. Acima das maravilhas da indústria, para lá das sensacionais descobertas feitas no campo da ciência, mais digno de atenção do que todo o resto, ele situa o homem, expressão do divino na natureza, ser consciente e livre, superior a todos os outros seres. O conceito que Antero de Quental faz da pessoa humana, coloca-o muito afastado da visão dos seus contemporâneos. Excêntrico ao pensar comum da época, Antero de Quental antecipa certas atitude do nosso tempo, podendo mesmo dizer-se que pelo pensamento vive nos nossos dias. Vincar a superioridade nítida dos factores morais, espirituais, sobre todos os outros que norteiam a conduta humana é o plano de toda a sua filosofia. Chamar a atenção para a importância que o factor sentimento tem na existência do homem, é a preocupação dominante de Antero. O engrandecimento do homem, a sua específica natureza que qualitativamente o faz diferente e superior a toda a criação é a sua aspiração máxima."
(Excerto de Introdução)
Exemplar em brochura, batido à máquina e policopiado, em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico e biográfico.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
25€

17 junho, 2023

XAVIER, Felippe Nery - COLECÇÃO DOS FAC-SIMILES DAS ASSIGNATURAS, E RUBRICAS DOS VICE-REIS, E GOVERNADORES GERAES DO ESTADO DA INDIA, COORDENADA, POR DETERMINAÇÃO DO Ill.mo e Ex.mo S.or Visconde D'Ourem, GOVERNADOR GERAL DO MESMO ESTADO, POR... Official-maior graduado - Chefe da primeira Secção da Secretaria do Governo Geral, e Director da Imprensa Nacional. Nova-Goa: Na Imprensa Nacional, 1853. In-8.º (21 cm) de [246] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Obra impressa em Goa. Trata-se da colecção dos fac-símiles das assinaturas dos Vice-Reis e Governadores do Estado da Índia, desde o 1.º Vice-Rei, D. Francisco de Almeida (1505-1509) até ao mandato governativo de José Joaquim Januário Lapa, Visconde de Vila Nova de Ourém (1851-...), época em que foi publicado o presente livro. Acompanham os fac-símiles das assinaturas breve apontamento biográfico dos governantes.
Inocêncio atesta a sua raridade: "Estas colecções são muito raras na Índia, e ainda mais em Lisboa".
"Os alludidos Fac-similes, são extrahidos das originaes assignaturas que á força de enfadonhas buscas descubrimos humas exaradas nos autos das posses, e assentos doss Conselhos do Estado, e do extincto Conselho da Fazenda, e outras finalmente em diversas Cartas, Patentes, Alvarás, e Provisões de épocas remotas que reunimos; e ainda que se possa afiançar da sua exactidão com os originaes; com tudo he preciso dizer que a nitidez que parece faltar-lhe he devida á difficuldade em a conseguir neste Paiz avesso ás obras lithographicas, por causa da sua temperatura."
(Excerto da Advertencia)
Filipe Nery Xavier (Goa, 1801- Goa, 1875). Historiador, ilustre funcionário e administrador colonial. "Cavalleiro e Commendador da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Christo e Cavalleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Villa Viçosa, Official-maior da Secretaria Geral do Governo do Estado da Índia, director da Imprensa Nacional, vogal de numerosas e importantes commissões de serviço publico, durante mais de 50 annos. Socio correspondente da Academia Real das Sciencias de Lisboa e de varias outras sociedades litterarias, premiado nas exposiçoes de Pariz, Porto, Madrasta."
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, com defeitos.
Carimbo de posse de Bello Carvalho na capa e na f. rosto.

Raro.
Com interesse histórico.
60€
Reservado

16 junho, 2023

RAMOS, Jerónimo - MADRUGADA TRÁGICA EM TEIXEIRA DE SOUSA. Textos em português e inglês. [Luanda], Edição do Autor (Tipografia Angolana - 1967), 1967. In-4.º (24,5 cm) de 25, [3] p. ; mto il. ; E.
1.ª edição.
Fotos de A. Sequeira.
Importante subsídio para a Guerra do Ultramar. Relato da surtida da UNITA à vila de Teixeira de Sousa (actual Luau - Moxico, Angola), ataque prontamente rechaçado por civis e militares portugueses, com elevados custos humanos para o movimento de Jonas Savimbi, e cinco baixas do lado português - 4 colonos e um elemento da PIDE.
Livro ilustrado com fotografias a p.b. de feridos nos confrontos, dos defensores da povoação e autoridades civis e militares.
"Escrita poucas horas depois dos acontecimentos de Teixeira de Sousa, só agora é possível trazer à luz a publicidade esta pequena reportagem, por razões que não nos compete discutir, mas que residem, naturalmente, na obediência e no respeito a uma orientação que nos foi sugerida.
Se, como se reconhece, a oportunidade desta publicação deixou de ter interesse, é também verdade que ela servirá para esclarecer aqueles que estão menos a par do que se passa e ainda os outros que, em Angola, desejarem continuar a obra que todos nós levantámos durante séculos de uma permanência escudada em direitos que não são discutíveis."
(Excerto da Introdução)
"Conforme foi divulgado pelo Comando Chefe das Forças Armadas, processou-se um ataque a esta Vila por indivíduos vindos do Congo ex-Belga, na madrugada do dia 25 de Dezembro de 1966. [...]
Os terroristas eram portadores dos mais diferentes amuletos, tais como chapéus embrulhados em peles de animais selvagens. Depois de saquearem residências próximas da fronteira, dirigiram-se ao quartel militar.
Aí, a guarnição reagiu de acordo com as circunstâncias, infligindo ao inimigo cerca de 200 baixas, enquanto que os restantes elementos, em número de cerca de 500, se refugiavam nas matas, em direcção ao território do Congo.
Entretanto, os terroristas cortaram também a linha do Caminho de Ferro de Benguela, nas proximidades da Vila, paralisando assim o tráfego ferroviário."
(Excerto de Madrugada trágica)
Índice:
[Introdução] | | Madrugada trágica | Natal de 1966 | Momentos de expectativa  | Quem atacou?  | A lição e o rescaldo... | Tragic early-morning in Teixeira de Sousa.
Encadernação em percalina com ferros gravados a seco e a ouro na pasta anterior.
Conserva as capas de brochura.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
25€

15 junho, 2023

ALMEIDA, Julia Lopes d' - A VIUVA SIMÕES
. Lisboa, Antonio Maria Pereira - Editor, 1897. In-8.º (16,5 cm) de 210, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Romance de costumes brasileiro cuja acção decorre no Rio de Janeiro. Originalmente saído dos prelos em livro pela mão do editor António Maria Pereira (Lisboa), foi anteriormente publicado como folhetim na Gazeta de Notícias (Rio, 1895). A obra da autora - Júlia Lopes de Almeida - insere-se na corrente literária do Realismo/Naturalismo, e foi "reconhecida pelos críticos coetâneos como a primeira romancista brasileira, uma profissional das letras".
"Em uma de suas obras mais relevantes, A viúva Simões, Júlia Lopes de Almeida enfatiza as prescrições às mulheres brasileiras, o que se dá pela representação de uma viúva e o ressurgir de uma paixão há tempos esquecida. Telles (2008) resume a narrativa dizendo que:
[...] temos mãe e filha da alta burguesia apaixonadas pelo mesmo homem.
No conflito, a mãe experiente e conhecedora das artes da sedução e a filha
inocente e ingênua, as duas enlouquecem e permanecem encarceradas nos
anseios e culpas de uma vida sem nenhuma perspectiva, a não ser a regra
social do casamento
(Telles, 2008, p. 438).
Conforme a estudiosa destaca, a transgressão da personagem acaba punida, revelando, portanto, o destino daquelas que ousavam transgredir os papéis impostos socialmente."
(Fonte: Guimarães, Cinara Leite - O espaço ficcional em narrativas de Júlia Lopes de Almeida: A viúva Simões e a Falência, João Pessoa, 2015)
"Apesar de moça e de rica, a viuva Simões raras vezes sahia; dedicava-se absolutamente á sua casa, um bonito chalet em Santa Thereza. Vivia sempre alli, inquirindo, analysando tudo n'um exame fixo, demorado, paciente, que exasperava os seus cinco criados: a Benedicta, cosinheira preta, ex-escrava da familia; o Augusto, copeiro, francez, habituado a servir só gente de luxo; a lavadeira Anna, allemã, de roasto largo e olhos deslavados; o jardineiro João, portuguez, homem já antigo no serviço, e uma mulatinha de quinze annos, cria de casa, a Simplicia, magra, baixa, com um focinho de fuinha e olhos pequenos, perspicazes e terriveis.
Não era facil dirigir pessoal tão differente em raças e em educação. A viuva, modesta, e um pouco indolente para os deveres exteriores, consumia alli, dentro das suas paredes, toda a sua actividade.
Em vida do marido frequentara algum tanto a sociedade; mas depois que elle partiu sósinho para o outro mundo, ella encolheu-se com medo que se discutisse lá fóra a sua reputação, cousa em que pensava n'uma obsessão quasi nevrotica.
Adquirira fama de menagère exemplar; e então levava o escrupulo a um ponto elevadissimo, para não desmerecer nunca do conceito de boa dona de casa."
(Excerto do Cap. I)
Júlia Lopes de Almeida (1862-1934). "Nasceu no Rio de Janeiro, a 24 de setembro de 1862, numa família de abastados imigrantes portugueses. Importante escritora, ativista pelo abolicionismo e cronista brasileira, teve uma educação liberal e esmerada. Em 1886, mudou-se para Lisboa e, no ano seguinte, já casada com o poeta português e diretor da revista A Semana Ilustrada Filinto Almeida, publicou o seu primeiro livro de contos, Traços e Iluminuras. Colaborou intensamente com diversas publicações periódicas sobre temas políticos e sociais, como a abolição da escravatura e os direitos civis, e, depois do seu regresso ao Brasil, para São Paulo, em 1889, publicou o seu primeiro romance, Memórias de Marta. Ao longo dos seguintes, Júlia Lopes de Almeida publicará alguns dos seus mais conhecidos romances, entre eles, A Falência. Nos primeiros anos do início do século, o casal mudou-se para uma casa no Rio de Janeiro, conhecida como Salão Verde, um espaço frequentado por intelectuais cujas conhecidas tertúlias eram organizadas e dirigidas por Júlia. Apesar de ter sido uma das impulsionadoras da criação da Academia de Letras Brasileira, viu, por ser mulher, o seu nome preterido da lista de membros-fundadores, em favor do marido. Em 1925, a família cruza novamente o Atlântico para se fixar em Paris. De regresso ao Brasil, Maria Júlia Lopes de Almeida, um dos nomes mais importantes do modernismo brasileiro, morre na sua cidade-natal, vítima de malária, a 30 de maio de 1934."
(Fonte: Wook)
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação. Capa apresenta pequeníssima falha de papel no pé.
Muito raro.
75€

14 junho, 2023

KATZENSTEIN, José Pedro -
VENTO MEU NO BRASIL 500. Linda-a-Velha, DG edições, 2005. In-8.º (21 cm) de 173, [1] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Diário de bordo do veleiro «Vento Meu». Relato da travessia do Atlântico num pequeno barco à vela de quatro tripulantes, entre os quais o autor, realizada por uma frota de 23 embarcações semelhantes, repetindo a rota de Pedro Álvares Cabral 500 anos depois.
Livro ilustrado no texto com mapas e fotografias a cores.
Valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"Para os tripulantes do veleiro Vento Meu, foi a primeira experiência de uma travessia atlântica de Lisboa ao Rio de Janeiro.
«Passou um navio bem perto, à nossa popa, a menos de meia milha. Foi atentamente seguido. O nosso problema não era propriamente ele não nos ver. Era ele passar-nos por cima! No mar alto, seguimos uma regra de sobrevivência: o mais forte tem sempre razão.
Não vale a pena discutir prioridades e travar razões com milhares de toneladas.»."
(Retirado da contracapa)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
20€

13 junho, 2023

BRAGA, Theophilo -
CURSO DE HISTORIA DA LITTERATURA PORTUGUEZA.
Adaptada ás aulas de instrucção secundaria. Por... Professor de Litteraturas modernas... Lisboa, Nova Livraria Internacional - Editora, 1885. In-8.º (22 cm) de 411, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Incursão pedagógica de Teófilo Braga pelo ensino liceal português com este Curso de História da Literatura.
"Muitos povos que se elevaram a avançadas fórmas sociaes e crearam poderosas condições de existencia politica, não chegaram a possuir uma Litteratura. Este phenomeno, resultante do accordo mutuo dos progressos da sociedade com os do individuo, a que se chama civilisação, é extremamente complexo, pois que para que uma Litteratura se fórme, é preciso que uma raça consiga uma prolongada estabilidade, a aggregação moral de nacionalidade, o estimulo de resistencia da sua tradição, o desenvolvimento e fixação de uma lingua escripta, e por ultimo uma relação psychologica entre as emoções populares e as expressões concebidas pelos genios artisticos. Comprehendido assim este importante phenomeno, a Litteratura é rigorosamente uma synthese, o quadro do estado moral de uma nacionalidade, a expressão consciente da sua evolução secular e historica. Uma tal consideração nos revela que o valor de qualquer Litteratura só poderá ser comprehendido por o exame das condições do seu desenvolvimento, ou das relações com os factores sociaes que a motivaram e de que ella é a expressão. Eis o processo e destino scientifico da Historia da Litteratura."
(Excerto de I - Elementos staticos da Litteratura)
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Cansado; lombada envelhecida.
Invulgar.
20€

12 junho, 2023

LIMA, Durval R. Pires de - A EMBAIXADA DE MANUEL DE SALDANHA. Ao Imperador K'hang hi em 1667-1670 (Subsídios para a História de Macau). Lisboa, [s.n. - Tip. e Papelaria Carmona - Lisboa], 1930. In-4.º (24 cm) de 23, [1] p. ; [1] f. desd. ; B.
1.ª edição.
Importante contributo para a história de Macau e das relações sino-portuguesas.
Ilustrado no final do livro em separado com folha desdobrável (24x37 cm): Genealogia de Manuel Saldanha, segundo Andrade Leitão.
Opúsculo muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
Com a devida vénia a João Botas, publicamos parte do seu artigo A Embaixada de Manuel de Saldanha inserto no blogue Macau Antigo, cujo link infra deixamos:
"Depois de Fernão Mendes Pinto e Tomé Pires esta terá sido a mais significativa tentativa de estabelecer relações diplomáticas com a China por parte de Portugal. Feita a pedido das gentes de Macau.
Os padres jesuítas - em Pequim muitos dos seus nomes perduram até hoje - foram esperar Manuel de Saldanha a Tianjin para, com o embaixador português, fazerem o último percurso do Grande Canal até Pequim, enquanto lhe ensinavam as regras do cerimonial chinês para ser recebido pelo imperador da dinastia Qing, Kangxi (1661-1722).
Inúmeras 'embaixadas' se seguiriam...
Eduardo Brazão (1907-1987), que cônsul de Portugal em Hong Kong, escreveu em 1948 um livro sobre o tema - Subsídios de para a historia das relações diplomáticas de Portugal com a China: a embaixada de Manuel de Saldanha - de que retirei este pequeno excerto:
"A vida não decorria tranquila no Império do Meio, o que era mau presságio para os comerciantes de Macau. Manuel de Saldanha, diplomata experiente, foi enviado a Pequim ao grande Kang-Si para trazer da boca do imperador garantias de estabilidade e as difíceis licenças para o comércio com a China. A morte colheu Manuel de Saldanha já no fim da sua melindrosa missão; no entanto, tinha conquistado de tal modo as boas graças de Kang-Si, que este o fez sepultar com todas as honras devidas aos mais distintos mandarins do seu império."
(Fonte: http://macauantigo.blogspot.com/2014/11/a-embaixada-de-manuel-de-saldanha.html)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cansado. Capas frágeis, com cortes e pequenos defeitos.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
20€