28 abril, 2023

GAVINHO, Elias - O CIGARRO E O HOMEM. O produto líquido da presente edição, que reverterá a favor das Vitimas da Guerra, destina-se ao cofre da Junta Patriotica do Norte. (Núcleo do concelho de Caminha). Viana-do-Castelo, Tipografia de José Souza, 1917. In-8.º (19 cm) de 69, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Curioso trabalho sobre o cigarro e os prazeres inerentes ao "vício" do fumador.
"Não procuro - Deus me livre de tal!, - mostrar o cigarro debaixo do ponto de vista higiénico ou scientífico. Ha cigarros higiénicos, é bem verdade, mas o facto é que quasi sempre o vicio do cigarro é condenavel. Para certas organisações, porém, embora se reconheça o prejuiso que ele lhes possa causar, os doutos aconselham a que se não abandone.
Constitue, portanto, nestes casos, uma parte integrante da vida que o aprecia, e como que balsamo salutar para as dôres. Muitas vezes o tenho ouvido receitar para as dôres de dentes.
Ou seja por adorno, ou vicio, ou distração, ou medicamento, o facto é que ele constitue habito para a maior parte dos homens, e é sempre um tanto estranhavel ouvirmos dizer: - muito obrigado, não fumo...
Alèm d'isso, o cigarro é ainda muitas vezes o demonstrativo da classe social e dos hábitos da terra a que o individuo pertence. Afóra raras excepções, quasi todo o homem regularmente colocado compra cigarros feitos, não sucedendo o mesmo com aqueles a quem a vida tanto não sorri.
Um operario, um trabalhador, ou um carroceiro, fazem os seus cigarros; um banqueiro, um advogado, um jornalista, ou um comerciante, compram-nos já feitos.
Por muito que se queira estabelecer a egualdade na nossa sociedade, é sempre reparavel ver-se que alguem faz o seu cigarro. Porquê?! Talvez por habito? talvez por snobismo? Por qualquer coisa emfim. Mas o facto é que é assim."
(Excerto de I - Psicologia do fumador)
Indice:
I - Psicologia do fumador. II - O habito não faz o monge. III - Gavroche fuma. IV - Faina alegre. V - No Teatro. VI - Nós e «Elas». VII - Lançar da luva. VIII - Carta d'apresentação. IX - Historia triste. X - Amor com amor se paga. XI - Traço-de-União. XII - Primavera e Inverno. XIII - Na palestra e ao deitar. XIV - Sem reclamo. XV - Fecho.
Elias Lourenço Gavinho (1895-1935). Jornalista e escritor português. Natural de Caminha, Viana do Castelo. Com três anos foi para Manaus (Estado do Amazonas - Brasil). Regressou a Portugal para fazer os seus estudos, tendo voltado de novo ao Brasil. Aí, enveredou pela carreira de jornalista-boémio, tendo chegado a redator-chefe de "O Lusitano". Regressou definitivamente a Portugal, tendo-se estabelecido na sua terra natal, Caminha, onde viria a falecer em 1935.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas manchadas.
Invulgar.
15€

Sem comentários:

Enviar um comentário