10 julho, 2021

CARNEIRO, Decio - MANUAL DO SAPATEIRO.
[Por]... [Director da publicação technica da industria de calçado Revista de Couros e Pelles e revisto por Alfredo Carvalhal, Secretario da Associação Industrial dos Lojistas de Calçado]
. Portugal - Lisboa, Bibliotheca de Instrucção Profissional : Brazil - Rio de Janeiro, Francisco Alves & C.ª, Livreiros Editores, [191-]. In-8.º (18,5 cm) de 356 p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Curioso manual para aprendizagem do fabrico e conserto de calçado, publicado na apreciada colecção Bibliotheca de Instrucção Proffissional.
Livro profusamente ilustrado ao longo do texto com tabelas, fotogravuras e desenhos esquemáticos, alguns deles em página inteira.
"A Sapataria constitue ao presente uma arte e das mais valiosas, arte de bom gosto na confecção e de habilidade na execução technica. Passou o tempo em que a rotina e a ignorancia a dominavam, reduzindo-a a um simples mester.
Como consequencia desta transformação, o sapateiro, o fabricante de calçado como se diz á moderna, subiu na hierarquia social e passou a ser um artista. Que, é verdade, épocas houve em que os sapateiros fôarm despresados e até abominados. Alguem se sorrirá com ares de incredulidade, mas lembraremos que, ainda em nossos dias, a despeito de todos os progressos das idéas democraticas, em muitas partes se comete a injustiça de encarar os operarios de calçado como uns seres despreziveis, inferiores; mesmo entre nós ouve-se muito a miudo, com um pronunciado assento de desdem, exclamar - é sapateiro e basta. [...]
Se o sapateiro tem de ser um artista, facil se torna deduzir que precisa de uma instrucção adequada afim de poder aplicar a intelligencia na producção das suas obras.
O sapateiro, ou fabricante de calçado, tem de habilitar-se com os conhecimentos tehcnicos necessarios para desenvolver a sua capacidade intellectual e, assim, saber executar o seu trabalho com mestria. Enfim hoje como nunca, e como em todas as artes, a instrucção profissional impõe-se como base de todo e qualquer progresso. [...]
Nos paizes de lingua portuguesa tem sido muito descurado o ensinamento technico da sapataria e, por isso, os proprios mestres se resentem bastante da falta de conhecimentos dos mais indispensaveis na sua arte. É essa lacuna que o autor deste livro tenta preencher.
E dizemos tenta porque, claro está esta obra, sendo a primeira no genero escrita em portuguez e por um portuguez, não deixará de apresentar defeitos á vista dos mais exigentes. [...]
O autor da presente obra tem estudado a industria de calçado sob todos os seus aspectos nas oficinas e fabricas de Portugal, as quaes todas conhece por visitas demoradas e muita observação. [...]
O presente tratado dividir-se-ha, portanto, nas partes seguintes:
I - O pé e a perna - Estudo anatomico do pé, seus movimentos, doenças e higiene.
II - Modelação ou organização dos moldes - Tomar das medidas e corte dos moldes dos diversos generos de calçado.
III - O corte e as materias primas - Conhecimento dos cabedaes e passagem dos moldes á pelle cortando-os convenientemente.
IV - Trabalho preparatorio e ajuntado - O trabalho chamado tambem de costureira, por meio do qual se prepara a carcassa do calçado (gaspiado e talões) para a montagem á fôrma.
V - Trabalho manual ou de parinho - Começa a diferenciação do trabalho. O cosido e pregado manual.
VI - O fabrico mecanico - Indicação das principaes e mais importantes machinas empregadas no fabrico de calçado e operações que realizam.
Crêmos ser a ordem acima exposta o desenvolvimento mais logico para um trabalho visando os intuitos de ensino profissional como este. E conveniente nos pareceu, igualmente, antepôr lhe uma Introducção versando um esboço geral da historia do calçado e da evolução da respectiva industria."
(Excerto de Prefacio)
Indice:
Prefacio. | Introducção. | Livro I - O pé e a perna. | Livro II - Modelação. | Livro III - O corte e as materias primas. | Livro - IV - O trabalho de ajuntado. | Livro - V -  O trabalho manual dos pés ou parinho. | Livro - VI - O fabrico mecanico.
Encadernação  do editor inteira de percalina com ferros gravados a seco e a negro na pasta anterior e na lombada. Corte das folhas carminado.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
35€

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