BARROS, M. Marques de - A LITTERATURA DOS NEGROS. Contos, Cantigas e Parabolas. (Separata da "Tribuna"). Lisboa, Typographia do Commercio, 1900. In-8.º (21 cm) de 119, [3] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Curioso repositório popular dos povos indígenas da Guiné. Com interesse entográfico e antropológico.
Livro ilustrado com bonitas vinhetas tipográficas e gravurinhas a assinalar o início e final de cada capítulo.
Inclui diversas partituras ao longo do livro.
"Havia nas terras dos Mandingas uma bonita aldeia, a qual com o rumor e bulicio da sua numerosa população animava as clareiras de uma immensa floresta.
Ainda hoje, para as bandas do sul e não muito longe d'esse logar, se encontra uma praia cujas areias reflectem o sol do meio dia como um ggrande incendio: e uma fila de blocos de basaltho partidos, tombados, ou suspensos no ar, cinge em hemyciclo essa estancia povoada de espiritos encantados, de medos, e de phantasmas.
Do outro lado, ao norte, onde os baobás, os cipós, e as pandanas terminam com os seus massiços de verdura, desdobram-se, até onde a vista pode alcançar, extensas pradarias mosqueadas de garças brancas, de rebanhos, de mergulhões, de flamingos.
E a uma distancia de cincoenta arremessos de lança, destaca-se no horisonte, como um gigantesco ramalhete, um bosque de tamareiras, de fetos arboreos, e de festões de lianas, a cuja sombra umas nascentes de abundantes aguas se ouvem cantarolar no meio de pedregulhos roliços e esverdeados.
Tudo isto ainda se lá encontra. E esse manancial chamava-se a fonte das Ginas, por ser a fonte onde as raparigas da aldeia, em costume do Paraizo, tomavam o seu banho desde o pôr do sol, até as horas tepidas dos fogos fatuos, das estrellas fugazes, e das revoadas dos pyrilampos.
N'uma das numerosas casas de que era formada essa interessante povoação de bambú, como os seus tectos em forma funil, que ao longe se podia tomar por um agrupamento de colmeias, ou cidade de castores - morava uma pequena familia de fidalga linhagem, que se compunha apenas de mãe - Fátima e de suas filhas Cumba e Sira, pobres creanças, que haviam perdido seu pae na sanguinosa guerra de Firdú."
(Excerto de A noiva da serpente)
Índice:
I - A noiva da serpente (Conto Mandinga). II - O conto do vaqueiro de Brichos. III - Historia de Sanhá (Conto Mandinga). IV - Cantigas: Sumá (Canto maritimo); Malan (Canto de uma escrava); Amores, Amores. V - Mondé. Mondeanas (Cantigas). VI - Nha menino. O meu menino. VII - Apologo. O Rei Djambatúto. Storia de djambatûtû ré de pastros. VIII - Nharambá.Nharambanas. Appendice: Ás Nharambanas. Imitações. Cantiga de uma rival de Nharambá - Resposta attribuida a Nharambá. Uma rival de Tóte - Resposta de Tóte. D. Silvana. Canção de partida. Cuscus e batanga. No centro d'Africa. Gigantes. IX - Batira cáò. Hymno Pepel. X - Cryptinas. O lobo e o carneiro. Storia de lobo co' carnél. XI - O jugudi e o falcão (Apologo). Falcon cu jugudi. XII - Morêno. Moreno. XIII - Bende-m'. Vendei-me senhor. Cantifa de uma iinfeliz escrava. Nota. Balaio. XIV - Elegia. Spéra-l. | Errata.
Encadernação em meia de percalina com cantos e ferros gravdos a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Páginas amarelecidas. Dedicatória não do autor na f. rosto.
Raro.
Indisponível
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