16 dezembro, 2017

MARIA, Antonio - MYSTERIOS DA BOA HORA. Apontamentos para a historia contemporanea. Lisboa : Á venda na livraria Lavado, rua Augusta, 95, [Typ. Gutierres, Lisboa], 1882. In-8.º (21,5cm) de 31, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante opúsculo crítico do Tribunal da Boa Hora, do seu funcionamento e dos seus "actores" - juízes, escrivães, procuradores, etc. Parte da obra é dedicada à apresentação de um caso julgado na Boa Hora.
"[...] Indifferente ainda elle passava, com fito na discussão parlamentar, ao lado esquerdo das duas creaturas legislativas, pouco antes do Poço Novo, quando lhe feriram o ouvido estas tres fatidicas palavras: «Escandalos! Maldita Boa Hora...» e sentio-se dominado, desde logo, por invencivel curiosidade. [...]
Todos sabem que a primeira necessidade do jornalista é andar á cata de escandalos para os profundar, historiar e corrigir no seu livro de todos os dias.
Pouco a pouco pôde descobrir, que a palestra assentava sobre um projecto de lei, apresentado pouco antes ao parlamento, para os curadores geraes receberem o ordenado annual de 600$000 réis; e de envolta recahiu sobre algumas chagas que corróem a Boa Hora. N'este ponto estavam elles de accordo; por isso lhe chamavam maldita. [...]
Altercaram algum tempo sobre o meio que deviam empregar os curatellados contra os falsos curadores quando os prejudicassem; confessando não haver lei que prevenisse a hypothese: opinava um que deviam recorrer á «suspeição ou queixa ao procurador geral da corôa;» - o outro propunha a «cacetada».
Fallaram com asco de escandalos da Boa Hora, e principalmente contra alguns «escrivães devoristas e procuradores ratoneiros, d'estes que deixam as partes sem camisa». Um entendia que devia pedir-se contra elles a excomunhão do papa; o outro queria que sejam amarrados ao «pelourinho» para que o publico os conheça bem, e possa cada um atirar-lhe a sua pedra."
(Excerto do texto)
Summario:
Caminho de S. Bento - Dois deputados e um jornalista - As tres palavras fatidicas - Entra-se na materia - O que é a Boa Hora - Povoadores da Boa Hora - Como um curador pode ser bruto e um juiz ser papafina sem deixarem de ser o que são - Queixas de uma victima - Um fiel de feitos e um agente de negocios discutem e resolvem grande problema - Mysterio de um conselho de familia que não é da familia - Mysterio de uma herança sonnegada e de um inventario de 12 annos - Mysterio da interdicção de um menor como prodigo - Mysterio da usurpação de um morgado - Questões a resolver sobre a Boa Hora.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro e muito curioso.
Indisponível

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